Os olhos azuis se fixaram nos meus e o sorriso sarcástico no canto dos lábio surgiu logo. Meu coração acelerava mais a cada segundo, senti meu corpo todo estremecer e o ar ir me abandonando aos poucos. Não conseguia acreditar na figura a minha frente, só podia ser um sonho. Tinha que ser!
- Surpresa, Lune? - disse em seu tom debochado, enfim me colocando de pé.
- O que faz aqui? - perguntei ríspida e ele sorriu mais abertamente
- Vocês se conhecem? - Perguntou Henri se colocando ao meu lado.
- Claro, de longa data. Coincidência nos encontrarmos aqui, não acha? - Andy perguntou com sarcasmo carregado. Senti meu sangue ferver por tamanha cara de pau, balancei a cabeça rapidamente e me virei para Henri.
- Henri, pode procurar a Becca pra mim ? - pedi calma e ele assentiu virando-se em seguida e indo em direção á saída do corredor. Quando o perdi de vista, virei-me para Andy que me olhava com seu sorriso cínico nos lábios.
- Não mereço um abraço? um "estava com saudades meu amor"? - disse se aproximando de mim
- O que veio fazer aqui? Como descobriu que eu estava aqui? - perguntei me afastando
- Sinceramente, achei que você fosse mais esperta. Fugir pra cá não foi nada inteligente da sua parte. - respondeu como se fosse algo obvio
- Eu não fugi, fui obrigada a vir. - revirei os olhos e em fração de segundos fui pressionada contra a parede com força, soltei um gemido de dor quando senti os choque em minhas costas.
- Não revire os olhos para mim! - rosnou me apertando mais contra a parede. Ele sempre odiou isso.
- Vá embora! - rosnei e ele riu
- Me dê o que é meu e eu posso pensar no seu caso - sussurrou aproximando os lábios dos meus e descendo as mãos que antes seguravam meus ombros até minha cintura, apertou-a e colocou seu corpo ao meu me fazer suspirar involuntariamente.
Sentir o calor de seu corpo, juntamente com o cheiro amadeirado que ele transmitia me fazia sentir o sabor da nostalgia se misturar com a saudade. Respirei fundo e aproximei meus lábios dos seus, fechei os olhos e sussurrei.
- Não tem nada seu comigo - sorri o contrariando e ele me empurrou de volta a parede, que apesar da pouca distancia ainda me causou uma pequena dor.
- Não brinque comigo, já tive muita paciência com você. - disse encarando meus olhos, eu via o ódio transbordar por suas pupilas.
- Tudo bem, é o esqueiro que você quer para ir embora? Te darei e você me deixará em paz. - disse por fim me dando por vencida.
- claro, ele também. - disse abaixando e levando os lábios até meu pescoço fazendo-me arrepiar
- Como também? Não tenho mais nada além dele que pertença a você! - bradei e ele riu. Sua risada era gostosa de se ouvir, mas me dava um certo medo.
- Acho que você já se esqueceu - sussurrou e eu arqueei uma sobrancelha em confusão, ele continuou - você também me pertence, Lune!
- Eu não pertenço a você! - disse o empurrando e indo em direção ao meu quarto, mas antes que eu pudesse chegar a porta, senti os braços fortes rodearem minha cintura e me virarem com brutalidade. Ele subiu uma das mãos até meus cabelos, entrelaçando os dedos ali e puxando com certa força. Com a outra mão pousada em minha cintura, colou nossos corpos e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, colou seus lábios nos meus iniciando um beijo calmo e intenso que eu logo retribui.
Era inevitável, eu não conseguia resistir. A saudade que eu sentia daquele calor e do gosto de vodca misturado com maconha me corrompia e me impedia de raciocinar.
Ele deslizava a língua na minha e as entrelaçava em perfeita sincronia. Mordi seu lábio inferior e ele foi cessando o beijo com selinhos calmos. Suspirei ainda de olhos fechados e ao abri-los vi o sorriso de canto dançando em seus lábios.
- Se não me pertence, por que seu corpo diz o contrário? - sussurrou passando o polegar em meu rosto e rindo baixo em seguida. Foi como um soco no estomago. Ele só estava me provando que eu era seu brinquedo, que eu dançava conforme a sua música. Balancei a cabeça e o empurrei brutalmente. Se ele queria jogar, eu o mostraria que também sou jogadora.
- Não devolverei nada, ache-o se conseguir! - sorri cínica e ele fechou o sorriso.
- Acho que já se esqueceu como as coisas funcionam. -
- Acho que você não entendeu... Não sou peça do seu jogo, não pertenço a você e é melhor se acostumar a viver sem o seu objeto querido. - Me virei para abrir a porta e senti ele se aproximar, não me tocou, apenas aproximou o lábios do meu ouvido.
- Você acaba de desafiar o próprio diabo. Que vença o melhor, Lune - ele sussurrou entre risos, me fazendo estremecer e saiu andando lentamente pelo corredor, entrando em um quarto a três portas a frente. Só podia ser brincadeira!
Entrei no meu quarto encontrando Becca deitada em sua cama. Bati a porta a fazendo saltar da com o canivete na mão.
- Quer me matar, porra? - disse abaixando a guarda e colocando a mão sobre o peito.
- Ta devendo? - ri de seu susto e fui até minha cama.
- Claro que não - bufou - Se perdeu no caminho foi?
- Quem me dera. - sussurrei colocando o travesseiro em meu rosto.
- O que houve? - perguntou vindo até a minha cama- Bom, depois você me conta. Preciso dizer que vi os novatos, puta que pariu, que delicia! - disse em tom malicioso e eu revirei os olhos
- Não tem nada de mais neles, ta legal? - resmunguei e ela fez careta.
- Como não? Um parece anjo, todo tatuado e de olhos azuis e o outro um gostosão forte bronzeado. Só de lembrar me dá calor. - ela se auto abanou.
- Anjo? Acredite, ele é tudo, menos um anjo...- sussurrei mas ele ouviu
- Os conhece?
- Digamos que mais do que gostaria... - disse por fim e me virei cobrindo todo o corpo.
- Ei, hoje é sábado. Vamos aproveitar e ir para a piscina. - me cutucou e se levantou e só então percebi que ela estava de biquíni e saída de banho.
- Pode ir na frente, aproveita e vá atrás do Henri, o pedi para te procurar.
- Tudo bem, você tem meia hora ou eu volto pra te buscar - Ela disse em tom ameaçador e saiu batendo a porta. Uma ameaça a mais, uma a menos, não faz diferença mais.
Respirei fundo e abri a gaveta do criado mudo que havia do lado da minha cama, peguei o esqueiro e a caixinha de música. Ao abri-la, ouvi a voz de minha mãe soar. Sorri de canto enquanto passava o dedo sobre as inciais gravadas na prata do esqueiro. Eu estava entrando em um labirinto sem volta. Não era mais só sobre um esqueiro ou sobre o ego... Eu deixaria de pertencer a ele, eu mostraria que era tão boa jogadora quanto ele.
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