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História Dangerous Attraction - Chapter XXIX


Escrita por: TheKiraJustice

Capítulo 29 - Chapter XXIX


P.O.V. Mia Jones Michel

 

 

Era sábado, e eu não tinha absolutamente nada para fazer. Como somente eu morava no apartamento, sempre fazia o possível para não bagunçar as coisas, era sempre fácil organizar, em menos de uma hora tudo estava pronto.

 

Como acontecia sempre que estava mergulhada no tédio, coloquei algumas músicas para tocar. Não podia ligar o som no último volume como fazia antes porque tinha vizinhos, mas eles eram agradáveis, e contanto que não fosse muito tarde, não se importavam com minhas músicas durante as tardes.

 

Eu ficava andando de um lado para o outro, com o controle da TV na mão, enquanto fingia que o mesmo era um microfone, e fazia meu próprio show particular. Mesmo que estivesse completamente sozinha, era divertido, e servia pra passar o tempo.

 

Fui até a cozinha, ainda não sabia fazer muitas coisas, mas tive que aprender o básico para conseguir viver sozinha, ou morreria de fome. E com o tempo estava conseguindo trabalhar em minha prática, com as inúmeras receitas espalhadas na internet ficava bem mais fácil. Aos poucos eu estava chegando lá.

 

Peguei uma panela pequena no armário, ligando o fogo e colocando todos os ingredientes necessários para preparar uma calda de chocolate, nada melhor que isso pra acompanhar pipocas doces. Eu não seria Mia se não comesse minhas pipocas com calda durante uma tarde sem fazer nada.

 

Quando tudo ficou pronto, sentei no sofá enquanto me deliciava com aquele sabor adocicado. Eu adorava chocolate, como qualquer pessoa. E comer ouvindo minha preciosa playlist era muito bom. Eu precisava fazer isso mais vezes.

 

Parei meus movimentos quando ouvi a campainha ser tocada. Desejando que a pessoa apenas se cansasse e fosse embora. Mas com o som ligado, não tinha a opção de fingir estar fora de casa, e isso era uma grande merda.

 

Esperei por alguns minutos, mas o som irritante continuou, me fazendo suspirar. Suspirei e me rendi, levantando do sofá lentamente e me dirigindo até a porta. Se não fosse importante, eu simplesmente expulsaria a pessoa dali.

 

Quando vi quem era do outro lado, fez completo sentido o porquê da insistência. Justin estava parado em frente a porta, com aquele sorriso irônico que me fazia querer matá-lo.

 

- Não percebeu que eu estava tentando ignorar quem quer que fosse na porta? – Assim como ele, usei meu tom irônico.

 

- Percebi, mas também resolvi ignorar esse detalhe. – Sorriu, e queria ter a capacidade de ignorar esse ato vindo dele. Mas era impossível. – E, só pra avisar, sua boca está suja de chocolate. – Se aproximou, passando o polegar no canto de meus lábios, retirando o líquido presente ali, em seguida levando o mesmo até sua boca. – Está gostoso. – Comentou. Não consegui segurar a risada, sua expressão foi engraçada, apesar de que, acho que a intenção era parecer sensual.

 

- Se isso era pra ser sexy, não deu certo. – Falei, dando espaço para que ele entrasse no apartamento. Segui para a cozinha e limpei minha boca com um papel toalha que estava sobre a mesa. – Porque veio? Pensei que estava ocupado hoje. – Me lembrei da mensagem que havia me mandado ontem de noite. Avisando que não poderia me ver essa tarde.

 

- Consegui adiantar as coisas no trabalho, e quis dar uma checada pra ver se estava tudo bem por aqui. – Me abraçou por trás. Repousando o queixo sobre um de meus ombros.

 

- Isso seria mais rápido se você não me atrapalhasse. – Resmunguei, mesmo que gostasse do contato. Estava tentando lavar as panelas que usei para a pipoca e calda, mas com ele atrás de mim, e dificultando meus movimentos, esse pequeno ato estava demorando muito.

 

- Eu me sinto bem aqui, então vou continuar, espero que não se importe. – Continuava fazendo graça.

 

- Essa felicidade toda veio da onde? - Perguntei, finalmente enxaguando o último utensílio.

 

- Não posso estar feliz ao ver minha mulher? – Eu ainda sentia coisas estranhas quando ele dizia coisas assim, mas era bom, e aos poucos estava começando a me acostumar.

 

- Muito suspeito. – Estávamos caminhando até a sala, com ele ainda agarrado a minha cintura.

 

- Você desconfia de tudo. – Falou, se soltando de mim para sentar-se no sofá, me puxando para seu colo.

 

- É inevitável, preciso conferir absolutamente tudo. – Olhei em seu rosto, vendo o quão próximos estávamos.

 

- Que tal conferir um pouco a minha boca? Você não deu atenção a ela desde que cheguei. – Apesar da frase um tanto quanto engraçada, segurei o riso, sorrindo discretamente e fazendo exatamente o que havia me pedido, finalmente encostando meus lábios nos seus.

 

 

P.O.V. Lilian Jones Mitchel

 

Eu não sentia que meu corpo estava bem. Havia comido demais ontem e me sentia enjoada. Parecia que algo revirava meu estômago a toda hora.

 

Uma coisa tinha surgido em minha mente á alguns dias atrás, mas como estava apenas com uma desconfiança, resolvi que não falaria nada até que tivesse uma prova concreta sobre isso. E eu conseguiria ela agora.

 

Já havia passado na farmácia, e tive uma pequena conversa com a atendente. Ela me contou que muitas mulheres não tem os sintomas muito evidentes, por isso, acabam percebendo tarde a gravidez.

 

Sim, eu estava suspeitando que poderia estar grávida, minha menstruação estava atrasada, e mesmo que o período dela não fosse o mais correto, era tempo demais.

 

Os sintomas tinham se apresentado tão sutilmente, que estava desconfiada, achando que era apenas mais um engano meu. Mas, eu precisava tirar uma prova concreta, ou não conseguiria dormir hoje. A curiosidade estava a mil, e claro, a felicidade também se misturava com esse sentimento. Fazendo com que o sorriso não saísse de meu rosto em momento algum.

 

Um de meus sonhos sempre foi ser mãe, e saber que existia a possibilidade disso finalmente se tornar realidade, era algo que eu não conseguia explicar. Não sabia que mesmo a possibilidade de ter um filho me deixaria tão feliz quanto agora.

 

Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi ir até o banheiro mais próximo para que pudesse fazer o teste. E os cinco minutos que tive que esperar para que o resultado saísse foram os mais agonizantes da minha vida, eu quase não podia respirar.

 

Quando peguei o pequeno objeto em minhas mãos, realmente meu ar sumiu por completo, estava em completo choque. Conseguia ver claramente os dois traços, um rente ao outro, me mostrando o que mais esperava.

 

Sim, eu estava grávida. Eu teria um filho com Justin.

 

Várias coisas passavam em minha mente durante meu pequeno período tentando aceitar esse fato. Sabia que teríamos problemas, como todo casal ao enfrentar um primeiro filho. Mas eu não tinha o que temer, eu tinha Justin comigo, e saber disso já me passava a tranquilidade que precisava.

 

Ele, ou ela, pareceria mais com Justin, ou comigo? Apenas ao imaginar, sentia meu estômago se revirar novamente, mas de emoção. Eu amaria essa criança, mais que tudo na vida, e sabia que Justin também ficaria feliz.

 

Ele sempre deixou bem claro que um de seus maiores sonhos era ser pai, e finalmente isso se tornaria realidade. Saber que eu proporcionaria isso a ele me deixava ainda mais contente.

 

Levei uma de minhas mãos até o começo de minha barriga, acariciando suavemente o local, sabendo que agora eu era responsável por essa vida que estava se desenvolvendo em mim.

 

Não sabia o que fazer, eu precisava contar sobre isso a alguém. Mas pretendia fazer uma surpresa a Justin, queria dar a notícia de uma forma surpreendente. Afinal, era algo que merecia um tratamento especial. Nosso primeiro filho, isso ainda era tão novo, mas eu não conseguia aguentar a felicidade que, a cada minuto me inundava ainda mais.

 

Eu precisava contar para Mia, ela foi a primeira pessoa que me veio à mente. Tenho certeza que me ajudaria a preparar algo legal para Justin, Mia sempre teve ótimas ideias, e eu precisaria da ajuda dela nesse momento.

 

Peguei as chaves do carro rapidamente, jogando o teste dentro de minha bolsa e partindo para casa de Mia. Eu estive lá umas duas vezes desde que se mudou, e mesmo que o caminho ainda parecesse confuso, conseguiria chegar.

 

Eu estava animada, o sorriso não abandonava meu rosto de jeito nenhum. Eu queria saber qual seria a expressão de Justin quando ele ficasse sabendo. Estava ansiosa por isso, pelo momento que poderíamos comemorar juntos, como uma família, que agora teria mais um integrante.

 

Dirigia o carro calmamente, tomando cuidado para não errar o caminho.

 

A casa de Mia não era muito longe, então, alguns minutos depois de começar a andar, já estava bem próximo. Ainda não entendia sua decisão de se mudar, já que a casa de meus pais sempre foi grande o bastante para que todos pudessem morar tranquilamente nela. Mas, acho que tem um momento em nossas vidas, que sentimos a necessidade de finalmente termos independência, e esse momento tinha chegado pra ela.

 

Quando cheguei ao local, não tive grandes dificuldades ao passar pela portaria, apenas disse que era irmã de Mia, o que ele já tinha percebido apenas ao olhar pra mim. Com isso minha entrada foi liberada.

 

Apesar do local ser simples, precisava admitir que Mia foi inteligente escolhendo esse lugar, ele era muito bem arrumado e bonito, e não era longe da casa de nossos pais, nem de minha casa. Fora que, fiquei sabendo que seu trabalho também não era muito distante.

 

Mia havia mudado muito nos últimos dias, eu não conseguia nem mesmo relacionar seu eu de agora ao de alguns anos atrás. Isso era surpreendente. Era claro essa mudança, pra qualquer pessoa que a olhasse.

 

Subi de elevador até o quinto andar, dando de cara com seu apartamento, vendo que a porta se encontrava entreaberta.

 

Assim como ela já tinha feito muitas vezes ao vir até minha casa, não me importei em bater na porta, nem nada do tipo. Adentrei o local, o primeiro cômodo que vi foi a cozinha. Ela parecia ter lavado as louças a pouco tempo, pois a pia ainda se encontrava molhada.

 

A casa estava silenciosa, o que era estranho, Mia sempre foi barulhenta, e não conseguia ficar parada por muito tempo. Será que estava dormindo? Mas, porque deixou a porta aberta? Não era seguro, mesmo que tivesse o sistema da portaria. Isso seria a primeira coisa que falaria para Mia, ela precisava tomar mais cuidado.

 

Estava tudo arrumado. Se não estivesse atenta, com certeza não perceberia, mas como estava prestando atenção em cada detalhe e som, ouvi um breve barulho de vozes vindo de um dos cômodos, que pelas minhas contas, deveria ser seu quarto.

 

Enquanto me aproximava, o som ficou ainda mais alto, e não era apenas a voz dela, pude reconhecer um tom masculino, mas como eram apenas sussurros, não conseguia diferenciar muitas coisas. Ela estava saindo com alguém? Não tinha avisado. Mas eu não me surpreendia quando isso vinha de Mia, era a cara dela.

 

Abri apenas uma pequena fresta na porta, eu avisaria que estava aqui e esperaria por ela na sala de estar, mas, a cena que vi me deixou completamente sem palavras, aquilo era algum tipo de alucinação, eu estava tendo um surto psicótico.

 

Podia ver claramente duas pessoas deitadas na cama, o lençol cobrias seus corpos, mas era possível ver que esse tecido era realmente a única coisa presente ali, estavam completamente nus. Até esse momento, não era algo muito impactante, apesar de ter me deixado surpresa. O que me deixou em estado de choque foi reconhecer essas duas pessoas.

 

- O que está acontecendo? – Isso foi a única coisa que consegui dizer, com a voz já embargada. Eu não estava acreditando no que via. Apenas queria acordar daquele pesadelo, olhar para o lado e ver que Justin estava dormindo tranquilamente ao meu lado.

 

A expressão de surpresa que os dois me direcionaram foi um baque. Como alguém me chacoalhando para jogar essa verdade dolorosa em minha cara sem pena alguma. Mostrar-me o que estavam escondendo.

 

Justin e Mia estavam deitados sobre a cama, e eu conseguia sentir o cheiro de sexo a quilômetros de distância. Isso fez com que a ânsia me dominasse mais uma vez. As pessoas que eu mais confiava no mundo, meu marido e minha irmã, estavam transando enquanto eu me sentia feliz pela nova notícia.

 

Meus olhos se encheram de lágrimas na mesma hora. E mesmo que quisesse esconder meus sentimentos, era impossível que fizesse isso. Eu não conseguiria, não agora, não enquanto a imagem de Mia abraçada a meu marido ainda estava a minha frente.

 

- Lilian, por favor, se acalma! – Justin parecia tão desesperado quanto eu. Tentou se levantar e vir até mim, mas duas coisas o impediram, sua nudez, e a expressão enojada que direcionei a ele.

 

Sim, eu estava com nojo, nojo por ter confiado neles tão cegamente, nojo por ter que presenciar uma cena como essa, nojo de ter dormido na mesma cama que ele durante todos esses dias, nojo por ter deixado que ele me tocasse uma última vez.

 

- NÃO ENCOSTA EM MIM! – Eu estava entrando em completo desespero, não sabia como reagir. Minha única vontade era sair correndo, para que não precisasse nunca mais ver o rosto de qualquer pessoa, eu me sentia humilhada, magoada. – Não ouse encostar em mim! – Dei um passo para trás. Só foi nesse momento que tomei conta do estado que meu corpo se encontrava. Minhas pernas estavam completamente travadas, as mãos tremiam de uma forma assustadora, eu sentia que meu físico estava tão ruim quanto o emocional.

 

- Lilian, por favor. – Dessa vez, pude perceber que a voz de Justin também não se encontrava normal. Ele parecia estar a beira de um colapso, mas isso não me abalava mais, eu apenas queria ve-lo sofrendo, sofrendo tanto quanto eu estava.

 

- EU NÃO QUERO OUVIR, NÃO QUERO! – Meus gritos eram desesperados e aflitos. Abaixei a cabeça, cobrindo a mesma com meus braços flexionados, balançando meu corpo de um lado para o outro, como se o movimento pudesse fazer toda aquela dor ir embora.

 

Eu havia confiado, passado anos da minha vida com uma pessoa, me dedicando completamente a ela, de corpo e alma, amando e mudando meu próprio jeito de ser para que se adaptasse a ele, pra no final ser recompensava com isso. Traição, mentiras, descaso.

 

E se tudo já não fosse ruim o bastante, porque ele havia escolhido ela? Porque minha irmã? Ele não pensou por um segundo em como eu me sentiria?

 

- EU NÃO ACREDITO NISSO! POR QUÊ? EU SEMPRE FIZ DE TUDO PARA QUE VOCÊ SE SENTISSE BEM, TUDO, EU DEDIQUEI MINHA VIDA A VOCÊ. – Eu lembrava de cada momento, cada julgamento que tive que suportar por casar tão cedo, por me envolver com alguém que todos consideravam indigno de confiança. – EU FUI CONTRA MEUS AMIGOS, FAMILIARES, ATÉ MESMO MEUS PAIS NÃO ME QUERIAM EM UMA RELAÇÃO NAQUELA IDADE. FIZ TUDO POR VOCÊ! COMO CONSEGUE IGNORAR ISSO? – Eu não conseguia enxergar mais nada, as lagrimas escoriam rapidamente. Preenchendo meus olhos e molhando minha camiseta. – COMO VOCÊ OUSA! EU TENHO NOJO, NOJO DO QUE VOCÊS ESTAVAM FAZENDO! – Eu não me importava com os vizinhos, ou se eles estavam ouvindo cada palavra que dizia. Eu apenas precisava desabafar de alguma maneira, ou acabaria enlouquecendo.

 

- Lilian, fica calma! – Foi a primeira vez que Mia disse algo durante a conversa. Minha reação foi encará-la, eu não sabia o que se passava em sua mente. Mas eu queria matá-la por estar dormindo com Justin, e continuar com seu relacionamento comigo como se isso não fosse nada. Como se sexo uma vez ou outra com o marido da irmã fosse algo normal.

 

- EU NÃO QUERO TE OUVIR TAMBÉM, SUA VADIA! –Depois disso, não ousou pronunciar mais nenhuma palavra. Eu precisava dar um basta naquilo. - Não aguento mais respirar o mesmo ar que vocês. – Finalmente pude acalmar minha voz. Eu não me humilharia mais, só queria sair dali. – Continuem com essa merda se ainda não estiverem satisfeitos, eu vou pra casa. – Essas foram minhas ultimas palavras antes de deixar o quarto, com os dois ainda completamente petrificados.

 

Não sei como, mas consegui correr até onde meu carro estava estacionado. Outra tarefa impossível era dirigir, já que meus dedos tremiam como nunca. Perdi a conta de quantas vezes não tive controle do veiculo por alguns segundos.

 

Meu cérebro tentava assimilar as coisas rapidamente, mas não conseguia. As lagrimas tornavam ainda mais difícil dirigir, e eu estaria satisfeita se ao menos chegasse em casa em segurança.

 

Ouvi o barulho alto do celular, ele estava jogado sobre o banco ao lado do motorista. Olhei de relance em sua direção, vendo o nome de Sebastian brilhando sobre a tela. Mas não estava em condições para falar com ninguém nesse momento, então, apenas desliguei a chamada, jogando o aparelho no chão do carro com força, vendo o mesmo se dividir em partes, bateria para um lado, e a carcaça do eletrônico para o outro. Era exatamente assim que eu me sentia, quebrada, como se metade de mim tivesse ficado naquele quarto com eles. A metade feliz, cheia de sonhos e expectativas.

 

Quando cheguei em casa, fui diretamente para o quarto, mas isso só me fez ficar ainda pior.

 

Eu me lembrava de cada momento que passamos juntos nesse cômodo, as conversas, toques, as juras de amor que trocávamos constantemente. E como eu era feliz, e nem sabia disso.

 

Tinha saudade, saudade de quando os olhos de Justin eram apenas direcionados a mim, quando ele demonstrava em casa ato como me amava, e que cuidaria de mim pelo resto da vida, como havia jurado no altar em que nos casamos.

 

Agora eram só lembranças, lembranças doces que me faziam sentir ainda pior ao perceber o estado deplorável em que estava.

 

Eu tinha planos para o nosso futuro, muito planos, e desejava que pudéssemos realizá-los juntos, como uma família feliz que sei que já fomos, mas isso me parecia tão distante.

 

Eu havia percebido a mudança de Justin em relação a mim a muito tempo, mas eu o amava tanto, que apenas imaginar a possibilidade de não poder ter ele comigo me destruía. Então eu me envolvia mais uma vez nesse casulo de mentiras, falando para mim mesma que era apenas uma fase difícil que estávamos passando, e que logo tudo voltaria a ser como antes. Eu era uma grande estúpida, sou uma grande estúpida, por ainda o amar mais que minha própria vida, mesmo que ele tenha me traído de uma forma tão horrível e dilacerante.

 

Olhei para um dos retratos na parede, vendo como nossos sorrisos eram radiantes naquela fotografia. A imagem parecia debochar de mim, rindo da minha ingenuidade, rindo do meu desespero, das lágrimas que eu ainda deixava cair.

 

Morrendo de raiva, e completamente descontrolada, fui até lá, pegando o objeto e arremessando o mesmo do outro lado do cômodo, vendo os estilhaços do vidro espalharem-se sobre o chão escuro. Mas isso não era o bastante, continuei com esse mesmo processo, quebrando todas as coisa que me lembravam dele. Tudo no quarto foi despedaçado, eu não aguentava mais a dor, e precisava me livrar desse sentimento o mais rápido possível.

 

Já cansada de tudo aquilo, deixei que minhas pernas falhassem, caindo de joelhos no chão, chorando como nunca havia chorado antes. Eu apenas queria que aquele sentimento tivesse fim, fosse embora, não me importava se precisasse levar todo o meu senso de realidade. Eu preferiria não sentir nada, a ter que passar por isso.

 

O quarto não parecia mais o mesmo. Eu conseguia enxergar meu interior espelhado naquele cômodo, as coisas reviradas, quebradas e com os cacos sobre o chão de forma desorganizada. Uma tempestade havia passado por esse lugar, e essa tempestade ainda era bem presente em todos os meus pensamentos.

 

Eu poderia ter mudado isso? Se eu tivesse me dedicado ainda mais, se tivesse satisfeito sua vontade sexual de uma forma diferente do que era acostumada, eu estaria passando por isso? O que eu não tinha que ele havia procurado em Mia? O que faltava em mim, o que tinha de errado?

 

Talvez eu pudesse sim ter mudado as coisas, me tornado perfeita o bastante para que Justin não sentisse necessidade de mais ninguém fora eu. Então, no final das contas, a culpa era minha? Eu não tinha me esforçado o bastante?

 

Outra coisa que não conseguia tirar de minha mente, a quanto tempo eles estavam mantendo esse tipo de relacionamento? Desde que Mia chegou aqui? Ou essa era a primeira vez que isso acontecia?

 

Todas as brigas quando se conheceram também faziam parte dessa encenação? Todas as farpas que trocavam eram ensaiadas? Como eu pude acreditar nisso por tanto tempo?

 

Tudo parecia se encaixar em minha mente agora, cada podre sendo descoberto lentamente, e dolorosamente.

 

Enquanto estávamos em nossa viajem, Justin havia me deixado esperando, porque estava com Mia? Mesmo naquele dia, achei estranha essa atitude sua. Não tinha como ele se esquecer de algo tão importante, não se sua mente tivesse livre de qualquer ocupação.

 

Eles estavam transando durante a viajem inteira? Por isso ele não veio até mim para se desculpar?

 

E lá estava ela novamente, a raiva inflando dentro de mim, dificultando minha respiração e pensamentos.

 

Eu queria que eles pudessem sentir um terço do que eu estava guardando. Pois sabia que se arrependeriam pelo resto da vida apenas com isso. Eu não poderia perdoá-los. Eu não conseguia nem pensar nessa possibilidade.

 

Mais alguém sabia disso? Existia a possibilidade de somente eu estar alheia a situação? Somente a ideia me deixava transtornada. Era humilhação demais, eu não queria passar por isso, eu não conseguiria suportar.

 

Eu havia sido completamente fiel durante tanto tempo. Mesmo sabendo do interesse que Sebastian tinha por mim, eu o rejeitei completamente. Fazia alguns dias que ele tentava falar comigo, mas eu sempre dizia que estava ocupada, e que não poderia dar atenção a ele no momento.

 

Mas eu não me arrependia disso, não iria me tornar como aqueles dois, não me rebaixaria a esse nível. Não desejava que ninguém se sentisse como eu. Isso seria desumano.

 

Foi nesse momento que sofri mais um baque emocional, o que eu faria com essa criança?

 

 

Meus soluços preenchiam todo o cômodo. Deixando-me ainda mais aflita com o som insistente.

 

O que eu faria? Justin não estava comigo, a única coisa que eu queria era te-lo o mais longe possível. Todas as fotografias, suas roupas e perfumes estavam destruídas, eu não suportava olhar para nada que me lembrasse de seu rosto.

 

Nesse momento que um sentimento cresceu em mim, um sentimento que eu pensei nunca carregar... Eu não queria essa criança.

 

Eu não queria, não queria ter mais um laço que me ligava a ele. Não tinha mais os sonhos de uma família feliz como antes. Não havia mais nada de bom em mim.

 

- QUE DROGA! – Gritei, sentindo as lágrimas descerem ainda mais rapidamente. – EU NÃO QUERO ISSO! NÃO QUERO!- Berrava, como se Deus fosse me ouvir e atender meu pedido.

 

Mas, porque pensar em Deus nesse momento? Ele não tinha deixado tudo isso acontecer? Eu realmente merecia o que estava passando?

 

Não conseguia mais sentir nada positivo ao imaginar a criança que estava em meu ventre. Aquilo só me fazia lembrar da última noite que tivemos juntos, sabendo que horas antes ele estava da mesma forma com minha irmã.

 

Eu não gostava desse sentimento, me sentia horrível ao tomar conta que estava repudiando meu próprio filho, mas agora, não conseguia pensar racionalmente. Era uma missão impossível, que eu já havia desistido de continuar persistindo.

 

 

P.O.V. Sebastian

 

Eu sentia que algo estranho estava acontecendo, Lilian sempre atendia minhas ligações, mesmo depois daquele incidente desastroso. Mas, dessa vez isso não tinha acontecido, eu não obtive resposta alguma.

 

Tentei ligar mais algumas vezes em seu celular, mas todas as chamadas caíam diretamente na caixa postal.

 

Mesmo que minha situação não fosse umas das melhores com ela, resolvi mesmo assim iria checar e ver se tudo estava bem. Eu não conseguiria ficar tranquilo enquanto não tivesse certeza de sua segurança.

 

Me dirigi até o carro, mas o caminho não foi bom como eu esperava, já que o transito não colaborava comigo de forma alguma. Não deveria ter ido pela avenida principal, um outro caminho economizaria tempo.

 

Passei longos minutos parado no trânsito. Quando finalmente cheguei em sua casa, foi como um alívio. Mas o sentimento estranho e desconfortável ainda estava presente em mim, e eu não sabia o porquê disso.

 

Bati algumas vezes na porta, mas sem sucesso, toquei a companhia, novamente ignorado.

 

Mesmo que a possibilidade fosse mínima, tentei uma ultima vez. Tocando as mãos na maçaneta, percebendo que a porta estava aberta. Adentrei a casa, vendo o quão silenciosa ela estava.

 

A procurei por todos os cômodos, mas não tive sucesso em encontrá-la, minha última parada fora o quarto. E a cena que presenciei não foi nada agradável.

 

Tudo no cômodo estava destruído, de objetos a roupas. Era uma verdadeira cena de guerra. Quem tinha feito tudo isso?

 

- Lilian? – Chamei por seu nome. Completamente assustado com o que via. – Lilian, você esta ai? – Sem resposta.

 

Olhei em direção ao banheiro, vendo que a porta estava fechada. Fui até lá, tendo a confirmação que estava trancada por dentro, ela só poderia estar ali.

 

- Lilian, abre essa porta! – Gritei, dando socos fortes na madeira. Sem resposta. – Lilian, por favor! – Eu estava nervoso, várias possibilidades passavam em minha cabeça, e nenhuma delas era boa. – LILIAN! ABRE ISSO! LILIAN! – Eu continuava a gritar, mas, mesmo assim, não podia ouvir absolutamente nada. Nesse instante, tive certeza que algo estava acontecendo naquele banheiro, e que eu precisava tira-la dali o mais rápido possível.


Notas Finais


Vou fazer alguns tópicos para falar aqui...

- Eu realmente não sei muito como descrever sentimentos, principalmente quando eles são ligados a tristeza, mas eu tentei me esforçar bastante nesse capitulo, e espero que tenha conseguido passar o que queria. Estou um pouco insegura, mas acho que não ficou tão ruim assim.

- Eu estou um pouco ansiosa pra saber como vocês irão reagir a esse capitulo. (to imaginando pessoas desesperadas, ou talvez não né, sei lá)

- Gravidez da Lilian, provavelmente vocês nem perceberam, mas eu dei algumas pistas, bem pequenas, mas dei. A Lilian ficando enjoada no vôo, as mudanças de humor, o exagero no emocional, ela estava até brigando com o Justin, ela nunca fazia isso.

- Eu tinha essa ideia desde muito tempo atrás, não sei se vocês lembram, mas na primeira vez que a Mia e o Justin se encontraram naquele colégio, eles conversaram sobre os sonhos que eles tinham, e o do Justin era ser pai, desde aquela época eu já sabia o que iria fazer.

- Eu realmente quero agradecer todos os comentários do capitulo passado, todos eles foram maravilhosos e me animaram muito, vou responder todos eles daqui a pouco.

- So tem mais três capítulos, fora o epilogo, espero que aproveitem esse final.

EU TENTEI POSTAR ISSO DUAS VEZES MAS SOU UMA ANTA E A PRIMEIRA VEZ POSTEI EM FANFIC ERRADA, E NA SEGUNDA POSTEI CAPÍTULO ERRADO!


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