História Dangerous fellows - LOONA - Memória da Haseul (especial)

 

(ponto de vista da Haseul)

 

Dizem que as pessoas sempre acabam brigando

Quando convivem em grupos de mais de três pessoas,

Isso é válido até em situações perigosas.

 

- Haseul, seja sincera comigo. Você roubou a comida, não foi?

 

Após a explosão do vírus fugi para uma escola do Ensino Fundamental II,

Lá encontrei muitos sobreviventes

E este cara era um estudante universitário e também o nosso líder.

 

- Só guardei a comida que eu tinha pegado antes, não foi roubo.

- Não minta pra mim.

- Não estou mentindo.

- Por que você faria algo assim? Hein?

- Seria um grande problema se algo acontecesse e ficássemos sem comida então comi metade do que eu tinha e guardei a outra metade para depois. Juro que não toquei na comida de ninguém.

- E está dizendo que isto foi o que sobrou?! Que cara de pau. Haseul, sua puta, além de ter roubado a comida de outra pessoa, você ainda tem a audácia de mentir!

 

Outro líder, desta vez uma mulher, agiu em minha defesa.

 

- Você sabe que a Haseul não é assim.

- Toda hora você fica contra mim, tem algum problema por acaso?

 

Os dois líderes começaram uma briga

E no fim os sobreviventes dividiram-se em dois grupos.

 

- Não se preocupe, Haseul, eu acredito em você. O Jinyoung e os outros ficaram com toda a comida pra eles aposto, mas não se preocupe, estamos planejando nos reunirmos hoje à noite e pegar de volta.

 

Lá fora estava cheio de zumbis, mas eles só pensavam nas próprias diplomacias.

Idiotas.

Ficavam focados demais em discutir sem perceber que a segurança começou a relaxar

E aí meu medo se tornou realidade.

 

- O Jinyoung abriu a porta e deixou os zumbis entrar! Ele enlouqueceu?! Prefere virar zumbi do que dividir a comida?!

 

Gritos de terror podiam ser escutados por toda a escola.

 

- Hyunjin, você acredita em mim, certo? – a outra acenou afirmando.

 

Hyunjin era uma amiga calma e acolhedora.

Ela tinha força e também era boa pra seguir ordens, a guarda-costas perfeita.

 

- Hyeju, venha conosco também.

- Ok.

- Não vai nem querer saber pra onde estamos indo? – perguntou Haseul, surpresa pela velocidade com que a mais nova aceitou.

- Isso não importa. É ficar aqui e morrer ou segui-la.

- Se me seguir, farei com que sobreviva.

 

Hyeju me seguiu tacitamente.

Ela sempre parecia afastada de todos, porém acabou me dando ouvidos.

 

- Haseul, pra onde está indo?

 

Jinsol, uma garota tranquila e com boa personalidade.

Embora ela jamais levantasse a voz, sempre tentava ser uma mediadora.

Era necessário pelo menos alguém assim num grupo.

 

- Peguem suas coisas e sigam-me, preparei uma rota de fuga.

- Fuga? Vamos contar aos outros também!

- Não temos tempo. Além de que se nos deslocarmos como um grupo muito grande, seremos vistos num instante.

- Está dizendo que vamos deixar essas pessoas morrer?

- ..Tá. Traga os que sobreviverão, você sabe que não há outra escolha.

- Certo.

 

Jinsol veio com algumas pessoas com quem sempre se deu bem, seis garotas.

Algumas pareciam fracas e medrosas, seriam um estorvo na hora de enfrentar zumbis,

No entanto decidi fechar os olhos pra isso e levar todas já que estavam ali mesmo.

 

- Droga, esqueci de trazer comida.

- Não há tempo pra isso.

 

Chaewon reclamava de tudo, mas não tinha poder pra mudar nada.

Podia lidar com ela sem dor de cabeça.

O problema era..Sooyoung.

 

- Jinsol, pra onde estamos indo?

- Haseul encontrou uma maneira de sair, vamos.

- Que? Sozinhas? E os outros?

 

Eu sabia que esse dia chegaria.

Foi culpa deles não se terem preparado para uma situação assim.

Os dois grupos não se importavam muito com o armazenamento de comida,

Estavam sempre ocupados brigando e ignorando o que era importante.

Bando de idiotas desmiolados, culpando todo mundo sem pensar só pra sair ganhando.

Eles não mereciam viver.

 

- Não posso garantir a segurança de todas, vocês não precisam me seguir exatamente.

- O que? Estamos arriscando a nossa vida agora? Pelo que?

 

Óbvio que Heejin tinha vindo, ela não podia ficar longe de Hyunjin.

Heejin e Sooyoung, eu sabia que lidar com elas ia dar trabalho.

 

- Não ficaremos seguras estando aqui. – Jinsol disse – Vamos fazer o que for possível.

- E se houver lugares mais perigosos do que aqui? Têm comida sequer?

- Então por que não fica? – Hyeju não tinha paciência para Heejin.

- Não!

- Nesse caso, feche a matraca e nos acompanhe caladinha.

- Kahei unnie, eu carrego sua mochila.

- Ah, obrigada, Hyunjin.

- Vou carregar minhas próprias coisas, sem problemas comigo. – Yerim pôs sua mochila às costas e agarrou a mão de Yeojin.

- Não acredito que esqueci de trazer meu chocolate.

- Eu te dou o meu, Jiwoo.

- Você é a melhor, Jinsol!

"Dez… Esse número deve ser o suficiente pra eu ficar no topo." pensou Haseul. 

 

Seguimos o trajeto que eu tinha preparado pra chegar ao prédio do lado.

Usando mesas e cadeiras, bloqueámos o caminho para os zumbis não nos seguirem.

Assim, o prédio do Ensino Médio tornou-se o nosso esconderijo.

Não, para ser mais exata, era o meu esconderijo,

As outras eram apenas meras moradoras.

Se não fosse por mim, todas elas estariam mortas

Então de agora em diante o destino de suas vidas estava em minhas mãos.

 

Um novo membro chegou, era mais uma garota.

Eu não podia acreditar, ela estava viva.

Era verdade que o destino realmente existe.

Jamais imaginei que iria vê-la novamente.

 

- Ela está infetada, não é? – Heejin cruzou os braços – Quem inventou de trazer essa menina aqui?

- Devemos ajudar as pessoas quando for possível. – Haseul falou.

- Sim, precisamos de sobreviventes. – apoiou Hyunjin.

- Acho que deveríamos tirá-la daqui. – disse Chaewon.

 

Dizem que as pessoas sempre acabam brigando

Quando convivem em grupos de mais de três pessoas.

Só culpam os outros, recusam-se a pensar e com isso iniciam conflitos.

 

- Então ela só precisa provar que é útil?

 

É muito fácil manipular a cabeça de gente imbecil.

Eu havia decidido proteger Jungeun, por isso precisava da aprovação de todas.

Tudo o que tive de fazer foi criar um pequeno incêndio.

Correu melhor do que eu esperava.

Eu achei que ela ajudaria de alguma maneira, mas conseguiu apagá-lo sozinha.

 

- Não vou atrapalhar vocês, prometo. Estou muito grata por me terem ajudado. Farei o possível para não as colocar em perigo como antes e…  Tenho comida o suficiente para todas nós. Consigo correr muito rápido, podem confiar. E também irei ajudá-las a encontrar mais comida então… Será que eu..poderia ficar aqui com vocês?

 

Pronto, ela provou que era útil e isso fez com que a aceitassem.

 

Antes da epidemia, a encontrei num dia chuvoso.

Eu a via com bastante frequência na biblioteca pública,

Contudo nunca tinha conversado consigo.

A biblioteca era para estudos, não para fazer amizades.

 

- Não acredito que esqueci meu guarda-chuva num dia destes.

- Quer usar este?

- Hm? – Haseul olhou para o lado, uma garota loira estava lhe oferecendo seu guarda-chuva com um enorme sorriso nos lábios.

- Eu sempre trago um reserva só pra garantir. – disse tirando outro de sua mochila.

 

Nem dissemos “oi” uma para a outra,

Mas ela já estava disposta a me emprestar um guarda-chuva

Sem pensar duas vezes, sem pedir nada em troca.

Então pessoas assim existiam.

Quis conhecê-la melhor, porém eu precisava ser a melhor da minha turma.

Era o que precisava fazer para entrar na universidade e até lá eu não tinha tempo pra mais nada.

 

Depois daquela vez nunca mais tive a chance de falar com ela,

Não até o dia em que ela veio ficar conosco.

 

Percebi que aquilo não poderia continuar, o esconderijo era pacífico demais.

A paz inevitavelmente faria com que as garotas brigassem e isso gerava mais perigo para o grupo.

Decidi fazer alguns testes para nos dividir em dois grupos:

As que merecem viver e as que não merecem.

 

Um dia encontrei Jungeun andando sozinha por um corredor

Mesmo depois de lhe ter dito que era perigoso ficar vagando por ali sozinha.

Que teimosinha, tinha a curiosidade de uma gata

E eu precisava mostrar-lhe o que acontece com gatinhas curiosas.

A persegui até um local onde ela nunca havia ido antes.

Parecia ter entendido o aviso quando viu uma sala de estudo manchada de sangue

Então, já que pelo visto havia aprendido a lição, a deixei ir.

 

- Você vai acabar morrendo se ficar perto demais dela, Jiwoo. Não importa o quão amiga ela seja, a sua vida vem em primeiro lugar, não?

- Bem…é verdade. Mas uma amiga é uma amiga! Não posso traí-la! Heejin, você precisa parar com isso!

 

Heejin… Ela continuava gerando conflitos.

E Jiwoo… Ela estava do lado da amiga no momento,

Mas quem sabia o que poderia acontecer no futuro.

Conflito gera divisão e declínio.

 

Decidi reduzir lentamente o tamanho do grupo.

Seria bom manter acesa a sensação de ameaça para extinguir os desejos de briga em si,

Para deixá-las focadas na própria sobrevivência.

 

A Jiwoo era simples.

Eu disse-lhe que precisava conversar e a levei até o refeitório, não suspeitou de nada.

 

- Do que queria conversar, Haseul?

- Dê uma olhada aqui primeiro.

 

Abri a porta do refeitório que dava acesso ao exterior,

Empurrei-a para fora e os zumbis a pegaram depressa.

A distância em relação ao corredor onde todo mundo ficava

Serviu para que ninguém ouvisse seus gritos.

Seu grampo de cabelo havia caído no chão, decidi guardá-lo como um troféu.

 

Chaewon poderia ter vivido mais se não tivesse empurrado Jungeun para as escadas,

Foi uma pena mesmo.

 

- É tarde demais, não há nada que possamos fazer.

 

Zumbis são uma arma eficaz contando que saiba utilizá-las.

São bem eficazes quando se pretende livrar de incómodos

Sem precisar sujar as mãos de sangue.

Peguei o colar dela como troféu.

 

Até agora tudo tinha corrido como eu queria.

A próxima seria Jinsol, não gostava como ela ficava olhando para Jungeun.

 

- Isso poderia ter terminado muito mal. – olhou o amontoado de madeira no chão – Como que caiu desta maneira?

 

Eu sabia muito bem como, o meu plano era perfeito.

- Fazia um corte numa estrutura de madeira tornando-a instável;

- Prendia uma de suas pontas a umas caixas por baixo com um fio transparente;

- Pedia a Jinsol para apanhar alguma coisa delas;

- O movimento faria com que a estrutura desabasse;

- Ela morria com o crânio esmagado.

Mas infelizmente Jungeun a salvou, até acabou se machucando por ela.

 

Heejin foi um desafio acima do que eu tinha esperado.

Ela suspeitava de tudo, nunca aparecia quando eu a chamava

E também era comum dela se mandar do nada.

Então furtei o seu hidratante labial.

 

- Me devolva logo. Não finja que não sabe de nada. Lembra do dia que ficou se queixando de seus lábios ressecados? Você deixou a sala sozinha e nessa noite meu hidratante labial sumiu. E aí, como me explica essa? Eu sei que foi você!

 

Eu não esperava que ela achasse que Jungeun era a culpada.

Que garota mais tola, nem colocava a cabeça pra funcionar.

Pessoas assim não merecem viver.

Tinha muitas substâncias altamente tóxicas no laboratório de ciências,

As outras provavelmente não faziam ideia disso, sequer imaginavam.

Os zumbis não eram a única arma à minha disposição,

Havia muitas formas de me livrar delas sem precisar manchar minhas mãos de sangue.

Coloquei veneno no hidratante labial dela.

Heejin não suspeitou em momento algum quando o encontrou pouco depois,

Até começou a usar o hidratante labial com mais frequência.

Estava na cara que ela queria esbanjar uma boa aparência para Hyunjin.

Coitada, Hyunjin nunca ligou pra ela dessa forma.

A cada vez que ela o usava, o veneno gradualmente tomava conta do seu corpo

E ao atingir níveis suficientes…

Fez com que vomitasse sangue, perdesse a consciência e finalmente morresse.

 

- Heejin?!! Não pode ser…

 

Apesar de ela ter morrido daquela forma, ninguém descobriu o que tinha acontecido.

Uma vez que não havia hospitais e polícia, era impossível desvendar a causa da morte.

Que mundo maravilhoso.

Ela estar com a carteira de estudante de Sooyoung na mão calhou mesmo bem,

Fê-la parecer a culpada e, com as atenções desviadas para ela, 

Peguei o hidratante que rolava pelo chão e coloquei no bolso sem que ninguém notasse.

Sei que não descobririam que aquela foi a arma do crime,

Mas queria acrescentá-lo à minha coleção de troféus.

 

Eu não precisava mais ficar focada nos estudos,

Não havia motivo pra passar noites e mais noites estudando.

Não tinha meus pais exigentes no caminho também,

Não tinha mais ninguém para me dizer como eu deveria viver a minha vida,

Ninguém para me dizer que eu não merecia viver

A menos que entrasse numa universidade de altíssimo prestígio.

Eles foram os únicos que não mereciam viver.

Meus pais sem capacidade alguma de sobreviver por conta própria, adeus.

Agora estou fazendo tudo o que eu quero.

 

- Haseul unnie, o que está fazendo? – perguntou Yerim.

- Eu estava pensando no que fazer para sobreviver.

- Acha que sairemos vivas?

- Que pergunta estranha. Claro que iremos. – "Eu e Jungeun, vocês não".

 

Precisava levar a intuição daquela garota metida em consideração.

Parecia que Yerim tinha notado alguma coisa, mas que peninha, era tarde demais.

Se não tivesse fuçado tanto, poderia ter sobrevivido um pouco mais.

Também a entreguei para os zumbis, eles a devoraram sem deixar rastros.

Fiz parecer que havia fugido por conta própria deixando a janela de sua sala aberta,

Contudo, caso não acreditassem nessa possibilidade,

Deixei um botão da jaqueta de Sooyoung lá para suspeitarem mais dela.

 

Uma por uma, os incómodos foram desaparecendo

E o grupo ficou estarrecido de medo.

Jungeun começou a confiar mais em mim à medida que seu medo crescia.

Enchi o porão com comida o suficiente para semanas, quiçá meses,

Em breve o nosso castelo estaria concluído.

 

Estava indo bem, muito bem, só precisava continuar daquela forma.

Ou era isso o que eu achava.

O amigo daquele maluco que acabei matando teve de abrir a boca.

Todos os meus esforços para manter aquilo em segredo,

Todas as vezes que acordei de madrugada pra me livrar dos cartazes

Que os soldados insistiam em deixar lá sobre a zona segura,

Foi tudo em vão.

Eu devia tê-lo morto também.

 

Uma manhã Jungeun chegou antes de mim àquele cartaz,

Ela só estava complicando mais as coisas.

Disse-lhe que era inútil, que a iria proteger e ela fez o que?

Recusou minha ajuda, desprezou-me depois de tudo o que fiz por si.

Tudo bem, ela iria arrepender-se daquilo.

 

Eu só precisava lidar com os últimos obstáculos.

Faltavam quantas agora?

Que chatice acabar com elas uma por uma, leva tempo demais.

Não há uma forma de lidar com todas de uma só vez?

!

Será que funcionaria se eu conectasse a sala de transmissões

À fonte de alimentação de emergência?