História Dangerous fellows - LOONA - Trancada e perseguida

O sol deu luz a um novo dia.

Normalmente eu acordaria com uma sensação de alívio por estar viva

Acompanhada pelo medo de que teria de sobreviver mais um dia,

- Bom dia! – saudou Jiwoo assim que notou que a amiga havia acordado – Como foi a ronda de ontem à noite?

Mas agora tudo seria diferente.

- Bom dia.

Conversámos um pouco sobre o que tinha acontecido na noite anterior.

O maior interesse dela foi a chave que eu tinha achado.

- Tenho um bom pressentimento quanto a isso. Talvez ela abra uma porta para uma sala cheia de tesouros!

- Haha, sem essa, Jiwoo.

- Por que? Eu iria adorar uns tesouros tipo pizza, hambúrguer…

É, as comidas que antes a gente achava normal estão tão escassas hoje em dia..

Eu daria tudo por uma pizza ou hambúrguer também.

Lambi os beiços me dirigindo à porta que iria abrir se…

- Uma tigela de sopa quentinha seria bo- Hm? O que foi?

- Não dá para abrir, está emperrada.

- O quê?

Jiwoo veio e pegou na maçaneta.

Não importava o quanto ela tentasse, a porta só mexia não abria.

Tentei ajudá-la empurrando também só que não queria abrir de jeito nenhum.

- Que estranho…

- A porta não está abrindo, claro que é estranho!

- Não é isso que quero dizer.

Pra mim a porta não tinha ficado simplesmente presa.

Eu estava com bastante receio de abrir o jogo e contar minhas suspeitas,

Contudo senti sim que tinha algo ou alguém emperrando a porta.

- Alguém deve estar acordada a esta hora, vamos tentar pedir ajuda. – Jiwoo começou a bater na porta – Ei! Alguém aí?! Nos ajudem!

- Alguém nos consegue ouvir?! – Jungeun juntou-se a ela – Ajudaaaaa! – lançou os seus gritos de pterodáctilo.

- Nos ajudem! Estamos sendo devoradas por um milhão de zumbis!! – mas ninguém respondia.

Eu tinha de fazer algo, tinha de encontrar uma forma de sairmos.

Talvez tivesse algo pra arrombar a porta por aqui?

Andei pela sala pra ver se havia alguma coisa útil.

- O que está fazendo?

Jiwoo me olhou de um jeito preocupado.

- Não posso ficar aqui sem fazer nada.

Me espremi na pilha de mesas e cadeiras de um dos lados da sala

E após procurar no chão e nas paredes pus a mão na gaveta de uma das mesas.

Vasculhei lá dentro, mas não tinham nada além de poeira acumulando na minha mão.

Suspirei e fui na próxima gaveta.

- Oh!

Peguei em uma coisa longa, sólida e achatada.

Era uma régua de metal em formato de L.

- Perfeito!

- Achou alguma coisa boa?

Balancei a régua de metal acenando pra Jiwoo.

- Hã? Mas isso aí é só uma régua, não?

A loira tirou a poeira da mão e foi até a porta. A amiga não estava confiando na sua ideia, no entanto não reclamou já que aquilo era melhor do que não tentar nada.

Coloquei a régua no espaço entre a porta e sua moldura

E ao empurrá-la senti ela batendo em alguma coisa do outro lado.

- Está funcionando?

Assenti e continuei mexendo a régua pra cima e pra baixo.

- Tem..alguma coisa do outro lado, mas não consigo..alcançar..

Tentei cutucar, girar e empurrar bem forte.

BAM~

Pelo visto o que eu estava sentindo caiu no chão do outro lado.

Puxei a régua rapidamente e empurrei a porta que abriu numa boa.

- Yay!

Jiwoo foi direto para o corredor toda contente.

Quanto a mim?

A segui preocupada que talvez fosse perigoso sair assim.

- O que é isto?

Meus olhos acompanharam a direção que Jiwoo apontou,

Tinha um tapume de madeira no chão.

- Onde esse tapume estava pra ter caído dessa forma? – às vezes Jungeun não sabia se sua amiga era tapada demais ou apenas burra.

O rosto de uma certa pessoa atravessou minha mente.

Não, não seria certo tirar conclusões sem provas.

- …Deve ter sido apenas uma infeliz coincidência, haha. As outras ainda estarão dormindo?

Sala 1-C, esta era a sala usada pra reuniões e passar o tempo.

Foi aqui que conheci o grupo inteiro pela primeira vez.

Cerca de metade já estava na sala que aparentemente não fica tão longe da nossa.

Como assim ninguém nos ouviu?

Pensamentos negativos atravessaram a minha mente,

Mas decidi afastá-los e fiquei observando a rua pela janela.

Havia sombras à espreita do lado de fora

E a julgar pelos movimentos nada normais, com certeza eram zumbis.

- Bom dia. No que está pensando?

Kahei veio até onde eu estava.

Ao notar as silhuetas lá fora ela pareceu incomodada.

- Provavelmente no passado já passámos andando por eles na rua, não acha?

- Sim… Vai ver também até já conversámos com eles.

- Não sejam tão sentimentais. Isso não vai nos ajudar em nada, sacou?

Hyeju fechou as cortinas da janela.

- Não tem haver com ser sentimental. É uma prova de que ainda somos humanas apesar de tudo. – Jinsol também entrou na conversa.

- Trouxemos comida.

Hyunjin e Haseul vieram com pães, salgadinhos e chocolate e os colocaram nas mesas.

Talvez por isso ninguém nos conseguiu ouvir, estavam preparando o café da manhã.

Cada uma puxou uma cadeira pra sentar para comer.

- Todas dormiram bem? – a líder perguntou.

- Sim. – respondeu Chaewon com metade de um pão na boca.

- Tirando uma coisinha que está me incomodando, tudo bem sim. – Heejin falou olhando pra Jungeun com um sorriso falso.

Será que ela não vai desistir?

- Bem, já que não temos nenhum problema grave hoje, aproveitemos o momento do café para nos reunirmos. – Haseul começou – Já que vistoriámos o perímetro lá fora ontem à noite, vamos dar uma olhada no lado de dentro hoje.

- E a chave? – Yerim lembrou-se.

- De hoje em diante vamos incluir nas rondas a verificação de portas trancadas. Ela estará encarregada disso. – gentilmente apontou para Jungeun.

Respondi com um sorriso balançando a chave no indicador.

- Que coisa inútil! Isso é perda de tempo e esforço.

- Precisamos de recursos então qualquer coisa que acharmos seria vantagem. – Yerim discordou de Heejin.

- É bem menos complicado do que ter de ir lá fora. – Sooyoung deu de ombros – Onde ainda não fomos?

- A sala dos professores no quinto andar..? – Hyeju pensou em voz alta.

- A biblioteca. – acrescentou Jinsol.

- O depósito na academia, a lanchonete… – Jiwoo esforçava-se pra se lembrar de mais.

- Não se esqueçam da sala de transmissões. – disse a pequena Yeojin.

- Nossa, tem bastante lugar, né? – a loira não esperava que fossem tantos lugares assim. – Deveríamos começar pela biblioteca?

Fiz essa sugestão na esperança de encontrar algo lá pra ler.

- Alguém quer vir comigo?

Vi Hyeju pegando e levantando o braço de Sooyoung.

- Ei! O que está fazendo?!

- Quê? Você queria ir, não?

- Para a biblioteca? Eu??

De seguida ela deu uma bronca na mais nova que ficou rindo da própria pegadinha.

Apesar do bate-boca, acho que as duas eram bem próximas uma da outra.

- Parece que vocês duas são uma boa escolha pra isso, vamos juntá-las.

Haseul aprovou a nossa ida à biblioteca.

- Tch.. Que seja.

Sooyoung não aparentava ser má. Só..um pouco intimidadora,

Mas acho que era melhor do que ter de ir sozinha.

A reunião continuou até que todas formaram pares

E receberam as direções dos locais da ronda.

Contente, continuei comendo o meu pão.

À medida que iam terminando o café da manhã, cada par saía pra fazer a ronda matinal.

- Você vem? – Sooyoung levantou-se – E por que está pra baixo? Ah, entendi! Você queria que outra pessoa fosse sua parceira, não é?

- Não é isso. – negou Jungeun – Vamos indo?

Com um sorriso desajeitado, fui na frente.

- Tá ligada que o caminho é por aqui, né? – a mais velha parou num cruzamento de corredores esperando que a loira se tocasse de que não era pra seguir em frente como fez.

Dei meia volta e andei rápido para alcançá-la.

Como não conseguia aguentar o silêncio embaraçoso depois disso...

- Hm.. – Jungeun lembrou-se da mini discussão de Sooyoung e Hyeju – Você não gosta muito de ler, certo?

- Qual é a graça em só ficar olhando pra letras num pedaço de papel? E, mesmo ao ler algo, odeio quando a história não termina do jeito que quero.

- Acredito que escolher o livro certo é questão de sorte em certa medida.

- Sou azarada então.

- Alguns amigos meus começam primeiro pelas partes finais.

- Assim dá pra evitar livros ruins logo de cara.. Não é mau pensado.

- Mas daí você também estragaria o prazer das surpresas na história caso lesse desse jeito.

- Se um livro não for divertido sem as surpresas então ele não vale a pena em primeiro lugar, não?

Continuámos falando no caminho.

- É aqui?

- Você não sabe ler?

Sooyoung apontou para a placa na parede em que estava escrito “biblioteca”.

- Claro que sei, era só uma pergunta!

- Estou começando a te achar bravinha. – ela riu e empurrou a porta de leve. Esta mexeu um pouco, entretanto nada de abrir – Tente usar a chave.

Eu não queria seguir as ordens dela, mas acabei pegando a chave do meu bolso.

- Tomara que tenha um monte de revistas em quadradinhos aí dentro, isto é, se a porta abrir.

- É uma biblioteca escolar, duvido que você encontre quadradinhos.

- Por que não? Eles são tão educacionais quanto os livros normais, não acha?

Deixei a sua pergunta no vácuo, coloquei a chave no buraco da fechadura

E virei-a bem devagar esperando que abrisse, porém não abriu.

- Ah, mano! Que merda! – Sooyoung chutou a porta.

- Do jeito que ficou frustrada, qualquer um iria pensar que você adora ler livros.  

- Bem, e não foi você quem escolheu este lugar achando que encontraria algo pra ler?

Fiquei surpresa por ela saber o motivo de eu ter escolhido a biblioteca.

- O que foi isso? – a mais nova olhou para o corredor.

- Ei, não ignore minhas perguntas assim!

- Não, não é isso. Acho que ouvi alguma coisa.

- Sei…

Apesar de Sooyoung não esboçar preocupação, ficou bem atenta também.

- Não há nada aqui.

- Que alívio então..haha.

Ela não parecia aliviada e dava pra perceber o porquê.

O facto de não enxergar não implica que não tenha coisa alguma.

- Vamos dar o fora.

Olhei uma vez mais ao redor antes de decidir segui-la.

- No fim a chave não era da biblioteca. – anunciou Sooyoung assim que regressaram à sala de reuniões.

- Isso é ruim. Achei que poderíamos queimar aqueles livros para nos mantermos aquecidas..

A utilidade da chave que encontrei não importava agora,

Parecia que precisávamos de fogo durante o inverno.

- Mas não devemos ficar desanimadas. – a líder continuou – Vamos continuar procurando o local onde essa chave pode ser usada.

Deve ser difícil permanecer forte e encorajar as outras nesta situação,

Mas Haseul e suas palavras gentis sempre me ajudavam a recuperar esperança.

- Sim.

Ainda tínhamos mais quatro lugares pra verificar

E se a chave não servisse em nenhum deles

Poderíamos tentar nos armários do corredor também.

A gente não estava com pressa.

E contando com a sorte poderíamos talvez achar a chave para a biblioteca e..

De repente lembrei do que tinha acontecido em frente a ela.

Sooyoung disse que não tinha nada lá,

Todavia eu não podia simplesmente ignorar minha preocupação,

A de que poderia ter sido outra pessoa.

Eu ficava toda arrepiada só de pensar nisso.

- Você está bem?

Jinsol me perguntou e o resto do pessoal virou pra olhar.

- Ela gosta mesmo de atenção, hein?

Ouvi um cochicho, mas resolvi ignorá-los.

- Não liga pra ela, ainda está irritada por causa dos livros da biblioteca. – falou Sooyoung achando que sabia o que se passava na cabeça de Jungeun.

- Não é isso.

- Se não for isso não me diga que-

- Aconteceu alguma coisa? – Haseul a cortou.

Refleti por alguns segundos antes de balançar negativamente a cabeça.

- Devo ter ficado um pouco sensível por causa de tudo o que aconteceu recentemente. Não aconteceu nada.

Falei em alto e bom som pra que quem estivesse cochichando ouvisse também.

- Bem, prometa-me que irá nos contar se alguma coisa acontecer.

- Certo, prometo. 

Naquele momento Hyeju levantou o braço pra chamar à atenção de todas.

- Já acabámos a conversa aqui? Acho que é hora de uma pausa.

- Sim, eu já ia dizer a mesma coisa.. – disse Kahei – Estou cansada.

- Tô com sono. – Hyunjin, que estava praticamente dormindo sobre uma mesa, se pronunciou.

- Tudo bem. – Haseul não tinha outra opção a não ser deixá-las ir descansar – Que tal encerrarmos por hoje?

- Você é a melhor!

Acabei rindo com a empolgação da Jiwoo.

Já dava pra sentir a ansiedade no meu peito caindo aos poucos.

- Beleza, vou tirar um cochilo.

Sooyoung deu um tapinha nas minhas costas quando passou por mim.

- Você não vai durar muito tempo se continuar arrancando os cabelos por qualquer coisinha. Leva numa boa e menos barulho, tá bom?

- Também vou nessa.

- Adiós!

Sooyoung saiu da sala com Yerim e Hyunjin logo atrás.

Jiwoo veio até mim com uma pergunta na ponta da língua.

- O que vai fazer agora? Acho que vou descansar, não dormi muito bem esta noite.

Enfiei a mão no bolso onde a chave estava.

- …Eu estava pensando em dar uma volta. Sabe, ainda tenho de me acostumar com este lugar.

- E tá tudo bem em ir sozinha? Quer que eu vá junto?

- Você não disse que ia descansar? Além de que vai ser um passeiozinho bem rápido pelo corredor, não preciso de babysitter.

- Certo, mas não se perca!

- Qual é, Jiwoo? Não sou mais uma criança, você sabe disso.

Tentei dar um pouco de conforto pra ela com um sorriso,

Mas a sensação que tive na biblioteca não me deixava em paz.

Talvez fosse exagero da minha parte...

Bom, contando que eu ficasse longe do refeitório nada iria acontecer.

As outras que restaram na sala pareciam estar ocupadas conversando entre si então Jungeun saiu sem dizer nada para não as incomodar.

- Vejamos… Acho que começar pelos armários seria uma boa.

A sala dos professores e a academia ficavam distantes

E eu não fazia ideia de onde ficavam a sala de transmissões e a lanchonete.

Mesmo se soubesse, não seria prudente ir sozinha lá.

A Jiwoo iria pirar se ficasse sabendo,

Por isso resolvi verificar os armários no corredor.

Ela realmente achava que encontraria o armário daquela chave, mas os buracos das suas fechaduras eram pequenos demais para uma chave como aquela.

- Bem, eu não irei dormir direito se desistir assim tão fácil.

Quando resolvo fazer alguma coisa não desisto até conseguir algum resultado.

Dizendo a mim mesma que era cedo demais pra tal, comecei a descer as escadas.

- Com que então é aqui onde ficam as salas de estudo.. – deu uma espiadinha numa delas encontrando nada mais que caos. Cadeiras e mesas amontoadas por todo o lado e de qualquer jeito, fora livros rasgados e mochilas espalhadas pelo chão.

Por instantes pude imaginar os estudantes apavorados tentando salvar suas vidas.

Se ao menos esse vírus misterioso não existisse

Eu agora estaria numa sala destas encostada na cadeira esperando a aula acabar.

Pra onde será que todo mundo foi?

Minha mãe estava bem?

Era para termos ido jantar fora naquela noite… Chega, Jungeun!

Eu tinha de ser forte! Precisava sobreviver até ao fim,

Essa era a única forma de encontrar todos novamente.

Mas bem quando estava prestes a dar um passo… Um barulho estranho veio das escadas.

Congelei, não conseguia nem queria virar ou perguntar quem era.

O medo que senti na biblioteca subiu à minha espinha mais uma vez.

Quanto mais perto a coisa se aproximava mais rápido meu coração batia,

Tudo o que pude fazer foi prender a respiração.

O que eu deveria fazer?

Me arrependi de não ter vindo com a Jiwoo- Para, Jungeun!

Essa não era a melhor hora para arrependimentos.

Fechou os punhos e começou a contar.

Três…

Dois…

Um!

Correu o mais rápido que pôde se recusando a olhar para trás independentemente do que ouvisse. Acabou indo de uma ponta à outra do corredor que tinha formato de C.

Percebi que tinha uma porta meio aberta e sem pensar duas vezes entrei.

Olhei ao redor da sala enquanto tentava recuperar o fôlego

Quase gritando de medo quando vi a cena diante dos meus olhos.

Era uma cena horrível, pior que a última sala. Cadeiras e mesas estavam espalhadas pelo chão e tudo estava manchado de sangue.

Talvez alguém sem saber que estava infetado veio para a escola e…

Me recompus, não era tempo pra imaginar o que teria ou não acontecido.

O barulho misterioso estava mais rápido do que antes.

Jungeun se certificou de que a porta detrás estava fechada e em seguida fechou devagar a porta por onde havia entrado. Só que tinha um problema, a trava parecia estar quebrada impedindo que a porta trancasse!

- Por favor.. – a garota entrou em desespero e começou a orar por um milagre.

Aquela coisa com certeza iria me achar se eu não me apressasse.

Tenho de me esconder em algum lugar-

A porta de repente chacoalhou. A coreana gritou pelo susto, mas não a largou dando o seu melhor para mantê-la fechada. Lágrimas se formaram em seus olhos.

Eu não podia deixar esse negócio entrar.

A loira fazia força dum lado e seja lá o que a estivesse perseguindo fazia força do outro.

Consegui ouvir o som de uma respiração fraca através da rachadura na porta.

Era um zumbi..? Ou então…

- Me deixe em paz! – a porta parou de chacoalhar. Ao invés disso, a coisa começou a arranhá-la como se a quisesse ameaçar.

Eu não sabia por quanto tempo minha força duraria,

A sala estava muito fria e minhas pernas tremiam.

A sua preocupação era de que se não se concentrasse, acabaria caindo no chão fazendo com que aquela coisa lá fora entrasse.

Uma corda enrolada no canto da sala chamou a minha atenção.

Será que eu ganharia tempo se…

Ouviu-se passos.

Hm?

A coisa estava indo embora da porta da frente. Estaria indo tentar a outra?

Respirei fundo e calmamente peguei a corda.

Como era de se esperar, a coisa tentou abrir a porta detrás.

Por sorte eu havia previsto esse movimento e a tranquei antes.

Usou suas mãos trêmulas pra virar as mesas e amarrar as suas pernas com a corda, depois pegou o final dela e amarrou-a a um dos armários.

Percebi que o barulho parou de vir da porta detrás.

Isso quer dizer…

Empurrou a bancada improvisada para a porta da frente e contando com ela para que aguentasse voltou para a porta detrás que por sorte apenas podia ser trancada e destrancada pelo lado de dentro.

Destranquei-a com cuidado para que não fizesse barulho algum

E assim que a abri saí correndo pelo corredor.

Continuou em disparada direcionando todo o seu foco pra mexer as pernas, pois se hesitasse por um momento a coisa a pegaria e isso não terminaria bem. Parou pra recuperar o fôlego em frente à sala 1-C.

- O que está fazendo? – questionou Sooyoung – Te falei pra não fazer barulho, não foi?

- Você me deu um susto. – Hyunjin havia saído da sala com o seu bastão em mãos.

Elas devem ter escutado a correria lá em baixo.

Eu quis explicar, mas estava completamente sem fôlego.

Minhas pernas do nada se deram por vencidas,

Felizmente Hyunjin me pegou antes que eu caísse.

Sooyoung mudou a expressão em seu rosto.

- O que aconteceu?

- Tinha um..dentro da escola..

- Aquilo de novo? Está tão preocupada assim?

Não ouvi mais nada me perseguindo e na minha frente estavam aquelas duas,

Vê-las bem ali era o suficiente para assegurar que eu ficaria bem.

Meus olhos foram embaçados com lágrimas.

- Tá chorando?

- N-Não é nada. Só fiquei um pouco surpresa.. Obrigada, vocês duas.

Olhei pra elas e usei minhas últimas forças pra dar um sorriso.

Hyunjin ficou fazendo carinho nos meus cabelos sem entender,

Já Sooyoung coçou a cabeça e desviou o olhar.

Fiquei chamando de “coisa” este tempo todo,

No entanto eu tinha certeza de que o que estava me perseguindo era uma pessoa.

Mas quem?

E mais importante, por que?