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História Dangerous Love (Jikook) - Life or death


Escrita por: monjunnie1

Notas do Autor


Boa leitura ❤️

웃🧡유

Capítulo 11 - Life or death


Fanfic / Fanfiction Dangerous Love (Jikook) - Life or death

Você faz as suas escolhas, então aguente as consequências.

(Madrugada)

Odioso diário.

Nesta madrugada tive a absoluta certeza de que perdi completamente o meu juízo. É sério, não sei como fui capaz de mudar em tão pouco tempo. Nunca tive tendências psicopatas. Sempre fui contra violência e sempre depreciei o trabalho da polícia e do poder público, porque nunca conseguiram conter os roubos, assassinatos e outros tipos de crimes na cidade.

Nunca fui a favor de atitudes agressivas, e nunca fui agressivo. Tá, eu falo palavrão pra caralho, mas isso não chega a ser uma agressão ok?

Sempre associei a violência a pessoas que não tiveram oportunidade de se formarem em alguma profissão, que não tiveram acesso a educação. No entanto, de um dia para o outro, conheço bandidos que não usam gírias, nem drogas e não são pobres. São bandidos bem articulados, educados e até elegantes.

Éh senhor diário...o mundo não é mais o mesmo.

Estou tão absurdamente surpreso comigo mesmo que até tenho vergonha de escrever o que aconteceu. É difícil demais ter que admitir tudo de novo, tim-tim por tim-tim. Mas vamos lá, afinal, diários servem para essas merdas, certo? Prometi à Lisa que escreveria mesmo sem vontade. Além do mais, os escritos deste diário podem ajudá-la a entender o que aconteceu comigo e por que fiz as coisas que fiz.

Tudo começou quando Tae veio me acordar, no meio da madrugada. Eu estava morrendo de sono e preguiça, e apaguei assim que terminei de escrever no meu diário.

- Jimin, acorde. - Ele sussurrou, me balançando - Vamos embora, temos que ser rápidos antes que alguém desconfie.

Guardei meu diário na bolsa, fui ao banheiro fiz xixi, e joguei um monte de água no meu rosto para tentar despertar. Escovei os dentes, e vesti um uma camisa fina verde escura e uma calça preta com rasgos no joelho e na coxa que eu tinha guardado na bolsa antes de sair do meu apartamento. Não demorou muito até descermos as escadas e sairmos da casa, caminhando com cuidado na direção dos carros estacionados logo na entrada.

O Fox prateado de Jungkook ainda estava do mesmo jeito que deixei, mas havia outro carro ao lado: um sedan preto. O clima da madrugada estava muito frio, mas não ventava. O sol nascia no horizonte por trás das árvores graciosas, tingindo o céu com tons alaranjandos como meus cabelos. Um galo cantava ao longe.

Taehyung entrou no sedan. Abri a porta do carona e, ao me virar, vislumbrei Jungkook na varanda da casa, com os braços cruzados. Estava sério. Meu corpo gelou e tremeu ao mesmo tempo.

Fiquei confuso se deveria me despedir dele ou se deveria ir embora.

Olhei para Tae e ele acenou com a cabeça, concordando em esperar um pouco mais. Por um segundo quis que me obrigasse a ir embora sem encarar Jungkook. Isso se ele - Jungkook - realmente deixasse que eu fosse embora. Pela expressão em seus olhos, sabia que não contestaria minha decisão. Ele respeitaria, e isso era o mínimo que podia fazer para compensar o que eu fiz por ele.

Andei com cuidado para não fazer barulho. Não demorei tanto alcançar os primeiros degraus da entrada e a me aproximar daquele homem perturbador. Seus olhos seguiram os meus passos de um jeito inexpressivo.

- Desculpa. Queria me despedir, mas...

- Mas você ia embora sem nem sequer falar comigo, como se eu não tivesse importância - interrompeu minha fala.

Eu não estava crendo no timbre azedo que sua voz assumira. Um tom novo para mim.

- Qual importância haveria de ter? - Mantive uma seriedade digna do Óscar de melhor ator de todos os tempos.

Como eu podia ser tão falso? E por que caralhos Jungkook falava comigo daquela maneira, me cobrando o que nem deveria cobrar? Afinal, eu nada significava para ele, era apenas um garoto idiota que o salvou da cadeia havia 24 horas.

- Realmente. Nenhuma - Seus braços ainda estavam cruzados. De repende, começou a evitar o meu olhar.

- Bom, eu estou indo agora. Desculpa, Jungkook.

- Não. Eu que te peço desculpas - Ele finalmente descruzou oa braços e olhou para mim. Seus cabelos estavam meio bagunçados, provavelmente por ter acabado de acordar. Eu gostava dos cabelos dele assim: ao natural. - Coloquei você em uma enrascada. Também não cheguei a te agradecer apropriadamente. Obrigada, Jimin-ssi. Por tudo.

A porra do apelido...

- Não está com medo que eu conte tudo à polícia?

- Não. Se você quisesse fazer isso, já teria arrumado um jeito - Era a mais pura verdade - Só fico feliz que vá embora antes de descobrir realmente o que somos.

Feliz? Eu estava arrasado e o cara sentia felicidade?

- Então, tá. Adeus, Jungkook - Sussurrei, virando as costas me preparando psicologicamente para nunca mais vê-lo de novo.

Enquanto descia as escadas, tive uma ideia brilhante e igualmente imbecil. Jamais veria Jungkook novamente, certo?

Certo. Então não teria nada para me lembrar dele do jeito que sempre quis. Todas as lembranças que eu possuía sumirão com o tempo. Seus olhos negros brilhantes, depois de uns anos, não passariam de borrões indefinidos.

Desejei ter uma máquina fotográfica, para levar uma imagem dele comigo. Algo que fizesse jamais esquecer o que senti quando o vi.

Olhei para trás e, mais uma vez, o encarei demoradamente, tentando gravar cada detalhe dele para me convencer depois de que nada daquilo tinha sido um sonho. Gravei sua boca bem desenhada, de aparência deliciosa, seus braços fortes, seus cabelos macios.

Aparência. Só aparência.

Ao observá-lo percebi que jamais saberia se tudo o que eu achava sobre ele era verdade ou não. Nunca saberia se sua boca era realmente deliciosa, se seus braços eram firmes e seus cabelos eram mesmo macios.

Não queria ir embora sem saber disso. Sem ter a certeza.
Não queria e não iria.

No momento em que me decidi, pouco me importei se estava fazendo o papel de doido e de certa forma assediando. Não liguei nem em ter um Tae esperando dentro do carro e provavelmente assistindo a tudo. Nem em estarmos do lado de fora de uma casa no meio do mato, em plena madrugada! Não quis saber de absolutamente nada. Só conseguia ver Jungkook e sentir o tamanho do desejo que pulsava em todo meu corpo, e quis tornar o que fantasiei sobre ele mais real do que a minha imaginação.

Foi num ato desesperado que subi as escadas com pressa e, sem tentar entender a expressão nos olhos de Jungkook, simplesmente me aninhei em seu corpo, envolvendo meus braços em seu pescoço, segurando-lhe os cabelos.

Eles eram mesmo sedosos. A primeira dúvida havia sido sanda.

O corpo dele contra o meu fez com que eu queimasse por inteiro. Quando envolveu os braços em minha cintura, senti que talvez não devesse ir embora mesmo. Não poderia ir depois de sentir suas mãos macias tocarem minhas costas, mesmo que por cima da blusa fina.

E caralho, ele não é hétero?

Foda-se. Puxei seu rosto para mais perto e pressionei meus lábios contra os dele num ato desesperador. Sua boca logo invadiu a minha. Meu corpo se arrepiou todinho com seu beijo, que correspondia ao meu. Fiquei enlaçado em seus braços, dominado por sua boca deliciosa e inebriado pelo seu excitante cheiro.

Estou louco por ele. Louco. Faria tudo outra vez, exatamente da mesma forma. Jamais me arrependeria. Nunca deixaria de salvá-lo. Sentido? Nenhum. Talvez eu seja perturbado ou simplesmente imaturo. Foda-se. Estou cansado de tentar me definir.

Mais depressa do que eu queria, retirei meus braços de seu pescoço e deixei sua boca no ar, esperando por mais daquela loucura. Agora, sim, podia ir embora feliz. Ou pelo menos em paz. Mesmo voltando para minha vidinha chata, não foi em vão. Aquele beijo tinha valido o esforço. Todos os momentos de medo, angústia, tensão... Tudo valeu a pena.

- Adeus, Jungkook - sussurrei de novo, olhando firme em seus olhos, que agora me olhavam diferente. E eu agora sabia como era sua boca, cabelos, rosto, pescoço, braços. E precisava me contentar com isso. Minhas duvidas deram lugar às certezas.

- Não vá... - Jungkook disse muito baixo - Jimin-ssi, não vá...

- Por quê?

Eu queria um bom motivo. Ansiava por sua resposta, pois era tudo de que mais precisava. Que futuro haveria para nós com Ruby por perto? E eu jamais me sentiria à vontade roubando o namorado alheio. Respeito é bom e todo mundo gosta, então não tome nada de ninguém se não quiser que algo seu seja tomado. Tá eu beijei ele, mas porra eu nunca mais vou vê-lo, eu não roubei ele dela.

E tinha o fato de Jungkook ser um bandido, participar de uma quadrilha e não ter uma identidade. Só Deus sabia se o nome dele era mesmo Jungkook. Que tipo de relacionamento eu poderia ter com um cara assim?

- Vou dar um jeito.

- Dar um jeito em quê? - Jungkook permabeceu calado. - Seus olhos dizem que não tem jeito. Apesar de te conhecer por tão pouco tempo, sinto que sei exatamente o que pensa.

- Jimin-ssi...

- Vou embora. Sejamos maduros, não é ? Quem sabe um dia te encontre por aí? Você sabe onde moro. Se cuida.

Eu tentaria fazer o mesmo.

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Entrei no carro não me pergunte como, e Tae finalmente deu partida. A estrada de barro estava igual à última vez que passei por ela; sinistra. Não fazia muito tempo, mas em minha cabeça as últimas horas pareciam a duas décadas.

Meu coração ainda batia acelerado por causa do momento íntimo com Jungkook. Mal dava para acreditar que eu tinha saciado 1% da minha vontade. Essa vontade que se instalou em mim desde que o vi. Um suor frio escorria pela minha testa, e quase não conseguia respirar direito só pensar nisso.

Depois de alguns minutos de silêncio, Tae resolveu tocar no assunto.

- Tem certeza de que quer mesmo ir embora? - Sorriu de um jeito meio malicioso. Bom sinal. Enquanto ele sorrisse, tudo estaria bem.

- Tenho.

- Faz muito tempo que não o vejo assim.

- Hãn? - Sério, eu estava parecendo um sonso. Não conseguia parar de pensar no beijo.

- O Jungkook, Jimin. Há anos não o vejo assim.

- Assim como?

- Havia alguma coisa no jeito como te olhou. Eu o conheço há uns dez anos. - Tae passou a marcha e saímos da estrada de terra rumo à autoestrada e a civilização - Olha... Tenho certeza de que você criou uma espécie de fantasia sobre nós durante esse tempo curto que está com a gente. Não somos assim... Ou somos, não sei. - Suspirou - O que quero dizer é que você não nos conhece de verdade.

Isso era óbvio.

- O que quer dizer "de verdade", Tae?

- Você nos pegou em um momento de descontração. É óbvio que ainda não entendeu direito o que aconteceu com você. Você é muito inocente.

- Sou um otário, eu sei. - murmurei.

- Não foi isso que eu quis dizer - Taehyung me olhou de relance, porém voltou a prestar atenção na pista. - Só estou te confundindo, não é?

- Sei lá. Só quero ir pra casa, mas ao mesmo tempo queria entender o que aconteceu.

Tae balançou a cabeça como se entendesse muito bem.

- Jungkook fez coisas que eu não esperava que viessem dele - disse com uma voz séria. Não sei direito se mudou de assunto ou se prossegui com a ideia que tava tentando me explicar - Eu o conheço, portanto sei como age, como pensa... Posso dizer com toda convicção que ele jamais te traria aqui em condições normais, mesmo sem saber direito como fugir. Sinceramente você já devia ser carta fora do baralho. Nosso grupo está exposto com sua presença, e Jungkook sabe disso mais do que ninguém.

As últimas frases me fizeram congelar. Um medo se apossou do meu corpo, e por um momento me perguntei se estava no meio de uma cilada. Será que Tae ia mesmo me levar pra casa? Ou estava apenas se livrando de mim?

Acho que ele percebeu o meu pavor.

- Ei, fica tranquilo baixinho. Se você está bem agora, é porque algo aconteceu...

Afundei o meu corpo no encosto, cansado de me sentir perdida e com medo. As minhas mãos tremiam.

- O que aconteceu? Que merda...- resmunguei.

- Não sabia direito até ver o que vi. Claro que já desconfiava, mas não tinha certeza. O cara tá tão na sua. Sério gamou em você.

Bufei.

- Grande merda. Estou indo para casa. Nem devia ter saído de lá..

Taehyung sorriu.

- Mas saiu. Por quê?

- Não sei... Talvez algo realmente tenha acontecido entre nós. Mas eu nem sabia se ele era hétero, bissexual, sei lá. Qualquer coisa que me desse esperanças morreram do nada.

Era difícil de acreditar que estava meio que desabafando com Tae, a pessoa que havia um segundo pensei que estivesse me levando para o matadouro. Não sabia se confiava nele ou não. Uma grande parte de mim confiava, mas o medo do desconhecido me impedia que eu sentisse totalmente à vontade com ele. Ele viu o beijo, eu estava envergonhado. Me sentia usado. E assustado.

- É por isso que pergunto: tem certeza de que quer ir embora?

Não podia ignorar tudo o que ele acabou de me dizer. Ele deixou claro que Jungkook tinha gostado de mim e mudado algumas atitudes por minha causa. Sou uma criancinha assumida, mas não significa que não tenha capacidade de raciocínio. Não ficaria para ser o capricho dele. Não podia estragar a minha vida para ser usado. Ele me descartaria quando enjoasse. É isso o que deve fazer com as pessoas. Foi isso que ele fez com a Ruby. Ele nem pensou duas vezes antes de me beijar! Ou eu o beijar...tanto faz, tá? Ele correspondeu.

É...e como...

- Tenho. - Tae me olhou de forma esquisita. - Desculpa, Taehyunguie, mas estou tão confuso!

Senti lágrimas se formarem em meus olhos, deixando minha vista embaçada. Meu coração batia apressadamente, e meus lábios ainda tentavam se recuperar do poder do beijo de Jungkook. Passei as mãos pelo cabelos, puxando-os para trás em frustração.

- Não era para menos. Você é esperto, Jimin. Se quer minha opinião, acredito que esteja fazendo a coisa certa. E é por isso que estou aqui; para te ajudar a sair dessa antes que vire uma bola de neve.

Aquiesci.

- Obrigado.

Ele piscou um olho e sorriu.

- Eu gostei de você, baixinho.

É. Eu também tinha gostado muito do Tae. Vou sentir falta dele. Passaria horas deitado na minha cama, só imaginando como seria se eu tivesse escolhido ficar.

Queria perguntar cada detalhe da relação entre Jungkook e Ruby, pois era um assunto que corroía meu juízo. Mas de quê adiantaria? Eu estava indo para casa e nunca mais precisaria me preocupar com nenhum dos dois.

Vai doer? Vai. Mas eu superaria aquele sentimento esquisito que invadiu meu coração e voltaria a viver minha vida simples e normal, como sempre. De volta à solidão do meu apartamento.

Olhei para Tae, que dirigia com muita habilidade e uma serenidade impressionante. Ele tinha se mostrado um grande amigo, verdadeiro, por quem valia a pena arriscar qualquer coisa. Sabia que estava fazendo aquilo tanto por mim quanto por Jungkook. Seria eternamente grato por isso. E um dia, se fosse permitido, eu o compensaria por sua amizade.

Enquanto um turbilhão de sentimentos lutavam dentro de mim. Procurei me concentrar mas marcações da pista, nas placas de sinalização e no balanço que o carro fazia a cada curva. Me sentia voltando para casa depois de uma viagem longa e conturbada, me perguntando, obviamente, se devia mesmo voltar.

Entretanto, era tarde demais. Pelo menos era isso que eu pensava. Só te digo uma coisa, senhor diário: o destino sempre dá um jeito de nos surpreender. Para o bem ou para o mal.

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Tudo estava bem quieto quando aconteceu. Encostei minha testa no vidro da janela do passageiro e assim fiquei por muito tempo. Tentava refletir sobre o que havia aprendido com os acontecimentos recentes, portanto estava imerso em um jogo de sentimentos malucos. Nada percebi até que, de repente, Tae freou bruscamente. Meu corpo se projetou para a frente com força total, e no mesmo instante ouvi pipocos que se assemelhavam a tiros.

Pelo barulho que o carro fez, com certeza deixou marcas de peneu na pista. O veículo tremelicou em descontrole por alguns instantes, e soltei um grito alto. Ouvi mais um barulho estridente, até que Tae conseguiu frear por completo. Quase bati a cara no porta-luvas, tamanho o impacto da freada, mas o cinto de segurança salvou meu rosto no último instante.

Olhei ao redor por impulso, pensando que havíamos sidos atacados, mas não havia ninguém na estrada. Ainda estava um pouco escuro na via, e não passavam carros nenhum dos lados. Éramos apenas eu e Tae dentro do carro, no meio do nada.

- O que infernos foi isso? - Gritei.

- Você está bem? - Taehyung perguntou de um jeito esquisito. Encarei-o com os olhos esbugalhados, e visualizei o seu rosto tomado pela mesma expressão de medo que com certeza o meu também mostrava.

- Estou... O que foi isso? O que aconteceu? Algum animal na pista?

- É uma armadilha - respondeu seriamente, ainda segurando firme o volante.

- O quê? Q-que armadilha?

- Não viu os espetos na estrada? Eu estava distraído, não consegui frear a tempo. Estamos sem os quatro pneus - Taehyung olhou para todos os lados procurando por alguma coisa.

- Os quatro? Mas...

- São bandidos de estrada, Jimin. Eles colocam uma armadilha na via, fazem todos os pneus estourarem. O motorista desce do carro para ver, eles assaltam o sujeito. Já fiz tanto isso.... - Kim fechou os olhos e suspirou. - Porra! - Bateu as mãos com força no volante. Pulei de susto.

- E agora? Você está querendo dizer que vamos ser assaltados? - comecei a respirar forte, tão depressa que dava para sentir meu pulmão trabalhando sofregamente.

Tae tirou o cinto de segurança.

- Assim que descermos do carro. - Percebi que ele tentava manter a calma. Alguém ali deveria ficar calmo, certo? E com certeza não seria eu.

Então Kim Taehyung abriu o porta-luva, retirou uma arma reluzente e, logo em seguida, destravou-a com um clique. Meu desespero se intensificou.

- Que merda você pensa que vai fazer? - Senti minha voz esganiçar, morrendo de medo de ouvir a resposta.

- Eles não podem roubar as coisas que tem neste carro. De jeito nenhum!

- Pensei que tinham retirado tudo.

Ele me olhou significativamente.

- Nem tudo.

Com agilidade ele tirou o celular do bolso digitou alguns números. Não consegui fazer nada além de manter meu corpo estático por detrás daquele cinto, com medo de olhar até ao redor da estrada vazia. So havia mato dos dois lados da pista.

- Jungkook? - Tae praticamente berrou no celular. - Siga imediatamente pela estrada até a cidade, preciso de apoio. Estou perto do quilômetro 65. Preste atenção na via e venha rápido! - Desligou o celular, entregando-o a mim. - Você vai ficar aqui. Esconda-se.

- O quê? - Eu estava assustado de mais para entender tudo isso tão rápido.

- Este carro é blindado, e o vidro é revestido com uma película escura. Eles não sabem quantas pessoas estão aqui dentro. Esconda-se aí embaixo e não saia por nada neste mundo. Mantenha as portas trancadas, ouviu bem, Jimin? - Explicou rapidamente, com uma firmeza digna de um profissional. Parecia saber exatamente o que fazer, e isso só me deixava ainda mais assustado.

- Não vou te deixar sozinho... E se ele estiver armado também?

- Não é apenas um. Esses assaltos são feitos em bando.

- Pior ainda! - me desesperei.

Ele nem sequer se abalou. Estava sério e muito esquisito, totalmente diferente do Tae que conheci.

- Jimin, se algo der errado, permaneça no carro e espere Jungkook chegar. Não desça. - Segurou meus braços com força, olhando fixamente para mim. - Não vou te deixar vulnerável. Não faz ideia das atrocidades que poderiam fazer contigo. Agora, se esconde. Rápido!

Não tive escolha além de empurrar o banco em que eu estava para trás e me esconder no espaço que se abriu embaixo do porta luvas. O que Tae tinha acabado de dizer só contribuiu para que eu ficasse mais desesperado. Comecei a chorar baixinho, como uma criança perdida.

Ele desceu do carro sem pressa, e tratei de trancar as portas. Taehyung ainda confirmou se eu tinha mesmo trancado. Logo em seguida, caminhou para frente devagar, com a arma empunhada e à mostra. Perdi-o de vista e por um instante achei que nunca mais voltaria para me buscar. Chorei ainda mais, abafando a boca com as mãos.

Demorou uma eternidade até que comecei a escutar vozes do lado de fora.

- Olha só, o cara tem uma arma! Que corajoso! - Ouvi risadas. Tae estava certo, não se tratava de apenas um bandido. Eram vários.

- Largue a arma - outra pessoa disse com voz alta e muito grave.

Um momento de silêncio e nada aconteceu. Fiquei morrendo de vontade de abrir o maior escândalo chorando, mas me segurei. Engoli o choro e senti o nó em minha garganta quase me sufocar.

- Como vê, somos muito mais do que você. Podemos te matar em um segundo, antes que dispare sua arma. - continuou dizendo a mesma voz.

Silêncio.

Acreditei que Tae ainda pensava o que fazer. Eu não fazia ideia de quantos caras estavam ali e não me contive: me levantei só um pouquinho e observei através do vidro da frente. Três homens apontavam suas armas para Taehyung, enquanto ele mirava em um homem gordo e esquisito que estava no meio, alguns passos à frente. Provavelmente era o líder do grupo. Três contra um! Kim não tinha a menor chance.

Tentei abafar um soluço.

- Não vou avisar de novo, largue a arma! - Gritou o homem gordo.

Eu achei que Tae fosse desistir e se dar por vencido. Não dava para competir com três sujeitos armados.

Porém, quando menos esperava, ele atirou na cabeça do homem gordo e no peito de um homem alto e loiro da esquerda, como se escolhesse o momento certo para atirar antes de ser atingido. Elemento surpresa. E loucura máxima também. Parecia um ninja.

Levei um susto imenso e acho que até gemi alto de desespero. Meu coração quase saiu pela boca. Os dois bandidos caíram no chão instantaneamente, sem nem sequer saber o que tinha acontecido. Os tiros foram certeiros, mas infelizmente Tae não foi rápido o suficiente para atingir também o homem que estava à direita. Prevendo isso, jogou-se no chão velozmente, segundo antes do homem atirar nele. A bala passou direto, perdendo- se na mata, do outro lado da pista.

Gritei sem querer, e só depois tampei a boca com a mão. O bandido deve ter me ouvido, pois se virou um instante na direção do carro. Foi o seu maior erro. Tae reagiu rápido, aproveitando o segundo de distração do assaltante. Deu um chute na mão dele, fazendo a sua arma rolar para longe. E então foi para cima do oponente, desferindo coronhadas no rosto e na barriga do sujeito.

A cada golpe sentia meu coração afundar. Observar Tae agindo com tanta selvageria me fez entender uma parte do que ele estava tentando dizer: eu não o conhecia. Não fazia ideia do que ele era capaz.

Em segundos, os três assaltantes estavam caídos no chão. Eu estava horrorizado por ter presenciado três mortes cruéis, orquestradas pelo cara que tentava me ajudar com tanta bondade. Tentei não focar muito nisso, afinal, era uma questão de sobrevivência: ou eles ou nós. Se Tae não tivesse nos protegido, só Deus sabe como aquilo podia ter terminado.

Apesar da violência e da cena digna de filme de ação. Fiquei feliz por Kim ter se livrado daquela enrascada tão facilmente. Bom, acredito que para ele não tenha sido tão fácil, mas para quem assistia foi até simples demais.

A desenvoltura e habilidade que ele mostrou foram impressionantes. Taehyung era treinado, e muito bem treinado, para aquele tipo de situação.

Cheguei à conclusão de que o grupo inteiro deveria ser como ele, inclusive Jungkook. Eu não conhecia a verdade. Tae tinha razão; eu estava criando uma fantasia que não passava de mera ilusão de adolescente.

Eu estava prestes a descer do carro para abracá-lo - ou talvez chamá-lo de um monte de nome feio - quando ouvi um barulho esquisito. Olhei através do vidro escuro do veículo e percebi um homem saindo por detrás de uma das moitas na beira da estrada. O sujeito caminhou com passos firmes, empunhando uma arma. Não deu tempo de reagir.

Taehyung estava de costas, observando os homens mortos estirados no chão. Nem sequer percebeu a presença do quarto assaltante. O indivíduo se aproximou depressa, antes mesmo das minhas pernas mostrarem qualquer sinal de vida. Apontou a arma para a cabeça de Tae, que congelou ao ouvir a sua voz. Era um homem negro e alto.

- Largue a arma, palhaço. - gritou o bandido

Tae sabia que não havia tempo nem espaço para uma reação. Tinha sido totalmente rendido. Ou largava a arma ou o homem atiraria em sua cabeça sem pensar duas vezes. Estaria morto em instantes.

Sem saber o que fazer, mas sabendo que precisava ajudar Kim, abri o porta luvas com pressa e encontrei uma outra arma. Era igual a que o meu mais novo amigo usava. Puxei a pequena trava, imitando o gesto que ele fizera havia poucos minutos. Eu mal sabia pegar naquilo, portanto não soube dizer se fiz corretamente.

Por um segundo esmagador, observei a cena que se desenrolava bem na minha frente: Tae havia largado a arma, e o homem se mantinha às suas costas. Eu precisava fazer alguma coisa, urgente!

Saí do carro devagar, tentando não fazer barulho, com a arma em punho. O homem estava de costas para mim, o que facilitou bastante minha vida. Aproximei-me dele, sentindo minhas mãos trêmulas e o meu coração agitado trazendo-me uma sensação de sufoco. Mal sabia como segurar uma arma, tentava como podia mantê-la firme.

Fora do carro, o clima estava muito frio. O vento soprava sem nenhuma piedade, aumentando a tremedeira incessante que atingia o meu corpo.

Continuei andando devagar até chegar o mais próximo possível do bandido. Segurei a arma com as duas mãos. Suspirei alto antes de começar a encenar um papel que não tinha nada haver com o Park Jimin que conheço.

- Largue a arma agora, otário! - rosnei.

O homem pareceu congelar no mesmo instante. Tae olhou para mim de soslaio, desesperado. Bom, sua vida estava tecnicamente em minhas mãos, eu também ficaria desesperado no lugar dele.

Suas mãos continuavam levantadas em gesto de rendição. Nem sequer pisquei. Estava concentrado no que fazia, pronto para atirar e disposto a resolver aquilo logo.

- Solte agora, ou atiro em você mais rápido do que poderá atirar nele - Tentei manter uma frieza quase congelante em minhas palavras. O homem sentiu isso, pois percebi que estava começando a fraquejar.

- Não tenho medo de morrer - admitiu o sujeito.

- Mas deveria, porque sua cabeça vai se espatifar em pequenos pedaços e seus miolos vão fazer a estrada feder para sempre. Solte a arma agora, não vou repetir! - cuspi aquelas palavras. Sério, não me reconheci.

- Eu não... - o homem começou a falar. Contudo, ninguém nunca saberá o que ele diria naquele momento angustiante.

Puxei o gatilho com tanta força que achei que partiria a arma em dois pedaços. Senti uma pressão grotesca agindo em minhas mãos, mas as mative firmes, direcionadas na cabeça daquele homem. Um barulho ensurdecedor ecoou por aquele estrada rodeada de verde. O tiro foi definitivo , alto e oco.

Num piscar de olhos, o bandido estava no chão, vertendo sangue pelo ferimento fatal na cabeça.

Senti uma gota de suor brotando na minha testa. Passei segundos eternos olhando para o homem que eu acabara de matar. Tirei a vida de um homem, diário! Dá para acreditar? NÃO! Mas foi exatamente o que aconteceu.

O silêncio invadiu aquela estrada completamente. Ainda não havia sinal de tráfego por ali, ainda bem.

Tae olhava para mim, absolutamente surpreso. Seus olhos estava arregalados. Como eu, ele não sabia o que fazer ou até falar até que o canto de um pássaro nos tirou do estado de choque. Tae pegou a arma das minhas mãos e voltou para o carro.

- Me ajude a tirar essa barra de metal da estrada.

Eu não tinha percebido, mas na estrada havia uma barra grosa com espetos enormes voltados para cima. Certamente a armadilha que os bandidos utilizaram para furar os pneus. Ajudei, com muito custo, a jogar o metal com espetos para fora da pista, no meio do mato, onde se perdeu completamente. Apesar do peso eu não sentia minhas mãos. Meus pensamentos se resumiam apenas no homem que eu acabei de matar. O tiro ainda ecoava nos meus ouvidos, o momento do disparo se repetia diversas vezes na minha cabeça.

- Enquanto você tira o que tem no porta malas, vou pôr esses caras dentro do carro. Coloque as coisas ali no acostamento. - Tae manteve uma seriedade incrível e uma agilidade ainda mais impressionante.

- O que você vai fazer?

- Não tem como arranjar quatro pneus novos de uma hora para outra, trocá-los e ir embora sem chamar atenção. - explicou enquanto jogava o primeiro homem no banco de trás - Um carro pode passar por aqui a qualquer momento, e então teremos testemunhas. Temos que nos livrar desses caras e do sedan. Rápido, Jimin!

Eu não consegui abrir minha boca para falar mais nada, portanto apenas obedeci. Retirei umas maletas pretas que estavam no porta malas do sendan preto, bem como sacolas e objetos que nem sabia o que eram.

Depois de pôr os quatros homens dentro do carro, como se fossem sacos de cimento, Tae tirou todas as armas do porta luvas, colocando-as dentro de uma sacola. Ele era profissional, sem dúvidas.

Depois de dez minutos - e de me desesperar achando que algum carro passaria e alguém nos veria ali - Tae ligou o veículo e conseguiu posiciona-lo transversalmente na estrada. Foi um trabalho difícil, pois todos os pneus estavam furados. A dianteira ficou virada para o matagal, que cobria o lado direito da pista. Ele deixou o freio de mão destravado. Eu estava no acostamento, completamente estupefato, ainda sem acreditar em tudo o que tinha acontecido.

Não dava para crer no tamanho do nosso azar.

- Jimin, me ajude a empurrar este carro na ribanceira.

- O- o quê?

- Apenas me ajude a empurrar. Temos que nos livrar de toda essa merda. Pegue esse galão branco aí.

Supostamente o galão que tinha tirado também do porta malas era gasolina. Peguei, e fui até a traseira do carro e o entreguei. Ele abriu a tampa e, olhando para todos os lados, despejou o conteúdo dentro e fora do veículo. Depois que derramou cada gota, começamos a empurrar o sedan para dentro do matagal. Foi meio difícil com os pneus furados e com aquele cheiro de gasolina. Mas, logo depois do acostamento, o terreno era bem íngreme, o que facilitou que o automóvel escorregasse pela ribanceira, parando entre duas árvores enormes.

Eu ainda estava sem reação. Sentia que choraria e sairia correndo dali a qualquer momento.

Mas alguma coisa prendia minha concentração. Algo me fazia querer assistir à explosão que aconteceria assim que Tae acendesse um isqueiro e atirasse em cima daquele carro.

- Se afasta, isso vai ser bombástico! - gritou, tinha descido um pouco pela ribanceira, para ficar mais próximo ao veículo. Mas uma vez, conferiu se teríamos testemunhas. Fiz a mesma coisa. Se fôssemos pegos no flagra, tudo estaria perdido.

Fiquei mais distante que pude. Assim que ele acendeu o isqueiro e o jogou em cima do sedan, ouvi outro carro frear bruscamente na autoestrada. Quase morri do coração, mas foi apenas o nosso resgate que havia chegado.

Jungkook saiu do carro, parecendo muito preocupado. Assim que olhei para seus olhos escuros, levei um susto por causa da explosão que aconteceu na ribanceira. Destroços de toda a natureza voaram para os lados, mas não chegaram a alcançar a pista.

Taehyung já estava pegando as coisas no acostamento. Não havia tempo para explicar nada. Jay, que estava dirigindo, saiu do carro e começou a ajudar. Jungkook mancou um pouco, por causa do ferimento.

- Você está bem? - Jay passou por mim antes mesmo de eu conseguir alcançar Jungkook. Mal pude encará-lo.

- Acho que sim.

- Vamos sair logo daqui! - gritou Jay Park para Tae, pegando um monte de maletas de uma vez só.

Em minutos já não havia mais nada naquela pista além de uma grande coluna de fumaça que saía do carro em chamas, pintando o céu de cinza.

- E as placas do carro? - Jungkook perguntou para Tae.

- Retirei, estamos seguros.

Como assim, retirou? Nem tinha visto Tae fazendo aquilo.

- Vamos embora, Jimin - Jungkook se virou na minha direção. - Vai ficar tudo bem - Ele me puxou para si, guiando-me de volta para seu carro.

Todos estavam tão assustados que demorou alguns minutos para a primeira pessoa começasse a falar durante o caminho de volta para a casa. Essa pessoa era dona do timbre de voz mais delicioso que eu já ouvi na minha vida, o tom que despertava algo dentro de mim.

- O que aconteceu, afinal? - Jungkook questionou um tanto assustado.

Nós dois estávamos no banco de trás, enquanto Jay dirigia Tae permanecia calado e muito sério, ao seu lado.

Como eu não respondi nada, Tae contou cada detalhe do que tinha acontecido, desde o instante em que nossos pneus estouraram até o momento da explosão do carro. Enquanto ele narrava, Jungkook continuava a me encarar e segurar os meus ombros, envolvendo-me em um meio abraço. Tudo o que aconteceu passou novamente pela minha cabeça, deixando meus nervos em frangalhos.

- Foi muito corajoso, ruivinho. - Jay disse, rindo quando soube o que eu fiz - Você tem talento, devo admitir.

Depois de contar tudo, Tae parecia mais relaxado. Virou-se para trás e nossos olhares se encontraram. Ele tinha o poder de sorrir com os olhos, mesmo quando sua boca não queria. Eu gostava disso.

Nada precisou ser dito. De repente, tudo foi demais para mim. Comecei a chorar. Não de modo digno e natural, mas um choro alto, desesperado. Solucei e gemi de tanta angústia que sentia em meu peito. O estresse do que havia acontecido comigo pareceu se juntar em um só lamento.

Doía demais.

Jungkook me abraçou com mais força ainda, e me entreguei àquele aconchego, usando sua camisa de lenço. Só queria ir para casa, mas as coisas estavam cada vez mais complicadas para meu lado, como se alguém estivesse trabalhando arduamente para que eu não voltasse nunca mais.

- Vai ficar tudo bem, se acalma. - Murmurou em meu ouvido.

Quando chegamos à mansão, eu ainda estava arrasado. Larguei Jungkook dentro do carro, pois não queria criar mais problemas entre ele e a Ruby. Vai que ela desconfia da sexualidade do seu próprio namorado, não precisava de mais confusão naquele momento.

Na verdade, eu não queria explicar nada a ninguém. Não estava a fim se ouvir elogios sobre o que tinha feito e muito menos as reclamações, que eu sabia que viriam, por parte de Yoongi. Tae e eu havíamos saído escondidos, e ele não deve ter gostado disso.

Desci do carro em câmera lenta e senti alguém segurando minhas mãos. Era Tae. Ele me observou durante um longo tempo. Fiz o mesmo, ainda com lágrimas nos olhos.

- Obrigado, Jimin. - murmurou com a voz rouca.

Balancei a cabeça negativamente. Ele segurou meu queixo.

- Taehyung... Não me agradeça, pelo amor de Deus.

- Tudo bem, vou te agradecer de outra forma. A partir de agora, eu juro por tudo no mundo que te protegerei. Custe o que custar. - Sua voz firme, estranhamente séria, fez o meu cérebro entender que estava falando a mais pura verdade.

Ele me protegeria. Mas será que seria capaz de me proteger de mim mesmo? 

웃🧡유

Continua...



Notas Finais


Admito que esse é meu capítulo favorito até agora.

5K de palavras para deixar vocês sem fôlego um pouco.

Jikook deram seu primeiro beijo ❤️ AMO.

Até o próximo capítulo ❤️


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