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História Dark Blue - A família de Ren


Escrita por: Kitty-Batsky

Capítulo 6 - A família de Ren


Fanfic / Fanfiction Dark Blue - A família de Ren

Fiquei muito tempo escondida atrás da rocha. Mais do que pensei que conseguiria suportar enquanto a chuva engrossava cada vez mais, fazendo uma sinfonia na floresta. 

Entre dois pingos de chuva, ouvi alguém que se aproximava. Fiquei imóvel e silenciosa com a esperança que Ren tivesse voltado.

O meu coração quase parou quando uma cabeça esverdeada espreitou para dentro do esconderijo onde me encontrava com um sorriso sobre as enormes presas, vendo a vítima encurralada. Saltou para o chão e logo a seguir lançou-se em frente pronto para me cravar o pescoço, os olhos alaranjados febris de loucura. Inconscientemente coloquei as mãos à frente do rosto e logo senti uma dor imensa na mão direita, onde o vampiro mordera de raspão antes de ser brutalmente empurrado.

Enquanto eu agonizava, sentindo o veneno espalhar-se no sangue, Ren lutava com o vampiro. Apesar da dor me toldar os sentidos não pude deixar de admirar a habilidade da sua luta, a elegância dos movimentos. Conseguiu facilmente subjugar o outro vampiro. Este, vendo que a luta estava perdida organizou de imediato uma retirada estratégica, em busca dos outros.

- Satsuki? 

Eu levantei-me trémula, saí do esconderijo a correr e abraçei-o tentando conter os soluços. De imediato, fiquei completamente encharcada. Ele tomou-me nos seus braços e levou-me para um enorme casarão, que mais parecia um castelo antigo. A sua casa! Parecia que me tinha enganado afinal e o veneno dos vampiros não era totalmente letal! Apesar da dor intensa dos primeiros momentos, agora que o veneno se espalhava pela corrente sanguínia parecia que ela se dissipava cada vez mais deixando apenas uma sensação de torpor.

- Que coisa é essa Ren? – Perguntou uma voz de mulher, chocada e enojada.

Eu levantei um pouco a cabeça. Era outro vampiro, desta vez uma mulher de cabelos rosas, vestido vermelho vistoso e sapatos de salto. Eu fitei-a ofendida. «Coisa?»

Um homem vampiro apareceu ao lado da mulher, atraído pelo alvoroço.

- Pai, mãe, esta é a Satsuki!

- Mas é uma humana! – Exclamaram em uníssono.

Uma bela menina de cabelos prata e olhos dourados avançou até meio da sala com uma marioneta nos braços. Parecia um pouco... indiferente, sem reação, como se a ação invulgar de Ren não a espantasse. Assustei-me quando a marioneta falou.

- Mas é uma menina! Muito me admiro... se bem te conheço gostas de raparigas mais velhas... essa é muito verde, ainda.

Eu corei de vergonha e fúria e tentei levantar-me para atirar o boneco ao chão, mas Ren manteve-me bem segura.

- Boogie, que falta de educação! – Ralhou a menina que o segurava.

- Eu explico-vos tudo mais tarde! Agora a Satsuki precisa de um banho e de uma refeição quente.

A mãe de Ren fingiu desfalecer.

- Oh, meu deus... primeiro a Karin apaixona-se por um humano e agora o Ren traz uma miúda que nem doze anos tem para dentro da nossa casa. O que mais falta acontecer?

Mordi a língua para não desatar ao berros. Eu tinha quinze! Quinze!

Ele pousou-me no chão e indicou onde era a casa de banho.

- Karin vai trazer-te um vestido novo!

Eu olhei para a minha própria vestimenta. Estava esfarrapada, suja de lama, suja de sangue. Eu devia parecer alguma coisa suja retirada de um caixote do lixo.  Nunca tinha tomado banho de chuveiro mas adorei a experiência. A água era quente, aconchegante, o champôo era perfumado...

Deslizei para dentro de água e respirei fundo. Nesse momento entrou uma rapariga na divisão. Mas ela era humana... só podia ser. Tinha o rosto corado, olhos vivos de um tom violácio e o cabelo curto e rosa. Devia ser a Karin.

- Então tu és a Satsuki, não é? Eu sou a Karin, irmã do Ren! Foste mesmo atacada por vampiros da Transilvânia? São uns tipos beras... a minha família luta contra eles há gerações...

Eu pisquei os olhos surpreendida.

- Irmã do Ren? Mas tu também és vampira?

Ela sorriu, algo constrangida.

- Bem... mais ou menos!

Suspirei de alívio quando ela começou a falar sem parar. Sentia-me demasiado cansada para dar explicações a quem quer que fosse. Porém sabia que isso era inevitável, mais cedo ou mais tarde.

Descobri que estava numa autêntica família de vampiros, com verdadeiros laços de sangue. Ren e a sua família alimentavam-se de algumas características presentes no sangue das pessoas, como o orgulho, a mentira e no caso de Ren... do stress. No entanto, era até um benefício para as pessoas ficarem sem essas características nem que fosse apenas por algum tempo. No caso de Karin era diferente. Ela tinha excesso de sangue e se não o transferisse para alguém, tinha uma violenta hemorragia. Tal como os outros vampiros também ela tinha uma preferência sanguínia. Pela infelicidade!

Ela vestiu-me com um  belo vestido branco e arranjou-me o cabelo com uma flor verde.

- Pronto... estás linda! – Disse ela, alegremente.

Eu via... mas não acreditava. Aquela no espelho era mesmo eu? Desde que me lembrava, nunca me tinha visto tão bonita... a pele lavada, sem manchas de sangue e de sujidade, o cabelo brilhante sem sebo... e a flor combinava com os meus olhos.

Quando saí da casa de banho, toda a família estava à porta. Carrera (mãe de Ren) olhava-me com desconfiança, Henry (pai de Ren) com alguma simpatia e com algum desconforto, como se não soubesse bem o que dizer, Anju (irmã mais nova de Ren) com a mesma expressão de há momentos e Ren mirava-me de cima a baixo verdadeiramente espantado.

- O que um bom banho pode fazer, não é verdade? Estás incrível!

Eu corei e fitei o chão com intensidade.

- Ele diz isso para todas! – Intrometeu-se Boogie.

Ren olhou com desagrado para a marioneta.

- Não tens fome, Satsuki? Temos sempre alguma comida, especialmente por causa da Karin...

Eu acenei.

- E tu Ren? Não tens fome? – Perguntou Carrera, semicerrando os olhos com perspicácia.

O que teria Ren contado à família enquanto eu estivera a lavar-me?

- Não, mãe! E para com isso! Satsuki está exausta!

- Para mim tudo o que Ren diz não passa de uma desculpa... vão ver, em menos de nada já estará na marmelada com a menina, como faz com todas as outras fémeas que lhe passam à frente. No entanto, não percebo por que escolheu trazer para casa uma tão jovem...

Ren bateu com força na cabeça do boneco e este calou-se finalmente. Eu estava demasiado aterrada para conseguir falar. Karin disse qualquer coisa que aliviou a tensão e em menos de nada estava na cozinha a comer tudo o que punham em cima da mesa como um aspirador de alta potência.

Uma cama foi colocada no quarto de Karin onde eu ficaria hospedada.

- Karin...

- Sim?

- Sabes porque é que o Ren está a proteger-me dos vampiros?

- Bem... eu não ouvi a reunião toda mas parece que ele tem uma forte preferência pelo teu sangue. Ren só pensa nos seres humanos para isso, sabes? Bem... para isso e para outra coisa também mas prefiro não entrar em pormenores...

O que era aquele sentimento que me corroía o peito? Tristeza? Na verdade, era a resposta que eu esperava. Porque estava enrolada nos cobertores com a voz por um fio? Se era esse o preço a pagar para obter a proteção dos vampiros não me custaria nada... pensando bem, tal não me prejudicava e apesar de doer um pouco no princípio, passado uns momentos a sensação era até... prazerosa.



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