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História Dark Blue - Uivos na floresta.


Escrita por: blancharddoxx

Notas do Autor


E olha só, quem ressurgiu das cinzas feito uma fênix!

Demorei mas voltei, anjos. Alguém aqui foi fazer o ENEM? Se virou meme me contei, ssksksk. Se alguém aqui fez, tenho certeza de que se saiu muito bem e vai brilhar nas universidades ano que vem '3'

O capítulo hoje tá babadeira, mas não sei se o desenvolvimento dele ficou bom. Tipo, estou tentando escrever faz semanas, estava inspirada com a história e os outros capítulos, mas tinha que escrever esse antes e estava praticamente impossível! Misericórdia. Mas ele está aí e se não tiver bom, prometo que o próximo estará.

Enrolei demais, socorro..

Boa leitura, mores.

Capítulo 24 - Uivos na floresta.


Fanfic / Fanfiction Dark Blue - Uivos na floresta.

24

O Jade Hall, visualmente, continuava da mesma forma. Mas o clima de alegria e festa, fora substituído por uma tensão palpável e sufocante. Haviam pessoas do lado de fora, conversando baixo entre si, todos com faces sérias. Minha intuição dizia que eles faziam parte da alcateia do pai do Lake. Todos com roupas de couro ou usando flanela e jeans pesado. As garotas tinham cabelos estilosos e selvagens, corpos de dar inveja e olhares marcantes. Os garotos tinham músculos enormes, punhos daqueles que com um soco partiriam rostos ao meio.

Olhei para o céu e notei que Adam e eu havíamos passado, literalmente, o dia todo no lago. O sol estava começando a se pôr.

Me encolhi no manto, sentindo frio por estar molhada. Adam me mantinha embaixo de seu braço, me apertando contra suas costelas. Eu estava feito uma criança, tremendo com o choque térmico. Fora da floresta, mesmo que o Jade Hall ficasse próximo dela, estava muito mais frio.

James entrou primeiro e nós fomos logo depois. A primeira mudança que notei foi o piano, que não estava mais lá. No lugar estava uma lareira acesa, a lenha estalando por todo o lugar. Em frente à lareira estava Lake. E junto com ele um homem alto, musculoso e com uma barba bem feita.

Aquele, eu via pela semelhança, era Hiram, pai do Lake e o Alfa da maior alcateia de Ericantus. Eu havia ouvido falar dele apenas uma vez, Agnes mencionou em uma rápida conversa e me contou seu nome. Disse que era um homem bom, divertido e um ótimo líder. Era durão, e isso era comprovado com os músculos expostos pela camiseta apertada. Ele era muito parecido com o filho, carregando as íris âmbar.

— Hiram. Lake. — James chamou, parando antes das escadas da elevação no piso.

Pai e filho nos olharam e andaram até onde estávamos. Haviam pessoas ao redor, pelo o que meus ouvidos conseguiram captar, estavam armando planos de ataque para ajudar a Tropa. Todos ali pareciam ferozes e brutos.

Um arrepio correu por minha espinha quando me lembrei dos lobos enormes no estacionamento do Nancy's.

— Adam. Essa é sua namorada? — Hiram perguntou, sorrindo. Ele era bonito, era tipo o Roger: um cara charmoso de meia idade que deixava muito garoto no chinelo.

— Sim, esta é a Edyth. Edyth, esse é o Hiram, pai do Lake. — Adam me puxou para frente e eu estiquei minha mão fria. Hiram a apertou, firme e segura.

— É um prazer. Do que precisam? — ele perguntou.

— Precisa levar a senhorita para longe. — James disse. — Victor quer pegá-la precisamos escondê-la.

Hiram assentiu, cruzando os braços. Nem pensou muito para dizer:

— Ela vai para minha casa. Lake vai levá-la. Jade está lá, eles irão protegê-la tempo o suficiente para acabarmos com Victor. — ele sorriu diabolicamente, parecia o tipo que gostava de uma boa briga. Ou qualquer briga. — Mas precisam ir agora. É provável que venham atrás dela. Se é que já não tem alguém vindo procurá-la.

— Certo. Vou me preparar. — Lake sorriu para nós e correu para o andar de cima.

— E o Vlad? — Adam perguntou.

Esse nome é novo.

— Ele está...

A porta se abriu novamente e alguém entrou. Era um homem, com cabelos castanhos e lisos, bem penteados e usando um terno sob medida. Ele era demasiado pálido, com olhos vermelhos chocantes e cílios enormes. Sensualidade exalava dele, parecia delicado e educado, entretanto seus olhos mostravam o quão letal ele poderia ser. Quase que... instintivamente perigoso. Ele usava um anel com uma pedra vermelha, e quando ele sorriu suas presas afiadas saltaram sobre os lábios rosados.

Engoli em seco, sentindo cada pelo do meu corpo se arrepiar.

Ele era um vampiro.

— Ouvi alguém me chamar? — sua voz era praticamente uma carícia de tão suave e... sensual? — Meu clã está no Castelo de Ferro. Morgana conseguiu adiantar o pôr do sol com algumas nuvens.

Hiram curvou os lábios maliciosamente.

— Sanguessugas e sua alergia solar. Nós já vamos para o castelo. Como estão as coisas por lá?

— Sangrentas. — Vlad disse, arregalando os olhos levemente. Ele parou ao meu lado e sorriu. Se inclinou e tomou minhas mãos entre seus dedos gélidos. Ele depositou um beijo delicado no dorso da minha mão educadamente. — Milady, é um prazer. É uma pena nos conhecermos em uma ocasião tão... desagradável.

Assenti sorrindo sem muito entusiasmo.

— É uma pena mesmo.

Os passos apressados de Lake foram ouvidos e ele logo estava de volta, sem camiseta e apenas de calça jeans. Havia uma mochila de couro em sua mão.

— Temos que ir. Há sinal de fumaça vindo do castelo. — Lake disse, correndo para o lado de fora. 

De repente, tudo pareceu se mover rápido demais. Adam me arrastou para o lado de fora, seguidos por James, Hiram e Vlad. O vampiro e o lobo metamorfo mantiveram uma conversa baixa entre si, parecia algo sério. Ouvi o nome de Victor ser citado e quis prestar mais atenção, mas Adam me puxou para o o lado oposto, onde estavam James e Lake.

Mais vampiros estavam do lado de fora, apenas uns cinco, todos com o mesmo ar de Vlad. Uma vampira mulher se aproximou de Hiram e Vlad. Ela tinha cabelos compridos, cacheados e dourados, caindo pelas costas em uma trança. Parecia íntima de Vlad, se apoiando em seu ombro para participar da conversa com o Alfa.

— Preste atenção, Edyth. Preciso que entenda o que precisa fazer enquanto Lake te carrega. — Adam disse, com as mãos em meus ombros, os olhos ansiosos. Assenti, tendo uma ideia do que ele queria dizer.

Me virei para Lake, que me passou a mochila de couro.

— Coloque nas costas e leve para mim, por favor. Nós vamos correr muito rápido, preciso que segure o mais firme possível. — ele disse e eu coloquei a mochila nas costas. Respirei fundo, tentando acabar com a inquietação que mexia com meu estômago. — Eric e Savannah vão nos acompanhar.

Ele apontou para os dois que se aproximaram, eles me cumprimentaram com um leve movimento com a cabeça. Devolvi com um sorriso, logo voltando a prestar atenção nas instruções de Lake.

— Há possibilidades de que eu precise lutar enquanto estiver nas minhas costas. Só peço que não se assuste, não vou te deixar escapar. — ouvi Adam engolir em seco, tenso ao meu lado.

— Tudo bem. — assenti, respirando fundo mais uma vez.

Lake assentiu e me lançou um sorriso seguro. Ele, Eric e Savannah se afastaram de nós, e o que vejo depois me deixou de olhos arregalados.

Eles começaram a tremer, como se estivessem tendo uma série de convulsões. Me agarrei ao braço de Adam e encarei a metamorfose dos três. Os músculos saltaram, pelos cresceram e as unhas deram lugar à garras longas e afiadas. Lake rugiu alto, exibindo suas novas presas que poderiam rasgar qualquer coisa com uma facilidade incrível. De repente eles se jogaram no chão sobre quatro patas monstruosamente grandes, grunhidos escapando de seus lábios bestiais. O focinho cresceu, e quando os pelos também o fizeram, pude ver a cor de cada um deles. Lake tinha pelos negros feito ébano, brilhantes como nunca. Os olhos âmbar agora eram de um lobo enorme, nem parecia o garoto que eu via dois segundos atrás. A garota agora tinha seus pelos caramelo, como eram seus cabelos de humana. E Eric tinha pelos cor de chocolate.

Suspirei, impressionada. Um suspiro sarcástico escapou da forma de lobo do Lake, se parecendo com um grunhido divertido. Provavelmente estava achando graça da minha cara.

Senti o nervosismo agitar meu estômago, segurei a mão de Adam firmemente, temendo ter que deixá-lo. Me lembrei das palavras rudes da Rainha, dizendo que eu não suportaria deixá-lo partir para uma guerra sabendo que ele poderia não voltar.

E descobri que ela tinha razão. Estava apavorada com a possibilidade de vê-lo ir e não vê-lo voltar para mim. Seria... terrível. Insuportável, eu diria. 

Mas ele precisava que eu fosse, que eu me mantivesse em segurança para que ele pudesse conter o exército de Victor em paz. Para que ele pudesse proteger Ericantus e todo o povo nela.

— Edyth. Edyth. — ele chamou minha atenção, segurando meu rosto entre suas mãos. Adam não parecia mais feliz que eu, seus olhos azuis angustiados. — Ficará tudo bem, eu prometo. Te vejo mais tarde, tudo bem?

Assenti, impedi que uma lágrima escapasse, sorrindo da forma mais corajosa que consegui. Ele beijou minha testa demoradamente e se afastou. 

Mas eu precisava de mais do que a aquilo.

— Adam. — chamei-o de volta, puxando-o pelo braço.

Grudei nossos lábios uma última vez antes que ele corresse para o perigo, sentindo o sabor do desespero em seus lábios. Os meus deviam ter o mesmo gosto, com uma pitada a mais de pavor e angústia. Me perguntei se estava sendo dramática ou o quê. Mas decidi que não, eu não estava sendo dramática; era apenas meu interior expressando o quando Adam valia para mim. E não era pouco.

Adam se soltou de mim, me dando um beijo rápido. Colou nossas testas, ainda com as mãos em meu rosto, e disse em um sussurro genuíno:

Eu te amo. — foi nesse momento que meu coração falhou em seu trabalho principal: bater. — E voltarei por você, senhorita. 

Essa foi a última coisa que ouvi vindo de seus lábios antes que ele me pegasse no colo apressadamente, me colocasse nas costas da forma lupina de Lake e me olhasse intensamente antes de partir com James, como se seu mundo estivesse ali: em minhas íris verdes e temerosas.

Suspirei com surpresa quando Lake começou a correr floresta à dentro, me deitando em seu pelo escuro e macio, prendendo meus dedos nele para que não caísse no meio do percusso para a casa dele. Fechei os olhos, ouvindo a respiração pesada do lobo debaixo de mim. Rezei com toda a fé que algum dia consegui reunir.

Adam me amava. Ele disse isso com todas as letras e tenho certeza de que não fui a única que escutei. Eu te amo, ecoava em minha cabeça, girando e girando...  

E eu não respondi. Não tive a oportunidade. Ou só estava chocada demais.

O uivo feroz de Lake feriu meus tímpanos, Eric e Savannah uivaram em resposta, correndo tão rápido quanto o Beta. A noite caiu completamente sobre a floresta e, em um devaneio, eu quase pude ouvir o tilintar das espadas se chocando uma contra a outra no Castelo de Ferro.

Incluí todos os soldados da Tropa da Rainha em minhas orações desesperadas, assim como fiz com os vampiros e os lobos.

 

 

Não tive coragem de abrir os olhos durante nossa viajem pela floresta, se eu o fizesse provavelmente passaria mal pela velocidade que Lake corria. Dos três ele era o mais rápido, não sei se era estratégia por estar comigo ou se era apenas natural: ele era rápido e ponto. De qualquer forma, chegamos ao nosso destino rapidamente. O vento da corrida secou meus cabelos e a umidade de minhas roupas.

Era uma casa grande, com o mesmo estilo "cabana rústica" do Jade Hall. Havia uma mulher do lado de fora, parada na terra e nos olhando de maneira preocupada. Aquela devia ser a tal Jade,  e pelas minhas conclusões, era esposa do Hiram e mãe do Lake.

Era bonita, om traços levemente indígenas e um cabelo incrível. Se ela fosse uma princesa da Disney, seria a versão moderna da Pocahontas. Usando couro marrom, cabelos longos e lisos, usando botas  e carregando uma expressão de delicadeza e força em seu rosto.

— Vamos, querida. Temos que entrar. — ela pulou para o meu lado imediatamente, assim que Lake parou em frente à casa de pedra, respirando pesadamente. 

Ela me ajudou a descer, segurando minha mão. Tirou a mochila de minhas mãos e deixou no chão, perto dos lobos. Ela segurou meus ombros e começou a me puxar na direção da casa.

— Sou Jade, querida. Mulher do Hiram e mãe do Lake. — bingo, eu sabia. — Vamos todos deixá-la em segurança, em nome da Rainha. Mas principalmente em nome dos Sterne. São nossos amigos faz muito tempo.

Sorri, enquanto subíamos as escadas do hall de entrada.

— Eu imagino, são pessoas incríveis. — disse. — Sou Edyth...

O uivo doloroso de um dos lobos chamou nossa atenção. Nos viramos ao mesmo tempo, encarando a forma de lobo de Eric se retorcer no chão, com uma adaga familiar cravada em sua omoplata gigante. Atrás de seu corpo caído, Ector, sorrindo diabolicamente em minha direção.

Apertei os punhos, sentindo a raiva subir por minha cabeça. O sangue do lobo Eric se espalhava pelo chão, manchando as botas de Ector sem muita importância do mesmo. Ele usava roupas mais casuais do que eu esperava, que se parecia muito com a roupa de treino dos soldados da Arena.

Haviam dois lobos atrás deles, marcados nos focinhos com uma tinta azul que descia até o pescoço. Provavelmente uma marca para saberem de qual lado estavam.

Olhei para Eric novamente, se transformando em humano novamente, completamente nu. Suas costas sangravam com um corte enorme, se não fosse socorrido, morreria ali mesmo.

— Vejam só se Pandora não me presenteou... oi, Jade. Quanto tempo. — ele acenou gentilmente para ela, cínico. Seus olhos, que agora não eram mais lilázes como antes, mas sim verdes, como os de Uma, pararam em mim, esvaindo em satisfação. — E aí, Edyth? Quer bater um papo comigo?

Rangi os dentes, descendo as escadas que havia subido. Savannah e Lake se posicionaram ao meu lado, em proteção. Enquanto isso Jade puxou Eric dali o mais rápida e cuidadosamente que conseguiu, rosnando para Ector, que ignorou o ato.

— Sinceramente? Eu quero é bater em você, seu bastardo. 

Touché.  — ele disse, pondo a mão no coração como se estivesse chateado. Se ele ao menos tivesse um... — Perdoo você, anjo. Mas vamos logo, Victor odeia esperar.

Ele indicou o caminho da floresta com os braços estendidos, ainda com os lábios curvados cheios de paciência.

— Não vou a lugar algum. — disse firmemente, travando os pés na terra. Em resposta à sua fala, os dois lobos ao meu lado rosnaram, expondo suas presas brilhantes e afiadas. Ector nem tremeu em resposta.

— Terei que brigar por um minuto de sua atenção, milady? — ele perguntou, dando passos para trás e deixando que os lobos de focinhos pintados tomassem sua frente. 

Um deles, com o pelo meio laranja, meio ferrugem, me encarou diretamente nos olhos, como se quisesse me dizer alguma coisa. Ignorei com veemência, encarando o lunático do Ector.

  — Sim, terá. — Jade respondeu por mim, segurando Eric em seus braços, o rosto retorcido de raiva. Não, raiva é muito pouco. Retorcido de ódio.

Ector suspirou, com cara de quem sentia muito, quando, na verdade, aquele infeliz não sentia nada. 

— Que seja, então. Eu realmente queria que as coisas fossem... civilizadas. Mas vocês...

— Civilizadas? — gritei, em um ímpeto de raiva e estresse. Aquele monstro me tirava do sério! Continuei a gritar com ele, fechando as mãos em punho. — Você matou meu pai, sem ele ter feito nada e permitiu que aquela imbecil que estava com você matasse uma garotinha, e pede por civilização? Você chegou aqui e esfaqueou um garoto, do nada! E pede que sejamos civilizados? — eu estava possessa, me aproximando dele a cada palavra que berrava em sua direção. — Você, Ector, não merece o oxigênio que respira! É um hipócrita assassino, sem coração e traidor. — o encarei com desprezo, sentindo ânsia de vômito por ter vê-lo novamente. Empinei o nariz com desgosto. — Odeio você.

Ele estava surpreso, espantado. Mas não estava... chateado. Ainda me olhava com presunção e divertimento, como se tudo o que falei não passasse de piadas engraçadas. Ector inclinou a cabeça para o lado e me analisou, cercada de lobos em posição de ataque e fervendo de ódio.

— Posso ver o que foi que o Adam viu em você. — ele disse lentamente. — Guardarei suas palavras comigo, Edyth, e me lembrarei de cada uma delas quando chegar a hora de sua morte.

Uni  as sobrancelhas, recuando. Lake rugiu ao meu lado, ameaçando Ector com garras e dentes, literalmente. 

Preguiçosamente, o garoto de cabelos pálidos encarou o lobo negro ao meu lado direito, quase que com pena dele.

— Tão jovem, Lake... quando eu arrancar sua cabeça, ou o fizerem para mim, colocarei em uma parede. — disse, provocando o lobo.

Lake uivou e flexionou as patas, avançando em Ector rapidamente, mas foi impedido por um dos lobos. Uma briga raivosa se iniciou, e eu fui puxada para trás, por Jade. Eric estava no chão, desfalecido, e ela com uma adaga na mão me segurando atrás dela, enquanto Ector vinha em nossa direção e os quatro lobos brigavam entre si, com mordidas e arranhões profundos.

— Fique longe, Ector. — Jade ameaçou.

— Não vou te machucar, Jade. Só quero a mocinha e vou embora, deixando você e sua alcateia em paz. Acredite, ela não vale tudo isso.

— Não irá levá-la. Tem a minha palavra que não.

Ele suspirou, encarando a adaga pequena que havia sacado da cintura. Analisou a arma diminuta, passando o dedo pela lâmina cuidadosamente.

— É realmente uma pena, Jade. — a faca em sua mão foi lançada habilmente e atingiu a coxa de Jade até o cabo, fazendo com que ela caísse de joelhos e que eu gritasse alto, tapando a boca com as mãos, enquanto a mesma apenas deixou que um baixo ruído doloroso escapasse de seus lábios selvagens.

Horrorizada e sem ter oque fazer, encarei Ector chutar a barriga de Jade e lançá-la para trás, acertando seu belo rosto no degrau mais baixo. Foi atrás dela e chutou novamente.

— Ector! Pare, por favor! Ector. — o puxei pelo ombro, encarando seu rosto vil. 

Seus olhos brilharam uma vez, seus dentes mordendo os lábios. Enfurecido, chutou o rosto de Jade. Quando corri para ajudá-la, aos prantos e gritando até sentir minhas cordas vocais se agitarem, ele me segurou, enganchando seu braço forte em minha cintura.

— Isso é culpa sua, querida. — ele sussurrou em meu ouvido, se deleitando em minha angústia enquanto eu esperneava para me soltar e socorrer Jade. — Por que não me ouviu quando disse para não se envolver com Adam e esquecê-lo?

Tentando me soltar, olhei em seus olhos e disse entredentes:

— Eu odeio você, seu monstro. Odeio.

— Essa é uma palavra tão forte, anjo... vamos, Victor quer conversar com você. — ele disse suavemente e começou a me arrastar pela floresta escura, deixando Lake e Savannah trocando mordidas e cortes com seus lobos.

E nenhum dos dois podiam fazer nada...

 

 

No meio da floresta, onde era mais quente e bem longe da casa de Hiram, Ector me amarrou em um tronco de árvore usando cipós e um pedaço do meu manto que ele mesmo rasgou. 

As amarras machucavam meus pulsos e tornozelos toda vez que eu repuxava, na falha tentativa de me soltar. Ector apenas se sentou ao meu lado, um pouco longe e me assistiu fracassar miseravelmente em tentar me libertar. Ele deu risada, quando gritei baixinho sentindo o ardor do corte que consegui provocar em minha pele.

Sentindo meu sangue ferver com sua risada cínica, abri a boca e gritei o mais alto que consegui, repetindo o processo barulhento vezes suficientes para fazer Ector se irritar e me mandar calar a boca:

— Ninguém vai te ouvir, baby. Cala essa boca! — ele rugiu para mim.

Soprando o cabelo que caía em meu rosto, falei:

— Vá se foder, seu merdinha.

Ele sorriu, como um pai orgulhoso. Franzi o nariz.

Sorria como meu pai sorria quando contava aos outros meus feitos impressionantes no balé ou no piano.

— Cuidado com a boca. — não consegui segurar o pensamento de me lembrar de Adam, sentindo meu coração apertar no peito. — Vamos ter que trabalhar seu vocabulário, princesa.

— Se eu pudesse, seu merda — fiz uma careta para o apelido ridículo. —, eu mostraria meus dois dedos do meio e mandaria você enfiar no...

— Vejo que não herdou a boa educação da sua mãe, Edyth.

Meu rosto se ergueu e eu desejei não tê-lo feito. Peter estava ali, curvando os lábios e vestindo uma armadura extravagante. Seu rosto de Chris Evans, nosso querido Steve Rogers, de Guerra Infinita continuava ali, mas duvido que ele tivesse a mesma capacidade de lutar. Ou a mesma honra.

Ele com certeza não era nosso bom compatriota, Capitão América.

— Peter. — seu nome era amargo em minha boca e tudo o que eu queria era quebrar seu belo rostinho.

— Fico feliz em ver que sentiu minha falta, querida. Mas temo em dizer que não acho apropriado que me chame assim. — ele disse, sorrindo sucintamente, como se fosse um bom homem fazendo boas coisas.

Dei uma risadinha sem humor, erguendo a sobrancelha.

— E quer que eu te chame de quê? Machista? Babaca? Filho da puta? Gosto desse. — sorri presunçosamente, vendo a diversão estampada em seu rosto. — Ou assassino já está bom para você?

— Vejo que tem apelidos... carinhosos para mim, Edyth. Gostava mais dos que sua mãe me dava.  — quando ele falou na minha mãe, me impulsionei para frente, com uma vontade imensa de fazê-lo engolir suas palavras. Nunca pensei que experimentaria do ódio tão nova...

Não fale da minha mãe. — falei lentamente com os dentes trincados, dando ênfase em cada palavra.

— Que seja... mas seria do meu agrado se começasse a me chamar por meu nome de verdade. — não acredito. Prendi a respiração, ele conseguiu chamar minha atenção. — Chame-me de Victor, querida. Irmão de Ambreer Folk e verdadeiro rei de Ericantus.

Meu queixo caí e minhas sobrancelhas se erguem até o couro cabeludo. Não acredito, não acredito!

Por todo esse tempo a Tropa tinha procurado por alguém que nunca existiu, por um sedutor desconhecido que matou minha mãe, que conspirava contra a Rainha e a favor de Victor. Passei muito tempo odiando alguém que se quer existia, um fantasma. 

Victor era o namorado da minha mãe, Victor quis me matar depois, ele me sequestrou. Muito provavelmente mandou alguém bater no meu carro, na esperança que o acidente acabasse comigo. Infernizou a minha vida por meses, mandou Ector para Tucson atrás de mim e acabou matando Will e Tess. 

Ele matou minha mãe.

Fechei meus olhos e tombei a cabeça para trás, apoiando-a no tronco da árvore onde estava presa. As lágrimas escaparam, encharcando meu rosto, doendo minha cabeça.

O buraco em meu peito, aquele que exalava a sensação de culpa e espalhava dor, foi reaberto.

— O que mais você quer de mim? — sussurrei, ainda de olhos fechados. A pergunta era sincera e cheia de dor. — Matou a minha mãe. Mandou que matassem o meu pai. Por que não me mata logo? Quer me torturar ainda mais?

Encarei seus olhos, que não estampavam sentimento algum. Não haviam vestígios de culpa... não havia nada.

— Não era minha intenção tirar tantas pessoas da sua vida, Edyth.

— Vai se foder! Mentiroso! Assassino!

— Estou sendo sincero.  — ele disse, coma voz fria feito gelo. — Eu amava sua mãe...

— Cala a boca! Cala a porra da sua boca. E não diga que amava ela. Não me faça vomitar.

Ele sorriu, andou lentamente até onde eu estava e se agachou. Tocou meu rosto com seus dedos, me esquivei de seu contato, sentindo meu estômago embrulhar.

— Eu disse que não pretendia tirar pessoas de sua vida. Mas o farei caso não aceite meus acordos.

Uni as sobrancelhas, encarando-o totalmente confusa e assustada. Quem diabos ele mataria agora? O Adam?

— Se está falando do Adam, boa sorte com isso. — me aproximei de seu rosto, contraindo a face de nojo. — Não o mataria nem em um milhão de anos.

Victor riu de mim, tirando do meu rosto os fios de cabelo que deixavam turva a minha visão.

— Bom saber que não estima sua amiga. Camilla seu nome, não é?

Meu rosto perdeu a cor, meu coração parecia uma britadeira desesperada. 

Ah, Cam...

— O que fez com ela? — perguntei, já nervosa. — Responda! O que fez?

— Nada, por enquanto. Sou justo, preciso saber como ficaremos com nosso acordo.

— Me diga o que fazer, eu farei.

Ector riu alto ao meu lado, ainda sentado despreocupadamente, brincando com as pedras espalhadas no chão ao seu redor. Daquela forma, ele até parecia um garoto... decente.

— Que bonitinha... ela acha que será tão simples. — ele disse, com pena genuína de mim.

Virei-me para Victor, tão próximo de mim. Minha respiração descompassada não ajudava-me a controlar minhas lágrimas salgadas e quentes, fervendo meus olhos.

— Me diga.

Victor suspirou, acariciando mais uma vez meus cabelos desgrenhados. 

— Vai amar minha proposta, querida Edyth. Vai amar...

 

 

Meu coração martelava, depois de selar nosso acordo, Victor me soltou para irmos embora. Mas eu não o fiz.

Ao invés disso, usei meu último fio de esperança e corri. Corri como nunca havia feito e sem olhar para trás. Meus pulmões pediam por uma pausa, implorando por oxigênio com veemência. Mas eu não tinha permissão para parar, por mais que meus músculos queimassem e protestassem contra todo o esforço que eu estava fazendo.

Cada extensão muscular do meu corpo ardia por debaixo da pele, queimando como se tivessem ateado fogo em mim. A cada passada que eu dava, soltava um grunhido de dor. 

Ector estava, inacreditavelmente, longe de me alcançar e eu não brincaria com as oportunidades que o destino me dava. Continuei correndo feito louca, sentindo alívio por não ser encontrada.

Caí algumas vezes, fodendo com meus joelhos e mãos. Os galhos arranhavam meu rosto e eu tropeçava nas pedras e nas raízes expostas.

Apesar de minha fuga, eu sabia que Cam ficaria bem. A Tropa a acharia, tiraria ele das mãos de Victor e eu ficaria feliz em tê-la ao meu lado, segura.

Minhas lágrimas de desespero haviam cessado, mas o pavor ainda revirava meu estômago.

Quando cheguei na cidade, ao redor da colina do Castelo de Ferro, o caos estava instalado. Os soldados de Victor tentavam saquear as casas, mas a Tropa estava impedindo aquilo com êxito. Puxei o capuz sujo sobre a cabeça e comecei a me esgueirar pelas partes escuras da cidade, evitando aparecer perto dos soldados da Rainha. Não havia nenhum civil no meio de toda aquela batalha, me perguntei onde estariam todos eles.

Seguros, eu espero, pensei comigo mesma.

Vi lobos enormes contendo soldados inimigos, uivando e rugindo. Me lembrei de Eric, caído morto aos pés da escada da casa de Jade. Jade... onde ela estaria agora? E Lake, Savannah?

Me lembrar deles fez meu desespero inflar dentro de mim, tratei de correr novamente para o castelo. Tinha que chegar lá logo e procurar por alguém, pela Rainha... tinha que contar sobre a farsa de Peter/Victor e sobre Camilla, perguntar pelos lobos e me manter segura.

Os vampiros também retalhavam inimigos, rápidos e letais, como imaginei que seriam. Sua rapidez me deixava impressionada, correndo no escuro e observando aquela carnificina.

Quando cheguei aos pés da enorme escadaria, com meus ferimentos ardentes sangrando e morrendo de cansaço, soltei o ar pesado em meus pulmões. Não sei se aguentaria subir aquela escadaria enorme sem chegar morta ao castelo. Me apoiei no corrimão de pedra, buscando forças do além.

Estava prestes a desmaiar, quando ouvi meu nome ser chamado:

— Edyth?! — encarei Uma, usando um peitoral de prata, com braceletes do mesmo material, coberta de sangue e segurando uma espada. Ela me olhava confusa, quase brava. — O que está fazendo aqui?

— E-eu preciso... preciso ir até o castelo.  — suspirei, quase sem forças.

  — Droga, garota. Você está acabada. Vamos. — ela disse, sacando de seu cinto uma Fenda. Sussurrou algo nela e jogou-a no chão rapidamente.

Me apoiou em seus braços e passou pela fenda comigo.

A atmosfera mudou, meus olhos estavam pesados pelo cansaço, mas me senti aliviada quando nos vi no meio do hall do castelo, depois das portas pesadas, cercadas de pessoas de bem. 

A Rainha estava lá também.

 


Notas Finais


Nosfa, Edyth trabalhada na Reneesme Cullen hoje, senhor ssksksksk

Joguei a bomba e saí correndo o.O

O que acharam? Comentem pq eu quero saber... caso vejam algum erro me contatem, vou arrumar.

Obrigada por ler e vejo vocês no ppróximo capítulo
XOXO '3'


p.s.: Alguém aqui assisti Reign? Se sim, me contem: comecei a assistir ontem à noite, tô no sétimo episódio; quando que acaba a problemática da relação do Francis e da Mary? Quando os dois largam de frescura e são felizes de uma vez? Tô agoniada já, pelamordedeus, quando não é o Sebastian é a cretina da Olivia, a Mary foi toda fofa ajudar ela e a Olivia ficou fazendo graça... tô estressada, misericórdia.


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