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História Dark Secret. - Where are u?


Escrita por: locadepao , Sunshine_-_ e Mistakes--

Notas do Autor


voltei rs

Capítulo 37 - Where are u?


Isadora Valerie Foster

 

Coreia do Sul, 08:27 da manhã. 

 

Eu lia um livro no trem que eu pegava para ir trabalhar. O mesmo trem, no mesmo caminho. Era, com certeza, minha parte favorita do dia. Não era voltar pra casa, não era almoçar, ajudar os alunos, ter aula com meu professor favorito. Era estar no trem. No estofado macio, cor vinho, do trem tradicional e barulhento. O silêncio das vozes logo pela manhã me dava tempo para me preparar para o rotineiro dia abalado e barulhento. O trem, que a cada parada se enchia cada vez mais, sempre me dava sensação de reinício. Mais um dia de saúde e solidão. Duas coisas que você valoriza quando trabalha com muitas pessoas.

 

Eu via no outro lado uma criança no colo da mãe. Descansava nos ombros da mesma. A mãe olhava para seus pés. Tranquila, provavelmente desfrutava da aparência limpa do trem.

 

Algumas várias pessoas entraram na parada em que estávamos. Olho em meu relógio o horário. O trem estava atrasado. Era estranho, ele nunca atrasa.

 

Quando o trem arranca do lugar, sua velocidade parece-me absurda. Penso em que o motorista do trem deve concordar comigo.

 

Fecho meus olhos e me recordo do passado. Penso: o que Pietra está fazendo agora? 

 

Senti-me cambalear um pouco no banco devido à velocidade. Então reflito: isso está rápido demais.

 

Levanto meus olhos para a mãe em minha frente. Ela me olha nos olhos e sorri. E é depois do sorriso que sinto uma forte batida no trem ao todo. Todos caíam no chão e tentavam segurar-se. O vagão fora arremessado para fora dos trilhos, provavelmente. Não tirei um sequer segundo para pensar no motivo, apenas tentei sobreviver. O vagão rolava e todos iam junto. Meus óculos quebraram em meu rosto e já não sentia mais meu braço. O choro do bebê daquela moça deixava tudo mais assustador. Mas foi mais assustador ainda quando o choro parou.

 

Quando o vagão parou, eu não conseguia enxergar dentre os destroços do trem. Um silêncio cortante seguido de gemidos de dor foi ouvido.

 

Olhei de canto de olho e vi a mãe de minutos atrás jogada ao meu lado. Não respirava. Foi quando peguei fôlego e, pedindo misericórdia à Deus, berrei:

 

-SOCORRO!
 

Rayne Ortega Alencar.

 

Dinamarca, 01:27 da manhã.

 

Eu digitava meu trabalho da faculdade deitada em minha cama. Quando o acabei, fechei o notebook e o deixei acima do criado-mudo ao lado da minha cama.

 

-Rayne, que barulho foi esse?- minha colega de quarto acordou.

 

-Fui eu, fiz barulho com o computador.

 

-Não, foi lá fora.- disse.

 

Como contrariá-la? Roxy tem a melhor audição que já vi.

 

Me levanto e ela desce da parte de cima do beliche. Não fazemos nenhum barulho com os pés.

 

-Me alcança aquele caderno.- mando e ela me traz meu caderno. Abro na última folha e puxo minha faquinha. Ela me olha, suspeitando.- A garota lá da faculdade me persegue às vezes.

 

Saímos do quarto à passos leves.

 

Eu me pegava amaldiçoando nossos outros colegas de quarto que haviam saído para a farra justo quando invadem nossa casa.

 

-Você aqui de novo?- Roxy falou ao enxergar a figura em nosso apartamento.

 

-Não pode acabar assim, Roxy.- disse o homem enorme saindo da escuridão do canto da sala.

 

-ME DEIXE EM PAZ!- Ela corre para o quarto e me leva junto.

 

Tranca a porta e chora, berrando por ajuda. Me desespero e começo a chorar junto. O homem, ex de Roxy, fica na tentativa de arrombar a porta.

 

-SAI DAQUI!- Berrou Roxy em meio às lágrimas.

 

Quando a porta se abre, ele vem até nós e nos arrasta até fora do quarto, segurando em nossos cabelos.

 

-SOCORRO! -gritamos e somos jogadas no chão.

 

Ele tira um facão de sua cintura e ameaça. Grita milhares de coisas e meus ouvidos vão zumbindo. Minha garganta estava com nós e eu morria de medo.

 

Moradores que ouviram os gritos começam a gritar ao lado de fora. O homem ameaça Roxy para que ela grite que está tudo bem. Ela se aproxima devagar da porta e suspira, pronta para o maior erro de sua vida. E com impulso, berra:

 

-SOCORRO, POR FAVOR!

 

E é quando o homem esfaqueia suas costas.

 

Yasmim Evans Lorrenz

 

Japão, 12:37.

 

Eu sentia um frio na barriga durante o almoço. Algo estava errado. Eu podia sentir. Meu coração se apertava, meu estômago embrulhava e isso estava acontecendo há horas. Desde o começo da manhã, para ser específica. Algo congelava no meu coração, como se houvesse algo ruim.

 

-O que houve? - minha amiga de trabalho me perguntou ao me ver avoada.

 

-Sinto algo estranho.

 

Era o mesmo sentimento de quando encontramos, há anos, Henrique sangrando em sua casa naquele sábado do dia 17.

 

-Tipo? Está com cólica?- perguntou.

 

-Não. Eu não sei você, mas eu estou com pressentimento ruim.

 

-Tipo uma premonição? Ou coisa do tipo?- deu um gole em seu suco.

 

-É. Tipo isso. É difícil explicar.- cocei a nuca.

 

Fechei meus olhos por um segundo. Tentei recapitular o que poderia estar acontecendo fora do que posso ver e ouvir. Por que este pressentimento? Eu sentia que, de alguma forma, eu não podia fazer mais nada. Em minha mente martelei, martelei e martelei. Nada me vinha. E durante uma fração de segundos, penso fora da caixa. Fora do país. Isadora. Rayne.

 

Era como alguma coisa de irmãs. A gente sempre sabia, de alguma forma, se tinha algo errado.

 

-Naomi, me dê um minuto.- digo.

 

Me levanto da cadeira e vou até o lado de fora do restaurante.

 

Ligo para Rayne. Não me atendia de jeito algum. Nenhuma das cinco chamadas foram atendidas. Nesse momento eu suava de nervoso.

 

Ligo para Isadora já roendo as unhas. Não atende nenhuma das vezes.

 

Resolvo falar com Evan.

 

[Yasmim]: Evan, onde está a Isadora neste exato momento???

 

[Evan]: Yasmim, já olhou o noticiário?

 

[Yasmim]: Não tive tempo. Algo aconteceu?

 

[Evan]: Três vagões do trem das 08:00 descarrilhou com a velocidade excessiva. Ela estava no mais à frente. Acreditam que tinha algo nos trilhos. Não sei dizer. Vou sair da Carolina do Norte pela noite, ela não tem ninguém na Coreia. Eu se fosse você tentava vir. Não sei se vai poder vê-la depois...

 

Voltei atordoada para dentro do restaurante. Sentei-me com Naomi e ela percebe minha aflição.

 

-O que aconteceu?

 

-Minha "melhor amiga-irmã" sofreu um acidente de trem.- falo desacreditada. As lágrimas nem sequer conseguiam cair. 

 

Naomi se mantém em silêncio.

 

-Minha outra "melhor amiga-irmã" não atende nenhuma ligação também. Ela pode estar ocupada, afinal são fusos-horários diferentes. Mas eu preciso dela, sabe? Eu não sei se ela sabe da Isadora, eu não sei se está bem. Eu não sei nada. Não tenho informações.

 

-Acalme-se. Se elas não estiverem bem, vão ficar.- disse Naomi.

 

-Minha visão está turva. Meu peito está doendo.

 

Naomi põe suas mãos geladas em meu rosto e me olha nos olhos.

 

-Apenas continue respirando.

 

Isadora Valerie Foster.

 

17:38.

 

Estava tudo escuro. Como se fosse apenas meu corpo num grande breu eterno. Sem luz. Mas espere, uma luz se acende lá longe. Como um pequeno fósforo. Uma lanterna de brinquedo. Um colar de festas. Se aproxima cada vez mais e vejo sua forma se criando em frente de meus olhos.

 

Uma garota. Não uma simples garota. Eu conhecia aquele rosto. Conhecia bem. Mas de onde? Por que estou aqui?

 

A garota toca meu rosto e todo o fundo escuro fica branco. Tudo se ilumina a ponto de arderem meus olhos. E tudo vira um cenário.

 

Oras, estamos em Louisburg. 

 

Me pego me amaldiçoando. Como pude não reconhecer minha própria namorada?

 

Meus olhos se enchem de água e minha garganta dói devido ao nó.

 

Como se soubesse o que eu pensava, me disse:

 

-Também sinto sua falta.- Camilla sorriu. Era ela. Seus dentes certinhos. A pela clara e o cabelo castanho.

 

Senti meu coração doer.

 

-Ainda não vamos ficar juntas. Não é sua hora.- sorriu novamente e uma lágrima caiu de seus olhos.

 

Tudo ficou escuro novamente. Dentro de 5 segundos, eu abro meus olhos. Estou no hospital. Tudo em meu corpo dói. Estou com meu braço e minha perna enfaixados. Estou cheia de dor.

 

Noto uma lágrima traçando caminho em meu rosto.

 

E atrás dela, várias correm meu rosto.

 

Paro para pensar: onde estão todos? Quando me tornei tão só? Ninguém vem me ver? 

 

Camilla, quando vamos nos ver?

 

Rayne Ortega Alencar

 

16:27.

 

Me levaram para o hospital. Não fiquei muito tempo, eu estava aparentemente bem. Roxy estava em estado grave. O que houve depois? Certo.

 

Eu vi minha melhor amiga da Dinamarca ser esfaqueada várias vezes. Quando foi jogada no chão, o homem veio à mim. Me bateu várias vezes e só parou quando arrombaram a porta. Eu lembro de quando lamentei por ele, meses antes, quando foi internado numa clínica. Elae aparentava ser tão comum.

 

Eu estava sob cuidados dos meus outros amigos. Eu só sabia me olhar no espelho e chorar. As marcas de violência me deixavam para baixo mais do que eu já podia estar. Eu cheguei no fundo do poço. E estou cavando mais para baixo.

 

Eu não peguei o celular durante todo o dia. Quando o peguei, haviam várias chamadas de Yasmim em meu celular. Retornei e ela me atendeu.

 

-Rayne! Por onde esteve o dia todo? Não me assuste mais!- disse e pude ouvir sua voz de choro.

 

-O que aconteceu?

 

-Você não soube?...- disse e ficou em silêncio enquanto esperava minha resposta.

 

-Claro que não. Passei isolada hoje.- falei.

 

-A Isadora está no hospital. Acho que pode estar morrendo, pelo que Evan me disse...- contou.

 

Nesse momento, não falamos nada, apenas choramos por um tempo.

 

-Sabe, Yasmim... Minha amiga daqui foi esfaqueada na minha frente. E eu apanhei para um homem de dois metros.

 

-Meu Deus, você está bem?

 

-Nada bem.

 

Eu olhei para fora da janela. Olhei para o céu colorido. Vi nuvens. Pássaros.

 

E do fundo do meu coração, desejei:

 

Que esse seja meu fim.


Notas Finais


triiiiiste


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