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História Dark Sky - Justiça


Escrita por: quel_todescatto

Notas do Autor


Me digam o que acharam depois ok ? Bjus <3
Boa Leitura

Capítulo 19 - Justiça


Fanfic / Fanfiction Dark Sky - Justiça

Abri os olhos devagar, lutando com a preguiça. Sentei na cama, me espreguicei e olhei em volta. Harry estava sentado na cadeira olhando para mim com ar de diversão. Dei um gritinho e o susto me fez cair da cama. Puxei o lençol, lembrando que estava com nada mais que roupas íntimas.

- O que você está fazendo aqui ?! - Ralhei com a voz meio rouca.

- Lyn me deixou entrar. Eu achei que já estaria acordada.

- Hoje é meu dia de folga, não que seja da sua conta. - Disse eu. Harry sorriu se divertindo.

- Eu vim avisá-la o que você não deixou que eu dissesse ontem a noite. - Disse ele.

- Você invadiu meu quarto !!! - Acusei gritando. Ele deu de ombros.

- Não é invasão quando sua entrada é permitida. A porta não estava trancada. Eu não vi nada. - Disse ele. Eu senti quando corei. - Juro. Você estava coberta. A não ser sua lindissíma barriga quando caiu da cama. E devo dizer que é bonita até quando acorda, sua voz rouca é adorável.

- Não perguntei o que você acha da minha voz !! - Briguei.

- Será que dá pra falar comigo normalmente ? - Perguntou.

- Não !!!! - Respondi. - Não enquanto estiver no meu quarto e eu estiver me cobrindo com um lençol !

- Está se cobrindo porque quer. - Disse ele sorrindo maliciosamente. - Não disse nada.

Peguei uma almofada e joguei em sua direção. Ele se defendeu com o braço rindo e saiu do quarto.

- Te espero na cozinha ! - Sua voz saiu abafada.

Me levantei e fui até o banheiro. Lavei o rosto e escovei os dentes. Vesti uma blusa bege e uma saia rosinha, calcei meu tênis e penteei meu cabelo liso.

Fui até a cozinha emburrada. Harry me acompanhou com os olhos do momento que eu peguei a salada de frutas até que eu me senti na outra ponta da mesa.

- O que é ? - Perguntei.

- A execução de Francis e Ryan vai ser depois de amanhã. - Disse ele. Engasguei com a salada e comecei a tossir, meus olhos se enxeram de lágrimas do esforço para respirar, até que Harry deu palmadinhas nas minhas costas. Ele se sentou do meu lado e colocou a mão no meu ombro. - Você está bem ?

Fiz que sim com a cabeça. Mas eu não estava. Eu não estava nem um pouquinho bem. Imagens de quando eu fiquei presa vinham na minha mente, como acontecia em meus pesadelos nos quais eu era Francis e eu matava Alana, agarrei minha própria cabeça e fechei os olhos com força. Até quando isso ia continuar ? Harry encostou no meu ombro e me chacoalhou levemente.

- Angie ! - Ele chamava. - Angie, olhe aqui.

Eu olhei. Mas a imagem de Harry estava embaçada. Pisquei várias vezes. Está tudo bem, repeti mentalmente, Está tudo bem. Respirei fundo.

- Eu estou bem. - Interrompi o que fosse que Harry estava falando. - Harry, eu estou bem !! Só fiquei assustada.

Harry respirou fundo e aliviado. Ele se levantou e pegou água pra mim. Esfreguei os olhos nas mãos tentando empurrar meus pensamentos pra longe. Tomei a água e voltei a comer.

- Achei que você gostaria de saber. - Disse ele. O olhei por um momento e desviei o olhar rapidamente.

- Temos que falar com Alana. - Disse eu.

- Na verdade, isso é uma coisa que não é só do interesse de vocês duas. É de todos nós. - Disse Harry. Ele rodava o dedo na beira do copo vazio.

- Então que seja. Ligue para os meninos. Todos nós hoje a noite na casa de alguém. Vamos conversar sobre isso, embora eu discorde que seja do interesse de todos eu não vou discutir com você. - Eu me levantei e coloquei o pote na pia. Virei-me para Harry e segurei a beira da pia, deixando meus dedos apertarem ali.

- Angie, você tem que pensar em Alana...

- No que você acha que eu penso, Harry ? - Perguntei com a voz falhando. Respirei fundo para tentar mantê-la estável. - Quem você acha que eu vejo toda noite nos meus pesadelos ? Cada dia é algo diferente. Num dia eu sou Francis e eu enterro uma faca na minha melhor amiga ! No outro dia, eu estou de volta àquela sala imunda, presa com correntes. Cada dia, é uma coisa diferente. Lany morta nos meus braços, Ryan tocando em mim enquanto eu gritava, mas nenhum som saía. Só de ouvir o nome deles eu já tenho relances de tudo isso... O que você acha que vai acontecer com Alana ?

- Talvez ela seja mais forte do que você pensa. E talvez ela mereça saber. Não pode proteger todos de tudo. - Disse Harry.

- Engraçado você dizer isso. - Limpei as lágrimas. Harry se levantou e eu soube que tinha ido longe demais. Mas eu não tinha medo. Ele chegou perto de mim e me encarou.

- Faça o que quiser, Angie. Eu vou ligar para eles e alguém te avisa. - Disse Harry e saiu. Olhei para minhas mãos e vi que um dos dedos que antes estava roxo agora voltava a sua cor normal. Lavei as mãos e voltei para o quarto.

[...] Horas depois...

Quando soube que todos estariam na casa de Loren, peguei minha bolsa e saí. A noite que caía em Londres era fria, sinal do outono que se aproximava. Bati na porta de Loren. Minha amiga que sempre sorria ao abrir na porta, não tinha esse sorriso brilhante no rosto, ou uma careta divertida. Ela estava séria. Ela também está abalada com isso, lembrei de quando ela tinha me visto e do quão abalada ficou. Sem nenhuma palavra ela me deixou entrar. O clima na sala era o de quando alguém morre. Todos olhavam para baixo, ou mexiam nas unhas, rasgavam pedaços de papel ou analisavam a decoração, tudo para não terem que encarar um ao outro. Mas alguém vai morrer, lembrei a mim mesma. Desci as escadinhas e fiquei em pé. Loren sentou ao lado de Alana. Niall tentava capturar seu olhar, mas ela o ignorava enquanto segurava a mão da amiga. O casaco marrom de Eleanor fazia com que ela parecesse parte do sofá, razão pela qual não a notei quando entrei. Eles devem tê-la trazido por causa de Lany, se acontecer algo, ela é quem vai ajudá-la a voltar a razão, Harry então se pronunciou.

- Se alguém não sabe por que estamos aqui, saia, porque não vai ter nenhuma utilidade ficar. - Disse ele. Você precisa ser tão rude e bruto mesmo quando estamos todos passando por um momento difícil ? pensei em perguntar, mas fiquei quieta. Uma briga era algo desnecessário agora. Quando ninguém se levantou, foi Louis quem falou.

- Francis e Ryan serão executados depois de amanhã. Estamos aqui para decidir quem vai, se vai ou se vamos deixar isso passar e tentar esquecer tudo de ruim que aconteceu. Que é o que eu acho que deveríamos fazer. Mas essa decisão não cabe a mim. - Disse ele.

- Esquecer ? Como você acha que poderemos esquecer o que aconteceu ? Como você acha que Alana vai esquecer o que aconteceu ? - Loren parecia nervosa. Alana apertava sua mão com força e fitava sem desviar o olhar do caso na mesinha de centro, Loren parecia não se importar. E se ela se incomodava, acreditava que apoiar a amiga era mais importante.

- Não foi isso que eu quis dizer Loren. - Disse Louis. Loren ficou em silêncio. Harry olhou pra mim. Eu me apoiava na parede, dentro da sombra de braços cruzados. Eu sabia que se eu dissesse alguma coisa, minha voz ia falhar. E ele desviou o olhar.

- Esquecer é a melhor opção. - Disse Eleanor. - Pelo bem de Alana.

- Qual é o problema de vocês ?! - Perguntou Loren. Todos começaram a falar ao mesmo tempo.

- Ela devia ir, será um alívio vê-los pendurados pelo pescoço...

- Isso só a traumatizaria mais... - E outros comentários. Como eles podem dizer e discutir o que é melhor pra ela como se fossem seus donos ? Eka está do lado deles, será que isso não importa ? Os olhos de Alana se enchiam de lágrimas. Ela parecia uma estátua, encarando o vaso. E me perguntei se ela não estava de volta a fábrica em sua mente. Devia ser mais fácil para ela do que pra mim, lembrar de tudo aquilo. Essa era razão para eu querer matá-los. Para eu mesma atirar nos dois. Eu não queria justiça pela polícia. Que a justiça fosse pelas minhas mãos. Fui eu quem esteve lá. Foi Alana que foi agredida. Ao mesmo tempo que era justa a morte deles, não era justo que fosse pelas mãos de policiais que não viam vantagem e não se sentiam confortáveis ao puxar o gatilho. Ou ao chutar o banco e deixá-los pendurados chutando o ar enquanto morriam de asfixia. Isso não é humano. Querer matar. Não é, uma parte da minha consciência alertava, Não é, mas quão humanos eles foram ao machucar duas garotas ? Isso não é humano, isso é justo.

- Eu quero matá-los. - Eu disse olhando para o chão. Mesmo não levantando a voz para que todos ouvissem, os comentários pararam subitamente. E vários olhares se fixaram na sombra onde eu estava.

- O que ? - A voz de Zayn não era de incredulidade, como se eu estivesse louca, mas de pena. Pena que eu tivesse esse desejo assassino. Porque era isso que eu faria. Assassinato. Assassinato aos assassinos.

- Eu quero matá-los. - Repeti. Os olhos de Alana foram pra mim. Eles brilhavam com as lágrimas e desviei o olhar dela, para não chorar também. Preciso ser forte, preciso ser forte por nós duas.

- Eles já serão mortos, Angie. - Eleanor disse com paciência, como se explicava para uma criança o motivo de não brincar com uma faca.

- Não por mim. Não por nós. - Me referi a Alana. - É justa a morte deles. Mas não será justiça quando os policiais os deixarem pendurados ou puxarem o gatilho. Eles fazem isso várias vezes. Será apenas mais dois na lista. Eles não terão uma sensação de vantagem e alívio. Não é justiça. É missão cumprida. Eu quero matá-los. Eu quero que eles sintam o que as outras vítimas sentiram. O que Alana e eu sentimos.

Alguns segundos se passaram até que Zayn balançou a cabeça.

- Não. Você não vai fazer isso. Você não vai ser uma assassina. - Disse ele. Eu o olhei por um momento.

- O que você faria ? - Perguntei.

- Deixaria que outras pessoas fizessem isso, você não é assim, Angie. - Respondeu.

- Como você sabe ? - Perguntei com a voz falha. - Você não tem noção do que é acordar toda noite gritando e agarrando o lençol. Vendo imagens tão vivas que você quase pode sentir as mãos em você... Você não sabe. Eu não fui nada além de machucada, mas Alana foi.

- E o perdão ? Você...

- Perdão ? Você acredita mesmo em perdão ? Isso é o tipo de coisa imperdoável. - Disse eu. - É muito tarde para perdoar.

A sala caiu no silêncio de novo.

- Mate-os. - Alana disse e todos levantaram os olhares para ela. Foi a primeira palavra que ela tinha dito. Ela olhou pra mim. - Mate-os.

Harry e Louis se entreolharam. Pareciam ter uma conversa silenciosa. Louis olhou para Eleanor. E sem desviar os olhos dele, ela segurou a mão dele. Ele olhou para Alana e para mim. Loren percebeu o movimento e olhou de um para o outro.

- Não. - Disse ela. - Vocês não estão considerando essa ideia. Isso é maluquice. Angie, não faça isso. Não muda nada.

- Muda tudo. - Minha voz soou forte. Pisquei para afastar as lágrimas.

- Será que vocês perderam o juízo ?! Você vai puxar uma arma e atirar do banco ? O que você acha que vai acontecer ?! - Perguntou Loren.

- A decisão não cabe a você. - Todos olharam para Harry. E ele continuou encarando a parede. - E não será ela quem vai disparar. Será a pessoa que ela contratar.

- Então não será ela quem vai matá-lo... Portanto isso não é necessário. - Reclamou Loren. - É uma questão de lógica.

- Realmente é uma questão de lógica. - Harry concordou e parecia que estava começando a se irritar com os protestos de Lorene. - A ordem partirá de Angie, portanto ela é a responsável pela morte. Automaticamente ela é quem o matou. Direta ou indiretamente.

Todos ficaram calados.

- Então está resolvido. Vamos pra casa, pessoal.

[...] Dia do julgamento

O vestido preto agarrava minha cintura e ficava solto e rodado logo abaixo dela. Levantei as mangas até o cotovelo. Queria que ele não tivesse o decote em V. Mas era inútil tentar me esconder. O colar da minha mãe era a única coisa que não era preta em mim. Mas nem a jóia se livrava de carregar o peso da morte nela. Tudo em mim exalava morte. Tudo era preto hoje. Até o tempo estava fechado e escuro. Minhas botas de salto alto vinham até acima do meu joelho e eu só tinha concordado com Lyn em colocá-las para não ficar baixa demais e ter melhor visão quando os corpos de Francis e Ryan tocassem o chão. Meu cabelo estava preso em um coque e alguns fios se soltavam. Deixei Lyn fazer minha sombra preta e passar meu batom marrom escuro. "Mas a senhora fica tão bonita de vermelho", ela dissera, "Hoje não é o dia para o vermelho, Lyn. E hoje eu não quero ser bonita. Quero ser mortal, estou me vestindo para um funeral. E não para um baile". Lyn ficara quieta até dizer que eu estava pronta. Coloquei os brincos pretos e coloquei minha luva da mesma cor. Não era necessário colocar mais nada.

Eu saí sem pegar nenhuma bolsa e entrei no carro de Loren. Ela usava shorts jeans e blusa preta. Ela não olhou pra mim quando entrei no carro. Prendi o cinto de segurança e a olhei de novo, desviando o olhar em seguida.

- Eu não vou, se é o que está se perguntando. - Ela disse dando seta para a esquerda. - Não concordei com isso, nem vou te julgar, mas não me peça para assistir.

Eu ia abrir a boca para perguntar de Alana, mas fui interrompida.

- Ela também não vai. - Disse Loren. - Pediu para dizer que tudo bem e que quer que você faça o que você faria de qualquer forma. Mas não quer ver porque acha que nunca mais vai ser a mesma depois.

- Ela já não é a mesma de antes. - Disse eu. Loren ficou em silêncio, mas ela sabia que eu concordava em Alana ficar em casa. Não seria bom para ela ir, de qualquer forma. Ela parou o carro.

- Você parece estar indo para um funeral. - Disse ela.

- Ótimo. - Respondi. Saí do carro e Loren foi embora. Harry desceu as escadas e olhou pra mim, sustentei seu olhar.

- É melhor entrarmos. Vai começar. - Foi tudo que ele disse. Apenas eu e Harry íamos assistir ao funeral. Zayn não concordou e não quis vir. E os outros não queriam ver. Se Harry não viesse, eu também não teria vindo. Não ia aguentar sozinha. Sentamos no segundo banco. Onde só estávamos nós. Os outros eram jornalistas, advogados e todos os outros da política e imprensa. Eu não ouvi uma palavra do que o homem que estava lá na frente estava dizendo, estava envolvida em meus pensamentos. Minhas mãos mexiam freneticamente nas unhas enquanto estava apoiadas no meu colo. Mas em nenhum momento desviei o olhar. Ryan e Francis entraram e subiram na base de madeira. Eles usavam ternos. Devem ter pedido para morrerem do jeito que queriam, pensei. As mãos deles estavam presas com algemas nas costas. Francis parecia irritado. Ryan não tirava o sorriso descarado do rosto. Considerei que ele devia ter alguma doença, porque quase não aparentava nenhum sentimento humano. Nenhuma emoção, nada. Respirei fundo. Ryan levantou o olhar e seus olhos encontraram os meus. Mas em vez de medo, eu apenas os encarei, com pena. Ergui o queixo e ele sorriu. Francis olhou pra mim.

- Ajoelhem-se. - Um policial mandou. Sua voz era gélida, como se ele falasse com vermes. Que eu concordava que estavam no mesmo nível de dignidade. Francis começou a entrar em pânico.

- Por favor, eu não posso morrer. Por favor... - Ele estava quase as lágrimas. Raiva borbulhou dentro de mim. Ele olhou pra mim e se livrando do guarda, correu em minha direção. Eu e Harry nos levantamos num pulo, as mãos de Harry segurando o meu braço, pronta para me puxar para trás a qualquer momento. Segurei a mão dele e lhe lancei um olhar, Tudo bem, qualquer movimento dele será seu último agora. Mas ele não tirou a mão. Francis olhava pra mim com lágrimas transbordando, seus olhos fixos na cicatriz da minha testa. Ele avançou um passo e eu recuei. - Me perdoe, por favor, me perdoe.

- Não toque em mim. - Minha voz parecia distante do normal. Estava carregada de ódio, desdém e principalmente nojo. - Se você tocar em mim de novo, eu mato você, seu covarde. Eu tenho nojo de você.

Os policiais o pegaram pelos braços e o guiaram até lá de novo. Olhei para Harry.

- Eu estou bem. - Ele soltou meu braço e se sentou. Sentei também. Francis esperneava e gritava clamando por misericórdia. Ryan não emitiu um som. Ele olhou pra mim e sorriu, um sorriso de alguém que juntava peças de um quebra-cabeça. Ele sabe, pensei, Ele sabe porque estou aqui. Mas isso não me assustava, era um segredo que ia para o túmulo com ele.

- Quero dizer uma coisa. - Disse ele para o policial.

- Suas últimas palavras. - O policial riu. E eu notei que eles, na verdade, se sentiam bem em matar criminosos, porque sabiam que estariam livrando o mundo de mais crueldade. Não hoje, pensei, Hoje essa vitória é minha. Ryan focou em mim.

- É por isso que está aqui não é ? - Perguntou. Não respondi. - Você vai me matar.

- Você será morto pelas autoridades. - Respondi me fazendo de inocente. Ele riu alto, uma gargalhada sem vida.

- Eu devia ter matado você. - Ele balançou a cabeça. - Eu devia ter matado você, sua vadia.

O tapa foi tão rápido que eu quase não o registrei. O policial tinha um soco inglês nas mãos. E eu senti uma sensação boa, como se eu tivesse dado aquele tapa. Um homem começou a falar de novo, e eu soube que em menos de dois minutos os policiais atirariam. Mas eu soube que eles nunca puxariam o gatilho. Comecei a contagem regressiva mentalmente. Quinze, catorze, treze, doze... Senti Harry pegar minha mão e apertei a sua forte, não desviei os olhos dos dois criminosos. As portas se escancararam com um barulho forte. Todos olharam para trás, menos eu e Harry. Eu sabia que figura estava ali. Um homem de máscara, todo vestido de preto com uma arma na mão. Seis, cinco, quatro, três, eles mereciam aquilo, dois, um. Fechei os olhos quando soube o que estava por vir. Bam ! Bam ! Os dois primeiros tiros. Eram em Francis. Um por mim, e outro por Alana. Abri os olhos, ele já estava caído de cara no chão, uma poça de sangue ao seu redor. Olhei para Ryan, ele não sorria, me olhava com medo. O mesmo olhar de medo do qual você ria, pensei. Eu sorri rapidamente, para que só ele visse. Fechei os olhos. Bam ! Bam !  O bater surdo e seco do corpo de Ryan preencheu meus ouvidos. Ouvi os passos pesados quando o atirador fugiu e o patinar dos pneus quando ele saiu em disparada. Senti uma coisa fria escorrer na minha bochecha. Uma lágrima. Uma única lágrima. É mais do que eles mereciam. E tudo que vão ter. Abri os olhos, estavam os dois mortos. Olhei para Harry, ele enxugou a lágrima, mas não soltou minha mão.

 Quando eu cheguei, a casa estava em silêncio. Como sempre. E era algo que eu gostava. O som das minhas botas contra o piso era alto. Fui direto para a cozinha, tomei um copo de água, peguei papel toalha e limpei o batom. Harry apareceu segundos depois, se apoiando contra o parapeito da porta de braços cruzados. Puxei a ponta da luva no dedo anelar e quando puxei a ponta no dedo do meio ela deslizou para fora das minhas mãos. Como sempre, estavam geladas. Mesmo com a luva.

- Espero que esteja satisfeita. - Disse Harry ao tempo que eu puxava a outra luva.

- Achei que me apoiava. - Disse eu.

- Eu compreendo o que está sentindo, concordei porque sei que se tivesse feito por conta própria não seria bom. Mas não significa que eu realmente acredite que irá te acrescentar alguma coisa. - Dei de ombros sem olhar pra ele.

- Não importa. - Disse eu.

- Importa. - Retrucou. Harry caminhou na minha direção e ergueu meu queixo com o polegar de forma delicada, a fim de que eu olhasse para ele. - Não quero que se auto destrua e fique se remoendo com o passado sem conseguir olhar para a frente.

- Certas coisas não podemos mudar. - Minha voz soou baixa.

- Concordo com isso. - Seu olhar era intenso, mas não acho que estávamos falando sobre a mesma coisa. - Só tente não se matar enquanto eu fico fora.

- Fora ? - Recuei confusa.

- Eu e Taylor vamos viajar. - Foi tudo que ele disse.

- Ok. - Disse eu com frieza. - Eu te acompanho até a porta.

Quando eu passei por ele, Harry segurou meu braço. Coisa que eu achava irritante de modo adorável, o que irritava mais ainda.

Olhei para ele.

- Quando vai parar de agir assim ? - Perguntou.

- Assim como ?! - Perguntei brava.

- Como se nada te atingisse, é chato.

- Ah, cale a boca ! - Reclamei. - Olha quem está falando.

- Angie, estar com Taylor não muda...

- O que você sente por mim ? - Interrompi. Puxei meu braço sem delicadeza. - Não quero ouvir o que você sente. Não quero algo que não seja real.

Harry olhou pra mim com raiva. A raiva de quando eu o conheci. E saiu, batendo a porta com força ao sair. Fui para o quarto e ignorei. Caí na cama e coloquei meu fone de ouvido enquanto acariciava Hans e Sky, que estavam deitados um em cada lado da minha coxa.

Lorene POV

Abri a porta e chamei Alana relutantemente. Não houve resposta. Girei a chave para trancar a porta e entrei. Subi ao quarto de Alana e parei ao lado do parapeito da porta. Ela estava dormindo, o livro que estava lendo estava aberto em cima da cama. Peguei um cobertor e abri sobre ela com cuidado. Ela parecia abatida, seus olhos tinham olheiras. A noite tinha sido dificil. O chá que ela tomava não tinha feito efeito e ela acordava gritando ou chorando. Encostei a porta do quarto com cuidado e fui a última porta do corredor, ao meu quarto. Tirei o casaco e pendurei-o num cobide. Sentei na cama e suspirei colocando o rosto entre as mãos. Olhei as rosas em cima da comôda e pensei em Niall. Não, não... Ele não merece que eu pense nele, não mesmo. Me levantei e fui para a cozinha. "Você é minha melhor amiga". Como os garotos podiam ser tão burros ? Se eu fosse mais corajosa, talvez pudesse dizer a ele... Mas agora já é tarde e não vale mais a pena, de qualquer forma. Afastei Niall do pensamento e fiz café quente. Quando ia colocar a xícara na boca, ouvi a campainha tocar e corri para abrir a porta antes que o barulho acordasse Alana. Era Niall. Fui fechar a porta de novo com força.

- Sinto muito, mas dessa vez você não vai me deixar aqui fora. - Ele colocou o pé no meio da porta. Parecia sério e determinado. Ergui a sobrancelha e abri a porta sem dizer nada, fazendo um gesto com o braço para que ele entrasse.

Niall entrou em silêncio e sentou no sofá. Fui a cozinha, peguei minha xícara de café pela metade e sentei no sofá de frente para ele. Niall me encarou alguns segundos, me analisando como se procurasse algo.

- Ainda está brava comigo ? - Perguntou. Não respondi, apenas estreitei os olhos e sorri fria. - Ok. Mas pelo menos me ouça, certo ?

Me encostei no sofá de braços cruzados e inclinei a cabeça para observá-lo na sua tentativa de desculpas.

- Isso é irritante. - Ele bufou. - Loren, eu sei que está brava comigo. E sei que é por causa de Caroline. Mas, veja bem, isso estava combinado há muito tempo. E sei que é por causa do que ela tem feito a Angie que você não gosta dela, mas ela é só uma amiga. Não, amiga não. Conhecida. E eu precisava de uma imagem boa, certo ? Tente entender... Além disso, você não tinha ido com Alana para aquela reunião de estilistas e a equipe de apoio ?

Levantei, claramente nervosa e procurando as palavras certas. Fiquei de costas para Niall, assim era mais fácil de pensar quando eu não tinha que encarar aqueles olhos azuis. Por causa do que ela tem feito a Angie, ele achava que era por isso ? Como podia ser tão cego ? Mas... e se eu dissesse a ele ? E se a resposta fosse que ele não sentia o mesmo ? Eu perderia sua amizade, ficaria embaraçoso. Não, eu não podia correr o risco. Então aproveitei a brecha.

- Eu tinha. Mas eu não quero que Caroline seja próxima de mim. Estando perto de você ela está mais perto de Angie, e eu não quero ninguém bisbilhotando nossas vidas. Quem dirá que ela não se voltará para mim depois ? Olhe, Niall... Eu não direi que sinto muito nesses dias que te ignorei, porque não é verdade. Mas eu não vejo motivo para continuar com essa pirraça, você tem seus amigos e eu os meus. Eu não tenho direito de me meter na sua vida e proibir você de fazer o que quer, assim como você não pode proibir a mim. Então, que seja. Ficamos de bem ? - Perguntei me virando para ele. Niall olhou pra mim com incredulidade e se levantou.

- Como assim ? É claro que você tem direito de não gostar dos meus amigos, como eu tenho direito de não gostar dos seus - o que não é o caso -, Caroline é uma conhecida, além da banda, você e Angie são as amigas garotas que eu tenho. Vocês são importantes, sinto dizer que você principalmente. Se você não gosta de alguém, com bons motivos, como os que você acabou de dizer, eu não vou insistir nisso. Não vou falar dela perto de você. Até porque não tenho o que dizer. Eu mal a conheço. Só quero que saiba que não sou grudado nela, e você tem todo direito de não gostar dela. Não estou dizendo que eu ia parar de falar com Zayn se vocês não se dessem bem, mas é que Caroline é exceção. Eu sei que ela não é de tudo uma boa pessoa. - Disse Niall. - Eu que pergunto: Estamos de bem ?

Ele abriu os braços para que eu lhe abraçasse caso a resposta fosse sim. Apesar de tudo, sorri.

- Estamos. - Assenti e o abracei. O cheiro do perfume dele era tudo o que eu sentia, além do seu coração batendo. E rápido ? Ele está aliviado, nada de mais, reprimi as esperanças de que fosse algo mais.

- Ótimo. - Disse se afastando com um sorriso. - Porque estou morrendo de fome.

Dei-lhe um soco leve no peito enquanto ria.

- Seu fingido ! E eu achando que queria minha companhia ! - Reclamei rindo. Niall riu.

- Sim, mas posso ter a sua ilustre companhia enquanto devoro alguma coisa, que tal ? - Ele propôs rindo. Balancei a cabeça em descrença sorrindo.

- Ok. Venha logo, seu engraçadinho. - Chamei indo para a cozinha.

- Haha ! Sabia que você tinha um coração doce, afinal ! - Ele veio correndo por trás de mim e me levantou enquanto ia para a cozinha comigo rindo.


Notas Finais


Loren e Niall... Vocês curtem ?


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