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História Dark Sky - Anne Wayland


Escrita por: quel_todescatto

Notas do Autor


Boa Leitura *-*
Não me matem...

Capítulo 22 - Anne Wayland


Fanfic / Fanfiction Dark Sky - Anne Wayland


Uma garota loira vinha andando, ela usava um vestido vermelho curto, com um casaco branco de veludo por cima. As luvas eram de renda preta e os saltos eram pretos e altos também. O batom era rosa choque, e ela usava um coque meio solto com uma trança rodando em cima como uma tiara, os olhos verdes estavam contornados com delineador preto e ela sorriu para Logan. Mas deu um olhar de desdém para mim, o que me deu ódio. Caroline
- Caroline. - Eu trinquei os dentes. Ela se sentou ao lado de Logan.
- Olá, Angie. Já conhece Logan ? - Perguntou ela com desdém.
- Você sabe que conheço, falta você escrever minha biografia. - Disse eu.
- Será que podemos ter uma trégua ? Eu realmente gosto de Logan, sabe... - Ela tomou um pouco de suco. 
- Vocês se conhecem ? - Perguntou Logan.
- Caroline é quem escreve todas as críticas a mim. Ela também fica jogando nos jornais que eu odeio a Taylor e eu sou "a outra" no ex relacionamento de tal e de Harry. - Respondi os punhos cerrados.
- Angie. - A voz de Logan era de advertência.
- Os amiguinhos dela a chamam de Devil, querido. - Disse Caroline. - Niall Horan é um deles não é ?
Caroline se inclinou para mais perto da mesa. Eu poderia jurar que vi os olhos dela brilharem. É isso, ela gosta de Niall.
- Sim. Niall é meu amigo. Algum problema ? - Perguntei encostando as costas na cadeira.
- Nenhum. - Ela deu de ombros sorrindo. - Vamos comer alguma coisa ?
Logan parecia nervoso com alguma coisa. Talvez fosse por Caroline, e eu não o culpava. Respirei fundo tentando disfarçar minha raiva. Pedi um X-Burguer e fiquei ouvindo as ladainhas de Caroline sobre carboidratos e calorias.
- Fo...Da... Se. - Eu disse bem devagar. Ela rolou os olhos e continuou comendo.
- Fiquei sabendo que você brigou com sua família recentemente. É uma pena. Mas deve ser revoltante ser abandonada tão cedo não é ? Primeiro sua mãe morreu... E agora seu pai... Ah ! É uma pena, de verdade. - Ela fingiu estar chocada e colocou a mão sobre a clavícula. Dei uma mexidinha no suco de uva.
- Realmente. - Concordei nervosa.
- A sua mãe... Sabe, andei procurando e falando com pessoas. Dizem que ela não queria ter filhos sabia ? Quem sabe foi esse um dos motivos que a levou a deixar os dois sozinhos nas mãos do pai. - Disse Caroline.
- Caroline... - Logan ia pedir, mas ela não parou. Eu sentia que a qualquer segundo o copo de vidro ia estourar na minha mão de tanto que eu o estava apertando.
- Quem sabe, até ela queria morrer não é ? E seu pai ? Ele não deve ter tanto tempo para a filhinha dele. Mas sobre sua mãe... É chocante. Ela te amava ? Eu me perguntaria isso. - Eu me levantei e sorri. Logan arregalou os olhos. Virei lentamente o suco de uva em cima do cabelo de Caroline. Ela arquejou. Peguei a metade intocada do meu hambúrguer, abri e esfreguei em cima do seu cabelo loiro.
- Sabe... Querida - Eu levantei o queixo dela, de onde pingava suco. - Eu não gosto muito que falem da minha família, muito menos da minha mãe. Sua vaca.
Eu saí, deixando vários olhares caírem em Caroline e na cena que ela se encontrava, suja, molhada e com o casaco de veludo branco da Vogue manchado de roxo. Enquanto eu corria pra casa, lágrimas ameaçaram cair, mas eu pisquei, expulsando-as. Entrei em casa e fechei a porta. 
 Alana já estava dormindo. Eu fui para o meu quarto, tomei um banho e coloquei uma camisola de seda branca. Deitei na cama e dormi, enquanto uma única lágrima escorria.
 Acordei com o sol batendo contra meu rosto. Levantei da cama e coloquei um robe azul claro que eu tinha. Lavei o rosto e prendi o cabelo num coque malfeito. Saí descalça. Lyn estava arrumando o sofá.
- Bom dia Srta. Black. - Disse ela.
- Bom dia, Lyn. Alana já levantou ? - Perguntei.
- Sim, a Srta. Webster está tomando um banho. - Respondeu Lyn. Assenti sorrindo e fui para a cozinha, um potinho de salada de frutas estava ali. Comecei a comer e abri uma barrinha de cereal. Tomei meu copo de leite puro e fui para o meu quarto. Tomei um banho e escolhi a roupa que eu usaria. Optei por um jeans escuro e uma blusa cinza, calcei o all star e penteei o cabelo, deixando-o solto. Escovei os dentes e passei um delineador preto nos olhos.
[...]
- Espero que você saiba que eu não sei nada sobre direção. - Avisei Zayn enquanto entrava no carro dele. Zayn riu.
- Eu sei. - Ele pisou no acelerador.
- Onde vamos ?
- Para uma estrada meio deserta que conheço. - Disse ele. Nós saímos da cidade. A estrada era larga e realmente deserta. - Bom, agora é com você.
- Meu Deus. - Ele saiu do carro e eu atravessei do banco do carona para o do motorista, deixando Zayn sentar no meu lugar. Liguei o carro.
- Pise na embreagem e engate a primeira marcha, depois vai soltando a embreagem devagar e acelerando devagar também. - Ele instruiu. Fiz o que Zayn mandou, mas o carro engasgou e morreu. 
- Eu sou um fracasso. - Disse eu. Zayn ergueu meu queixo, fazendo-me olhar para ele.
- Ei, foi a primeira tentativa. - Disse ele. Engoli em seco tentando esconder o rubor do meu rosto e tentei de novo. Várias tentativas se passaram, até eu conseguir. Zayn nunca perdia a paciência, me irritei um pouco com isso. 
- Dê a ré. - Ele pediu. Tentei engatar a marcha, mas não entrava. Zayn colocou a mão sob a minha e me ajudou. Apertei o volante com um pouco mais de força enquanto tentava fazer meu coração parar de bater tão rápido. Acelerei e dei a ré um pouco rápido demais. Zayn parecia prestes a ter um ataque do coração.
- Melhor você colocar o cinto. - Disse eu. Zayn riu, eu sorri. Ele colocou o cinto e eu fiz outras tentativas.
[...]
Quando cheguei em casa, era pôr do sol. Curtis estava histérico para me arrumar. Ele colocou um "figurino" branco em cima do sofá. Maya terminou minha maquiagem e eu coloquei a roupa. Tinha ficado linda. O meu cabelo foi cacheado por Nita e eu desci as escadas acompanhada de Dom, meu empresário. Uma limusine branca me esperava lá em baixo.
- Está nervosa ? - Ele notou minha mão branca do meu próprio aperto.
- Estou. - Admiti.
- Vai dar tudo certo, tenha calma. - Disse ele. Eu respirei fundo. Nós chegamos e eu desci do carro, indo pelos bastidores enquanto os gritos dos fãs quase me ensurdeciam. Era meu primeiro show. Eu não imaginava tanta gente. Eu fui por debaixo do palco. Eles sinalizaram. 3...2...1... Vai !!
A passarela começou a subir, e eu estava no palco, cheio de névoa. O grito do público enchia meus ouvidos e eu percebia quanta gente estava ali.
- Boa noite, Londres !!! - Disse eu. Eles gritaram em resposta. A primeira música começou a tocar. (Tori Kelly - Nobody Love) Enquanto eu cantava, minhas dançarinas apareceram e nós começamos a dançar. Eu estava amando aquilo. Eu me mexia no ritmo, fazia piadas nos intervalos de músicas e a platéia gritava alto.
[...]
Cheguei em casa com a garganta doendo, mas imensamente feliz. A primeira coisa que fiz foi deitar no sofá e abrir meu twitter.
"Londres, vocês são demais <3"
Twittei. Logo milhares de respostas apareceram. Respondi algumas. Eu sabia o que me esperava no dia seguinte, era a crítica de Caroline. Mas eu estava pronta.
[...]
- Eu não consigo !! - Disse eu quando o carro morreu de novo. Zayn suspirou.
- Se pensar dessa forma, nunca vai conseguir. - Ele respondeu. Respirei fundo e liguei o carro de novo.
- Foi difícil com você também ? - Perguntei. 
- Enfiei o carro numa árvore porque acelerei achando que ia dar a ré. - Respondeu. Caí na risada e comecei a girar o volante. Parei o carro com perfeição. 
- Parece que minhas histórias vergonhosas te dão forças não é, Devil ? - Perguntou.
- Ha, ha ! - Brinquei. - Bom, se te consola, é o melhor professor que existe.
- O mais bonito também.
- Não se convença... - Dei-lhe um tapinha de brincadeira. Ele riu. 
- Amanhã você vai dirigir até um lugar vazio, onde vai poder correr bastante e vou te ensinar melhor, porque o espaço é melhor. - Disse ele encostando a cabeça no apoio do carro.
- Maior. - Corrigi. - O espaço é maior.
- Quanto maior melhor. Meu inglês está corretíssimo. - Não pude evitar rir. Ele sorriu pra mim e desviei o olhar.
[...]
Cheguei em casa na hora do almoço. 
- Ei ! Alguém em casa ? - Perguntei. Entrei na cozinha e vi Alana com livros espalhados para cada canto da mesa e um prato de comida remexido ao seu lado.
- Já chegou ? - Ela ergueu o olhar relutantemente.
- Céus... Isso é um dejavú. - Disse eu. Ela sorriu.
- Estudou muito quando pequena ?
- Trancada numa sala com professores particulares e livros em todo canto. - Confirmei. 
- Valeu o esforço. - Disse ela. Não respondi. Eu queria ter vivido pra mim, ao invés de ser a máquina criada pelo meu pai. Simplesmente... Era ele que queria aquilo. Alana olhou para mim confusa, tentando entender o porque de eu estar tão quieta. - Tem comida aí.
- Ok. - Dei um sorriso fraco e me servi. Fiquei de pernas cruzadas no sofá enquanto comia. Harry invadiu meus pensamentos, e pensei em como ele beijaria minha mão e mexeria no meu cabelo, enrolando-o entre os dedos enquanto conversava comigo. Ele nunca falava muito sobre si, nunca dizia nada sobre a família... Mas ele fazia com que eu me sentisse especial, como se as coisas que estivessem dando errado fossem servir para algo incrível no final das contas. Ele fazia eu me sentir feliz. Um sorriso bobo brincou comigo e eu terminei de comer. 
Entrei no quarto e coloquei uma calça jeans preta, uma botinha beje com um salto alto e coloquei uma blusa vermelha de alcinha com o desenho de um tigre branco nela. Meu cabelo estava solto e deixei assim, passei um batom marrom avermelhado e delineei os olhos de preto.
- Vai sair ? - Perguntou Alana quando me viu na sala.
- Vou encontrar com Logan. - Respondi.
- Ok. - Disse ela. Saí e comecei a andar na rua perdida em meus pensamentos. Meu pai e sua ligação eram o principal agora. Olhei a placa e vi que estava na rua errada. Xinguei baixinho e refiz o trajeto indo para o estúdio onde Logan gravava. 
- Desculpe, acesso restrito. Não podemos deixar qualquer um entrar. - Disse o segurança. Eu me sentia anã perto dele, ele era forte e careca, com óculos escuros e um aparelho que lembrou um microfone no ouvido. Abri a boca para responder, mas olhando por cima do ombro dele, eu vi Logan.
- Ela não é qualquer uma, Bill. - Logan colocou a mão no ombro do segurança.
- Desculpe, senhor. Eu não tinha a...
- Tudo bem. - Logan sorriu despreocupado como tantas vezes fizera comigo. Um sorriso que indicava que o mundo poderia acabar em segundos, e ele estaria feliz com o que fizera e satisfeito por presenciar a catástrofe, por mais infeliz que ela fosse. - Mas ela é Angie Black, e é minha melhor amiga.
- Sim, senhor. Eu a reconheci. Sua beleza é peculiar, se me permite justificar. Mas as regras são para todos. - Disse Bill, o segurança.
- Claro, mas ela é uma exceção da minha parte, ok ?
- Sim, senhor. Não acontecerá de novo. Tenha um bom dia, senhorita. - O segurança disse a mim.
- Obrigada. - Agradeci ao segurança com um sorriso e sorri mais ainda para Logan, que pegou minha mão e me guiou para dentro. Entramos no camarim dele.
- Vai me contar o que aconteceu com Caroline ? - Perguntou. Olhei para os lados, procurando alguma coisa. A revista era famosa. Achei. Peguei a revista e entreguei a ele. O título com referência a mim estava ali.
- Bom, leia. E não me pergunte nada, porque você me conhece o suficiente. - Disse eu. Logan sorriu torto.
- Depois eu leio. Se você se sente melhor, nós paramos de nos falar. - Disse ele.
- Você gostava dela ? - Perguntei suavemente, um pouco culpada.
- Nem tanto. - Ele deu de ombros. - Chilique demais pra mim.
Eu ri, ele estava sendo sincero. Logan sempre era sincero, era uma das coisas que eu gostava nele. Uma batida na porta nos chamou atenção, e uma mulher colocou a cabeça para dentro.
- Logan, vamos voltar a gravar. Dois minutos. - Disse ela e saiu. Logan suspirou e olhou para mim.
- Venha, vamos conhecer minha mãe postiça. - Ele sorriu e estendeu a mão pra mim. Eu ri e dei-lhe a minha. Logan me guiou até o cenário onde ele gravaria a próxima cena. Três cadeiras brancas tinham nomes, "Logan Lerman", "Anne Wayland", "Michael Heron". Um garoto estava de costas na de "Michael Heron". - Michael !
Assim que Logan chamou, o garoto virou sorrindo.
- Logan ! - Ele então olhou pra mim e sorriu ainda mais, saltando da cadeira, ele veio em nossa direção. - Então, Angie Black, sua amiguinha de infância.
- Pois é. Angie, esse cabeção aqui é o Michael, ele é meu amigo. - Disse Logan.
- Oi ! - Eu sorri.
- Melhor amigo. - Disse Michael. Logan sorriu e concordou. - Ei, chame Anne, não dá pra gravar sem ela. Está no camarim.
- Ok. Vamos lá, Angie. - Disse Logan. Nós nos afastamos, Logan ainda me guiava segurando minha mão.
- Essa "Anne" é sua mãe postiça ? - Perguntei.
- É. - Logan riu. - Ela faz o papel de minha mãe.
Eu sorri e fiz que entendia. "Anne Wayland" dizia na porta com uma estrela. Logan bateu três vezes e chamou a moça.
- Entre ! - Ela respondeu. A voz dela era agradável, doce, suave e calma. Logan abriu a porta. Logan entrou primeiro e só tive visão da moça quando ele me puxou para dentro e fechou a porta. Ela estava sentada de frente para uma penteadeira iluminada em volta do espelho e cheia de escovas e maquiagens. A moça usava um roupão branco aberto, que revelava um vestido preto de lantejoulas brilhante. Ela estava descalça e o cabelo castanho avermelhado estava preso em um elaborado coque de tranças, como se ela fosse sair para uma festa. Assim que a vi, algo acendeu em mim. Ela era familiar. Estranhamente familiar. Ela é uma atriz, sua idiota, pensei comigo. Ao me ver, a moça ficou ligeiramente sem jeito e desconfortável, mas sorriu.
- Anne, essa é Angie, a minha amiga de quem falei. - Logan apresentou. - Angie, essa é Anne. É uma amiga do estúdio.
- É um prazer conhecê-la, Angie. - Disse Anne sorrindo. Ela devia ter uns vinte e sete anos aparentemente, mas era muito bonita. Os olhos eram cinzas azulados, diferentes dos meus, que eram totalmente cinzas.
- O prazer é meu. - Eu sorri.
- Michael está esperando. - Disse Logan. Anne assentiu e se levantou, ela era um pouquinho mais alta que eu se descontasse os saltos. Ela tirou o roupão e sorriu.
- O trabalho chama, vai nos ver em ação, Angie ? - Ela perguntou calmamente.
- Sim. - Eu sorri. - Se não se importar, é claro.
- Será ótimo. - Ela sorriu sinceramente. Eu tinha gostado dela, gostei de Anne a primeira vez que a vi. Nós saímos do camarim e tentei ignorar o fato de que eu tinha percebido Anne me olhando. Quando eles começaram a gravar, vi o talento de cada um deles, eram incríveis. Anne e Logan era excepcionais. Algumas vezes eles erravam, mas davam risada e recomeçavam. Meu celular vibrou no meu bolso.
"Me encontre no parque
Harry
"
Eu bloqueei a tela, e quando Logan fez pausa, eu o avisei.
- Tenho que ir agora. - Disse eu. Ele assentiu um pouco chateado, mas logo sorriu.
- Tudo bem, obrigado por vir hoje. - Disse ele. Eu sorri.
- Estou sempre aqui para você. - Disse eu. Ele deu uma piscadinha e sorriu. Anne estava bebendo água quando Logan foi falar com Michael. Anne era comportada e elegante, mas de forma simples, ela não tinha arrogância. Me aproximei dela. - Eu queria ser talentosa como você.
- Obrigada. Mas você é. - Ela sorriu para mim. - Eu tenho certeza que é.
Depois de remexer na bolsa, ela franziu o cenho. Notei em sua mão, um anel. Um anel de formatura, prateado com uma pedrinha de cristal no meio.
- Angie... Black, não é ? É esse seu sobrenome ?
- É. - Confirmei.
- Mas achei que a família Black não morava aqui em Londres. - Disse ela.
- É, meu pai, meu irmão e eu não moramos aqui. Eu vim pra cá. Sozinha. - Eu não gostava de dizer muito da minha vida.
- E sua mãe...
- Ela morreu. Quando eu era pequena. - Eu engoli o nó que se formou na minha garganta. Sempre acontecia.
- Desculpe. - Disse ela. Balancei a cabeça como se não fosse nada. - Também perdi minha mãe quando era nova.
- Bom, eu tenho que ir. - Disse eu. 
- Claro. - Ela sorriu. - Foi bom conhecer você.
Eu acenei e saí, quando passei pelo segurança, ouvi meu nome e parei.
- Angie. - Era Anne. - Se você quiser, eu sei que não tem carreira de modelo, mas uma amiga minha está precisando de garotas para a seleção dela. E tenho certeza que você seria uma pérola de valor inestimável para ela.
- Eu não sei... Acho que não sirvo para ser modelo. Não sou perfeita como aquelas que aparecem em capas de revistas. - Eu joguei uma mecha do meu cabelo para trás exibindo a cicatriz. 
- Não é nada, maquiagem apaga isso. Mas é só se você quiser. - Disse Anne dando de ombros.
- Seria bom, eu acho. - Eu sorri.
- Ótimo, me ligue quando estiver livre. - Ela estendeu um cartão. Eu o peguei e sorri. Anne me deu um último sorriso e um aceno e voltou para dentro do estúdio. Era um número simples e o número dela embaixo, diferente do comum. Os famosos enfeitavam demais seus cartões. Mais um vestígio da simplicidade de Anne. Eu guardei o cartão no bolso e fui a caminho do parque. Harry estava sentado num banco, ele usava uma camisa branca por baixo de um casaco azul, calça preta e óculos escuros. Não consegui evitar de sorrir ao vê-lo, gesto que ele retribuiu. Me sentei ao seu lado.
- Oi. - Disse eu. Ele riu. - O que foi ?
- Só "oi" ? - Perguntou sorrindo.
- O que você queria que eu fizesse ? Trouxesse um homem segurando balões que te entregasse um cartão de amor e cantasse "More Than Words" ? - Ele fez cara de quem estava magoado com meu comentário, mas eu sabia que era brincadeira.
- Eu gosto dessa música. - Disse ele.
- Eu sei, eu também gosto. - Respondi sorrindo. Harry pegou minha mão e ficou brincando com meus dedos. 
- Onde você estava ?
- Com Logan. - Ele parou de repente e vi seu mandíbula se contrair. - No estúdio. Ele pediu que eu fosse, depois do que houve com Caroline. 
Harry não olhou pra mim. Virei o rosto dele com uma mão.
- Ei. - Disse eu. - Ele é meu amigo, você sabe muito bem disso. 
Ele mordeu o lábio inferior e pegou minha mão que estava no rosto dele.
- Não sabe como eu queria te beijar agora. - Disse ele. Eu sorri.
- Sei. Acredite, eu sei. Mas estamos em público. E aposto que em alguma moita por aí tem um fotógrafo da Caroline. - Disse eu. Ele riu secamente e soltou minha mão.
- Adoro quando me lembra o que eu não quero lembrar. - Disse ele. Dei-lhe um tapinho no braço. Olhei para as crianças ao longe, elas corriam para todo lado brincando de alguma coisa. Suspirei, eu não pude brincar quando tinha essa idade. Harry seguiu meu olhar. - Eu sempre voltava com os joelhos ralados e sangrando.
( N.D.A : Ouça Thinking Out Loud - Ed Sheeran )
- Eu nunca brinquei desse jeito. Só quando meu pai dormia no domingo eu pulava a janela e brincava no campinho, mas ele me seguiu uma vez... Eu nunca mais voltei. - Disse eu. Harry apertou minha mão um pouquinho mais forte, então ele sorriu. - O que foi ?
Ele se levantou e estendeu a mão.
- Vamos brincar. - Disse ele sorrindo. Eu ri com sarcasmo.
- Você não está falando sério, não é ?
- Por que não ? - Ele perguntou ainda com a mão estendida.
- Eu estou de salto alto, Harry. Não posso correr por aí. - Disse eu. Harry se ajoelhou e o olhei com indredulidade. - Harry, levanta, as pessoas estão olhando. 
Ele sorriu para mim, então, com delicadeza, tirou cada sapato de um pé e dobrou a barra da minha calça jeans. Escondi o rosto e espiei pelos espaços dos dedos. Ele riu de mim e se levantou, estendendo a mão novamente.
- Problema resolvido. - Declarou. Eu ri e balancei a cabeça, encarando a mão dele. Estendi a mão, mas parei no ato, repensando o que aconteceria. Caroline podia estar ali, as pessoas podiam pensar coisas de dois idiotas correndo pelo parque. E daí ?, parte de mim pensou. Espantei os pensamentos e agarrei a mão dele. Harry sorriu e me puxou, fazendo-me levantar. Ele pegou meu sapato e me guiou até o meio do campinho do parque. A distância, o rio corria e pessoas alimentavam os peixes dali. O sol não era muito forte, mas estava agradável. Ele soltou meu sapato na grama, tirou o óculos e sorriu com travessura. 
- Está com você ! - Harry soltou minha mão e me tocou no ombro, correndo logo em seguida. Ele quer brincar de pique ?, pensei. Eu ri e corri atrás de Harry, quando encostei nas suas costas, ele virou para mim com o olhar de quem me devoraria ali mesmo. Arregalei os olhos e comecei a correr o mais rápido que conseguia, mas ele me alcançou, segurando meu braço, Harry não conseguiu parar de correr enquanto eu sim. Com ele me abraçando por trás, nós caímos rolando no chão rindo. Harry parou em cima de mim e sorriu me olhando. Mordi o lábio enquanto enrolava meu dedo na sua corrente com pingente de um avião de papel. Harry colocou meu cabelo atrás da orelha, então deitou do meu lado olhando o céu. - Não me diga que nunca olhou as formas das nuvens.
- Não. - Neguei baixinho. Ele olhou para mim com incredulidade enquanto se apoiava no cotovelo.
- Que tipo de infância você teve ?
- Praticamente não tive infância. - Respondi. Ele balançou a cabeça negativamente e caiu contra a grama de novo.
- Vamos... - Ele apontou para uma nuvem. - Aquela parece... ?
- Um coelho. - Respondi. Ele riu e concordou. Apontamos várias e pensei que era divertido. - Aquela ali !
Apontei. Ele não viu.
- Onde ? - Perguntou. Apontei de novo, mas ele ainda não vira. Peguei a mão de Harry e apontei com o dedo dele para a nuvem. - Ah !
Era um coração. Idêntica a um. Nós dois rimos e olhei para ele, enquanto me perdia nos olhos dele, Harry entrelaçou sua mão na minha. Não sei quanto tempo passou, mais sei que entre as palavras que não pronunciamos, muitas palavras de carinho e amor ficaram marcadas no silêncio. Ele levantou e estendeu a mão para mim.
- Está com sede ? Posso buscar água. - Disse ele. Fiz que sim com a cabeça, ele sorriu. - Espere aqui.
Enquanto via sumir, um grupo de garotas se aproximou e pediu autógrafos para ele. Eu sorri vendo como ele era atencioso com os fãs. Então ele capturou meu olhar e disse alguma coisa para as meninas, apontando para mim em seguida. Elas ficaram de queixo caído ao me ver de longe e vieram pulando na minha direção. Harry riu do meu olhar feio para ele. 
- Oh Meu Deus ! É Angie Black !! - Elas exclamaram e me pediram autógrafos e fotos. Depois de toda a euforia, elas se foram e eu deitei na grama, sentindo sol aquecendo minha pele. Até que senti uma sombra. Abri os olhos com dificuldade contra a luz.
- Angie Black. - A pronuncia me assustou um pouco. Sentei no chão e olhei para cima. Um garoto, moreno, de olhos pretos. Ele se sentou a minha frente.
- Sim. - Confirmei sem saber direito o porquê.
- É a namorada de Harry Styles ? - Engoli em seco. Alguma coisa no sorriso dele me dava calafrios, era um sorriso maldoso.
- Não. - Menti. Ele sorriu mais ainda.
- Que pena, eu queria encontrar o cara. - Disse ele. - Mas isso torna as coisas mais fáceis com você, não é ?
Ele tocou minha bochecha, quando eu ia recuar, o golpe veio. Harry empurrou o rapaz para longe de mim, este se levantou enquanto recuava rápido quase caindo com o empurrão. A garrafa de água caía ao meu lado. Me levantei.
- O que está fazendo aqui ? - Harry estava claramente irritado.
- Calma. - O rapaz sorria. - Só estava conversando com a moça.
- Fique longe dela, Mike. - Disse Harry entredentes. - Fique longe de mim e de Angie.
- Mas ela me disse que não era sua...
- Não importa !! = Harry elevou a voz, a veia em seu pescoço se destacava. Os dois da mesma altura, ambos fuzilando um ao outro pelo olhar de puro ódio.  Ele agarrou subitamente a camisa do outro, fazendo com que eu me surpreendesse. Eu sabia que Harry podia machucá-lo seriamente. - Ou eu juro, eu juro por Deus que mato você.
- Então acho que teremos um problema. - Quando Harry ia desferir um soco contra o outro, eu corri até ele e segurei seu braço.
- Harry. - Eu chamei, mas ele me ignorou. Chamei-o de novo com mais doçura. - Harry.
Segurei o rosto dele com as duas mãos, virando-o para mim e fazendo-o soltar o rapaz.
- Por favor, vamos embora, esqueça isso. - Implorei. Aos poucos, ele foi desfazendo a carranca enquanto olhava fundo nos meus olhos. Então, ele desviou o olhar para o rapaz, que assistia quieto a tudo.
- Por causa dela eu não quebrei sua cara aqui mesmo. Não se esqueça do que eu disse, Tom. Fique longe. - Harry segurou minha mão e me puxou. Olhei por cima do ombro, o tal Tom sorriu para mim e deu uma piscadinha. Agarrei meu sapato enquanto voltávamos. Ele não olhou para mim nenhuma vez. Fomos até o carro e ele abriu a porta para mim. Ficamos em silêncio.
- Quem era ele ? - Perguntei.
- Alguém que você não deve confiar. Tom é uma pessoa que não gosta muito de mim, ele anda com pessoas que eu não gosto muito e temos problemas antigos. - Foi tudo o que Harry respondeu. Olhei pela janela, quieta. Ele não queria contar, então deixei quieto, mas eu queria saber mais. Senti a mão de Harry segurar a minha. Olhei para ele, que deu um meio sorriso. - Ele não vai fazer nada de mal com você. Não ousaria.
- Não quero que você se machuque. - Disse eu. Harry riu, como se eu fosse uma criança dizendo que tinha medo de escuro. Ele me beijou e acariciou meu rosto com o polegar.
- Eu não me importo em me machucar, desde que você esteja sã e salva. - Disse ele. Eu não gostei daquilo. Queria que eu sofresse a ele sofrer, mas não respondi. Ele parou o carro na frente do prédio do meu apartamento. - Não sei quando posso te ver de novo.
- Ah... - Eu baixei a cabeça. Harry sorriu tristemente.
- Farei o possível para que seja logo, eu prometo. - Disse ele. Abri a porta do carro, mas ele me puxou e me beijou antes de me deixar sair. Um roçar de lábios e um sorriso foi tudo que tive antes de sair do carro sem ter certeza de quando o veria novamente. 
Assim que saí do ensaio - minhas pernas doíam com o esforço que os músculos faziam -, fui para a porta de casa, onde Zayn estava encostado contra o carro. Ele sorriu quando me viu, abriu a porta do carro, fazendo questão de pegar minha mão e me guiar até o banco. Ele começou a dirigir. Nós fomos dirigindo até uma estrada de terra, onde ele parou.
- O que foi ? - Perguntei. Ele puxou um pano de dentro do porta luvas.
- Feche os olhos. - Pediu. Senti o tecido contra os meus olhos e ri secamente.
- Fala sério. - Disse eu. - Isso é mesmo necessário ?
- Você nem tem noção. - Respondeu ele. Sorri. Zayn abriu a porta do carro e saiu, abrindo a minha e pegando minha mão. - Cuidado.
Ele fechou a porta do carro, era difícil ficar sem enxergar, mas ele me guiava. Senti mato roçar na altura do meu joelho.
- Onde estamos ? - Perguntei. 
- Vai ver. - Foi o que ele respondeu. Suspirei. Logo, não senti mais o mato no meu joelho. O vento jogou meu cabelo para trás. Senti as mãos de Zayn atrás da minha cabeça, soltando o nó. Abri os olhos. Estávamos num campo, que fazia uma descida, com um rio correndo lá em baixo. Olhei para trás, lá tinha uma campina, com o mato mais alto e amarelo queimado, como uma plantação de trigo envelhecida. O vento era fresco e o sol era agradável. Ao longe, árvores faziam sombra perto do rio.
- Não vou passar com o carro por cima disso. - Disse eu. Zayn sorriu.
- Vamos fazer um piquenique. - Ele respondeu. Zayn tirou uma cesta do chão, de olhos fechados, era óbvio que não tinha visto. Ele estendeu a toalha no chão e nos sentamos. Enquanto comíamos, nós conversávamos. Zayn fazia piadas e eu dava boas risadas, mas ele me olhava de um jeito inquietante, como se quisesse algo de mim. Ao longe, vi nuvens cinzas. O vento se tornou ainda mais forte.
- Acho melhor irmos, vai chover. - Disse eu. Começamos a juntas as coisas, o vento jogava o meu cabelo contra o rosto, e eu sentia pingos finos de chuva contra mim. Nós entramos no carro e seguimos para casa em silêncio. Ele gosta de mim, pensei. Então notei o quanto o meu pensamento era ridículo. Não podia ser isso. Eu não aceitava isso. E mesmo que aceitasse, eu não amava Zayn. Não dessa forma. Ele parou na frente do prédio. Eu sorri fracamente. - Obrigada.
Abri a porta do carro e saí antes que ele pudesse dizer alguma coisa. Entrei em casa e Alana não estava. Dei de ombros e sentei no sofá esfregando o rosto nas mãos. Peguei meu celular e o cartão que Anne tinha me dado.
- Alô. - Disse eu.
- Sim ? - A voz suave respondeu.
- Anne, sou eu, Angie. - Disse eu.
- Angie ! Oi ! Como você está ?
- Bem, obrigada. Sobre a proposta que você me fez... - Disse eu.
- Ah, claro ! Na verdade, está livre hoje ? Por mais estranho que pareça, ela vai vir aqui em casa hoje para tomar um chá, seria ótimo se você pudesse vir também. Na verdade, se pudesse chegar em meia hora estava perfeito. - Disse ela.
- Oh, ok. - Disse eu.
- Até mais. ­- Disse ela. O barulhinho da ligação encerrada finalizou nossa conversa, literalmente. Peguei um vestido azul escuro no quarto. Ele era larguinho e na cintura um elástico o prendia e ele descia rodado até os joelhos, era de cetim e o combinei com um salto vermelho. Fiz uma maquiagem simples e saí de casa. Quando cheguei ao endereço que Anne me enviara por SMS, toquei a campainha. Ela apareceu usando uma calça de cintura alta preta e uma camiseta social, o cabelo estava solto e o sorriso brilhante.
- Que bom que veio. - Anne sorria. Eu retribuí o sorriso. - Você está linda.
Não pude evitar a sensação de que ela era realmente familiar a mim. Algo no olhar dela...
- Pois é. - Dei de ombros.
- Entre, venha. - Disse ela. A casa de Anne não era como as outras, era grande, mas de forma simples, como tudo que era ligado a ela. Nós caminhamos até a cozinha, feita no estilo xadrez, preta e branca. Outra moça estava sentada na cadeira próxima a mesa. Ela parecia japonesa, mestiça. Era bonita e me fez lembrar de Kamura. - Mary, essa é Angie Black, a garota que mencionei.
Mary ficou de pé e estendeu a mão, que apertei.
- É tão bonita quanto as fotos mostram, Angie. - Disse ela. - Adoraria trabalhar com você.
Eu sorri e olhei de relance para Anne, que assistia a cena com orgulho e ansiedade misturada com alegria.
[...] Três semanas depois...
Eu sabia que tinha a seção de fotos, mas estava tão cansada... Outra das seções depois da primeira que Anne me levou. O show em Yorkshire tinha me esgotado na noite anterior. E ainda tinha que viajar algumas horas no ônibus para chegar em casa. Alana não tinha ido, Loren era minha cabeleireira e Lany não queria encontrá-la por enquanto. Não insisti no assunto. Contra minha vontade, levantei da cama e como um zumbi, vesti uma calça jeans e coloquei uma blusa de moletom. Com o cabelo solto, não mexi muito com a maquiagem, deixando que eles fizessem trabalho quando eu chegasse lá. Desci as escadas e entrei no táxi, que me levou até o lugar combinado. O segurança me reconheceu e deixou que eu passasse. Pessoas corriam de um lado para o outro, aprontando as coisas. Anne correu até mim e me arrastou para a frente de um espelho, assistindo feliz enquanto os maquiadores e cabeleleiros faziam minha maquiagem e cabelo. No final, fiquei linda. Colocaram roupas em mim e me jogaram na frente do cenário.
- Mais para a direita querida. - Pediram. - Isso, assim está perfeito ! Você está divina ! 
Eles elogiavam enquanto eu mudava as poses, as vezes sorria, as vezes erguia um pouco o queixo e encarava a câmera, outras vezes lançava um olhar "sedutor" por cima do ombro enquanto estava de costas. 
- Chega, Mary ! - Anne pediu. - A garota está esgotada, ela trabalhou até tarde ontem a noite.
Eu quis levantar e abraçar Anne, mas ela me lançou um olhar de entendimento e piscou como minha mãe costumava fazer. Eu sorri.
- Ok, obrigada Angie, está dispensada. Espere a capa desta semana ! - Mary sorriu.
- Capa ? - Me surpreendi. - Não tínhamos combinado isso.
- Mas nós sim. - Ela fez um gesto englobando ela e Anne. Olhei para elas com um ar de acusação, mas estava tão cansada...
- Era uma surpresa, devia estar contente ! - Disse Anne sorrindo. Eu sorri cansada.
- Estou. Você é incrível, Anne. - Eu a abracei, e ela retribuiu meu aperto.
- Vamos, deixo você em casa. - Disse ela.
Assim que cheguei, me joguei na cama e dormi. Mas sonhos me atormentaram... Eu nunca sonhava, descontando os pesadelos da madrugada.
- Mamãe !! - Eu corri e abracei minha mãe. Eu tinha sete anos de novo. Minha mãe ainda tinha aquele belo sorriso... Ela era tão jovem, devia ter casado e engravidado cedo. Ela me pegou no colo e me levou para casa, prometendo-me biscoitos de chocolate. A cena mudou, eu agora tinha oito. Ela me empurrava no balanço, os jeans velhos e sujos de terra por ter mexido nas suas plantas nos fundos de casa. O cabelo estava preso por uma caneta, mas ela ainda estava linda, ela sempre estava linda, mesmo quando não tinha a menor ideia disso. A cena mudou, eu tinha catorze. Um caixão branco fechado estava a minha frente, com uma toalha de renda em cima e rosas vermelhas decorando-o acima de tudo. Eu usava preto e estava ao lado do meu pai. Ele não chorou, mas estava com uma aparencia horrível. Uma lágrimas escorreu pela minha bochecha e eu a limpei, nenhuma outra caiu até que eu chegasse em casa e entrasse no meu quarto. O sonho de repente me mostrou Anne e mudou novamente.
Acordei a meia noite gritando como sempre, meu rosto molhado com lágrimas. Soltei os lençois que apertava no meu sono. Indo até a sala, peguei um albúm de fotos. Eu nunca tive ao certo muitas fotos com a minha mãe em que ela aparecesse completamente. A que eu via agora, só estava sua mão. O anel. Tudo me atingiu de uma vez. Deixei o albúm escorregar ao chão enquanto uma onda de lembranças me atingia. Eu olhava fixamente para um ponto da sala em choque. Não sei quanto tempo se passou até que eu voltasse a mim mesma. Me levantei e peguei o telefone.
- Angie ? - A voz sonolenta de Harry respondeu.
- Venha aqui, por favor venha aqui. - Minha voz era suplicante.
- Você está bem ? Está tudo bem ? - Ele soou desesperado.
- Estou bem, por favor, preciso de você. - Disse eu com mais calma.
- Estou indo. - Ele respondeu. Em cinco minutos, Harry bateu na porta. 
- O que houve ? - Ele perguntou quando abri, então ele franziu o cenho. - Está chorando ?
Lágrimas escorriam mesmo, silenciosas. 
- Angie ? - Alana esfregava os olhos entrando na sala. - O que... Porque você está chorando ?
- Eu não tenho tempo. - Respondi para ela. Peguei uma blusa de frio xadrez e joguei por cima do meu pijama, que era uma blusa preta e um shorts branco. Enfiei os pés num chinelo e puxei Harry. - Vamos.
- Angie ! Pra onde nós vamos ? Por que você me chamou no meio da noite ? Quer me explicar que droga está acontecendo ? - Ele indagou enquanto descíamos as escadas. 
- Pare de me perguntar !! - Respondi subitamente, a voz rouca por causa do choro. O nó em minha garganta só aumentou quando ele respondeu calmamente, eu preferia que ele gritasse.
- Pra onde vamos ? - Eu balancei a cabeça negativamente e disse a ele. Entramos no carro, eu balançava a perna freneticamente e minhas mãos tremiam, Harry segurou minha mão enquanto me olhava com preocupação. Paramos na frente da casa e descemos, toquei a campainha enquanto apertava forte a mão de Harry.
(Ouça: Say Something - A Great Big World ft. Christina Aguilera)
- Angie ? - Anne se enrolava em um robe e tinha o cabelo bagunçado. Entrei na casa sem ser chamada puxando Harry atrás de mim. - Você está bem ?
- Como você fez ?!! - Eu gritei chorando, finalmente soltei a mão de Harry.
- Fiz o que ? - Perguntou Anne confusa. Ódio, confusão e medo explodiam dentro de mim.
- Como fingiu sua morte ?! - Repeti gritando.  
- Eu nunca...
- NÃO MINTA !!!!! Não minta pra mim ! - O meu rosto estava quente e eu soluçava um pouco.
- Angie... - Harry tentou tocar no meu ombro, mas empurrei sua mão bruscamente.
- Sei o que estou dizendo, não se meta nisso. - Eu disse a ele e vi sua expressão endurecer.
- Angie, querida, você está bem ? O que aconteceu ? Eu não sei o que você está tentando dizer...
- Você sabe !! - Exclamei. - Desde a primeira vez que me viu você soube !! Você viu meu colar ! Você ficou pálida... - Minha voz oscilava. - Eu achei que era coisa da minha cabeça... Mas não é. Nunca foi. Como você fez ?!
Anne ficara pálida e vi sua mão apertar mais ainda o robe.
- Angie...
- Olhe nos meus olhos ! Olhe pra mim, e diga que não me conhece !! - Olhei para Anne, que me encarou de volta, uma lágrima escapando por um dos olhos.
- Eu sinto muito... - Disse ela.
- Você sabia o tempo todo e não me disse !! - Eu chorava. - Eu cresci sem uma mãe !! Achei que você tinha morrido !!! Você é minha mãe ? Não é ?! - Silêncio. - Me responda !!!!
- Sou !! - Ela respondeu com dor. - Eu sou.
Os reflexos rápidos de Harry me pegaram antes que eu caísse de joelhos no chão, um buraco parecia se abrir dentro de mim, sugando toda a felicidade que eu havia sentido no dia.
- O que você fez comigo... - Disse eu em meio aos soluços. - Você me deixou sozinha com ele... Eu pensei que nunca mais ia ver você. Pensei que estava morta. Tem ideia da dor que eu senti ?!
- Não foi maior que a minha. - Ela replicou baixo.
- Foi. - Respondi. - É claro que foi !! 
Me soltei de Harry me recompondo.
- O que você fez ? - Perguntei novamente, mais baixo dessa vez.
- Eu fui embora. - Ela respondeu. Foi como levar um soco no estômago. Eu senti meu coração se contraindo. Ela tinha me deixado. Todos aqueles anos, com meu pai... os últimos meses com Marina... Tudo para nada. Ela podia ter estado lá, ela podia. Todas as lágrimas, falsas. O caixão, que nunca tinha sido aberto, que nunca foi provado que tinha algum corpo dentro...
- O caixão sempre esteve vazio. - Disse eu. Senti mais lágrimas caírem do meu queixo para o chão. - Você me abandonou...
Anne também chorava.
- Angie, eu não queria deixar você, eu fui obrigada a sair de lá, e não pude levar você comigo. - Disse ela.
- Você me fez acreditar que estava morta. E depois agiu como se fosse minha amiga, eu confiei em você... Você mentiu pra mim duas vezes. Acreditei em você, confiei em você quando seu nome nem é esse... - Anne não tinha o direito de chorar quando era eu que estava sentindo tudo de novo, como se ela morresse uma segunda vez. Era simplesmente difícil demais acreditar. - Eu te conheci com outro nome... Como minha amiga. Você é minha mãe e não estava comigo quando aquela cobra invadiu minha casa ! Você não estava comigo quando tantas vezes eu chorei por causa do meu pai ! 
Anne fez menção de vir na minha direção e eu recuei.
- Não toque em mim. - Minha voz saiu baixa, mas clara.
- Você não sabe, eu também sofri. Mas você não entende a história, Angie. - Disse ela chorando.
- Você me abandonou !! - Eu gritei. - Depois de tanto tempo... Depois de tudo, você me deixou para trás como se eu não fosse nada.
As mãos de Anne cobriram a boca dela sufocando um soluço.
- Me desculpe... me desculpe. Deixe eu tentar explicar. - Disse ela.
- Não quero ouvir nada !!! - Eu gritei. - Eu te odeio !! Você é pior que ele ! Você é muito pior que ele !!! Eu não quero nada de você !!! Eu te odeio !! Preferia que estivesse morta !!
Senti as mãos de Harry no meu braço quando ele me puxou para trás, guiando-me pela porta da casa. A última visão era de Anne caindo de joelhos no chão chorando.
- Isso é seu. - Eu agarrei o colar do meu pescoço e com um único puxão ele se soltou, e eu o joguei no chão, o cristal brilhando sob a iluminação da casa. Tudo estava embaçado. Ele me colocou no carro e começou a dirigir. Perdida na minha própria dor, fomos em silêncio. A chuva caía forte e ele parou na frente de uma casa. Descemos do carro, ele segurando meu ombro para me manter firme. A chuva nos molhou bastante antes de entrarmos. Harry olhou para mim com preocupação quando entramos na sala. Ele me abraçou e agarrei sua camisa, contorcendo-a entre os dedos com força enquanto chorava e ele me confortava cantando baixinho. Sentamos no sofá comigo ainda agarrada a ele e chorando. Enquanto Harry cantava adormeci. Meio consciente, meio dormindo, senti quando ele me ergueu do chão e me levou no colo para o quarto ainda cantando.


Notas Finais


O que acharam ? Comentem...
Shsuahsua Não me odeiem.. </3


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