História Darkness or Love? - Obsessão

Querida Lucy Miller,

Sei muito bem que não deveria lhe dizer o que vou dizer agora através de uma carta e que o correto seria reunir coragem para falar frente a frente, porém isso não foi possível em Hogwarts por causa de meu temor pela sua rejeição e pelo o meu bom senso. O remorso pela minha incompetência fez com que eu quisesse escrever essa carta agora mesmo. Nesse exato momento estou no trem, Theo deitado no banco ao lado do meu com uma bolsa em cima no rosto e roncando feito um porco enquanto eu vasculho minha mente em busca das palavras corretas para colocar nesta carta.

Minutos antes vi você e Draco em uma das cabines. Vocês estavam abraçados e fiquei imaginando como seria estar no lugar de Draco Malfoy... Todos os dias poderia te beijar, te abraçar ou qualquer outra coisa que seja que inclua você. E isso com certeza aconteceria com muita frequência, pois eu te incluiria em todos os meus planos.

Odeio-me por ter que admitir isso, mas tenho ciúme de Draco Malfoy apenas pelo fato de ele poder tê-la ao seu lado.

Talvez você esteja um pouco confusa, afinal nem eu mesmo entendo o motivo de eu estar lhe enviando essa carta, pois sabe muito bem que eu sou apaixonado por você desde a primeira vez que eu te vi e meus sentimentos por você não serão arrancados tão facilmente.

Espero que compreenda e que continuemos sendo amigos.

P.S: Caso for Draco que está lendo isso, por favor, não me leve a mal, mas eu amo sua namorada.

Blásio Zabini.

Sentei-me na cama e coloquei a carta ao meu lado que escorregou e planou até o chão. O que eu estou fazendo de minha vida? Desde os onze anos quando descobri todo esse mundo e conheci Draco Malfoy fiquei o tempo todo tentando me certificar de que não sentia nada por ele, mas agora que realmente assumo meus sentimentos recebo essa maldita carta. Essa maldita e maravilhosa carta...

Sinto meu coração despedaçado por saber que estou fazendo um cara tão maravilhoso e carinhoso como Blásio sofrer. Eu me sinto a pessoa mais horrível do mundo, mas a questão é: Eu sinto alguma coisa por ele? E será que eu sou feliz com Draco?

Por que as pessoas possuem a virtude de se apaixonar? Isso confunde a cabeça das pessoas de uma forma inexplicável, faz com que mesmo a pessoa mais corajosa e lúcida tenha vontade de chorar, faz com que a pessoa mais sentimental tenha vontade de se trancar no quarto e ficar lá olhando para a parede pelos restos de seus dias até a sua morte. Tudo isso está acontecendo comigo, mas e com as outras pessoas? Elas também se sentem assim ou eu que sou uma garota sentimental e idiota?

 — Você está muito estranha...

Desde que colocamos novamente o pé em Hogwarts Draco fica sempre dizendo a mesma coisa, mas não posso negar que está certo. Aquela carta me abalou muito. Também não pude deixar de notar que Blásio está me ignorando ao máximo. Nossos olhares ás vezes se cruzam, mas são apenas por milésimos de segundos, nada mais.

— É claro que não estou Draco. - Andávamos apressadamente e lado a lado para a Sala Comunal. Daqui alguns minutos teria um jogo entre Grifinória e Sonserina que eu não poderia faltar devido ao meu posto de artilheira.

— Sim, você está muito estranha. É por causa do jogo? Tire isso da cabeça, não existe a menor chance de vocês perderem! O babaca do Weasley não chega nem aos pés de Olívio! – disse ele com um grande sorriso no rosto. O sorriso era assustadoramente lindo... Eu queria poder ler seus pensamentos e poder saber sobre os seus planos mais absurdos e os seus desejos mais sombrios, acho que apenas desse jeito eu poderia entendê-lo e ama-lo um pouco mais... Ou quem sabe odiá-lo, não se sabe sobre as coisas horrendas que passam em sua mente.

— Talvez você certo – falei entrelaçando nossos dedos – Mas não acho que devemos ficar tão seguros em relação à vitória. Odeio ser pessimista, mas é muito raro a Sonserina ganhar da Grifinória. – Entramos na Sala Comunal. Os garotos do time de quadribol já estavam uniformizados e sentados no sofá provavelmente a minha espera. – Vish, tenho que me trocar correndo! Deseje-me sorte.

Dei-lhe um selinho e subi correndo as escadas em direção ao quarto para me trocar.

- - - - -Draco Malfoy - - - - -

Como eu amo essa garota! Toda vez que ela me beija é como se um choque elétrico percorresse todo o meu corpo. É muito bom ter uma garota tão maravilhosa ao meu lado. Observei-a subir as escadas correndo e desviei o olhar para os caras do time de quadribol e fui até eles. Mesmo de longe percebi que eles usavam os broches de coroa que debochavam do Weasley. Isso é ótimo.

— Com certeza vamos ganhar essa – ouvi Montague dizer – Dessa vez nossas chances de perder são relativas às chances que o Harper tem de ficar com a gata da Lucy.

 — Vá se ferrar Montague! – gritou Harper – Você também não tem chance nenhuma!

— Na verdade nenhum de vocês tem – eu disse e todos os olhares foram voltados a mim – O único ser para o qual Lucy tem olhos é para o seu amado namorado que no caso sou eu.

— Mas é claro! Eu jamais furaria o olho de meu amigo – disse Harper sorrindo – Entendeu Montague?

Montague é dois anos mais velho que eu, ou seja, esse é o seu último ano em Hogwarts, mas mesmo assim ele consegue ser mais idiota do que qualquer um daqui.

— Ok... Mas não é minha culpa você ter uma namorada maravilhosa como a Lucy! E não pense que eu estou desconsiderando a Daphne – olha para o Theo – essa princesa também não é de se deixar passar.

— Você está passando dos limites Montague – disse Theo sério, mas percebi que ele não estava irritado, afinal Montague olha para todas as garotas, mas nunca tem iniciativa para fazer algo mais sério, por isso não nos preocupamos muito.

— Pelo menos eu não sou igual ao Blásio que fica mandando cartinha pra namorada dos outros.

Ficamos todos em silêncio e olhamos para Blásio, ele continuava sério e seu rosto não demonstrava nenhum tipo de preocupação. Imediatamente comecei a encaixar os fatos... Blásio sempre teve uma queda pela Lucy, Lucy é minha namorada, Lucy está muito estranha ultimamente. Coincidência? Acho muito difícil.

 — De que carta Montague está falando Blásio?

Perguntei postando-me na frente dele. Ele suspirou e se levantou ficando frente a frente comigo, ele é um pouco mais alto que eu, mas não é o tipo de pessoa do qual você tem que ter medo, ele sempre foi muito calmo e dessa vez não está sendo diferente.

— É muito admirável sua habilidade de dedução Draco, pois pelo visto Lucy não te falou nada sobre a carta que eu mandei a ela no natal. – a calmaria na voz de Blásio começou a me causar raiva, como ele pode me dizer isso com tanta naturalidade?

— O que diabos você escreveu naquela carta? – perguntei tentando ao máximo possível não levantar meu tom de voz, mas isso estava sendo um pouco difícil.

— Não se preocupe, não escrevi nada que poderá comprometer o relacionamento de vocês.

— Não esconda nada de mim Blásio!

Por impulso agarrei o pescoço de Blásio com a mão direita e pressionei meus dedos contra a sua garganta. Sua expressão calma se desfez em desespero. Eu ouvia meus amigos gritando para eu parar, mas eu os ignorava por completo.

— DRACO, LARGA ELE AGORA!

Ouvi uma voz feminina gritar atrás de mim, imediatamente soltei Blásio. Ele levou as mãos no lugar onde eu havia cravado os dedos, podia ouvir rua respiração pesada enquanto tentava recuperar o fôlego. Senti uma mão agarrar meu braço esquerdo e me virar.

— Que diabos você estava fazendo Draco? – perguntou Lucy, ela já estava vestida com o uniforme de quadribol. Sua face estava levemente corada talvez pela raiva que ela devia estar sentindo de mim nesse exato momento, mas eu não estava diferente em relação a ela.

— DELIMITANDO MEU ESPAÇO! COMO VOCÊ PODE ESCONDER AQUELA MALDITA CARTA DE MIM? SOMOS NAMORADOS CARAMBA!

— Não fale comigo nesse tom de voz!

— EU FALO DO JEITO QUE EU QUISER! É POR ISSO QUE VOCÊ ESTÁ TÃO ESTRANHA ULTIMAMENTE NÃO É? VAMOS, ADMITA DE UMA VEZ QUE GOSTA DESSE IDIOTA! SE VOCÊ REALMENTE GOSTASSE E CONFIASSE EM MIM TERIA ME MOSTRADO A PORCARIA DA CARTA!

— Você está obsessivo Draco! Se até agora eu estou contigo é porque realmente gosto de você, mas tenho minhas dúvidas em relação aos seus sentimentos sobre mim, afinal se realmente gostasse de mim como diz que gosta não estaria gritando comigo nesse momento seu... Idiota.

Ela saiu da Sala Comunal pisando duro, seu rosto vermelho de raiva e seus olhos acumulando lágrimas. Partiu-me o coração ver essa cena. Virei-me e vi que Blásio também não estava mais lá e que todos os outros me encaravam com indignação. Abaixei a cabeça e sussurrei para mim mesmo:

— Que merda que acabei de fazer?