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História Darkness (Romance gay) - Capítulo 12


Escrita por: Angelpower58

Capítulo 14 - Capítulo 12


  Lágrimas escorriam pelos meus olhos e uma imensa dor crescia dentro de mim á cada passo que eu dava, minha cabeça doía enquanto tudo caía sobre minha consciência, tudo pesava, e eu estava completamente sem ar, não conseguia respirar.  

  Envergonhado, frustrado, eu me sentia a pessoa mais imbecil do mundo, eu me sentia, horrível, minha cabeça latejava e eu tomava a noção do que havia acabado de fazer, eu havia usado alguém, eu havia usado Daniel para um propósito que certamente não tem nada á ver com ele, e, eu fui um completo insensível, idiota e cruel.

   Como Adrian Darkness.

   Aos poucos tudo vinha tomando forma, eu não o-merecia, desde quando cheguei aqui eu sabia que não o-merecia, sempre fui humano, nunca fui frio e calculista como ele, não me aproveitei dos sentimentos de alguém... Não até agora.

  Minha voz embarga e eu não sei até quando irei conseguir respirar, minha visão está turva e tudo fica borrado, levo minha mão á cabeça na tentativa de tudo isto, tudo ter levado á isso.

   Adrian me manipulou de forma que eu me assemelhe á ele.

  Sento-me no chão e apoio minha cabeça sobre meus joelhos, choro, deixo que as lágrimas caíam e talvez alivie a repulsa que sinto de mim mesmo, eu fiquei tão obcecado em descobrir os segredos dessa família que, não percebi aonde estava entrando, não percebi que ele, Adrian Darkness me fazia pensar que, seus atos e como ele próprio disse em um dos meus delírios, que os resquícios de sua atenção, suas pequenas e insustentáveis formas de dizer que me ama – e eu realmente não sei como ainda digo que ele me ama.

   Nunca nos amamos, nunca tivemos um motivo para amar, eu estava extasiado com sua beleza exterior e suas pequenas ações que, para mim significavam tanto; Isso tudo me levava á apenas um relacionamento tóxico de amor e ódio.

  Meu cérebro parece estar prestes á explodir, engulo em seco e o gosto é amargo desce pela minha garganta, sinto nojo de mim mesmo, mas um nojo ainda maior do que o Adrian me tornou.

   Grito de ódio por mim mesmo e por tudo que aconteceu após eu pôr meus pés nessa maldita mansão, minha vida se transformou num inferno e agora vejo que nada era mentira, cada vez mais eu sinto um ódio maior por ele, principalmente Adrian Darkness, ele foi o veneno que está aos poucos matando-me, ele e sua maldita maldição que, eu posso até sentir pena mas agora, sei que não foi dada á alguém inocente. Eles não são inocentes.

   E agora, eu também não.

– Will? – A voz preocupada me pega de surpresa, mesmo assim continuo cabisbaixo, não tenho coragem. – Will, o que aconteceu?

Minha voz sai rouca e abafada, agora o que quero é me esconder e não aparecer nunca mais.

– Você estava certa, Anna – digo baixo, não tenho certeza de nada e tudo é uma confusão em minha cabeça e eu quero apenas... paz.

  Longe deles.

Ela fica boquiaberta com minha confissão, talvez ela já esperasse que isto fosse acontecer, Anna havia me avisado tantas vezes e eu fui guiado pelas ilusões de um farsa. É triste pensar que, às vezes sofremos por alguém, quando o problema não está em você, mas sim nele; e por mais que tentamos acreditar que estamos certos, nossa mente destroçada pelas manipulações acaba acreditando em suas mentiras e, o amor se torna tóxico.

– Eu... sinto muito. – sussurrou ela triste enquanto sentia seus braços me envolverem num abraço amigo, soluço entre as lágrimas e não consigo parar, é como um vírus expandindo-se por todo o meu corpo. Eu não quero mais viver, não assim.

Sua voz baixa e suave lembra-me quando eu era pequeno e me machucava, então minha mãe vinha me consolar; eu sinto muita saudade, queria voltar á minha antiga vida, sair dessa maldita mansão e viver em paz.

– Não fique assim, Will – aconselhou ela, enquanto acariciava minha cabeça

– A culpa não foi sua. É dele. Adrian Darkness é um demônio.

Arregalo meus olhos, por mais que eu tente não pensar, acabei me envolvendo demais em sua história.

– Não literalmente – ela sorriu fraco, respirei fundo e soltei todo o ar, mesmo assim, ainda sentia um grande peso em minhas costas. – Mas saiba que, eles terão o que merecem, eu sei que sim. Cada ação gera uma reação e o mesmo acontece aqui.

Olho para ela, seus olhos castanhos brilham e chego a pensar se Anna não planeja uma vingança, o seu ódio que, apesar de ter um motivo às vezes parece ser doentio.

– Adrian Darkness irá pagar á cada pessoa ao que maltratou. – sua expressão era focada, objetiva, ela realmente tinha algo em mente. – E seus cúmplices também.

Ficamos ali, sentados no chão enquanto eu tentava me recompor, minha vida iria mudar dali pra frente e eu prometo que Darkness não estará envolvido.

  Após parar de chorar, eu e Anna fomos em direção á cozinha para que eu tomasse um chá e me acalmasse, felizmente deu certo e aos poucos as dores diminuíram.

  Não era á toa, eu estive sendo usado como um brinquedo na mão deles, no entanto, nem Melissa e sequer Isabelle comparam-se ao Adrian, ele fez algo pior quanto um arranhão, fez um corte profundo e que levaria muito tempo para cicatrizar.

  Parte da recuperação envolve cometer erros.

– Eu não sei – suspiro após  bebericar a xícara de chá, Anna está sentada no outro lado da mesa fazendo o mesmo. – Acho que por culpa do Adrian, acabei descontando minha raiva no Daniel.

Ela me fitou ainda tentando compreender o que aconteceu.

– Não que você esteja completamente errado, Will – ressaltou ela tomando mais um gole. – Numa festa cheia de bebidas, você consegue distinguir qual delas foi envenenada?

  Entendi um pouco, eu realmente estava tão perdido que não sabia se o Daniel era bom ou ruim como o Adrian. Apesar de terem o mesmo dna.

– Segundo... – continuou ela pondo a xícara que terminara de beber na lava-louça. – Se Adrian Darkness ficou furioso, ele teve o que mereceu.

  Assenti com a cabeça, foi então que do nada Melissa adentrou a cozinha com uma expressão séria, encolhi-me na cadeira já imaginando o motivo.

– Você é um cafajeste Storment – disse ela vindo em minha direção e inclinando seu corpo sobre a mesa. Seu olhar frio como gelo.

– Um grande e repugnante cafajeste.

– Deixe o Will em paz Melissa – interveio Anna, Melissa no entanto continuou ali olhando-me como se eu fosse um lixo. Eu me sentia como um. – Ele está arrependido.

  A garota soltou uma gargalhada, ria como se Anna tivesse contado a maior piada do mundo.

– Arrependido? De ter transado com meu namorado e usado o meu irmão de criação? – Ela pôs as mãos na cintura dando-lhes uma imagem de poder. – A última coisa que ele deve estar é arrependido. Esse... gay que só veio para causar problemas.

Meu coração disparou e mal pude perceber quando minha resposta escapou.

– Não é minha culpa se seu 'namorado' veio atrás de mim e me seduziu duas vezes antes de você chegar. Não é minha culpa se seu 'namorado' tornou minha vida um inferno. – respiro fundo e finalizo. – Posso ter errado com Daniel, mas o Adrian?

– Não seja um completo imbecil, Will. – sua voz era amarga e dolorosa, no entanto nenhuma lágrima descia. – Adrian nunca iria atrás de você...

– Nunca iria, mas foi. – levantei-me da cadeira, e encarei-a. Sua mão veio em meu rosto e senti arder onde seu tapa havia acertado.

– Cale sua boca! – esbravejou ela em fúria.

– Abra seus olhos Melissa – falei por final, ela fitou-me em silêncio – Adrian não é e nunca será o anjo que você pensa.

Engoli em seco e pus a mão em seu ombro.

– Tenha cuidado, assim como ele me derrubou, pode te derrubar. – completei, ela estava boquiaberta e talvez surpresa, como eu estaria. – Vamos Anna?

Anna assentiu com a cabeça e me acompanhou até a sala de estar, engulo em seco ao ver Daniel, Adrian e Melissa sentados, seus rostos sérios e pensativos. Ao me aproximar seus olhares vieram direto á mim.

– William – A voz de Izzy soava triste e decepcionada. Viro-me e encaro-a nos olhos. – Adrian quer falar algo com você.

Assenti em resposta e esperei ele começar. Estava cabisbaixo, se não soubesse como era, juraria que estivesse chorando.

– Estamos bastante tristes e decepcionados com a pessoa que você nos escondeu todo esse tempo... – reviro os olhos com sua bela atuação, o monstro que viram hoje é uma criação dele. – Sabemos que nosso pai prometeu que, você iria passar este ano conosco e, futuramente subir na vida. E é em respeito ao nosso falecido pai que nós não iremos te expulsar. Apesar de seu ato ser totalmente á favor.

  Anna segurou minha mão, como se enviasse forças que eu realmente não tinha naquele momento. Estava exausto.

– Acho que não só eu, mas você também sabe quem é o real culpado de tudo que está acontecendo. – seu rosto empalideceu e seus músculos ficaram rígidos. Daniel e Izzy ouviam com atenção. – Agradeço a oportunidade que vocês estão me dando, Isabelle. Mas acho que meu lugar não é aqui.

Ela assentiu com a cabeça ainda confusa com minhas suposições.

– Você não irá sair. – a voz do Adrian tornou-se gélida e rígida como as várias vezes que a-ouvi. Daniel acompanhava confuso.

– Se nosso pai prometeu – ele olhou para Izzy – nós iremos cumprir.

  Dei de ombros e pus meu primeiro pé na escada.

– Irei arrumar minhas coisas. – segurei a mão de Anna e subimos para meu quarto.

   Amanhã eu iria voltar para meu lar.

Como eu estava á poucos dias aqui, não tive muito tempo para retirar todas as coisas da mala e agora, isso facilitava. Não que seja um ato de orgulho ou algo parecido com ambição, eu passei por tantas coisas em tão pouco tempo que se eu contasse, ninguém acreditaria.

    Até meu pai.

Sua mente está presa na imagem boa e generosa de seu antigo patrão – Se é que realmente era. Já minha mãe, ela sim acreditaria, não acharia que é drama ou apenas uma desculpa para voltar.

  Alguns lágrimas caem enquanto ponho algumas roupas no lugar de onde não devia ter tirado.  

Anna sabe que isso não está sendo fácil, e fico admirado ao lembrar que tal passou a maior parte de sua vida presa nessa mansão; Meu coração aperta só em pensar em deixá-la aqui.

– Você tem certeza... – antes que ela terminasse a pergunta,  assenti com a cabeça e limpei alguns lágrimas com a costas da mão. – Sentirei saudades.

  Respirei fundo. Após fechar o zíper da mala feita, cruzei os braços e me sentei sobre o colchão novamente.

– Eu também sentirei saudades – Ela fitou-me por um tempo e então fez o mesmo, estávamos no mesmo lugar em que tivemos nossa primeira conversa. – Apesar do pouquíssimo tempo em que passei aqui, você foi a que mais me ajudou...

– Amigos são assim. – Anna esboçou um sorriso gentil. – Estão lá quando você mais precisa.

Sua mão pousou sobre a minha,  encarou-me com suas órbitas castanhas e continuou.

– Sacrificam-se pelas pessoas que valem a pena. – Pisquei, meus olhos já estavam lacrimejando pela milésima vez. – E você Sr. Storment, vale muito a pena.

  Inclinei-me para sua direção e nos abraçamos, suas mechas ruivas agora caíam sobre seus ombros e mostravam agora o quão jovem ela era, e sua cicatriz era a prova do quão batalhadora Anna era, da pessoa boa e guerreira que eu também queria ser. 

   – Ok. Ok. Vamos lá. – Gaguejou ela rindo enquanto limpava as lágrimas com o uniforme. – Como hoje é o seu último dia na mansão, vamos fazer algo á noite.

Um filme com pipoca talvez?

  Decidimos sair. Não queria passar meus últimos momentos naquela mansão, e por sorte, consegui marcar um encontro com Allie para me despedir. Ao anoitecer, fomos de táxi até uma pizzaria bem famosa – Não vou mentir que sempre tive a curiosidade de experimentar, Alisha vivia dizendo o quão a mussarela é deliciosa.

   O caminho não foi demorado, sem falar que demorei um pouco mais do que Anna para me arrumar; Eu usava um casaco preto sobre a camisa de gola pólo branca e uma calça jeans escura, finalizando com meu velho amigo, All-star. Anna também havia optado por uma roupa casual, uma blusa de cetim turquesa e um short preto, seus cabelos ruivos estavam soltos e não parecia com a garota da mansão, era como se tivesse rejuvenescido.    

  Enfim, o carro parou em frente a pizzaria – felizmente era bem longe de florestas, pois fica no centro de Westford. O lugar era bonito, logo na entrada já era possível sentir o aroma e um próximo dali tinha um coreto rodeado de flores silvestres, no entanto o barulho dos carros indo e vindo eram um incomodo, buzinas e o trânsito impedia um momento de silêncio.

    

– Sua amiga vai demorar? – perguntou Anna enquanto entrávamos, por um segundo eu pude me sentir em casa, como nos finais de semana em que saía com meus amigos.

– Acho que não – respondo conferindo se Allie não enviou alguma mensagem. – Ela não é de se atrasar.

Ri ao lembrar do dia em que marcamos uma festa e ela chegou cedo demais pois confundiu os horários.

  Não muito tempo depois, a ruiva adentrou a pizzaria, ela usava uma camisa estampada com uma frase de um livro que ela amava – I'm not your dear. E ao seu lado, um homem loiro abriu um Largo sorriso ao me ver, retribui apesar de me sentir mal pelo que aconteceu. Com ele e o Daniel.

– Will, meu viado preferido. – Allie me abraçou e deixou sua marca de batom em minha bochecha. – Já sabe das novas? Vou participar daquela série investigativa... Merda, eu esqueci o nome...

– CSI? – ri quando ela confirmou sorridente, nunca vi pessoa maratonar séries como Alisha.

– Oi Will... – cumprimentou Thomas sentando bem ao meu lado, Allie cruzou os braços fingindo estar irritada e então juntou-se á Anna.

– Oi Thomas – respondi, ele assentiu com a cabeça deixando-me confuso, o que ele queria dizer?

Anna nos encarou por um tempo e então soltou um risinho.

– Vocês já fizeram o pedido ? –  perguntou Allie procurando ao redor por algum garçom. – estou morta de fome.

Como fui me esquecer, nem os apresentei.

– Anna esse é o Thomas – Ele sussurrou um "Oi Anna" e ela retribuiu com um sorriso gentil. – E esta maluca é Alisha.

Ambas se entreolharam por um momento.

– Já nos conhecemos. – disseram em sincronia. Franzi o cenho confuso, como elas...? – Somos parentes longínquas.

Esclareceu Anna, então deve ser por isso que ambas tem cabelos ruivos...

– Nos conhecemos na ceia de natal de 2015 – Informou Allie chamando o garçom que atendia outra mesa. – Tio Barry bêbado, menstruação falsa, desastre no quatro da minha mãe...

– Aquela ceia foi icônica – riu Anna lembrando-se do dia, é interessante que todas as pessoas na minha vida sejam interligadas.  – O truque da pimenta foi inesquecível.

– Pimenta? – Thomas perguntou confuso. Ele ficava engraçado e fofinho quando estava confuso.

– Allie fez dois pratos na ceia. Em um deles ela colocou quase um pote de pimenta. – Anna ria muito enquanto contava. – Ela deixou ambos na mesa e Rachel, sua tia,  pegou o prato normal e Allie confundiu...

Anna estava quase perdendo a respiração.

– Resumindo, minha cara ficou extremamente vermelha, tomei três copos de água, xinguei os meus familiares e tive uma puta dor de estômago. – Ela fingiu estar arrependida pela tentativa.

– Olho por olho, dente por dente. – riu Thomas entretido com a conversa.

– Foda. – esbravejou ela rindo, senti como se todas as pessoas olhassem para nós. – Quem vai querer anchovas?

   Passamos a maior parte do tempo conversando, Allie e Anna contavam casos de suas vidas enquanto Thomas dizia algo vagamente, ele prefiria ouvir. No entanto, eu estava distante, minha mente pensava em várias coisas ao mesmo tempo, minha volta para casa, despedidas, reação do meu pai – Minha mãe é a única que sabe, liguei para ela logo depois de arrumar as malas e ela já comprou as passagens.

  E em meio á tudo isso, tenho a esperança que algum dia eu possa esquecer o que houve, esquecer os Darkness, esquecer os momentos ruins... Esquecer o Adrian.

   – Alguém mais que coca-cola? – Thomas encheu o seu copo e bebericou, um pouco de espuma formou um bigode.

– Estou satisfeita. – Anna sorriu enquanto Allie pegava mais uma fatia. Deve ser a décima eu acho.

  Não comi muito. Estava pensativo e tinha um bom apetite.

– Eu... tenho que falar uma coisa pra vocês. – Minhas palavras causaram o silêncio de todos, olhei para Anna, sua expressão era suave. – Amanhã eu volto para Rostawn.

Alisha pousou o talher no prato e me encarou boquiaberta, confusa e perdida, e então seu rosto voltou ao normal.

– Eu sabia que havia algo de errado. – suas palavras foram como um tapa, como ela descobriu? Será que ela sabe sobre a maldição? Olho para Anna que também está surpresa.

– Você andava bem estranho nesses últimos dias... 

  Suspirei aliviado, Anna se inclinou-se para trás mais tranquila.

– Sim – confirmou Thomas entrando na conversa – Tipo, ontem as Darkness foram na boate, eu pensei que você viria...

Respiro fundo lembrando-me de onde eu realmente estava.

  Xingo-me em pensamento.

– Eu estava ocupado – Anna tossiu, ela sabe onde eu me encontrava; Adrian. – Quer dizer...

– Não venha com desculpas – Replicou Alisha levando mais uma fatia de pizza a boca. – Daqui a pouco vai dizer que pegou o Adrian Darkness... Will, você não sabe mentir.

  Anna tapou a boca rindo, Thomas fitou-a confuso e então direcionou seus olhos de inspeção sobre mim.

– Minha vida agora virou notícia?  – cruzo os braços fingindo estar zangado, Alisha franziu o cenho... lá vem.

– Você chega em Westford, passa a maior parte do tempo confinado naquela mansão Adams e eu não tenho o direito de reclamar? – Ela pega um guardanapo e limpa o canto de sua boca – Eu sou sua melhor amiga, Will, tenho mais do que direito de reclamar...

– O caso é que você reclama de tudo. – respondo á altura. Ela faz uma bolinha de papel com o guardanapo e joga em minha direção.

– Reclamar é vida. – Riu pegando o batom em sua bolsa – Se não for pra reclamar eu nem saio de casa.

Antes que eu dissesse mais alguma coisa, Thomas se levantou assustado, pálido.

– Allie eu preciso ir agora. – Disse tão  rápido que quase não entendi. – Parece que encontraram o Paul...

Alisha arregalou os olhos preocupada, mas quem era Paul?

– Parece que foi um homicídio. –  Thomas despediu-se e saiu arrasado, Alisha mais ainda, Anna e eu ficamos sem entender nada.

– Encontraram o corpo na floresta, talvez seja o mesmo do outro garoto... 

– Aquele caralho! – xingou furiosa, Alisha se jogou na cadeira abatida. – Como ele foi sair com um cara que mal conhece!

Suas mãos vão ao rosto para esconder as lágrimas.

– Eu... sinto muito, pelo seu amigo. – Tento confortá-la, Anna põe a mão sobre seu ombro e me olha de esguelha.

– Ele saiu na moto com o cara, mas ele estava com um capacete e não deu pra ver o rosto... – Ela cerrou os punhos com raiva de si mesma por não ter impedido.

– E desde ontem ele não apareceu...

Assenti consciente do que havia acontecido, mas porque logo quando estou aqui? Em Westford?

– Você tem certeza que não viu o cara? – perguntou Anna, Alisha balançou a cabeça, confirmando que não.

Pouco tempo depois, Allie se despediu, ela não se sentia bem; Até me ofereci para acompanha-la mas ela se recusou, talvez precisasse de um momento sozinha, ainda não acreditava que seu amigo tivesse morrido. Anna e eu pagamos a conta – Thomas havia deixado o dinheiro na mesa sem que percebessemos, pegamos um táxi e voltamos para a mansão. Não tínhamos muito o que falar, apenas, como é fácil um momento bom ser interrompido por uma notícia ruim.

– Aonde você estava? – fomos questionados poucos segundos depois de entrar, a cópia de Anna cerrou os olhos desconfiada.

– Não te interessa. – A irmã respondeu, Luce arfou irritada mas não insistiu, penso como será a relação entre ambas, depois de tudo que aconteceu anteriormente.

Subi para meu quarto e pouco tempo depois adormeci, estava exausto, e ao lembrar que amanhã eu estaria de volta ao meu lar, tinha esperança de que tudo voltasse ao normal. Normal.

   Olhei de relance para a estante e vi o livro, não me lembro de tê-lo colocado ali mas mesmo assim, quando acordei em meio á madrugada, decidi lê-lo, afinal amanhã eu o-devolveria.

  Terceira folha, os filhos Selene e Alexander foram em busca da cura, contam que apenas não entravam em depressão profunda pois ainda tinha esperanças... Não acredito em nenhuma palavra mais, cada vez que tento ler, uma nuvem se forma em minha mente, e se os Darkness mentiram? E se o Adrian me deu esse diário para me despistar? Se há mais coisas por trás que eles não quiseram contar nesse livro?

  Várias dúvidas chegam só em pensar, chego a me lembrar do que fiz pouco antes,  usar Daniel para conseguir informações? Isto não seria algo que eu faria, isto é algo que o Adrian faria e eu não sou como ele. Não sou.

– Bom dia Will – cumprimentou Isabelle, assustei-me, ela sorriu gentil enquanto abria as cortinas e os raios de sol adentravam o quarto escuro. – Eu queria perguntar se, você poderia me desculpar...

É tão cedo para falar sobre isso, meu objetivo era voltar para minha casa sem dores de cabeça.

– Pelo que exatamente? – pergunto esticando os braços.

Ela enrolou uma de suas mechas no dedo, seu cabelo estava jogado sobre seu ombro e o raios solares mudavam a cor para outra tonalidade, mais clara.

– Adrian. Foi bem idiota da minha parte dizer aquilo, que você e o Adrian... mas... – Ela engoliu em seco e completou – Apesar de você ter feito aquilo com Daniel, sei que você estava confuso, então se você aceitar minhas desculpas...

   Suas palavras eram confusas pra mim, não haviam muito sentido – ou talvez fosse a lentidão depois de acordar.

– Aceito suas desculpas. – Falei por falar, não estava acordado o suficiente para raciocinar algo. Ela sorriu feliz e então se aproximou enquanto eu ia ao banheiro.

– Então quer dizer que você vai ficar aqui? – Neguei com a cabeça,  desanimando-a, se em poucos dias eu fiquei prestes a enlouquecer, não quero pensar o que aconteceria em um ano.

Ela falou algo sobre as vantagens de fazer uma faculdade em Westford ou até mesmo a universidade – que seria ótimo para mim – no entanto sinto que serei mais feliz bem longe daqui. 

Longe do Adrian.

  Izzy fez a gentileza de me ajudar com as malas, tentava me convencer á ficar mas eu estava decidido, não iria mudar de idéia.

  Desço as escadas e sou surpreendido por ele, Adrian estava parado ao lado da porta, usava o conhecido terno e não pude deixar de estremecer quando seus olhos esverdeados focaram em mim, cerro o pulso com raiva, não só dele como também de mim mesmo por ter acreditado em suas mentiras.

Anna logo veio se despedir e me deu um abraço, Isabelle também e então ele me encarou, seu semblante misterioso agora não me atraía, me afastava. Engulo em seco e vou em sua direção, seu perfume ainda é inebriante, tento não respirar muito.

– Aqui está. – Dou-lhes o diário de sua família, ele franziu o cenho, confuso, antes que perguntasse algo, completei – Obrigado por fazer da minha vida um inferno.

Ele hesitou mas não ousou dizer, apenas assentiu com a cabeça e se eu não soubesse bem o fingido que é, desconfiaria que estivesse decepcionada, triste ou até arrasado;

  Hoje não acredito mais.

Virei as costas e sorri para as garotas, atrás delas inclinada sobre a porta da cozinha, Luce observava em silêncio.

– Até mais Anna, Izzy. – ambas sorriram, nem parece que elas já passaram por tudo aquilo, é impossível imaginar.  – tchau Luce. – Ela pressionou os lábios em um quase sorriso, e antes de minha saída, virei-me para ele.

   – Adeus Adrian.

  


Notas Finais


Capítulo de março saiu, felizes? Pois eu sim, apesar dele não ter tido nenhum tiro, foi essencial para a história.  Perguntas serão respondidas,  logo finalmente saberemos o que acontece com a família Darkness e o que Will tem a ver kkkkk Não esqueçam do voto e o comentário 😍😙❤


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