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História Darumasan ga koronda - Quando você fechar os olhos eu estarei lá


Escrita por: MyLittlePsycho

Notas do Autor


Oi pessoal.

Antes de ler a fic peço que leia as notas por que vou explicar algumas coisas:

Não sei por que, mas aqui no brasil rola uma lenda macabra sobre uma tal de "darumasan". E na verdade essa palavra quer dizer boneca ou boneco. (Pelo menos foi isso que minha mãe me falou quando eu era criança kkkk) Eu não sei se essa lenda existe mesmo ou se é invenção brasileira, mas me inspirou pra fazer essa história.

Existe uma brincadeira comum no japão chamada darumasan ga koronda. É como se fosse a brincadeira de estátua. Uma pessoa fica virada de olhos fechados e fala darumasan ga koronda e vira de repente. Todos os outros participantes tem que parar como estátuas, quem se mover perde. E enquanto a pessoa está de olhos fechados os outros participantes vão tentando se aproximar até tocar naquele que está falando, quem conseguir se torna o novo pegador. Eu não sei se expliquei muito bem, mas espero que tenham conseguido entender.

Por que o Taka (one ok rock) veio parar aqui?
Por que eu precisava de um japonês, afinal essa brincadeira é japonesa. Se bem que eu acredito que exista alguma similar na Coreia, mas fiquei com preguiça de pesquisar afinal eu estou escrevendo o que eu sei de cabeça dessa brincadeira. Se tiver algo errado é por isso.

Espero que gostem.

Boa leitura, até breve.

Capítulo 1 - Quando você fechar os olhos eu estarei lá


Fanfic / Fanfiction Darumasan ga koronda - Quando você fechar os olhos eu estarei lá

Taekwoon, Wonsik e Hakyeon estavam brincando no quintal quando o irmão adotivo de Hakyeon chegou da escola.

 

Taka cumprimentou o irmão e os amiguinhos e subiu pra guardar as coisas no quarto. Ele era de nacionalidade japonesa e havia perdido os pais em um terremoto quando tinha apenas seis anos. Foi adotado pelos pais de Hakyeon aos nove. Aprendeu rápido a falar coreano, mas nunca falava sobre o tempo que passou sozinho no abrigo em seu país de origem. Era um garoto um tanto diferente dos outros da sua idade.

 

Hakyeon era dois anos mais novo e ainda estava se acostumando com a presença do irmão que estava vivendo com eles há poucos meses.

Quando Taka desceu ficou observando os garotos jogando bola, mas não quis se juntar a eles. Quando os amigos de Hakyeon foram embora, ele chamou o irmão.

 

-Vou te ensinar uma brincadeira nova N chan.

-Que brincadeira?

-É uma brincadeira comum no Japão. Se chama darumasan ga koronda. Funciona assim, o pegador tem que ficar de costas e de olhos fechados enquanto os outros participantes ficam a uma certa distância. Daí o pegador fala: Darumasan ga koronda e vira. Os outros podem andar em direção ao pegador quando ele está falando, mas assim que ele vira todos tem que virar estátua. Quem se mover perde.

-E se ninguém se mover?

-Então o jogo continua até alguém conseguir tocar no pegador. Quem conseguir ganha e tem que ser o novo pegador. Quer  tentar?

-Tá, mas você fecha os olhos primeiro.

-Ok. Fique ali perto daquela árvore que eu vou começar.

Hakyeon se afastou e esperou.

-Daaaaruuuumaaaaasannnn... gaaaaa... koronda.

Quando se virou Hakyeon já tinha percorrido um longo pedaço. Tentou não se mexer, mas como estava correndo na hora que o irmão virou não conseguiu manter o equilíbrio e caiu.

Taka se aproximou ajudando o menor a se levantar.

-Você perdeu N chan. A melhor estratégia é se aproximar devagar por que você não sabe o momento que a pessoa vai virar e se estiver correndo vai cair igual aconteceu agora.

-Isso não é justo. Você estava falando devagar no começo e então falou rápido de repente.

-Mas é aí que está a graça da brincadeira N chan. Vamos, desmancha esse bico e vai pra onde eu estava que é sua vez de fechar os olhos.

 

Depois de fechar os olhos o menor começou a sentir um pouco de medo daquela brincadeira. Ele sempre teve medo do escuro e agora que ele e o irmão dormiam no mesmo quarto o mais velho sempre apagava a luz o que aumentava ainda mais seu medo.

-Darumasan ga koronda. –Hakyeon falou bem rápido e seu irmão mal tinha dado um passo.

Fechou os olhos mais uma vez e falou um pouco mais devagar quando virou ele estava um pouco mais próximo. Na terceira estava na metade do caminho e na quarta vez que virou estava quase tocando seu ombro. Seu braço estava esticado em sua direção.

Ele encarou o irmão que estava parado como uma estátua, nem mesmo piscava e isso assustava um pouco o menor. Virou e assim que começou a falar sentiu a mão dele tocar seu ombro.

-Você perdeu de novo N chan.

-Eu não quero mais brincar disso.

-Calma, com o tempo você vai ficar bom nessa brincadeira. Quer jogar bola?

-Não. Estou cansado. Por que você não quis jogar quando meus amigos estavam aqui?

-Por que eles não gostam de mim.

-Isso não é verdade.

-É sim. Ninguém gosta de mim de verdade.

-Eu gosto Niichan. -Hakyeon o abraçou e Taka sorriu. –O papai e a mamãe também gostam.

-Obrigado N chan.

 

 

*****************

 

 

Quinze anos depois...

 

-Onde você vai Yeon?

-Estou indo visitar meu irmão. Não quer vir comigo, Wonnie?

-E correr o risco de levar outro soco na cara? Nem pensar. Você também não deveria ir, ele está ficando meio instável.

-Não pense assim dele, Taekwoon. Ele estava nervoso e você com sua teimosia não ajudou. Você sabe que ele ficou muito mal depois que nossos pais morreram. Ele se sente sozinho... Será que não podemos trazê-lo pra morar aqui?

-Ficou doido Hakyeon?

-É só por um tempo, meu amor.

-Você não vai conseguir resolver os problemas dele. Ele precisa é de um médico. Talvez uma internação. Se você o trouxer pra essa casa, é ele entrar por uma porta e eu sair pela outra.

 

 

 

Chegando na antiga casa onde moravam quando eram crianças Hakyeon logo sentiu um forte cheiro de mofo e comida estragada.

-Taka?... Niichan?...

Andou pela casa e encontrou o irmão enrolado nas cobertas fazendo palavras cruzadas.

-O que está fazendo aqui N chan?

-Eu vim te visitar.

-Por quê?

-Por que eu queria te ver, oras. Você comeu alguma coisa hoje?

-Não estou com fome. Vá embora N chan.

-Você que pensa que eu vou deixar você ficar largado aí. Eu vou limpar a casa e fazer o almoço e você vai levantar agora pra tomar um banho caprichado enquanto isso.

-Me deixa. Eu não quero.

-Vamos Niichan levanta. –O moreno puxou o irmão pelo braço e o fez se levantar. O empurrou até o banheiro e fechou a porta.

-Você só sai daí quando tiver tirado toda essa camada de sujeira de semanas. Nem pense em me enganar.

Ouviu o barulho do chuveiro sendo ligado e se afastou. Limpou o quarto e trocou a roupa de cama. Deixou também uma roupa limpa sobre a mesma pra que Taka vestisse depois do banho.

Foi limpando o resto da casa e encontrou restos de comida na sala. Roupas esquecidas provavelmente há semanas dentro dos baldes. A pia estava com uma pilha de louça suja e não havia nada que se pudesse aproveitar na geladeira. Viu de canto quando o irmão saiu do banho indo em direção ao quarto.

Continuou limpando tudo. No fim ligou pra um restaurante encomendando a comida pra almoçarem. Assim que a refeição chegou foi chamar Taka e o encontrou exatamente do mesmo jeito que o tinha visto de manhã.

-Niichan. Vem comer. Eu pedi Yakimeshi e Karaguê.

-Sério? Você ainda lembra da minha comida favorita?

-Claro. Vem antes que esfrie.

 

Os dois comeram juntos e Hakyeon ficou feliz de vê-lo com apetite.

Depois de lavar a louça foi se sentar na cama ao lado do irmão que estava novamente com as palavras cruzadas na mão.

-Você não cansa de fazer isso?

-Não tem nada melhor pra se fazer.

-Claro que tem. Você podia passear um pouco. Pelo menos no jardim, está tão pálido. Não quer ir jogar bola comigo? Relembrar os tempos de infância?

-Nem tem mais nenhuma bola em casa, mas... Você se lembra da minha brincadeira favorita?

-Darumasan ga koronda?

-Essa mesma.

-Pode ser. Contanto que você levante dessa cama.

Caminharam até o jardim. O mato estava alto e havia ervas daninhas pra todo lado, parecia mais um terreno baldio.

-Acho que preciso aparar a grama da próxima vez. -Hakyeon pensou alto.

-A grama não tem importância. Eu fecho os olhos primeiro.

Hakyeon se sentia um tolo fazendo aquela brincadeira de criança, mas não queria contrariar o irmão. Taka tinha uma severa depressão desde adolescente e só piorou quando os pais dos dois morreram em um acidente de trânsito há três meses atrás deixando o filho mais velho sozinho naquela casa enorme.

O mais novo queria trazer o irmão pra morar em seu apartamento, mas além de Taekwoon não querer o próprio Taka não aceitava sair daquele lugar.

 

-Darumasan ga Koronda.

 

O moreno caminhava calmamente na direção do mais velho estava distraído em meio os pensamentos e acabou se movendo.

 

-Você sempre perde nesse jogo N chan. –Taka sorriu. Coisa que não fazia desde a morte dos pais. O moreno se aproximou e abraçou o irmão. –O que foi N chan? Está chorando?

-Me deixa ajudar você Niichan. Vem comigo pra casa. Se você quiser eu mando o Taekwoon embora pra poder cuidar de você.

-Eu não vou sair daqui Hakyeon.

A voz soou mais séria que o normal. O moreno tremeu ao ouvir o irmão chama-lo pelo nome, ele só fazia isso quando estava com raiva. Se afastou e o encarou. Seu olhar estava fixo no vazio.

-Taka? –O mais velho o encarou.

-Você acredita em fantasmas Hakyeon?

-N-Não.

-Eu acredito. Eu os vejo, sabe. Os nossos pais. Eles ainda estão aqui nessa casa e eu não posso deixa-los sozinhos.

-Não fale uma besteira dessas. Eles já estão descansando.

-Eles estão nessa casa. Minha mãe também está, ela me acompanha onde quer que eu vá desde aquele dia do terremoto. Eu falo pra ela ir embora e ela não me escuta. Toda vez que eu fecho os olhos ela se aproxima de mim. Como quando ela brincava comigo.

Hakyeon sentiu um arrepio percorrer sua espinha como se um vento frio soprasse de repente. Institivamente olhou para trás sentindo o coração acelerar.

-O que foi N chan? Parece assustado. Viu um fantasma?

-Não foi nada. Eu acho que vou indo pra casa.

-Espera ainda não terminamos. É sua vez de fechar os olhos lembra?

-Já chega dessa brincadeira.

-Por favor, N chan. Você ficou tanto tempo sem vir aqui. Só mais essa vez.

-Tudo bem, mas depois disso eu realmente preciso ir Niichan.

 

Hakyeon esperou o irmão se afastar e então fechou os olhos. Falou a frase bem rápido. Estava com medo igual a primeira vez que conheceu essa brincadeira. Se sentia meio estúpido, mas tudo ali contribuía pra deixa-lo assustado.

 

Na terceira vez falou a frase bem devagar pra dar tempo do irmão alcança-lo e acabar aquilo de uma vez porém não sentiu a mão em seu ombro. Virou pra trás e não viu Taka em lugar nenhum.

-Niichan?

Procurou pelo quintal e depois entrou na casa.

 

-Taka? Niichan? Onde você está?

 

-Não fique se escondendo isso não tem graça.

 

-Se você não aparecer eu vou embora.

 

Andou nos arredores ainda o procurando. Ligou para o celular, mas o aparelho ainda estava jogado em cima da cama.

 

Ouviu a madeira do piso da sala ranger e correu pro cômodo. Ao chegar pode ver de relance a barra de um Kimono feminino terminando de sair pela porta em direção há cozinha.

 

-Taka? Pare de brincar comigo.

 

Andou devagar ouvindo atentamente. Encontrou uma mulher de costas. Ela vestia um lindo Kimono de seda e tinha longos cabelos negros.

 

-Quem é você?

 

A mulher se virou lentamente e pode notar em seu rosto a semelhança com seu irmão adotivo. Hakyeon sentiu as pernas fraquejarem e o corpo tremer. A mulher de um passo em sua direção e ele desmaiou.

 

 

*** -Ei N chan vamos brincar?

 

-Do que?

 

-Darumasan ga koronda.

 

-Você sabe que eu não gosto dessa brincadeira Niichan.

 

-Por quê não?

 

-Por que eu tenho que ficar de olhos fechados e isso me dá medo.

 

-Deixa de ser medroso é só uma brincadeira, nada de ruim pode acontecer.***

 

 

Hakyeon acordou e olhou ao redor não havia vestígios da mulher e nem do irmão. Ligou pra marido com as mãos trêmulas pedindo que viesse busca-lo.

Já estava escurecendo e os minutos em que aguardava a chegada de Taekwoon pareceram horas.

-O que foi que aconteceu Yeon? Cadê seu irmão?

-Eu não sei. Ele sumiu... e eu vi... o fantasma da mãe dele. Ela estava mesmo aqui e usava um Kimono e...

Enquanto o mais novo falava em meio aos soluços Taekwoon colocou a mão sobre sua testa e pode notar que estava com febre.

-Vem. Yeon, vamos pra casa.

-Mas nós precisamos achar o Niichan.

-Amanhã de manhã nós procuramos por ele. Agora você precisa descansar.

 

Ao chegarem em casa o moreno foi tomar um banho pra relaxar, mas involuntariamente enquanto ensaboava os cabelos e mantinha os olhos fechados pensou na frase: Darumasan ga Koronda. E um vento frio soprou no banheiro.

Abriu os olhos e olhou ao redor. Só podia ser uma corrente de ar que entrou pela porta.

Voltou a fechar os olhos e novamente a frase veio à sua mente. Terminou de lavar os cabelos o mais rápido que conseguiu e evitou olhar fechar os olhos durante o resto do banho.

Quando saiu foi direto se deitar. Dormiu quase imediatamente. Estava sentindo o corpo exausto.

 

Passaram alguns dias. Seu irmão já tinha sido considerado desaparecido e a polícia fazia buscas em toda região. Hakyeon andava uma pilha de nervos. Não conseguiu comer ou dormir direito.

Depois de mais um dia cansativo estava no banho quando novamente pensou no irmão e na velha brincadeira que faziam.

 

“Darumasan ga Koronda”

 

Quase podia escutar a voz do irmão.

 

“Daaruumasan ga koronda”

 

Um arrepio percorreu seu corpo. Queria abrir os olhos, mas eles estavam ardendo devido o shampoo que escorreu do seu cabelo.

“Daaruumaasaann ga koronda”

 

Segurou a cabeça com as mãos tentando parar de pensar nessa frase. Essa maldita frase.

 

“Daaruumaasaann gaa...”

 

De repente sentiu uma mão gelada em seu ombro. Virou-se gritando e tentando se afastar e caiu pra trás batendo as costas e a cabeça na parede.

 

Taekwoon arrombou a porta do banheiro e encontrou Hakyeon encolhido no chão abraçado ao próprio corpo chorando aos soluços.

 

-Hakyeon? O que aconteceu? Você está sangrando.

 

Havia um pequeno corte na cabeça do menor no local onde ele bateu contra a parede.

 

Taekwoon desligou o chuveiro e pegou uma toalha envolvendo o corpo do moreno o ajudando a se levantar.

 

-Fale comigo. Olhe pra mim Hakyeon.

 

-Ele estava aqui.

 

-Ele quem?

 

-O Niichan, ele estava aqui.

 

Ajudou o marido a se secar e se vestir. Observou o corte e viu que era bem superficial. Apenas limpou com algodão e passou um antisséptico.

 E então deitou com ele na cama. Podia sentir Hakyeon tremendo em seus braços.

 

-Tente dormir Yeon.

 

-Você não acredita em mim não é?

 

-Você está muito cansado e preocupado com ele. Logo vamos encontra-lo e tudo isso vai passar.

 

-Não vamos mais encontra-lo com vida. Ele veio atrás de mim Taekwoon.

 

Naquela mesma noite receberam a ligação da polícia dizendo que encontraram o corpo de Takahiro pendurado em uma árvore enforcado. Ele tinha feito isso há poucas horas atrás.

 

-Eu falei que era ele Taekwoon.

 

-Isso só pode ser uma coincidência.

 

-Não. Eu nunca mais quero fechar os olhos.


Notas Finais


E quando você estiver tomando banho hoje e fechar os olhos não pense na frase "Darumasan ga Koronda" afinal se um espírito que conhece esse brincadeira ouvir, ele vai se aproximar de você cada vez que você fechar os olhos.

Sim eu sei. Eu sou má. kkkkk


É brincadeira. Tudo isso não passa de uma ficção, ok?

Me falem o que acharam dessa fic. Será que deu pra dar um medinho?
Eu curto bastante esse tipo de "lenda urbana". O japão tem várias histórias de fantasmas. Tenho vontade de escrever sobre a floresta do suicídio. O que vcs acham?

Vejo vcs na próxima.
Bjs <3 <3 <3


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