Descemos do vaso cuidadosamente, mas mesmo assim em mim deu câimbra, quase gritei, mas me segurei, vai saber se tem segurança aqui ainda?
- Vamos? – perguntou John, louco pra sair dali. Era engraçado imaginar a cara dele diante dos assuntos das mulheres que entravam aqui.
- Vamos.. – dissemos eu e Lucy. Ta na hora da ação...
Saimos do banheiro em silêncio, pisávamos com cuidado para não fazer barulho, vai que tem seguranças aqui?
Olhei para o corredor, verificando se não havia câmeras de segurança. Havia uma, o problema era como íamos desliga-la sem sermos vistos.
- Sem problemas – disse Lucy.
De dentro de sua mochila, ela tirou, o que parecia, uma madeira dobrada no meio, mas assim que ela abriu, aquilo virou um arco magnífico. Ele era todo entalhado com detalhes em ouro e sua madeira, pelo que vi, muito resistente.
Pelo que eu me lembrava, Lucy não tinha um arco.
- Onde arranjou isso? – perguntou John, lendo meus pensamentos.
- Presente do papai – respondeu.
Só agora me lembrei que Lucy era filha de uma semideusa, filha de Apolo, então ela conseguiu ter o dom do arco e flecha, só espero que do canto e da poesia também, minha voz já é ruim o bastante, não preciso de uma amiga com a voz pior ainda..
A mira de Lucy era incrível, a flecha acertou em cheio a câmera, fazendo pedaços se espalharem por todo o lugar.
Olhei novamente o corredor para se certificar que não havia mais nenhuma e continuamos, mas antes Lucy pegou sua flecha de volta, segundo ela, aquilo era preciso.
O problema vinha agora, no grande salão, onde havia câmeras por todos os lugares. Me virei para Lucy.
- Consegue acertar todas?
- Acho que sim – falou ela olhando. Contei um total de 20 câmeras e Lucy tinha 20 flechas, se ela errasse uma: fudeu...
Lucy havia acetado as19 câmeras, faltava apenas uma (avá!), mas claro, como vida de semideus nunca é fácil, ela conseguiu errar a mais fácil das câmeras.
- Desculpe – falou ela.
Não disse nada, apenas tirei meus tênis e taquei na maldita câmera, que quebrou na hora.
- Resolvido... – disse me levantando e indo pegar meu tênis de volta. Eu tava com um chulézinho, hein...
Agora chegou a hora mais difícil: voar.
Caminhamos até o centro, na frente do relógio, fechei meus olhos e tentei sentir a corrente de ar que corria pela Estação, o que, graças aos Deuses não foi difícil. Tentei fazer com que elas ficassem em baixo de meus pés e ao meu redor e fui me levantando aos poucos, o frio na barriga começou a aparecer, mas deixa eu dizer uma coisa para vocês novamente: eu morro de medo de altura.
Esse pensamento fez com que um dos que eu concentrava o ar para não cair, se decepasse, fazendo com que eu caísse.
Abri meus olhos rapidamente e me concentrei, voltando novamente a flutuar.
Aos pouco fui me acostumando com a altura e consegui chegar na bandeira, Lucy roía as unhas de nervosismo e John, bom, eu não sabia o que John estava fazendo.
Faltava pouco para mim conseguir pegar o vidrinho, o ruim é que ele não estava em um ligar estratégico, então qualquer coisinha ele caia, ainda não sei como ela não caiu antes.
Subi mais um pouco, encostando a ponta de meus dedos no vidrinho negro, mas assim que fui envolver meus dedos, o vidrinho caiu. Meu coração começou a bater muito rápido, quase não deu tempo de fazer alguma coisa, mas consegui me concentrar, pegando um corrente de ar, fazendo com que o frasco ficasse a alguns centímetros do chão.
John correu para pegar o vidrinho, e eu quase o xinguei por se importar mais com o vidrinho do que comigo, mas dai me lembrei que se não fosse por aquele vidrinho ele morreria.
A menos de um metro do chão, a tonta, anta, estúpida e idiota, vulgo eu, esqueci de controlar as correntes, achando que elas ficariam ao redor de mim, fazendo com que eu caísse de bunda no chão. Tinha certeza que tinha quebrado o ossinho da bunda.
Me atirei no chão de uma vez e logo dois pares de olhos entraram em minha visão.
- Você está bem? – perguntou John
- Sim, só quebrei minha bunda – respondi.
- Viu? – disse Lucy – Se tua bunda fosse dura ela tinha diminuído o impacto da tua queda – apenas mandei o dedo do meio. Idiota...
Levantei e arrumei minha roupa, que só para constar estava toda suja e rasgada.
- Vamos logo sair daqui, não quero ser pega por nenhum segurança.. – disse, mas o problema era como? Olhei para o relógio e marcava 1h30, pelo que eu sabia a Estação abria as 5h, então era só esperar até umas 6h, e sair do banheiro.
Falei isso para Lucy e John, que aceitaram, mesmo John não querendo voltar para o banheiro feminino.
Voltamos em silêncio para o banheiro, só que desta vez sentamos direito no vaso (claro que com a tampa fechada).
Apesar de ter desmaiado, eu estava morta de sono, eu piscava, mas acordava quando minha cabeça estava a caindo, até que não aguentei mais e dormi.
Meus sonhos eram confusos, primeiro eu estava em um lugar e no segundo seguinte no outro, não conseguia distinguir as formas e paisagens que se formavam.
Acordei com um estouro e não, não estávamos sendo atacados e nem outra coisa parecia, era apenas eu caída no chão, Lucy ficou de pé em seu vaso e colocou a cabeça pra dentro do meu box.
- Ta tudo bem? – perguntou ela, mas sabia que queria rir.
Mas vá a merda também.
Me levantei.
- Sabe que horas são? – perguntei
- Não, mas já tem movimento, acho que podemos sair – falou ela.
Percebi que John não havia falado nada, devia estar dormindo.
Olhei para Lucy que compreendeu o que eu queria fazer, dando um sorriso malicioso (não do jeito que vocês estão pensando, mas sim o outro).
É John, ninguém manda dormir enquanto duas garotas estão acordadas.
Continua...
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