História Daughter of Artemis - Caronte

Peguei minha linda cimitarra, coitada, vai sofrer hoje, e que a diversão comesse minha gente! Ou não.., é, acho que não, é mais provável que eu morra do que me divirta aqui.

Andei para mais perto da parede e comecei a bater a espada na parede, o barulho não era um dos mais chamativos e barulhentos, mas a atenção dos leucrotas ele pelo menos chamou.

Como havia percebido antes, os leucrotas não conseguiam virar a sua cabeça para trás, então, tiveram que se virar totalmente para mim, dando uma chance para John escapar, assim como foi feito.

Assim que ele estava ao lado de Lucy, ela tocou os potinhos com fogo grego na direção dos leucrotas.

Uma nuvem verde se formou ali dentro, fechei meus olhos e meu nariz, não sabia se ela queimava assim ou não, mas não custa se prevenir.

Assim que abri os olhos novamente, vi montes de pó para todos os lados, achei que estávamos a salvo, que podíamos continuar a caminhar e entrar no Mundo Inferior, mas claro que um vagabundo, idiota, filho de uma égua, tinha que escapar das explosões de fogo grego. Agora o problema era que não tinha mais fogo grego e eu estava muito fraca para conseguir ‘criar’ mais um potinho desses.

O leucrotas ainda estava meio zonzo, então fiz a primeira coisa que me veio a cabeça (e desta vez não foi uma coisa idiota). Ergui minha mão e imaginei uma coisa que não seria quebrada nem pelo leucrotas e logo em seguida uma forma de ‘grade’ se formou ao redor do último leucrota.

Aquilo havia tomado mais de minha energia do que eu imaginava, um sono imenso me atingiu e a última coisa de que me lembro é de ter adormecido no chão. (N/A: Bonnie dando uma de Jason... kkk)

POV JOHN

Fui até Bonnie, o mais rápido que eu conseguia, ela estava bem, só precisava repor as energias e um pouco de néctar.

O que ninguém sabia é que durante o sono que eu e Bonnie tiramos juntos, a maldição se espalhou ainda mais, ela havia ido para toda a minha barriga e também para o meu ombro que até agora estava livre, era difícil manusear a espada e mais difícil ainda respirar.

Precisávamos o mais rápido possível ir até o meu pai antes que eu morra, mas não podia deixar Bonnie ali, Lucy não iria conseguir carregar ela.

Me abaixei, deixando a dor de lado e peguei Bonnie em meus braços.

- Vamos, não aguento tanto tempo.. – murmurei para Lucy que entendeu.

Seguimos para outra entrada (que eu acho que devia ter uma porta), passamos por um corredor sem luz alguma e saímos em uma espécie de caverna, havia cadáveres para todos os lados, ossos estavam em todos os lugares e formavam um tapetes sob os pés. Aquilo tudo não me assustava, mas parecia que com Lucy era o contrário, de alguma maneira ela se agarrou em mim e parecia que não ia soltar nunca mais.

Andei mais para frente, até que avistei o cara das caronas: Caronte. Ele parecia um esqueleto vivo, seu corpo não havia mais nada, musculo, carne, nada, apenas osso e pele. Seus olhos não estavam ali, apenas o negro infinito, tufos de cabelo pendiam de sua cabeça e ele usava uma toga preta que era dez vezes o seu tamanho.

Me lembrei que da primeira vez que eu tive aqui, tivemos que pagar, porque eu era ‘vivo’.

Olhei para Lucy, que ainda estava grudada em mim.

- Você tem dracmas? – perguntei a ela.

- Ahn... – ela pareceu voltar de um transe e se soltou de meu braço, abrindo sua mochila e procurando as dracmas que havia ali – Só tenho cinco.. – falou ela com cinco moedas douradas na mão.

- Acho que chega... – disse.

Fui até Caronte, que nem se quer prestou atenção em mim, não sabia o que falar, então falei o básico.

- Será que o senhor pode nos levar até o palácio de meu pai? – perguntei, mas sua cabeça e nem seu corpo se mexeu em resposta, só depois de um minuto (sim eu estava contando, problem?) que sua boca mexeu.

- Não levo pessoas vivas, morram e depois voltem. – disse ele.

- E por cinco dracmas? – falei estendendo a mão com as cinco moedas e ele deu um leve aceno com a cabeça. Achei que seria mais difícil.

Chamei por Lucy e entramos dentro de uma canoa. Ela parecia ser dos tempos dos titãs, suas tábuas estavam totalmente quebradas e não havia mais nada que prendesse uma na outra, o que me deu um certo receio de sentar ali, mas entrei, era o único jeito de chegar até Hades.

Caronte começou a remar, se é que podemos dizer isso, já que ele estava remando o nada.

Um outro buraco na parede fez com que nós saíssemos da caverna e também com que eu prendesse a respiração, pude sentir Lucy se aproximar mais de mim, enquanto Bonnie ainda dormia tranquilamente em meu colo.

Uma enorme ‘coisa’ se abria abaixo da canoa, flutuávamos no nada, mas mesmo sendo filho de Hades, aquilo não era nada animador.

Havia almas gritando por todos os lados, o ar era abafado, fazendo com que ficasse ainda pior respirar, coisas esquisitas saiam por todos os lados e algumas sombras batiam nas almas condenadas.

A única coisa ‘bonita’ ali em baixo era o Elísio, que ficava distante de tudo aquilo, um lugar alegre, onde almas boas se encontravam uma com as outras e viviam felizes após a morte.

Andamos/flutuamos por mais alguns minutos, até que Caronte parou na frente do castelo mais assustador de todos. O castelo era totalmente negro, correntes caiam, como se algum dia alguém tivesse sido acorrentado ali e ficasse até se decompor totalmente. Havia torres tão altas que eu não conseguia ver o final delas, igualmente negras, não sabia como Nico conseguia morar ali, ainda mais com nossa madrasta junto. Aquela mulher já havia me feito sofrer, e muito.

Senti Bonnie se mover em meus braços e abrir seus olhos.

- Está bem? – perguntei assim que descemos da canoa e paramos na frente da enorme porta.

- Sim.. – disse ela, mas sabia que ainda estava fraca.

A coloquei no chão com cuidado e Lucy deu um pouco de néctar e ambrosia para ela, que melhorou quase instantaneamente.

Olhei para aquela ‘muralha’, que chamavam de porta, estava na hora de reencontrar meu querido pai, e se tudo desse certo, começar a viver decentemente, mas se tudo desse errado, bom, eu morreria e não iria faltar muito tempo para eu irar uma completa estátua.

Continua...