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História De calor e um copo de café - Itsumademo


Escrita por: bleedingrainbow

Notas do Autor


Oi, amoras. Resolvi oferecer uma bela quantidade de smut (me rendi, pois é. Fazer o quê) e muito fluff. Demorou um pouco mais pela quantidade de detalhes e de palavras. Espero que curtam. 

Obrigada por acompanharem, bbs ♥

Capítulo 18 - Itsumademo


Histórias de amor são feitas de confissões e obstáculos

A luz que brilhou no quarto de hotel dos recém casados não era a principal: eram luzes amareladas vindas das laterais do espaçoso ambiente, contra a parede, criando uma confortável penumbra. Tirando o cachecol, Izuku entrou com sua mala em uma mão, sorrindo muito, e, no meio do cômodo, girou nos calcanhares, observando tudo.

“Uau, Shouto, que lindo!”

Deixou a mala e o casaco na cama, olhando ao redor encantado com o lugar para o qual Shouto os trouxera para lua de mel. Era tudo muito aconchegante em seus tons de vinho e bege, mais do que chique ou elegante, mas a extravagância esperada de uma viagem como aquela se via em detalhes, como a lareira de controle remoto e a grande banheira quadrada com estrutura de mármore claro, ainda dentro do quarto, com vista ampla para as montanhas com neve.

Toda a vista era neve, naquela noite, para ser mais preciso. Shouto tirava o casaco e reparava no cintilar dos minúsculos flocos que pontilhavam os cachos do cabelo escuro de seu marido enquanto ele se jogava no sofá com o controle remoto geral do quarto.

“Fico feliz que você gostou.” Shouto deixou sua mala sobre a cama para abri-la.

“Gostar? Eu amei! Olha isso!”

Ele ligou a lareira com apenas o apertar de um botão, chamas se erguendo com um brilho iridescente.

Shouto debruçou-se detrás do sofá, beijando o rosto de Izuku e envolvendo seus ombros com os braços. Izuku aconchegou-se dentro do abraço. Instintivamente, sem olhar, sua mão esquerda procurou a dele e segurou-a, quente, contra seu esterno, sentindo as alianças em seus dedos pressionarem uma na outra. Marido.

Distraiu-se olhando para a lareira à frente deles, sem pensar em nada exatamente, apenas no quanto estava feliz. Havia apenas as respirações ainda profundas dos dois e o crepitar baixo vindo das chamas que serpenteavam em um brilho cálido à frente deles. O tremeluzir criava sombras hesitantes contrapondo o brilho alaranjado. Mente enevoada e coração derramando, tudo aquilo o abraçava, inebriante. Piscou devagar, rendendo-se, aconchegado, ao torpor inebriante que o permeava pelas luzes hipnotizantes e o calor.

“Eu poderia passar horas aqui só observando, sabia?”

A voz profunda de Shouto ronronou perto do ouvido de Izuku, que, languidamente, respondeu, também em um murmúrio.

“Eu adoro assistir, também. As chamas são tão lindas. Fogo é sempre tão poderoso e encantador-”

Nisso, Shouto ergueu a mão do peito de Izuku para seu rosto, o toque gentilmente sugerindo que se virasse e se encarassem. Os olhos verdes tinham o brilho que já lhe eram particulares, e, ali, resplandeciam à meia-luz.

“Poderoso e encantador, sim. Mas eu não estou falando do fogo.”

Izuku sorriu, sentindo seu rosto esquentar, e, também, não era por causa do fogo. As mãos dele emolduraram o rosto de Shouto antes de deslizarem para sua nuca e puxarem-no, firme, em um beijo. Nisso, levantou-se, ajoelhando-se no sofá, e acariciou o torso de Shouto até o seu abdome, mãos se insinuando pra barra de seu blusão de lã, erguendo-a para tirar a peça e dobrando-a com cuidado.

“Vamos estrear essa banheira?” Disse então, ficando de pé, sorrindo e tirando sua própria blusa, deixando-a sobre o sofá, desabotoando a camisa sob ela.

Assistiu Izuku atravessar o quarto, falando sobre a viagem, sobre a noite de núpcias deles, sobre o quarto mais um pouco, parando ao lado da banheira e ligando a água. Ele tirava a roupa devagar, o som da água apenas, um tanto distraído. Pela janela, através das cortinas abertas, apenas as montanhas com neve, e ele sabia ser um daqueles um desses um vulcão adormecido. Havia algo naquilo que o lembrava de Shouto. Impassível, como se dormente, mas com uma intensidade latente que poderia avassalar tudo ao seu redor se se derramasse.

“Eu fui pegar isso aqui, acho que podemos usar.” A voz de Shouto atrás de si interrompeu seus pensamentos. Virou-se para olhar o que ele havia trazido. Era um óleo de banho, que ele deixou sobre o mármore da banheira. Não qualquer óleo, contudo - um que usavam justamente como lubrificante.

Trouxera aquilo já de casa. Ele sempre pensava em tudo.

Seguiu-se então um toque quente entre suas escápulas, as costas de dois dedos de Shouto sentindo todo o relevo da pele de Izuku até o final da coluna. Este sentiu um arrepio tomar seu corpo com o toque, pálpebras trepidando fechadas por um momento, e deu uma risadinha.

“Pensando longe?” Shouto acrescentou, interrompendo o toque, tirando a camisa e a dobrando para deixar de lado.

“Um pouco.” Ele fechou os olhos e sorriu adoravelmente. Então gesticulou para Shouto que entrasse na banheira ao que ele o fazia, em seguida se abaixando para se sentar nela, imergindo em água quente com um suspiro de prazer. Ele esticou os braços ao longo da beirada da banheira e esperou, deparando-se com a bela imagem de enquanto seu marido lentamente desabotoando as próprias calças.

“É uma bela vista daqui”, disse então.

“Realmente,” Shouto aquiesceu, olhando adiante, “a neve forma uma linda camada brilhante sobre as montanhas e a lua dá a ela um brilho prateado. O quarto tem mesmo uma vista privilegiada, como eu pedi”, dizia ele, sério, enquanto lentamente tirava as calças, dobrando-as sem prestar atenção demais no que fazia, deixando-a de lado.

Izuku suspirou, uma risadinha seguida de um sorrisinho torto.

“Não estou falando da neve.”

A expressão de surpresa de Shouto divertiu Izuku, em especial ao usar o mesmo tom que ele, ao que ele congelou por um momento e olhou para baixo suavemente constrangido, coçando a nuca. Todavia, quando os olhos encararam Izuku mais uma vez, sob sobrancelhas, a mão acariciou seu próprio pescoço e deslizou para sua clavícula e então seu peito.

“Você gosta?”

Izuku respirou profundamente, sempre incapaz de disfarçar seus sentimentos ou brincar de indiferença. Mordeu o lábio. Não iria se acostumar com o quão lindo aquele homem era, e que o desejava tanto quanto ele o faria. Aprendera a aceitar o fato, conseguia entender e sentir - mas era sempre grato por isso, não se acostumava.

“M-Muito.”

Quase riu. Tinha acabado de gaguejar, aparentemente. Já estavam juntos há todo aquele tempo, já se viram sem roupas inúmeras vezes, e ele gaguejava quando Shouto o seduzia. Ele era irreparável, com certeza, mas ficou boquiaberto demais em seguida para qualquer coisa que não fosse admirar. As mãos de Shouto escorregaram por seu torso até que ele tirasse a última peça de roupa de seu corpo, de tecido rubro que reverberava na pele clara. Deixou aquilo de lado, jogando sobre a cama sem prestar atenção. A expressão de Izuku era imutável, presa em um semblante estático ao que ele andou até a banheira e inclinou-se, recostando-se na beirada, encarando Izuku.

“Não foi muito excitante, hm?”

“Quê?” Izuku chacoalhou a cabeça como se para afastar seu próprio estarrecimento. “Bem o contrário. Eu fiquei sem conseguir reagir aqui. Mas outras partes de mim reagiram bem…” Ele olhou para baixo, para sua própria virilha, mas deu de ombros.

Shouto sentou-se no mármore, passando as pernas para dentro, mas seguiu sentado na beirada, como se ainda esperasse algo. A água lhe molhava apenas até a canela.

“Você parece meio distraído. Está tudo bem?”

Izuku empurrou-se na banheira, deslizando para mais próximo de seu marido. Pensou em responder de pronto, mas primeiro pousou as mãos em seus joelhos e afastou-os, posicionando-se entre eles. Aproximou-se e pressionou os lábios em seu peito.

“Está tudo maravilhoso. Eu só…” Ajoelhado, envolveu os braços em torno do torso de Shouto e bufou para si mesmo. “...ah, é meio bobo.”

“Não é bobo se está te incomodando.” Shouto afagou o cabelo escuro, ainda preocupado.

“Não está me incomodando.” Izuku primeiro enfiou o rosto no peito dele como se se escondesse, depois ergueu o olhar para ele. “Eu só estou pensando longe porque você… nós estamos casados agora! Eu ainda estou emocionado e meio bobo! Mas eu já chorei no nosso casamento, já chorei na nossa noite de núpcias, não vou chorar mais agora na nossa lua de mel!” Ele deu uma risada, apoiando a lateral de seu rosto ali sobre o esterno, o rosto próximo tão obviamente feliz - radiante. “É engraçado, sabe? Porque nós sempre moramos juntos, nossa vida foi sempre tão bagunçada, mas você estava lá, todo dia, me fazendo café da manhã e me dando boa noite. Fez isso tudo valer a pena.”

“Eu fiz valer a pena.” Shouto murmurou, repetindo, e em seus próprios lábios fazia ainda menos sentido do que ouvi-lo dizer.

“Aham!” Izuku pressionou um beijo na altura de seu coração, e deixou sua boca ali pelo tempo de um longo suspiro. “Daí, assim que nós conseguimos um pouco mais de estabilidade, você me pediu em casamento, você fez questão de gastar todo esse dinheiro pra gente ter essa lembrança especial. Pra eu te chamar de marido, me deu festa e tudo!”

Ele ergueu a mão esquerda para mostrar a aliança, e então com ela acariciou o rosto de seu, como podia chamar, marido. Este inclinou a cabeça de encontro ao toque, piscando lentamente e suspirando ainda mais.

Izuku tinha decidido advogar para os necessitados, então ganhava pouco, porque quase nunca sequer cobrava; não demorou para que Shouto começasse a ganhar mais do que ele, mesmo depois de, pela segunda vez, começar do zero - ou de abaixo de zero, porque tinha chegado muito mais fundo do que o fundo do poço. Usou todos seus talentos para trabalhar em tudo onde fosse possível ganhar melhor. Logo era dono de sua própria cafeteria, e de mais uma em mais alguns anos.

Só que isso tudo jamais teria sido possível se Izuku não tivesse, mesmo com suas dificuldades financeiras, oferecido a ele de novo um teto, o pouco do dinheiro que tinha e um caminho para longe daquele que ele começara a trilhar com seu irmão e os demais. Se ele não o tivesse amado incondicionalmente, mas não de forma cega e submissa. Levantando-o. Enfrentando-o. Gritando com ele e arrastando-o à força para longe de suas próprias armadilhas para si mesmo. Perdoando o que ele fizera tentando se vingar.

Era, por alguma razão, muito difícil de lembrar direito agora; mas mais de uma vez, e talvez todos os dias de sua vida, Midoriya Izuku o salvara.

E ele ainda assim falava daquela forma.

“Izuku. Esse casamento não foi feito com meu dinheiro. Tudo o que eu conseguir, pro resto da minha vida, é nosso. Eu nem-... eu não sei como começar a falar disso. Foi você que me trouxe até aqui. Eu não estaria nem mesmo vivo se não fosse por você. Se você tivesse-... se não tivesse voltado. E ainda por cima voltado para mim.”

Shouto sempre tinha uma expressão tensa nos olhos quando se lembrava dessa época, e doía em Izuku que aquilo ainda o afetasse.

A verdade era que Izuku de fato não se lembrava. Foi encontrado em outra cidade com ferimentos de luta e de abuso, em estado de choque, mas não se lembrava de absolutamente nada. Não adiantou  qualquer tratamento psicológico ou psiquiátrico, ele apenas não conseguia saber o que lhe tinha acontecido.

Mas Shouto sempre se culpou por aquilo. Por muito pouco Izuku não o perdeu para o ódio, para a vingança, para as decisões irreversíveis que tomara.

O quase, contudo, era sempre uma hipótese que não se concretizara, tanto quanto o nunca. Só o que existia de verdade era o que acontecera de fato.

Eles eram o resultado improvável de uma tarde de segunda-feira em que um estudante conheceu o belo novo atendente de sua cafeteria e fingiu ser seu namorado para afastar um assediador inconveniente.

Certo?

Izuku ergueu a outra mão para segurar o rosto de Shouto, que se inclinou e deixou as testas se tocarem, perdendo o foco.

“Eu só te ajudei a não perder de vista o que você queria ser.”

“E eu queria ser um homem que merecesse estar ao seu lado.”

“Você me fez feliz, Shouto. Faz.”

“E eu prometo cada dia da minha vida continuar tentando fazer.” As palavras eram quase inaudíveis, mais sentidas do que ouvidas.

Izuku sentiu seus olhos embaçarem e cerrou as pálpebras com força.

“Você não tá me ajudando a cumprir minha promessa de não chorar.” Ele riu.

“Foi você quem começou.”

Nisso, Izuku sentiu uma lágrima na mão que apoiava o rosto de Shouto, e ali sentiu que desabaria se se permitisse, então não podia deixar.

Era um trabalho pro resto da vida, Izuku sabia.

Puxou Shouto ali para a banheira, segurando firme seu corpo, fazendo-o sentar em seu colo. Deu-lhe um sorriso poderoso, daqueles que emanava aquela sensação: está tudo bem, eu estou aqui. Seus dedos tocaram o queixo do mais alto e ele pressionou seu corpo contra o dele, um abraço forte. O peito de um contra o outro quando os batimentos cardíacos se misturavam e se confundiam, as camadas finas, mas fortes e firmes que os separavam de suas memórias. Com os rostos tão próximos, as linhas da íris se contraíam à medida que as pupilas se dilatavam. Então olhos de fechavam, e eles se beijavam.

Shouto temeu que ele já tivesse desperdiçado a palavra paz suficiente para banalizá-la, mas a definição mais próxima que ele jamais alcançaria do que o envolve e emana de seus poros quando ele estava perto de Izuku. O portador daquela alma que o abraçou para sempre, apesar de qualquer desventura, foi a fonte daquele sentimento nebuloso desfazendo-o, felizmente desfazendo-o. O sobrenome de Izuku o reinventava dos significados que intoxicavam o seu, agora que estavam ligados; de modo a revelar o que havia por baixo, onde apenas Izuku poderia tocá-lo. E ele não precisaria de mais nada. Não precisava mais sequer pensar, ao menos não ali. Podia sentir. Não apenas seus sentimentos, mas as sensações. Perto o suficiente para ouvir sua respiração e para inspirar o calor de sua pele, um suspiro profundo encheu os pulmões de Shouto quando ele se inclinou para o toque, tão parecido quanto a primeira vez que eles se tocaram, e também, ao mesmo tempo, nem um pouco.

As mãos de Izuku seguravam as pernas do outro com firmeza, dedos pressionando ao que escorregavam coxa acima, e o tranco de quando terminou de encaixá-lo sobre seus quadris faz com que as pernas de Shouto amolecessem apenas com a ideia daquilo: já rijo, friccionando sob seu corpo, mas ainda não dentro. Ainda. Nisso, portanto, agarrou os ombros de Izuku, respiração já arquejando; queria que estivesse. Então contra os lábios já rosados, suas pernas enlaçavam em torno da cintura do outro:

“Você vai me fazer seu hoje, Izuku?”

“É isso que você quer?”, a resposta foi também ofegante.

“Sempre.”

Izuku sorriu, braços retesando contra as costas de Shouto, puxando-o mais contra si. Daquela forma, tão perto, inclinou-o de leve para trás, seus lábios se ocupando com os desenhos de suas clavículas e do tórax, sentindo-o soluçar de leve dentro de seu abraço quando mordia seu peito e a língua roçava sobre seu mamilo. Então se beijavam, e de novo, e mais uma vez, para só então os dedos delinearem os desenhos das costas, deslizando até debaixo d’água e adiante até se insinuarem para dentro dele, pressionando de leve. Shouto estava calmo, seu corpo relaxado, e deixou-se derreter contra Izuku em um longo suspiro, trêmulo de desejo. Olhava para baixo, para os olhos de brilhantes halos verdes em torno de pupilas enormes, as sardas constelando o rosto corado, e sentia o mesmo desejo que havia em si, como se emanasse, latejasse, mas ainda incapaz de sobrepujar a doçura que lhe definia por completo. Poderia rir; estava dolorosamente rijo contra o abdome de Izuku, sentia-o no mesmo estado sob seu corpo, mas ainda havia ternura mais do que tudo naquela cena. Resultado do momento que tiveram, com certeza, mas tentou deixar aquilo de lado, e permitiu aquela pornografia latente tingir sua própria expressão e seus intentos.

“E então?” Franziu as sobrancelhas, o esboço de um meio sorriso ladino, correspondido por Izuku, enquanto passava o polegar em seus lábios, um pouco menos delicadamente do que uma carícia. Em resposta, este ergueu-o com facilidade em seus braços, ajoelhando-se, e colocou Shouto sentado à sua frente antes de virá-lo de costas. Movimentos precisos, sem erros, sem machucá-lo ou se embaralhar. Vindo de Izuku, aquele tipo de coisa sempre deixava Shouto sem reação, reduzido ao calor emanando por todos seus poros. Sentiu-o debruçar-se sobre seu corpo, peito contra suas costas e uma mordida entre suas omoplatas. As mãos, grandes e firmes, agarraram seus quadris quase possessivamente, e Shouto deixou a cabeça pender para frente ao sentir os lábios descendo por sua coluna.

Podiam se ver no fraco reflexo da janela, como uma mera insinuação no plano de fundo daquelas montanhas.

“Que tal assim?” A voz de Izuku estava mais densa, mas ainda gentil, quando seu próprio peito já tocava a água e sua boca estava perto demais de onde seus dedos estiveram pouco antes. Tudo agora contrastava com a densidade de seus movimentos.

“Assim é perfeito-” Sua frase quebrou quando sentiu os lábios o tocarem; ele gemeu e todos os hormônios que doparam seu cérebro estavam realmente fazendo com que ele esquecesse tudo de novo. Era como se todo o sangue de seu corpo tivesse ido para a pélvis e tivesse deixado seu coração cambaleante e sua mente sufocada. As costas arquearam; não foi um alívio, foi apenas um tipo diferente de desespero. Ainda assim, prazeroso o suficiente para reduzi-lo a caos, como se só as mãos de Izuku fossem capazes de mantê-lo firme, sem seus joelhos trêmulos fazerem seu corpo escorregar para dentro da banheira de uma vez. Uma das mãos então deslizou para sua virilha, para massageá-lo, e era como se o sangue fervesse em suas próprias veias. Ele não era de formular muitas frases quando transavam, que dirá quando a excitação já fazia seu corpo doer, mas enquanto se debruçava no mármore, xingava baixinho e pedia por favor sem completar pelo quê.

Ao que se ergueu mais uma vez e alcançou o óleo lubrificante, Izuku arquejava. Tinha à sua frente aquelas costas molhadas, as mechas bicolores um pouco bagunçadas, a caixa torácica expandindo e retraindo rápido na respiração ofegante. Shouto virou-se, olho turquesa brilhando dentre sua cicatriz, encarando-o dentre o silêncio como se implorasse. Ele então se escorou em seu braço direito, virado para olhar para seu marido atrás de si ao que sentia as mãos dele deslizarem em seu corpo, dedos o lubrificando como se ainda precisasse tomar mais cuidado, como se precisasse ter certeza que só o que ele sentia era prazer.

As luzes faziam brilhar as extremidades dos cabelos escuros, e a penumbra no corpo bem desenhado não escondia a forma que ele quase idolatrava.

“Você é lindo, Izuku. Eu amo você.”

Izuku derrubou o recipiente de plástico na água, e embaralhou-se para pegar e deixar de lado sobre o mármore mais uma vez. Shouto teve que rir fraco, apoiando a testa de volta em seu antebraço. Ele era inacreditável. Conseguia fazer nele um beijo grego ao mesmo tempo em que lhe batia uma punheta, mas se embananava inteiro com uma frase que era nada além de óbvia e repetida, que nunca atingia com precisão a intensidade do que ele sentia. Sempre, como se nunca tivesse ouvido aquilo, como se eles não fossem a porra do marido um do outro.

“Você é a coisa mais fofa do mundo.” Um olhar de soslaio de Shouto atingiu o outro em cheio, um pouco de provocação naquilo.

“Para!” Izuku deu uma risada nervosa.

“Me obrigue.”

As mãos escorregadias envolveram a cintura de Shouto antes de rumarem para sua virilha; ao mesmo tempo, alinhou seu quadril e deslizou com facilidade. Um movimento lento, mas constante e firme para a frente, e seguiu da garganta de Shouto um gemido alto e rouco, um que Izuku gostava tanto de ouvir e que o outro nem estava pensando em conter.

Então o abraçou, com força, braços cruzados sobre o peito de Shouto, peito contra costas, pressionando um beijo em seus ombros, entregando-lhe um sussurro.

“Eu também te amo, Shouto.”

No próximo vaivém de quadris, seguindo um empurrão um pouco mais forte, Shouto deixou a cabeça pender, arqueando as costas, o prazer tão forte em tudo o que ele podia perceber, expandindo-se ao longo de suas pernas e espinha. Sentindo os lábios ávidos em seu pescoço, as mãos grandes e firmes o segurando e encarando por um segundo nos pontos de luz fraca na neve do lado de fora do quarto, Shouto sorriu fraco para o desenho etéreo da cena deles no reflexo, até que qualquer expressão fosse desmantelada na estocada seguinte, sem deixar nada além de prostração. Moveu os quadris em resposta, mas ao que o ritmo acelerou,  ele não sabia se ele continuaria capaz de reagir - ele nunca gostava de ser passivo em um sentido literal, aquele que apenas recebe sem oferecer nada em troca, mas frequentemente se via prostrado demais pelo prazer insano que ele o causava.

E, como se para garantir que o tiraria de qualquer controle (mesmo que claramente nunca fosse essa sua intenção) Izuku segurou uma de suas pernas para virá-lo de lado e assim conseguir curvar-se sobre ele e beijá-lo, da melhor maneira que ele podia naquele caos que se tornaram. O fogo era inapagável debaixo d'água e seu coração era maior que aquelas montanhas agora. A sensação do corpo de Shouto em cada centímetro era arrebatadora; novamente, enquanto ele se sentia tremendo, a água e as texturas escorregadias não o faziam hesitar ou falhar. Shouto era tão intenso, tão sexy, tão fascinante. Izuku ainda se sentia impotente diante dele, sempre meio que com medo de acabar gozando e deixando o outro insatisfeito, mas saboreando a alegria incrível que o preenchia com cada gemido que ele causava. Cada palavra, gesto ou som em Shouto, sugerindo que ele estava sentindo prazer, era apenas violentamente delicioso em Izuku.

O que eles necessitavam era um do outro, e, naquele momento, eles precisavam disso, novamente, ir e vir, empurrar e depois empurrar de novo, deixá-los doloridos, destruídos, sedentos, exaustos. Enquanto as mãos dele deslizavam nas costas de Shouto, Izuku fechou o punho de repente, acidentalmente arranhando-o e inevitavelmente choramingando.

“Está gostando, Shouto? Eu continuo assim?” Era uma dúvida real, e às vezes dava em Shouto vontade de sacudir Izuku. Será que não estava claro o suficiente a bagunça que ele o deixava, o quão desesperado ele ficava? Encarou quase com fúria, mas se rendeu àqueles malditos olhos verdes pela milésima vez enquanto ele murmurava. “Porque você me deixa tão fora de mim... eu tô quase…”

"Sim, sim... Eu ..." Shouto só conseguiu soluçar, cercado por um prazer que não parecia estar apenas dentro dele. era tão avassalador que estava em toda parte, em cada respiração, em todos os músculos.  E ele gemia baixo, como se o ar deixasse com força seus pulmões, mas havia certa graça no estado deplorável que ele ficava, as partes da frente coxas de Izuku golpeando contra as de trás das suas, e como eles ainda continuavam abraçando. Ele podia sentir sua necessidade um pelo outro nos movimentos que eles fizeram. Shouto sentia um prazer inominável dentro dele, tanto pela fricção do ponto exato quanto pela sensação de Izuku dentro dele, completamente, de uma maneira que não tinha nada a ver com extensão ou com quão profundo. Ele choramingou mais alguns "sim, Izuku, isso!" até que sua voz desapareceu dentro de sua garganta.

Era maravilhoso como eles eram e como se sentiam quando estavam juntos. Quão feroz e imparável o gentil e adorável Izuku poderia ser; como suas mordidas doíam levemente, como sua respiração entre os dentes soaria violenta, crua, como suas mãos se agarravam como se ele precisasse se segurar e se aproximar para sobreviver. Como o estoico Shouto perdia a compostura, gemia alto e seu semblante se retorcia de prazer. Mas não era sobre extremos; encontravam-se em todos os matizes e todas as variáveis. Ele podia sentir a desolação quando as mãos vagavam sozinhas e a esperança quando se encontravam, presas em dedos entrelaçados. Por um segundo, Shouto não pôde dizer que era um orgasmo de verdade ou uma enorme onda quebrando, como se a água rasa e quente fosse um oceano, porque ele não conseguia nem respirar naquele momento. Suas pernas tremeram e ele agradeceu pelos braços grandes e fortes de seu marido, cujo nome ele murmurava enquanto seu corpo se contorcia e ele se agarrava a ele como conseguia. No entanto, seu coração estava derretendo dentro de seu peito.

Tudo o que Shouto ouviu depois foi um doce eco ininteligível de palavras amorosas, espalhando-se por toda a sua consciência, porque ele estava vindo a partir do momento em que sentiu Izuku gozando também. Ao redor dele, era o abraço apertando, em todos os lugares, fazendo-o sentir tão quente que até a água da banheira poderia ser fria. Izuku sabia que estava balbuciando coisas, e que eram apaixonadas, mas não tinha ideia do que, enquanto permanecia parado, ainda dentro dele, suas cabeças lado a lado. Apenas alguns segundos depois ele ouviu sua própria voz sussurrando palavras amorosas e murmurando xingamentos, o riso baixo de alegria acompanhando. Suas mãos lentamente abriram novamente para ele acariciar as costas de Shouto e seus olhos se abriram porque suas pernas vacilaram e ele deixou seus corpos balançarem com a água, escorregando para fora de Shouto. Mas ele manteve seu marido bem perto, dentro de seu abraço, por toda a duração daquela maravilhosa tontura, um minuto ou mais. Ele sabia, no entanto, que a neblina e a sensação de pisar nas nuvens permaneceriam onipresentes, como se nunca realmente terminasse.

"Você faz com que eu me sinta completo, Izuku." E isso era de tal verdade e profundidade difícil de entender. Izuku havia encontrado, sabia disso. Ele encontrou seu lugar, ele entendeu seus sentimentos, coisas que ele sabia tomaram forma; ele podia sentir, ver, cheirar, ouvir, sentir e saborear o que significava ter um para compartilhar um propósito.

Mas não conseguiria ter tempo de responder.

Abriu os olhos, retirado de sob a individualidade que os prendera, ao seu lado Bakugou caindo de joelhos no chão. Dentre a confusão de suas próprias mentes viam Masayume sendo puxado para longe deles por faixas de tecido sintetizado acinzentado que amarravam seus braços contra seu corpo.

Adiante, agachado no batente da janela daquele prédio abandonado em que antes estavam apenas os três, encontrava-se Aizawa-sensei, as longas mechas de cabelos escuros voejando e olhos vermelhos.

“Acabou pra você, Masayume.”

Mas Aizawa apenas recebeu um sorriso de volta. 

"Você tem certeza?"

Gesticulou com a cabeça, mas Eraserhead já via. Nos olhos de Midoriya e Bakugou, o estarrecimento e o torpor, a completa incapacidade de reagir propriamente, como cervos perante faróis.

Aquilo estava muito longe de acabar.



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