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História De Fã para Amante (Camren) - Chapter Six.


Escrita por: Thamyfanfics

Notas do Autor


Hey girl's! Como estamos? Eu particularmente estou tombada de sono, frio e dores. Puff.

Uma coisa que está predominando aqui é o ranço pelo Luís. Aquietem os corações, meninas. Vocês terão muito motivo pra odiar ele futuramente. rs.

E mais uma vez: Obrigada por me apoiarem e comentarem, cês são lindas!

Ah, uma adendo:

Sabe quando o seu cérebro registra algo e você vai fazendo, e ele vai ignorando os erros mesmo quando você reler pra corrigir, e tal? Parece que ele "tapa" o buraco e deixa como tá. Foi aí que eu errei na fanfic sem perceber, na minha cabeça, eu tava escrevendo que elas estavam em Guadalajara, mas estava escrevendo que era em Jalisco, sem perceber (O que elas também estão, já que Jalisco é o estado em que fica a cidade Guadalajara). Enfim, consertei. Era só isso pra vocês não estranharem.

Boa leitura, e perdoem-me os erros.

Capítulo 6 - Chapter Six.


Órbitas castanhas estavam presos fixamente em seus próprio reflexo na porta espalhada do guarda-roupa quando o despertador soou alto e irritantemente em seu tilintar que provavelmente estressaria ou causaria angústia em alguém que tivesse dormido e tivesse seu sono rompido abruptamente pelo som constante. Obviamente isso não aconteceu com a Camila que passara a noite acordada, sentada em sua cama, olhando a si mesmo perdidamente.

Ela tinha perdido o sono depois que encerrara a conversa com o seu namorado. Não que a conversa tivesse sido ruim, pelo contrário, depois da reclamação inicial pelo sumiço sem aviso de Camila, Pablo a tratou como sempre: Carinhosamente e apaixonadamente. Isso quebrou a brasileira de alguma forma e uma culpa sobrenatural a assombrou.

Camila não tinha medido as suas ações porque estava entorpecida demais para o fazê-lo. Ela tinha traído o Pablo, e não era de uma maneira sútil - se é que existisse alguma sutilidade em qualquer tipo de traição. Ela não se culpava pelo o beijo extremamente rápido que recebera de Lauren... Não, não. A culpa maior era por ter se permitido pensar em outra pessoa numa proporção indevida para quem era comprometida com outro alguém.

Sentia-se péssima por além de ter traído fisicamente, o fez sentimentalmente e emocionalmente. Sua culpa aumentava mais ainda por não conseguir se livrar das sensações que tivera ao estar com a Lauren... A cantora parecia que tatuou-se em seus sentidos, sentimentos e emoções. O que era muito louco.

Loucura maior era sonhar acordada com a Lauren... Era respirar e sentir a fragrância levemente cítrica da cantora... Insanidade era ter os próprios lábios queimando com vestígios do breve beijo. Perdição era ter a palma da mão fervilhando como se a mão de Lauren estivesse sobre a dela. Era ter a lembrança do sorriso e a intensidade do olhar da cantora e o seu descompensar de maneira tão absurda que a fazia crer que estava tendo um ataque cardíaco, ou o seu estômago contorce-se como se borboletas estivessem saindo de seus casulos prontas para bater as suas asas.

Em um dado momento até achou que estava confundido a sua admiração de fã, mas percebeu que esse não era o caso. Era mais cru, mais palpável, mais magnético. Ela não estava pensando na maior como uma ídola, estava pensando como mulher, e isso a levava para a beira do abismo.

Porque mesmo sabendo que isso era totalmente errado e se culpasse por ter se permitido, uma grande parte de si queria e necessitava a presença de Lauren.

Era como se tivesse apaixonada...

Paixão à primeira vista. (Ela até tentou levar em conta o argumento de uma de suas amigas ao dizer que não existia paixão/amor à primeira vista, mas sim tesão. Mas esse não era o caso).

Era possível ser apaixonada por uma pessoa e amar outra? Camila achava impossível até que se deu conta de que sim, era bastante possível e acontecia. Ela amava o Pablo, isso era inquestionável. Tinha um relacionamento bonito com ele, estável e sereno. Era um romance baseado em tranquilidade e cumplicidade. Eles se completavam de maneira pacifica, e isso é bom, ninguém queria um relacionamento caótico.

Ao totalmente contrário que sentiu quando esteve com a Lauren... Estar com a cantora despertava algo indomável dentro de si, Camila não conseguia se controlar, ela só sentia aquele sentimento arrebatador dentro do seu ser e queria explorá-lo. A sua consciência avisava que pisar no terreno desconhecido que era Lauren Jauregui talvez não lhe trouxesse bons resultados, mas...

- Jesus Cristo, Camila, você a encontrou apenas uma vez e estar com todo esse drama e monólogo em sua cabeça... - Camila murmurou olhando pra seu reflexo no espelho. - Você sabe que está sendo uma vadia imoral, não é? - Perguntou para uma Camila que se mantinha fixa devolvendo o olhar no espelho.

Suspirando, Camila levantou-se e foi até o banheiro com a toalha em mãos para tomar um banho. Hoje, iniciava o seu primeiro dia de aula e não queria chegar atrasada. Enquanto, lavava os cabelos para ver que as ideias esfriavam em sua mente, tudo ia ficando mais claro... Terminou o seu banho, enrolou-se na toalha e voltou a olhar para o seu reflexo agora no espelho do armário do banheiro.

- Você é uma safada! - Camila rangeu os dentes ao se olhar.

Ela nunca foi uma mulher de desistir do que realmente queria, sabia que essa culpa que latejava em sua cabeça era porque mesmo que estivesse a sentindo, não iria impedir de embarcar nos braços de Lauren. Veja bem, Camila nunca foi infiel, já tinha recebido várias cantadas durante o seu relacionamento, mas nunca tivera olhos para ninguém nem muito menos pretensão, então, esbarrou em Lauren, todas as suas convicções e conceitos caíram por terra.

Algum motivo deveria ter...

- Bom dia, Allycat. - Camila cumprimentou ao adentrar a cozinha um tempo depois, usava uma blusa de seda cavada de alça creme, saia rodada preta e botas de canos curtos de salto. Os cabelos estavam soltos e rebeldes como sempre, tinha dispensado a maquiagem.

Camila encontrou numa cena insultada na cozinha, Ally estava vestida para trabalhar, mas parecia animada demais para uma manhã, a pequena virava uma panqueca da frigideira e meio que fazia a performance de Bad Romance de Lady Gaga. Obviamente a sua amiga não escutou o seu cumprimento.

A brasileira não conteve o riso que atraiu a atenção de Ally que gritou ao vê-la e quase derrubou a frigideira no chão com o susto. Dramaticamente, a pequena levou a mão ao peito e iria reclamar pelo susto quando os seus olhos escuros voltaram-se para o singelo decote da melhor amiga.

- O que isso é seu peito esquerdo? - Perguntou com espanto.

Camila baixou o olhar, encontrando os traços de sua tatuagem que ardia levemente, mas ela tinha lavado direitinho e passado a pomada recomendada pelo tatuador. Chegara tão mergulhada em Lauren que tinha esquecido de compartilhar esse momento com a Ally.

- É uma tatuagem. Você quer ajuda com isso? - Perguntou apontando pra frigideira que a amiga segurava.

- Não, obrigada. Mas voltando ao assunto principal: Eu sei que é uma tatuagem, mas você não estava com isso ontem. - Ally aproximou-se da bancada para colocar a panqueca no prato.

- Realmente não. - Camila sentou-se na cadeira alta, a bancada já estava arrumadinha com o café da manhã, só faltava a Ally terminar mais outra panqueca. A brasileira fez uma nota mental de que amanhã seria a vez dela de providenciar o café. - Gostou?

Ally encarou o seio de Camila quase com psicopatia, se a brasileira não soubesse que tinha uma tatuagem ali, acharia até estranho, serviu-se de suco de laranja e ignorou o café preto.

- Isso são letras?

- Inicias. - Camila jogou um pouco de mel e amoras em cima de sua panqueca.

- De quem? - Ally tinha voltado para o fogão e dedicava-se a terminar a próxima panqueca.

- Lauren Jauregui... - A brasileira soltou um tanto receosa, não que se arrependesse de ter feito a tatuagem, mas a Ally era um tanto protetora demais e acabava transformando algumas coisas em um bicho de sete cabeça.

- Camila! - Ally gritou, voltando-se chocada para a amiga. - Você gravou a inicial de uma cantora em seu peito?

- De uma cantora não, A cantora. Um pouco de respeito, por favor. - Camila brincou, mas ao ver os olhos arregalados da amiga, suspirou. - Sim, era algo que eu tinha em mente em fazer se eu tivesse a oportunidade de vê-la um dia pessoalmente e aconteceu. Ela me acompanhou e tudo mais, foi um bom momento.

- Uau, o que será que o Pablo vai achar disso? - Ally questionou ao tirar a frigideira do fogão.

- Como assim? - Camila franziu o cenho, cortando um pedaço de panqueca.

- Bem... - Ally despejou a panqueca em seu prato, colocou a frigideira na pia, depois sentou-se, preocupando-se em jogar calda de chocolate por cima de sua panqueca. - Ele é o seu namorado.

Camila entendeu a deixa, e trincou as mandíbulas. Ela reprimiu a vontade de revirar os olhos ao perceber o pensamento da amiga, Ally era um doce, mas ás vezes, se prendia aos ensinamentos arcaicos dos pais.

- Ele não tem que achar absolutamente nada, amiga. O corpo é meu. Já ouviu a frase "meu corpo, minhas regras?". Então... É isso que acontece, não é como se eu tivesse que pedir alguma autorização para ele e realmente não preciso. - Camila deu de ombros, mordeu uma boa quantidade de panqueca. - Se ele aceitar, ótimo, se não aceitar, paciência.

As bochechas de Ally ficaram levemente coradas, mas ela balançou a cabeça em concordância.

- Você tem razão, amiga. Perdoe-me pelo comentário de antes.

- Tudo bem, amiga. Você só precisa ter em mente uma coisa: Não precisamos de autorização nem consentimento de ninguém para fazermos algo que desejamos em nosso corpo nem vidas. - Camila capturou uma amora com o garfo. - Somos donas de nós mesmas e de nossas decisões, quando nos prendemos demais as opiniões alheias nos retermos e nos tornamos infelizes para satisfazê-los, o que eu acho inconcebível.

Ally soltou uma risadinha sem humor antes de soltar:

- Acho que se eu fizesse uma tatuagem sem consultar os meus pais, eles me matariam.

- Desculpe-me pela sinceridade, mas você é muito boba. - Camila estalou a língua. - Você vive em outro País, tem a sua própria renda, sua liberdade e fica debaixo dos seus pais.

- Mas a bíblia diz que devemos ser obedientes aos nossos pais.

Camila encarou a Ally, sabia que sua amiga era religiosa e respeitava isto, jamais diria algo para corromper as crenças da pequena.

- Devemos ser obedientes e respeitosos aos nossos pais, sim, mas isso não significa que devemos ser submissos à eles, muitas pessoas confundem isto. Á uma linha extensa entre respeito e submissão. - Camila sorriu levemente. - Até porque nossos pais não nos criam pra eles, e sim para o mundo. Eu amo os meus pais, e ás vezes os consulto para saber a opinião deles sobre algo, mas a decisão sempre será minha, apenas minha.

- Queria ser assim como você, desencanada sem medo da revolta dos pais.

- Ah, Allycat, meu amor, querer é poder e... - Camila parou de falar quando o seu celular vibrou descontroladamente no bolso embutido de sua saia. Ela o retirou e o seu sangue esfriou ao ler o que estava escrito, o seu semblante tornou-se preocupado, enquanto, seus ombros pareciam ter mil pesos em cima. - Mas que merda! - Ela levantou-se abruptamente da cadeira em um pulo.

- O que foi? - Ally se alarmou ao ver a agitação da amiga.

- Lauren! - Camila falou já digitando loucamente no seu celular - Ela sofreu um acidente doméstico ontem, as redes sociais estão em surto... Porra! - Ela gritou ao se afastar da cozinha.

Camila levou o celular ao ouvido, percebendo que estava tremendo de ansiedade e nervoso. E se tivesse acontecido algo grave com a Lauren? Puta merda! A cantora não tinha lhe avisado sobre nada, tinha recebido uma mensagem de Lauren ontem à noite que apenas dizia que tinha salvado o seu número e desejando-lhe boa noite. Algo até meio frio considerando a despedida no carro, mas a brasileira achou que era "normal" porque mesmo a química estando presente, elas não tinha intimidade para mensagens profundas.

Ally seguiu a Camila pronta para lhe oferecer apoio caso necessário.

Um, dois, três toques...

•••

Lauren estava dormindo tranquilamente, na noite anterior ao perceber a sua agitação, a Dra. Grey tinha lhe administrado além de um analgésico, um calmante. A cantora tinha predisposição a ter ataques de pânico, e sabendo o histórico da morena, Meredith preferiu não arriscar. Era crucial que a cantora tivesse paz até mesmo para não "magoar" o ferimento do pé e manter a sua saúde mental saudável.

O corte do pé de Lauren fora um tanto profundo, um pouco à mais, só poderia ser resolvido em um procedimento cirúrgico. O corte tinha sido lateralizado puxando um pouco para tornozelo. A doutora não sabia como a cantora tinha conseguido essa proeza, mas a Lauren afirmou que tinha quebrado um copo, e quando foi recolher os cactos não vira o vidro e pisara no mesmo.

Quando Meredith Grey chegara na casa de Lauren, ela estava sozinha e aos prantos, a doutora classificou o pranto pela dor que a mais nova estava sentindo, até porque não era algo muito sútil um membro cortado, mas Meredith teve a sensação de que as informações que Lauren lhe passava estava meio desconexa, principalmente quando a doutora perguntara onde estava o Luís Cain, percebera que a morena meio que se encolheu ao ouvir o nome do marido, mas logo se recompôs.

Mas isso não impediu de Meredith perguntar:

- Lauren, você sofreu violência doméstica? - A pergunta foi a queima roupa.

Lauren arregalou os olhos, aparentemente assustada e aos soluços.

- Claro que não, Mer! De onde você tirou isso? Foi um acidente, por favor, faça essa dor parar...

Alguma coisa dizia que Lauren estava mentindo, mas a doutora se manteve calada, iniciando os procedimentos que trouxesse um pouco de alívio para a paciente, já que o incômodo se manteria presente ao menos nos primeiros dias.

Foram exatamente oito pontos. Quando Meredith se retirou da mansão, a Lauren estava dormindo pesadamente. Ato que acontecia agora mesmo, a cantora estava tão apagada que nem percebera quando Tara adentrara em seu quarto, descobrira o seu pé e tirara uma foto do pé com o curativo.

Ordens do Cain. O governador estava com receio de que a esposa abrisse a boca e contasse sua versão dos fatos, sabia que acuaria a Lauren se fizesse uma publicação diretamente nas redes sociais da cantora, felizmente, Tara como assessora de Lauren, tinha as senhas do Twitter, Instagram e Facebook.

Numa publicação simples, Tara publicara no twitter de Lauren:

Nunca intente limpiar los cactus de los cristales descalza, eso causa un problema...

Como de esperado, o twitter tivera repercussão e os sites de fofocas estavam especulando sobre, por isto, a foto era necessária. O reconhecido da cantora no mundo era bom ao menos tempo ruim, porque tudo que rondava a Lauren, mesmo que bobeira tinha grande repercussão. Definitivamente, Lauren Jauregui era um trunfo nas mangas, mas também podia ser uma arma perigosa.

- Poste. - Cain ordenou seriamente com os olhos no jornal.

Tara sem titubear, fizera o que o governador pediu. Postou a foto de Lauren no instagram com interligação no twitter e escreveu:

¡Estoy bien, sólo fue un cortecito, gracias por la preocupación, los amo!

- Pronto. - Tara informou.

- Agora retire-se. E lembre-se, Tara, tente minimizar bastante as especulações sobre esse problema.

Tara apenas meneou a cabeça antes de sumir da vista do governador. Cain só tinha pedido para que "avisasse" nas redes sociais sobre o acidente de Lauren porque possivelmente a sua esposa ficaria dentro de casa, e o sumiço poderia causar perguntas. Ou talvez, Lauren inventasse de sair para algum canto, e o curativo no pé também originando perguntas, e tudo que ele menos queria era que associassem o acidente a ele. Sabia que sua esposa ficaria furiosa, mas depois se resolveria com ela. Depois do acidente, Cain foi embora da mansão antes mesmo da Dra. Grey chegasse, ele queria que a doutora acreditasse que Lauren estava sozinha na hora do acontecido.

Ele não queria nada de mais negativo no seu nome, já bastava a oposição que estava descavando os seus segredos e expondo para todos. A verdade era que era um governador corrupto que fazia questão de tirar os direitos do povo para desviar as rendas para o seu próprio bolso. Ele não se arrependia disso e muito menos parava, desde que sua conta bancária estivesse recheada e as sujeiras fossem jogadas pra debaixo dos tapetes. Cain tinha ganas para ser presidente da república, mas a sua aprovação não era alta o suficiente para um cargo tão importante, não ganharia como presidente, mas sim para senador, segundo os seus cientistas políticos.

Cain esperaria. Não tinha pressa, quatro anos recebendo o salário de senador e suas mordomias não era de tão mal, só precisava manter o seu pote de ouro que era Lauren Jauregui ao seu lado. Sabia que seria presidente do México, não importasse se tivesse que passar em cima de alguém. Cain voltou os olhos para as pesquisas recentes em que estava em segunda intenção de votos, tinha que mudar aquilo...

Voltando para a Lauren que ressonava em sua paz até que inúmeras vibrações a fizeram franzir o cenho perdida entre o subconsciente e consciente. Era algo incômodo, não queria despertar do torpor do seu sono, mas algo a impelia a fazer isto. Tentou abrir os olhos, mas os seus olhos negavam-se a obedecê-la, tentou se mover, mas gemeu de dor ao sentir o seu pé latejar ao se emaranhar nos lençóis. Ela lutou contra aquela sensação de adormecimento do seu corpo até que abriu os olhos. O quarto estava escuro, mas a claridade do seu celular bem ao lado da cabeceira da cama machucou os seus olhos. Piscou algumas vezes, meio desorientada até que algumas memórias viesse a sua mente...

Primeiro, o sorriso de Camila e sua energia tão contagiante, segundo o leve beijo trocado no carro e por último a ação violenta de Cain, esse último fez a boca da cantora amargar, mas não tivera tempo de pensar, o seu celular continuava a vibrar.

Ela pegou o mesmo e atendeu com a sua voz tremendamente rouca:

- Jauregui.

Escutou uma respiração do outro lado da linha como se fosse de alívio.

- Oh meu Deus, Lauren! Você está viva! Eu achei que tinha morrido. - A voz radiante de Camila soou no outro lado mesmo que tivesse empapada de preocupação. - Eu acabei de ver a foto com o curativo no seu pé, você tem noção de como me matou de susto? Por favor, não faça mais isso... Aliás, por que não me contou que tinha se acidentado ontem à noite?

Lauren demorou para assimilar o que estava acontecendo, olhou ao redor, era o quarto que dividia com o seu marido e sentia-se aliviada por ele não estar ali. Seus pensamentos estavam um pouco desconexos, mas de alguma forma a voz de Camila era como morfina em seu corpo. Perdeu-se com a informação de Camila tinha sabido do seu acidente quando ela não tinha falado com ninguém, com exceção de Meredith Grey.

- Postagem? - A voz de Lauren embolou um pouco ao perguntar. - Que postagem?

- Você fumou um baseado? - Camila perguntou levemente estressada. - Lauren, não fuma maconha! Nada contra, eu até mesmo fumo quando quero uma relaxada suprema, mas gostaria que você evitasse a erva enquanto estiver assim.

- Você fuma maconha? - Lauren perguntou surpresa.

- Quem não? - Camila retrucou. - Mas não fuja do assunto, como está?

- Tô feliz pra caralho, a gente pode ficar chapadonas juntas! - Lauren comentou animada, esquecendo-se dos seus problemas. - Vai ser interessante te ver brisada. - Riu.

- Lauren, você poderia ter um pouco de foco aqui na nossa conversa? Eu estou preocupada! - Camila exasperou. - Você sofreu um acidente que cortou o pé, e está aí doidona, diga-me algo positivo, eu preciso disso, mas diga se for algo verdadeiro, por favor. Por que eu sentir alguma vibração de mentira em sua voz, viro Guadalajara pelo avesso, mas descubro onde você mora e paro aí pra me certificar.

- Own... - Lauren fez uma carinha e apertou mais aparelho contra o ouvido, sentindo um sorriso abobalhado em seu rosto. - Você é tão lindamente fofa, queria que estivesse aqui para mordê-la...

- Lauren. - Camila resmungou, mas a cantora poderia até jurar que a menor tinha rido do outro lado da minha. - Foco, ok? Você está mesmo bem?

Lauren sentou-se na cama, os seus olhos pararam em seu pé avermelhado e com um curativo, apesar do desconforto, dava para sobreviver, a questão era que a cantora estava sentindo algo peculiar dentro de si... Camila tinha ligado para saber como ela estava e agia como se fossem namoradinhas. Okay, era algo prematuro pensar em um termo assim, mas quem tinha uma chave para controlar os efeitos da paixão? Só o fato de ter escutado a voz da brasileira fazia a mexicana ter uma perspectiva de um dia melhor.

- Eu estou bem, Camz. - Lauren murmurou sem nem saber o que originou aquele apelido, mas gostou como soou. - Foi um simples acidente, não quero me focar nisso... - Mudou de assunto por se sentir desconfortável. - Conte-me como está... Animada pra o primeiro dia de aula?

A conversa demorou cerca de meia-hora até que Camila disse que precisava desligar se não se atrasaria para a aula. Lauren desejou-lhe toda a sorte do mundo, a cantora agora estava bem desperta. Lembrou-se da brasileira falando sobre postagem nas redes sociais, acessou os seus perfis e bufou ao ver as postagens que não tinha sido que tinha feito.

Inferno! Maldito Cain!

A morena afastou os lençóis de si e não foi nenhuma surpresa ver que tinha um par de muletas canadenses próximo a cama. Claro que ele tinha providenciado tudo, antes mesmo de alcançar as muletas, a empregada apareceu solicita, oferecendo-se em ajudar a Lauren no banho que prontamente a cantora aceitou. Ela também aceitou a ajuda de Mercedes para descer no andar de baixo, uma coisa que Lauren nunca fez foi descontar suas frustrações nos empregados, principalmente em Mercedes, diferente de Cain.

Encontrou o seu marido de saída, um segurança estava levando uma mala do governador, os dois se encararam. Esverdeados x azuis duelaram o olhar. Lauren, sentindo um misto de raiva e decepção ao encarar o marido, enquanto, Cain com astúcia e cuidado.

- Bom dia, baby girl, dormiu bem? - Cain fez menção de se aproximar, mas ao receber o olhar fuzilador de Lauren, estacou no lugar.

- Se você se aproximar de mim com essa sua falsidade exorbitante não respondo por mim. - Lauren respondeu entre os dentes, o latejar do seu pé a lembrava mais ainda o que tinha acontecido.

Cain franziu o cenho, sabia que depois do acontecido ter o perdão de Lauren não seria uma coisa fácil, se existia uma coisa que sua esposa não fazia era perdoar deslizes, principalmente dessa gravidade.

- Lauren, precisamos conversar sobre ontem...

- A única coisa que eu preciso é que você tire essa sua cara de merda da minha frente antes que eu vomite de nojo. - Lauren cuspiu as palavras, seriamente. - Você acha mesmo que mandando a Tara fazer as minhas postagens vai reduzir a sua culpa?

Cain olhou para os lados, receando que alguém tivesse escutado.

- Foi um acidente, Lauren! Você sabe disso, e eu também.

- A única coisa que eu sei é que és um covarde!

Eles já tinham brigado antes, muitas vezes, mas nenhuma parecia tão seriamente como agora, também, nas outras vezes, o Cain não induziu um ferimento físico nem emocional para a Lauren. Ela não queria vê-lo, ao olhá-lo alguma coisa entrava em rebuliço em si e não era por coisas boas. Ainda o amava, mas por hora, algo mais forte e enegrecido a dominava. Olhando nos olhos azulados, a Lauren voltava a se questionar se conhecia aquele homem a sua frente, tinha uma breve e rápido pressentimento de que ele iria mostrar as suas garras e quando o fizesse seria fatal.

Lauren não abaixou a cabeça, tinha feito isso ontem e morria de raiva de si mesmo por ter feito. Nenhuma mulher devia abaixar a cabeça pra nenhum homem, e ninguém. Se ele achou que poderia assustá-la como na noite anterior, quebraria a cara, pois, ela não cederia à um machista misógino como o Luís Cain.

Percebendo que estava perdendo a batalha do olhar, Cain desviou o olhar.

- Estou indo a Ciudad de México. - Ele avisou. - O presidente Enrique Peña convocou uma reunião com todos os governados dos estados...

- Ou seja, os corruptos em massa estará lá. - Lauren retrucou ácida. - Não me importo o que vai fazer de sua vida, só quero que respeite o meu espaço e fique bem longe de mim. Espero que você tenha um pingo de decência para entender isso. - Ela deu as costas, mas parou e o olhou sobre o ombro. - Ah... E não se apresse em voltar, aqui ninguém sentirá a sua falta.

Cain cerrou os punhos ao vê-la se afastar de si, sua vontade era de puxá-la e gritar que ela a respeitasse e fosse submissa a si, mas sabia que não podia fazê-lo. Iria encontrar um modo de submeter a Lauren, mas por hora, deixaria acreditar que tinha algum poder...

•••

Para o primeiro dia de aula, Camila tinha a seguinte conclusão:

• Precisaria doar-se muito mais do que quando fazia no Brasil. As metodologias dos professores eram completamente diferente, e precisaria boas horas de dedicação e estudo para entrar no ritmo deles.

Fora isso, o restante seria tranquilo. Ah, precisaria também de ajuda com alguns dialetos que não entendia perfeitamente bem, mas isso não era um caso a se preocupar, já que tinha feito amizade com uma ruivinha muito solicita que se prontificou em ajudá-la. Apesar de se considerar uma pessoa de fácil convívio e simpática, Camila sentiu-se profundamente aliviada por alguém ter simpatizado com ela logo de cara.

Bella Thorne esse era o nome da garota que assim que viu a Camila passar pela porta horas mais cedo, praticamente voou-se em cima da brasileira para se apresentar. De início, Camila se assustou, mas depois relaxou e permitiu-se conhecer aquela garota de sorriso aberto.

Camila a considerou uma garota exótica com a sua pele branca, cabelos ruivos e olhos castanho-avermelhados, diferentes e bonitos.

A afinidade fora instantânea. O mais incrível ainda era que as duas praticamente teria quase todas as mesmas aulas, com exceção de História do Jornalismo II. Elas até fizeram biquinho ao constatar isso. A ruiva fez questão de levar a Camila para um tour pela faculdade - mesmo a brasileira já conhecendo. Foi interessante conhecer a universidade pelos olhos de Bella que estudava ali desde o primeiro período. Consequentemente, Camila também conhecera os outros amigos de Bella e eles almoçaram juntos no refeitório.

Camila sentiu-se em casa.

- Então, você vai fazer dois semestres aqui e vai terminar o último no Brasil? - Um dos amigos de Bella perguntou, suavemente interessada.

- Sim. - A brasileira respondeu com um sorriso. - Embora que aqui algumas matérias são mais avançadas do que lá e eu pretendo também fazer algumas extras, se a grade curricular da minha faculdade não mudar nesse período que estou aqui, tudo indica que pagarei apenas uma matéria e o último estágio obrigatório.

- Ou seja, você vai se formar bem antes. - Uma outra amiga de Bella concluiu.

- Exatamente, o que é extremamente lucrativo para mim.

- Você é tipo nerd, então? - O primeiro amigo voltou a perguntar, cujo nome era Enrique.

Camila deitou a cabeça na mão, deixando os cabelos caírem para o lado, um tanto pensativa com a pergunta. Os três pares de olhos presentes na mesa admiraram a beleza da brasileira, mas ela não percebeu isto.

- Não me considero nerd, mas me considero esforçada. Gosto de estudar e de aprender, quanto mais melhor, então, não fujo se colarem um monte de livro na minha frente.

- Corajosa. - Bella brincou, ganhando um sorriso da brasileira. - Tenho até a sensação de que você será uma das escolhidas.

- Escolhida? Para quê? - Camila franziu o cenho.

- Todo o semestre a universidade seleciona os cinco melhores alunos que estão se destacando e oferecem estágios remunerados. - Enrique que explicou antes mesmo da Bella, ganhando a atenção de Camila. - E nem pense que o salário era ruim, é maravilhoso, um sonho de qualquer acadêmico. Alguns se mantém até o final do curso e assinam o contrato fixo.

- Uau, isso é muito legal, eu não reclamaria em conseguir esse estágio remunerado até a minha estadia aqui. - Camila comentou. - Dinheiro nunca é demais.

E assim, passou-se o almoço com eles conversando. Em um dado momento, Camila desencantou o Enrique com educação ao dizer que tinha um namorado a esperando no Brasil, o rapaz ficara decepcionado, mas não deixou de manter a simpatia. Já a Bella franziu o cenho para a informação, mas quando a Camila a olhou, a ruiva sorriu.

Elas voltaram para a sala no intuito de assistir as últimas aulas e como prometido, a Bella ajudou a Camila nos dialetos, tendo que ficar mais próxima da brasileira para sussurrar no ouvido dela e não atrapalhar o que o professor dizia. Camila fazia algumas anotações para não se esquecer futuramente. A maioria dos alunos usavam aparelhos eletrônicos, a brasileira estava com o seu notebook sobre a carteira, mas gostava de escrever porque tinha aprendido que quanto mais você escrevia o seu cérebro registrava.

Nos últimos minutos de aula, Camila estava impaciente. Motivo: Lauren. Ela queria saber como a cantora estava já que não pegara no celular desde que viera para a aula e não sabia se depois da ligação a Lauren tinha mandado algo para si. Foi um alívio profundo quando o alarme soou, e quase todos se levantaram para ir embora. A brasileira terminou de recolher as suas coisas com a Bella a sua espera, depois elas saíram pelos corredores amarrotados de alunos apressados.

- Escuta... - Bella começou, desvencilhando de alguns alunos. - Sei que é o primeiro dia de aula e você é toda engajada com os estudos, mas...

Camila foi um pouco para trás porque estava com os olhos fixos no celular, olhando as suas mensagens, nem se preocupou com suas redes sociais. Tinham duas mensagens do seu interesse, abriu a primeira.

De: Lauren:  Seria muito estranho se eu dissesse que estou com saudades?

A brasileira mordeu o lábio inferior, controlando a vontade de sorrir. Ah, e já vem aquela sensação na boca do seu estômago querendo ganhar vida e arrastando todos os seus dilemas pra debaixo do tapete... Abriu a segunda mensagem.

De: Amor: Boa sorte no seu primeiro dia, princesa, depois quero saber de tudo. Te amo!

Camila voltou para a mensagem de Lauren, estava quase respondendo quando tropeçou em um degrau que ela nem sabia que estava ali, a sua sorte era que Bella a impediu que caísse, o contato foi mínimo e a brasileira rapidamente se afastou, dando-se conta que já estavam na saída da universidade e que Bella a olhava em expectativa.

- Desculpa, mas o que você disse? - Camila perguntou um pouco sem graça por não prestar atenção na ruiva.

- Perguntei se você não quer ir para um pub essa noite, a galera vai se juntar pra tomar um pouco de tequila. - Bella sorriu. - Sabe, se conhecer melhor e tal.

- Oh... - Camila olhou para o seu celular, sentindo-se brevemente ansiosa. - Hoje não, Bella. Eu tenho planos, mas outro dia, hum?

Bella sentiu-se entristecida pela recusa, ela realmente queria a companhia de Camila, mas murmurou um "tudo bem", abraçou a brasileira e se despediu.

Camila observou por uns segundos a Bella se afastar para depois ir para o seu próprio rumo. Felizmente, Ally morava há quatro quadras da universidade, o estresse de trânsito estava poupado. Estava pensando em comprar uma bicicleta para ir e voltar da faculdade, ao menos, estaria praticando exercício, já que não tinha nenhuma disposição para academia.

Assim que chegou no apartamento, vinte minutos mais tarde, Camila chamou por Ally, mas não obteve nenhuma resposta da melhor amiga, deduziu que Ally ainda estava no trabalho. Camila deixou as suas coisas em seu quarto e correu para a cozinha, abriu a geladeira e retirou uns ingredientes.

Sua mãe sempre lhe dizia: Se você está doendo, não á nada melhor que uma boa sopa para fortalecer o corpo e esquentar um pouquinho o coração.

Camila faria uma sopa para a Lauren!

•••

- Os seus remédios. - Mercedes informou para uma Lauren que estava toda desleixada no sofá da sala, mudando constantemente os canais de televisão.

A cantora revirou os olhos para os três compridos. Dra. Grey receitou que tomasse durante a manhã, tarde e noite. O que era relativamente chato, Lauren não era muito adepta à remédios porque sempre achava que eles iriam foder com os seus rins em algum momento da vida.

- É necessário?

- Sério que está me perguntando isso, mocinha? - Mercedes apertou os olhos, exibindo uma expressão brava.

- São muitos, Cece! - Lauren manhou com um bico. - Sou obrigada a tomar nove drogas por dia, você sabe o que isso? Os meus rins vão entrar em colapso!

- Não vai, Dra. Grey foi bem taxativa ao dizer que não são agressivos aos rins desde que você tome bastante liquido. E adivinha? - Mercedes balançou uma garrafa de água mineral na outra mão. - Água! - Disse o óbvio.

- Eu não quero! - Lauren cruzou os braços.

Mercedes respirou fundo ao olhar para a Lauren, ás vezes, sentia vontade de dar umas palmadas na mais nova. Ela sabia que a cantora estava manhosa dessa forma porque era com ela... Fazia muitos anos que trabalhava e cuidava da Lauren, desde que a cantora tinha dois anos de idade praticamente. Ela viu a Lauren sendo menina, adolescente e agora mulher, mas aos seus olhos, sempre seria uma doce menininha. Sentia que tinha falhado um pouco em cuidar de Lauren ao chegar de manhã e saber do acidente, mas Mercedes não tinha como prever que a cantora iria se ferir, e ontem à noite tinha sido o seu dia de folga... Agora tentava compensar.

- Não é como se você tivesse querer. - Mercedes deu de ombros.

- Prefiro tequila e um baseado, causaria o mesmo efeito do que esses remédios.

Mercedes sorriu em deboche.

- Que pena, mas isso você não vai ter.

A cantora abriu a boca para resmungar, quando o seu celular a fez desviar a atenção.

De: Camila: Lauren, qual é o seu endereço?

Lauren ficou tão genuinamente feliz com a mensagem que esperou o dia todo que respondeu sem nem ao menos questionar ou estranhar o porquê de Camila querer saber o seu endereço. Um pigarro a fez voltar a olhar para a senhora de meia-idade à sua frente que estava com os dois braços estirados, oferecendo o que tinha em cada mão.

Sabia que Mercedes não daria folga. Ela tinha os olhos determinados e Lauren sempre a obedecia mesmo que ás vezes, a sua vontade era de ser malcriada. Mas no fundo, sentia-se acolhida e amada pela a senhora que tanto tinha estima. Amava a Mercedes e agradecia por ela estar sempre ao seu lado, a cuidando. Ela não tinha a mais velha como empregada, e sim, como mãe.

- Tome o remédio, Michelle.

Sem ter para onde fugir, Lauren aceitou os compridos, e também a garrafa de água. Mercedes só ficou satisfeita quando a cantora tomou os comprimidos e bebeu toda a água, saindo da sala com um sorriso vitorioso.

Lauren revirou os olhos e voltou a sua programação de mudar os canais. Parou em um programa aleatório, sem prestar muita atenção. Durante o dia, recebera algumas ligações, incluindo de Taylor preocupada. Depois da mesma explicação para todos de que tinha sido desatenção, eles chegaram à conclusão de que a cantora estava chapada. Era sempre isso. Os seus pais nem se deram o trabalho de ligar, eles estavam curtindo uma viagem romântica na Grécia e as filhas estavam na última opção da lista para se preocuparem.

Moveu o pé com cuidado, ele estava especialmente dolorido. Recentemente tinha tomado um novo banho e feito um novo curativo, apesar de Mercedes ter mãos de fada e manuseou o pé de Lauren com muito cuidado, a área estava muito sensível e era impossível não sentir incômodo.

Abraçou uma almofada, e ajeitou mais o pé no puff com uma almofada pequena e fofinha que Mercedes tinha colocado lá para que Lauren ficasse com a perna esticada e o pé repousado de uma maneira que não machucasse o seu pé e fosse confortável para cantora.

Um anjo. Era isso que Mercedes era.

Ela não soube quanto tempo ficou ali assistindo aquele programa que descobriu que era sobre vestidos de casamento, estava sentindo-se meio dopado pela dosagem dos comprimidos, mas isso não a impediu de escutar a campainha.

- Cece, a campainha! - Lauren berrou.

- Não grite, menina. - Mercedes ralhou ao se aproximar. - Eu já escutei.

Lauren desejou que não fosse nenhuma esposa de político querendo ser solidária. Ela estava no seu modo "atoa" dentro de casa e não queria tirar a sua roupa de mendigo para vestir-se socialmente, o seu moletom velho três vezes maior do que ela que parecia um vestido estava confortável demais. Também não queria fazer sala para ninguém.

Escutou algumas vozes, e depois um silêncio.

- Quem era, Cece? - Lauren voltou a gritar.

- Eu? - A voz soou levemente tímida.

Lauren virou a cabeça para a voz e os seus olhos esverdeados dilataram ao ver a Camila ali, parada quase em sua frente com uma vasilha na mão.

- Camz! - Lauren exclamou eufórica. - O que está fazendo aqui? - Sua vontade era de se levantar e correr até a mais nova, mas controlou-se por conta do seu pé. Camila parecia mais linda do que o dia anterior, e estava muito cheirosa.

- Vim trazer sopa. - Camila mostrou a vasilha ainda sem se aproximar. - Minha mãe sempre diz que sopa cura a alma quando estamos meio doentinhos.

Se diversos corações pudessem saltar dos olhos de Lauren naquele momento como um desenho animado, certamente, saltariam. Ela olhou para a brasileira com tanta devoção que até mesmo a Mercedes percebeu que ali havia alguma coisa diferente.

- Gentileza de sua parte, Camila... É Camila não é? - Mercedes perguntou ao se aproximar, e Camila confirmou. - Dê-me a sopa aqui, eu vou providenciar de esquentá-la e servir para vocês...

- Ah, eu não vou comer, não precisa se preocupar comigo. - Camila falou um tanto envergonhada pelo olhar que recebera de Mercedes, não era recriminador, era cumplice, como se a empregada soubesse o que estava havendo entre a brasileira e a mexicana.

- Bobagem, menina, aqui tem sopa para um batalhão. - Mercedes sorriu, fazendo com que as rugas de seus olhos ficassem mais acentuadas. - Minha Laur vai adorar a sua companhia. Sinta-se em casa, com licença.

Mercedes se retirou, deixando-as sós.

Orbes esverdeados e castanhos se fundiram por um longo tempo, incapazes de desviarem nem por um segundo. A primeira a sorrir foi a Camila, sentindo-se explodir por dentro com aquele olhar, e Lauren acompanhou aquele sorriso porque era até um crime ver um sorriso tão belo como o de Camila e não retribuir. Novamente elas foram invadidas por aquela bolha que pertencia apenas as duas. Será que sempre que se vissem, seria assim?

Mais uma vez esqueceram-se do mundo que as cercavam lá fora... Para Camila não existia ninguém mais além de Lauren, e para a Lauren... Bem, a recíproca era em todos os sentidos. Era apenas elas, e somente elas.

Lauren bateu ao seu lado do sofá no convite mudo para que Camila se aproximasse. A brasileira se aproximou timidamente e sentou-se ao lado da cantora, ficaram sem saber o que fazer pelos primeiros segundos até que a vontade de sentir uma a outra foi gritante.

Elas se abraçaram com carinho, e cuidado. Os braços se envolveram e se fixaram em seus corpos, mantendo-as unidas e bem juntinhas. Lauren suspirou, sentindo o cheiro suave dos cabelos de Camila, era tão revigorante estar com a brasileira acolhida em seus braços. Enquanto, Camila afundou o nariz no pescoço alvo de Lauren, inalando o perfume da cantora... Como amava aquele cheiro, e aquele calorzinho que o corpo de Lauren transmitia.

Tudo era tão viciante para elas.

- Seria muito estranho se eu dissesse que eu também estava morrendo de saudades? - Camila murmurou no ouvido da cantora..


Notas Finais


Bem, é isto...

Cheiro, cheiro, cheiro.


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