História De onde vem os bebês? - Garagem e fusquinha amarelo.

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Quando realmente os pais devem ensinar algo tão complicado como “sexo” para seus filhotes? É desconfortável para ambos!

Por isso, após a pergunta mais difícil da minha vida, me vi caído no chão da sala, com os dois homens da minha vida em cima de mim perguntando se eu estava bem, mas, meu amor... Bem só se eu morrer.

Nunca achei que meu “biscoitinho de coco” — vulgo meu filho — fosse chegar na fase das perguntas difíceis, óbvio que quando ele falou o primeiro palavrão, ChanYeol só faltou morrer, eu fiquei de boas, na minha, super calmo.

Mas perguntar de onde diabos vem os bebês foi de quebrar minhas pernas. Nem da vez que ele disse que iria fugir de casa, porque não deixei ele assistir “Dora aventureira” foi tão impactante, por isso aqui estou eu, desmaiado, arrasado, descabelado, encabelecido, escalafobético, e todos os outras proparoxítonas do adverbio abstrato substantivo complexo que existem.

Como diabos eu direi: “E ai filhão,  é simples, ChanYeol enfiou o pênis dele no meu cu e você veio depois que tentamos esse método vinte vezes por dia!” ?

Eu só estarei traumatizando minha cria, nesse momento eu preciso pensar muito no que falar e o mais importante de tudo, ChanYeol terá de ficar calado.

— Por que você  está perguntando isso, meu quindinzinho? — perguntei, enquanto me recuperava do nocaute de uma criança curiosa de nove anos — Aonde você escutou isso bebê?

— Dalí. —  JiSung apontou pra’ TV, e nela passava esses documentários da vida animal (é até legal e eu gosto de gastar meu tempo sabendo sobre os animaizinhos, até virei vegano depois de ver o quão maltratados eles são pelos humanos, mas essa não é a discursão aqui).

Na tela da TV, que paguei 24 vezes no cartão, passava algo relacionando a golfinhos. Bom, pelo que sei, os golfinhos são superinteligentes, dão nomes para seus amigos golfinhos e são um dos poucos animais que fazem sexo por tesão e não porque querem reproduzir.

— BaekHyun, você tá’ vermelho, amor. — olhei para ChanYeol querendo seriamente esganar ele, mas meu bebezinho estava com aquela carinha de preocupado, então não consegui fazer nada, só morrer por dentro mesmo.

Meu bebê estava assistindo pornô, pornô de golfinhos! Aonde esse mundo vai parar, meu Deus?!

— Olha bebê, isso não é assunto para falar agora, nós estamos indo dormir! — procurei os olhos do meu marido e ele olhou para mim mais perdido do que fica quando levo ele pra’ Black Friday e digo “Pega um cachecol preto pra mim.” — A-amanhã appa te conta, okay?

— Quero saber agora. — esse garotinho, de onde será que ele puxou a ser tão teimoso, hein? — De onde os bebês vem? E não me diga que eles vem da senhora cegonha, porquê a Fei disse que é mentira.  — o que eu direi para que está criança tire esse bico manhoso dos lábios?

— JiJi, se o appa disse que vai falar amanhã, é porque ele só vai falar disso amanhã. — ChanYeol tentou, mas falhou feio. Nosso moranguinho estava decidido a saber e não havia um “amanhã” que fosse o abater facilmente — Você conhece ele, né? — JiSung fez que sim com um aceno de cabeça.

— Então por que você não me diz? Que nem daquela vez que eu perguntei o que era beijo de língua e você disse que era quando uma pessoa coloca a língua dentro da boca de outra pessoa.

Palavras não bastam para o quanto eu estou chocado neste momento.

— Filhote... Lembra que eu disse que appa Baekkie não poderia saber sobre isso? — sussurrou pro mais novo.

— Pare de cochichar seu traidor! O que mais você ensina ao nosso pudinzinho pelas minhas costas? Eu confiava em você ChanYeol! — fiz um pouco de drama sim, mas com fundamento. Isso é um ultraje. Aonde já se viu responder algo assim para uma criança inocente de apenas nove anos? ChanYeol só pode estar louco. — JiSung, meu bombonzinho, beijo de língua é uma coisa nojenta e que crianças nunca, jamais devem fazer, você entendeu? Se não pega sapinho, doenças e essas coisas ruins.

— Você não pode dizer isso para ele BaekHyun, assim vai traumatizar nosso filhote.

— É a intenção!

— Não pode fazer isso, ele vai crescer desinformado, acarretando assim sexo sem camisinha e futuros netos para nós dois, com 15 anos! É isso que você quer?

— Camisinhas e sexo não é o ponto aqui, se depender de mim ele vai ser padre, puro para sempre.

— O que é sexo e camisinha, appa? — eu definitivamente vou ficar viúvo, ChanYeol tinha que complicar mais ainda as coisas.

Meu são longuinho, são longuinho, se você me ajudar eu dou três pulinhos!

— Sexo é algo que você faz por amor, e camisinha é algo que te protege de várias coisas durante o ato de amor. — Então é assim que vai ser, ChanYeol? Esse orelhudo vai simplesmente abrir a boca e falar coisas obscenas desse jeito sem filtro nenhum?

São longuinho, cadê a ajuda? Se essa for sua ajuda eu prefiro que não me ajude então.

— Cala a boca, ChanYeol! — Gritei meio descontrolado. — Okay, você quer saber de onde os appas vem.

— Os bebês. — JiSung disse, rindo da minha cara.

— E o que foi que eu disse? — perguntei, sem entender bulhufas.

— Você disse appas ao invés de bebês. — ChanYeol também ria, mas parou assim que viu minha cara de “ri mais um pouco e vou ficar de greve por meses.” — Desculpa meu amor. Você sabe que eu te amo, né?

— Depois conversamos ChanYeol, o que é teu tá’ guardado. — respirei fundo, procurando palavras certas, quando JiSung era apenas bebê era mais fácil.

Peguei  o cotoquinho de gente nos braços fazendo o caminho para o quarto dele. ChanYeol veio logo atrás de nós.

— Você gosta de carrinhos, não gosta? — Uma ideia muito boa, diga-se de passagem, veio em minha cabeça ao olhar os carros do filme “Carros” na cômoda ao lado da cama. Deitei minha amorinha doce na cama e o cobri sentindo a presença de um ChanYeol curioso ao meu encalço.

— Essa eu quero escutar também. — O gigante traidor sentou do outro lado da cama e eu sorri cheio de vontade de o matar.

— Então JiSung, vamos imaginar agora que o appa Baek é uma garagem tudo bem?

— Tudo bem. — ele parecia confuso, ChanYeol também.

— E o appa Channie é um carro.

— Ele pode ser uma Mercedes?

— É amor, posso ser uma Mercedes? — mas esse palhaço quer fazer graça agora?

— Não. Ele é um fusquinha amarelo caindo aos pedaços, todo enferrujado, com escapamento podre e precisando urgentemente de ir ao mecânico ou até mesmo a um descarte. — ChanYeol pareceu não muito feliz com minha resposta, mas eu tô’ nem aí. — Enfim, a garagem e o fusquinha queriam muito, muito, muito um carrinho.

— Uma Mercedes? — JiSung sorria.

— Sim. Então o fusquinha entrou na garagem e “bum”!

— O que appa?

— Uma Mercedes nasceu, e é assim que os bebês nascem. — sorri, convencido da minha maravilhosa explicação. JiSung ainda parecia confuso sobre tudo, mas eu não iria contar a verdade nunca! — Agora você vai dormir e os appas também, não é ChanYeol?

ChanYeol me olhou assustado, mas logo sorriu, indo beijar o rostinho do nosso pequeno príncipe como eu já havia feito.

Ao sair do quarto, soltei a respiração presa junto a um peso dos meus ombros. Nunca na vida passei por algo tão complicado, tenho que lembrar de ser mais cauteloso na próxima vez se não eu posso ter um ataque cardíaco e morrer.

— Essa explicação do carro e a garagem foi engraçada, mas você sabe que se não explicamos ele vai apender sozinho. Somos pais de primeira viagem amor, mas ficar nervoso por causa de perguntas assim vai nos dar cabelos brancos mais cedo.

— Você fala isso porque ele é um garoto, se fosse uma menina ficaria parecendo um lobo tentando proteger a menina de tudo e todos. Hipócrita… — Falei a última palavra baixinho. ChanYeol é um idiota, eu o amo, mas não sou obrigado aguentar a hipocrisia dele. — Vamos estabelecer uma idade.

— A partir dos quatorze. — Mas é nunca, com quatorze ainda é criança!

— Vinte e um. — Essa é a maior idade mundial.

— Quinze.

—  Dezenove.

— Vamos lá, BaekHyun, com quantos anos você deixou sua garagem ser invadida? Eu fiz sexo com dezesseis.

— Que nojo ChanYeol, eu perdi minha virgindade com dezoito!

— Ótimo, quando ele fizer dezoito anos você vai explicar tudo. — Isso não é justo!

— Tudo? — Ele fez que sim e eu quase pulei no pescoço dele — Okay.

— Okay? Tudo bem para você? — Claro que não tá’ tudo bem seu palerma, mas a vingança é um prato que se come frio, Sr.ChanYeol.

— Claro sim. — Disse enquanto começava a andar em direção ao nosso quarto.

Mas eu parei no meio do corredor e me virei novamente para o grandão.

— A propósito, ChanYeol, estamos grávidos de três meses. É uma princesa e é você que vai ensinar a ela sobre menstruação, sexo e essas coisas quando ela fizer dezesseis. — Voltei a andar.

— Espera Baekkie, amor!

— O que é cabeçudo? — Me virei, pronto para lhe dar um tapa nos poros.

— Vamos mudar a idade para vinte e um. É a idade mundial para maior idade.

—  Humf.