História De repente - Companheira de quarto

P.O.V Jessica

Meu primeiro dia em Seul foi PÉSSIMO. Eu juro que esforcei para encontrar o colégio. Mas não foi o suficiente. Ele fica a alguma quadras do instituto, pedi informação a algumas pessoas, mas mesmo assim não consegui encontrá-lo. Agradeci aos céus por ter encontrado o caminho de volta ao instituto.

Observei bastante os lugares e tudo que estava a minha volta, simplesmente lindo. Calmo, com a poluição sonora ausente. Pessoas com feições tranqüilas e alegres. Era um pouco complicado diferenciá-los, mas eu já estou ficando boa. Não. Eles não são iguais. Pode ir tirando isso da sua mente.

Liara invadiu meus pensamentos. Como foi o primeiro dia de aula daquela pirralha? Será que ela já fez amigos? Falando em meninos. Os garotos daqui têm uma beleza bem atrativa. A estatura deles é consideravelmente maior do que a dos brasileiros. Sorte minha que sou grande, as garotas também não ficam pra trás. Bem altas. Queria tanto ter a encontrado hoje. Droga. Quem manda ser cabeça oca. – Dei um tapinha em minha cabeça indignada.

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Coloquei a chave na fechadura da porta do meu quarto e adentrei me jogando em minha cama. O quarto é de longe espaçoso. Duas camas de solteiro acompanhadas por dois criados mudos a direita de cada uma. Uma escrivaninha mediana com duas cadeiras bem confortáveis para estudo e uma luminária. Virar a noite estudando é algo bem freqüente em minha vida e agora ainda mais. Uma escada bonita que leva ao segundo andar do lugar onde fica o banheiro e os roupeiros. Mesmo sendo pequeno era aconchegante. A tática de dois andares é pra economia de espaço até porque você já viu a extensão do território Coreano. Pequeno.

Eu ainda não tenho companheira de quarto, mas é uma vaga que logo será preenchida. Aqui eles não dão bobeira. Ouço três batidas na porta e logo a mesma sendo aberta. Possibilitando-me ver uma garota da altura de Liara com algumas mexas roxas no cabelo negro e liso. Seus traços são orientais. Ela abre um dócil sorriso. Eu retribuo. Ela coloca suas malas pra dentro do quarto. Como eu disse a vaga logo seria completada. Ainda mais rápido do que eu havia pensado.

- Olá. Como viu vou ser sua colega de quarto. – Diz ela com um aceno. (em coreano)

- Que bom, ficar aqui sozinha é um tédio. – Respondi com um  largo sorriso.

- Imagino. – Retruca ela se sentando na cama que vai pertencer a ela agora.

- Muito chato. – Comentei dando ênfase a ultima palavra. (em português). Droga, droga, droga. Tenho que me acostumar a falar apenas em coreano, mas que merda.

Ela riu e disse:

- Ainda é muito confuso lidar com os dois idiomas né. – Ela comentou com um grande sorriso, fiquei surpresa. Ela falou português, mas e esses traços orientais. Ela deu um sorriso tímido.

- Você é brasileira? – Perguntei assim que me recuperei do choque. Ela assentiu. – Mas e esse traços? – Falei arqueando uma sobrancelha.

- Meu pai é coreano, minha família mora no Brasil inclusive meu pai. Ele me ensinou o coreano e em casa com a família é nossa forma de comunicação. Fiz a prova a alguns dias, fui encaminhada pra cá e como já era fluente não foi preciso fazer o curso de línguas. – explicou, e eu ouvi atentamente. Dei um sorriso que seria impossível medi-lo de tão grande. É maravilhoso ter uma colega de quarto que é do mesmo lugar que eu. Sem formalidades. A sorte esta começando a se bandear para o meu lado.

- Essa foi a melhor noticia que tive hoje. – Informei. – Me chamo Jessica. –Disse me sentando ao seu lado.

- Yasmin. – Falou ela, eu a abracei. Estou muito contente.

- Vamos falar coreano, porque eu preciso me acostumar e desenvolver, pode ser? –Ela fez um maneio de cabeça positivamente. –Então vamos arrumar nossas coisas, eu cheguei ontem exausta e não arrumei nada a não ser as energias. Ela gargalhou.

Subimos os degraus com as malas e mochilas para ajeitar em nossos roupeiros. Coloco meus vestidos nos cabides habilidosamente. As saias e blusas nas gavetas. Calças e camisetas nas divisórias. Os sapatos e sandálias em seus devidos lugares e o all-star que Lia me faz comprar, separado. Eu fui muito com a cara dele. Percebi que o gosto de Yasmin é bem parecido com o de Lia. Mas também tem várias saias e vestidos. Ela é simpática e bem delicada.

P.O.V  Yasmin

Gostei muito da Jessica ela é muito espontânea. E achei excepcional ela ser brasileira assim como eu. Seus olhos âmbar brilharam intensamente quando soube.

Estamos arrumando nossas coisas e ela se pronuncia:

- Acredita que não consegui encontrar o colégio. – Eu comecei a gargalhar, ela se aproximou e deu um leve empurrão em meu ombro. –Não ri. É que não sou boa com essas coisas. – Falou entre gargalhadas. Terminei alguns minutos após ela. Mesmo tendo trazido aparentemente todo o seu quarto ela foi bem ágil para ajeitar tudo.

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Pego meu notebook da mochila e o coloco sobre a escrivaninha. Sento-me e começo a mexer. Jessica pega o seu e se senta ao meu lado.

- Ótima idéia. –Diz ela gesticulando um jóia, mostrando que gostou.

 Meus pais pediram que eu entrasse em contato assim que chegasse. Então escrevo uma mensagem a eles por e-mail.

Queridos pais,

A viagem foi bem longa. E a falta de vocês aperta cada vez mais dentro de meu peito. Espero me acostumar. Estou bastante empolgada em conhecer minhas raízes do lado de Appa, minha colega de quarto é brasileira e bem simpática.
Amanhã será meu primeiro dia de aula. Confesso que estou ansiosa. O pouco que observei de Seul já me deixou admirada. Tudo é bem diferente do Brasil. Agradeço muito pelo apoio de vocês, vou continuar me dedicando bastante aos estudos.
Vai ser uma experiência maravilhosa que vai me acrescentar muito. Amo muito vocês. Assim que puder me comunico novamente, mandem um enorme beijo para o Henry.

Beijos Y.

Meus pais me apoiaram em tudo. Eles são muito importantes. Meu Appa relutou mas acabou concordando.

Flashback on

Estávamos no aeroporto, minha mãe se aproximou me deu um abraço apertado e depositou um beijo no topo de minha cabeça. Meu pai me deu um abraço rápido e selou minha testa com um beijo, seus olhos estavam marejados. Henrique meu irmão mais velho e único. Me abraçou me retirando do chão.

- Pequena Min, não vá pensando que só porque a distância é internacional que vou deixar os garotos se aproximarem. – Avisou Henry bagunçando meu cabelo.

- Coitado de você oppa, nunca nem fez o serviço direito. – Informei rindo. Ele fez uma careta. Ele sempre foi protetor e ciumento. Acenei um tchau com lágrimas nos olhos e fui para fila de embarque.

Flashback off

Henry sempre foi ciumento e protetor. Ele já me fez passar cada mico que acho melhor nem contar. Sempre arrancou suspiros da garotas. Em outra ocasião digo pra vocês o quão lindo meu oppa é.

Volto minha atenção pra Jessica. Ela começa a revirar sua lista de amigos do Facebook a procura de alguém. O que será que ela quer com tal pessoa?

- Olha. – Diz ela me chamado mais pra perto e vai mostrando seus amigos pra mim. Logo em seguida pega o seu celular e abre sua lista do WhatsApp e faz o mesmo. Em fim diz: – Preciso me socializar com os coreanos. Comecei a rir acompanhada por ela. Eu achando que ela estava procurando alguém e ela tava mostrando que não tinha nem um coreano em suas redes sociais. Só ela pra fazer isso. Vai ser muito divertido ela como companheira de quarto.

P.O.V  Liara

Chegamos em casa. JungKook me avisou que seus pais estam trabalhando neste horário e que seria só nós dois. Ele seguiu para cozinha, acompanhado por mim, ele prepara o almoço enquanto eu fico sentada na bancada com o rosto entre as mãos o observando. O maior coloca nossos pratos, aponta com os dedos indicadores para o meu prato exageradamente e sorri. Me tirando uma gargalhada. Pego o meu prato ele me entrega os hashis e o sigo para a mesa.

Ele começa a comer, encaro os hashis ao lado do meu prato desafiadoramente. Levanto meu olhar para Kook que come concentrado. Ele percebe e faz uma expressão “O que foi”. Eu sorrio.

- Huum... Será que você pode me ensinar a comer com esses pauzinhos? – Pergunto sem jeito. Sempre comi com colher não importava a situação ou a comida até macarronada. É minha vida está tendo uma mudança total.

- Okay. – Concorda ele com um sorriso. Não sei se foi impressão minha ou tinha uma pontinha de malicia naquele sorriso.

Ele se levanta. Dá a volta á mesa e se aproxima de mim. Meu coração pula uma batida, e sinto um friozinho em minha barriga. O maior coloca toda a extensão de seu braço direito sobre o meu. Eu estou com os pauzinhos desajeitados em meus dedos, sua mão toca a minha e os ajeita. Apóia sua outra mão em meus ombros. Sinto sua respiração quente em meu pescoço. Eu estava a ponto de ter um piripaque.

- É bem assim, olha. – Sussurra ele em meus ouvidos, fazendo uma onda de calor percorrer todo meu corpo me fazendo arrepiar. Ele usa minha mão como fantoche demonstrando os movimentos a serem feitos. Por que ele está me maltratando deste jeito? Por quê? Eu mereço.

A respiração de JungKook começou a acelerar. Eu já nem respiro mais.

- Entendeu? – Pergunta ele. Sua boca está tão próxima do meu ouvido que posso sentir o roçar de seus lábios. Fazendo-me arrepiar. Eu queria que ele traçasse uma linha de beijos pelo meu pescoço. Que tomasse minha boca num beijo quente e intenso. Que sua mão dominasse cada parte de meu corpo. Que esse lado homem me possuísse. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Essa reação intensa que ele tem sobre mim nunca aconteceu comigo.

- En-en-tendi. – Digo meio zonza, dopada por ele. Ele se afasta e volta ao seu lugar com um sorriso de canto. Me deixando ali sentada cheia de desejos e de coisas pervertidas passando por minha mente. Esse garoto ainda acaba comigo.

Em meio toda tensão eu consegui comer de hashis, vez ou outra a comida escorregava do mesmo e o maior ria. Eu fazia caretas. Ele realmente era ótimo para ensinar. Esse lado malicioso dele me surpreendeu e eu gostei.