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História De Repente é Amor - Por que o ser humano é complicado?


Escrita por: theboucage

Capítulo 25 - Por que o ser humano é complicado?


Entrei em casa completamente sem rumo. Naquele momento bateu uma vontade de desaparecer. Engraçado, acho que só agora a ficha tinha caído realmente. 

Depois daquela conversa com Kara, sem discussão, bate boca. Enfim, sem raiva ou mágoa, percebi então que todas as outras vezes quando ela disse que não me queria mais, foram falsas, no entanto, desta vez. Por isso a ficha caiu. Eu não a teria mais. Ela se afastaria de mim, sim! Eu li isso nos olhos dela. 

Fiquei parada na porta da sala. Nem ouvi o que minha mãe disse, quer dizer, não ouvi a frase inteira.

— O que, mãe? – perguntei dispersa.

— O Oliver ligou e disse para você retornar a ligação assim que chegasse.

— Tá bom. – falei e saí.

Incrível, ela nem olhou pra minha cara. Também, não iria adiantar nada. Minha mãe jamais iria querer saber das minhas reais tristezas. 

Entrei no quarto, joguei a mochila no chão ao lado da cama. Tirei o celular do bolso da calça e liguei para o Oliver. Nos vimos toda a manhã no colégio, o que ele quer ainda?

— Demorou, hein, Lee? – perguntou ao atender o celular.

— Oi pra você também. O que houve, cara?

— Onde você se enfiou na saída do colégio?

— Eu... Eu... Estava conversando com a Kara. – respondi sem disposição para inventar alguma daquelas desculpas mirabolantes que só me encrencavam ainda mais.

— Caramba! Você não esquece essa professora. Desencana! – exclamou inconformado.

— Hey, para com isso! Não tem mais nada a ver, está bem? – confessei com tristeza.

— Acho bom. – falou sério – A Sam gosta muito de você e seria muita sacanagem sua ficar correndo atrás da professora... – continuou – Não tá namorando a minha prima? Então, sossega! – concluiu.

— Eu sei, cara! Não se preocupe com isso. – falei com nó na garganta. Percebi naquele instante que eu havia perdido o “amigo confidente”, ficou só o “amigo” – Mas, o que você quer falar comigo? Não me fez te ligar para ficar me dando lição de moral, não é?

Ele riu.

— Olha, já está tudo combinado para amanhã. – logo sua voz áspera deu lugar a um tom de voz radiante – Vamos encontrar a Victória às onze horas na porta da boate em Copacabana, está bem? Por isso, não se atrase, vamos esperar você as dez e vinte na minha casa, entendeu?

— Eu tenho a opção de não querer ir? – perguntei em tom de brincadeira, embora estivesse deveras desanimada para enfrentar aquela noitada regada a música eletrônica. Podem ter a certeza de que eu ficaria entediada. Sim! Estava no meu “momento tristeza”.

— Você não tem essa opção, espertinha! É meu aniversário e eu só vou comemorá-lo nessa boate gay porque sei que você quer ir lá.

— Obrigada pela consideração. Eu vou sim. – falei. Quando estamos encarando o “momento tristeza” tudo perde o brilho.

Em outros tempos, eu estaria animada pelo simples fato de poder entrar na boate mais animada do Rio de Janeiro, onde havia as garotas mais bonitas do pedaço. 

Caramba! Como isso se tornou desinteressante? Programa legal, sabe qual seria? Ir até a casa de Kara e dormir à noite inteirinha do ladinho dela, olhar sua fisionomia durante o sono, fazer carinho nos seus cabelos, abraçá-la, beijar os seus lábios sedutores. Mesmo que não fizéssemos amor, mesmo que ela se arrependesse no minuto seguinte e me mandasse embora, como sempre fazia. 

Meu Deus! De repente é amor mesmo. Claro que é! Só pode ser. Estou ferrada, né?

Desliguei o telefone e não demorou dois minutos para o mesmo tocar novamente. O que ele quer desta vez? Olhei o visor. Número privado.

— Alô? – perguntei com a voz cheinha de esperança. Ela tinha ido embora, lembram? Tá voltando. Tá voltando.

— Você tinha razão! – exclamou animada.

— Razão? Do que? – não estava entendendo.

— Meus alunos. Adoraram o meu atraso.

— Ah, é isso? 

Opa! Esperança passando por vocês e indo embora.

— Como você está? – seu tom de voz mudou. Ficou mais maduro, digamos assim.

— Estou pensando em você. – alguns segundos torturantes de silêncio. Deu para ouvir a respiração do outro lado da linha – Não dá para ficar bem sabendo que acabou o pouco que nós tínhamos. – concluí.

— Tenho que voltar para sala... – sussurrou – Tenta se distrair, sair com seus amigos, com a namorada... – falou quase hesitante. 

Ela forçou, não acham? 

— Vou ver o que faço, não se preocupe. – falei.

— Nos vemos na segunda, certo?

— O que eu posso fazer? Até segunda, professora. – falei irônica.

— Tchau, menina! 

— Tchau! – fiquei ainda com o celular no ouvido, ela também demorou para desligar, deu até para ouvir o barulho do sinal tocando na escola onde ela estava. 



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