1. Spirit Fanfics >
  2. De Volta Para Casa >
  3. Surprises

História De Volta Para Casa - Surprises


Escrita por: FMalluma

Capítulo 1 - Surprises


Hoje poderia ter sido mais um dia comum no estúdio, mas isso só ocorreria se eles não tivessem aparecido.

Altos barulhos de motores podem ser ouvidos, roubando a minha atenção que deveria estar nos últimos esboços que eu fiz para o catálogo. 

Tão rápido quanto os barulhos apareceram, eles também se calaram, mas isso fora apenas para dar lugar a uma grande comoção — que eu deduzi ser na recepção —, me forçando a largar meus afazeres para verificar.

Ao sair da minha sala, o grande número de motoqueiros ali realmente me surpreendeu, mas o que realmente me chamou a atenção, foi o fato dele estar ali. 

Matthew Kim — mais conhecido como BM e meu ex namorado — estava presente em meu estúdio depois de anos exibindo toda a sua masculinidade badboy em uma jaqueta de couro, calça jeans surrada, cuturnos e um sorriso ladino que poderia ser considerado avassalador.

Eu realmente não esperava vê-lo hoje ou em qualquer outro dia, ainda mais de maneira tão aleatória, mas a vida me provou estar errado mais uma vez. Me aproximando do balcão, eu saio do sigilo chamando a atenção de todos para mim.

— Boa tarde senhores e senhora! - Cumprimento a todos sendo devidamente retribuído e claro, não deixando de reparar que estou sob o foco de um específico olhar. — O que os trazem aqui hoje? Esboços ou perfurações?

Sendo líder do grupo de motoqueiros, Matthew toma a frente por todos.

— Digamos que um pouco de cada. - Ele sorri em minha direção e automaticamente eu o retribuo devidamente. — Eu vim no intuito de acompanhar os novatos, mas... Acho que vou me aproveitar um pouco do seu talento também.

Encaro-o com as sobrancelhas arqueadas em questionamento porém ele apenas dá de ombros.

— Tudo bem. Então... Eu deixarei vocês nas mãos dessas duas senhoritas. - Digo ao restante dos motoqueiros antes de escoltar minha atenção para Matthew. — Vamos? 

Ele balança a cabeça em uma resposta positiva antes de nos encaminhamos para minha sala. Antes de adentra-la, eu me volto para as meninas que agora estão fazendo o registro de atendimento. 

— Min? - Ela olha em minha direção. — Qualquer emergência com o atendimento, vocês podem ligar para Dojoon. Apesar de ser a folga dele hoje, tenho certeza de que ele não se incomodaria em vir dar uma força.

Após Somin ter captado o recado, eu entro na sala encontrando Matthew inspecionando o catálogo de esboços.

— Você conseguiu me surpreender hoje. Por onde tem andado? - Digo fazendo a preparação dos acessórios básicos que serão necessários. — Faz alguns anos desde a última vez em que eu te vi.

Sua risada preenche a sala antes dele deixar o catálogo e se escorar na maca.

— Eu estive por toda a parte, Seph. - Caminho até o armário pegando um par de luvas e uma máscara antes de indicar a ele onde deveria deixar seus pertences. — Mas estou vindo de um evento de caridade em Gyeongju.

Aceno diante as suas palavras enquanto termino de posicionar tudo da melhor forma para que eu pudesse trabalhar.

— Bem... Você tem algo em mente? - Digo ao ocupar a minha costumeira cadeira. —  Qual será a arte ou mesmo o local onde você gostaria que ela fosse feita?

— Na verdade... Eu estive pensando em terminar aquela tatuagem nas costas. - Interrompo meus movimentos por alguns segundos, me surpreendendo ao saber que Matthew não finalizou a tatuagem que eu iniciei em suas costas a anos atrás. — Não me olhe assim, Seph. A tatuagem é uma arte sua e também uma parte importante da nossa história. Não há mais ninguém apto a finalizá-la.

Encaro-o me sentindo momentaneamente balançado antes de pigarrear.

— T-tudo bem... Vamos dar uma olhadinha sim!?  - Matthew retira sua t-shirt preta antes de se sentar na cadeira, ficando de costas para mim. — Há apenas os contornos... V-você realmente não mexeu em nada nela. 

Preciso respirar fundo para manter meus pensamentos — que teimam em fugir rumo as lembranças do passado — no presente antes de seguir dando continuidade aos detalhes que serão necessários.

— Pelo que eu estou vendo aqui, os traços ainda estão em uma tonalidade escuta mesmo depois desses anos, mas ainda assim eu irei retocar para não ocorrer de ficarem com cores diferentes - Analiso com cuidado. — então aí sim eu irei pintar e esfumar sua arte, ok!?

— O que você achar melhor! 

Matthew tem tatuado no lado esquerdo de suas costas, a asa de um demônio, assim como eu tenho tatuado do lado direito, a asa de um anjo. Essa fora a primeira arte criada por mim em minha adolescência, quando eu disse a essa pessoa a minha frente, que havia resolvido por me tornar um tatuador. 

Confesso que são vários os momentos em que me pego observando a tatuagem no espelho, me permitindo devanear sobre um passado do qual me rendeu bons momentos e experiências.

Foram precisos longos segundos até que eu me concentrasse o suficiente para iniciar os traços. Irônico como após tantos anos a proximidade com Matthew ainda é capaz de enviar diversas sensações nervosas ao meu estômago. Acho que no final, apesar de um termino consensual, eu ainda me encontro agarrado aos sentimentos do meu passado.

[•••]

Horas mais tarde eu finalizo todos os detalhes da tatuagem, ficando satisfeito com o resultado. Depois de passar uma pomada Bepantol por toda a área e cobrir com papel filme, eu dou duas batidinhas em seu ombro indicando que ele poderia se levantar.

Me afastando dele, eu me levanto, esticando todo o meu corpo e sentindo algumas partes estalarem. Pego um dos espelhos soltos e faço sinal para que ele me siga até a parede a vulso onde há um grande espelho. 

Quando Matthew fica de frente para o grande espelho, eu disponho um outro para que pudesse refletir suas costas. 

— Eu espero que você fique satisfeito com o resultado. 

De início Matthew ficou apenas observando atentamente como se analisase e gravasse cada um dos detalhes — o que na minha opinião não é necessário, já que ele levará a arte em seu corpo.

— Valeu a pena ter esperado todos esses anos. - O sorriso no rosto de Matthew é o suficiente para me deixar satisfeito. — O seu talento é surpreendente. É como se você estivesse evoluindo para além da perfeição.

Suas palavras me deixam momentaneamente constrangido me forçando a desviar o olhar do seu. 

— V-você, hm... Precisa passar a pomada Bepantol com média de uma a três vezes ao dia.  - Digo me livrando corretamente de alguns materiais descartáveis antes de estender-lhe um tubo de pomada. — Eu recomendo o uso correto durante quinze dias, já que é o período de cicatrização.

Já vestido com sua t-shirt preta, Matthew me acompanha para fora da minha sala, entrando na recepção onde os seus companheiros estão a sua espera. Entro para a parte interna do balcão para registrar o meu atendimento de hoje.

— Quanto eu lhe devo, Seph? - Matthew perguntou ao retirar a carreira do bolso traseiro de sua calça. — Os meninos já pagaram pelo que eles fizeram?

Jiwoo responde a ele que sim, cada um pagou pela sua própria arte ou perfuração.

— Então só resta e -

— Você não me deve nada por ela Matth. - Ele me encara confuso e eu apenas sorrio da sua expressão. — Um presente meu para você pelos velhos tempos.

— V-você não... 

— Claro que posso. Eu sou o dono. - Digo a ele ao lhe entregar um dos meus vários cartões de visitas postos no balcão. — O primeiro número é o meu. Me liga ok!? Eu realmente odiaria perder o contato com você novamente.

Ele encara o cartão de visitas antes de sorrir, voltando a me encarar.


— Tudo bem, Seph! - Todos os seus companheiros se colocam de pé na mesma hora, como se houvessem recebido uma ordem. — Eu... Eu estarei enviando-lhe uma mensagem mais tarde, então... Até!

— Até!

Feito toda a despedida, Matthew caminha para fora do estúdio sendo acompanhado de todos os outros. Assim que eles ligam suas motos, o barulho ensurdecedor preenche todo o ambiente ao redor deles, e um por um eles vão se retirando em uma longa carreira pela rua.

— Ele... 

— Vamos trabalhar né!? - Digo cortando Somin, fugindo ao saber o tipo de assunto que ela iria puxar. — Tenho que fazer o balanço do mês e checar o estoque de tintas e agulhas, então se me derem licença, eu estou me retirando.

Sem esperar por qualquer argumentação da parte dela, eu caminho rapidamente em direção a minha sala, fechando a porta atrás de mim. Quando estou sozinho, finalmente me permito suspirar e sorrir. 

Ver Matthew depois de tantos anos, me trouxeram diversas sensações boas. Não sei quanto tempo ele pretende ficar — já que está sempre caindo na estrada para caminhar em prol de uma boa causa — mas eu sei que me sinto extremamente ansioso para receber sua mensagem mais tarde.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...