História Dear brother - What's happening?

Quando eu era pequena, acreditava ter uma ligação única e especial com Luke, falávamos que éramos gêmeos para as pessoas que não nos conheciam e as mesmas acreditavam, por que além da aparência física ser muito parecida nos dois completávamos a frase um do outro e a conexão entra nos era algo surpreendente. Com o tempo, paramos de falar que éramos gêmeos, mas aquele elo permaneceu, e por mais que eu tivesse milhões de amigos, nunca encontrei alguém com a mesma ligação. Até aquele momento.

-Então você quer fazer engenharia civil ou elétrica? – Liam me perguntou antes de dar mais uma mordida em seu sanduiche

-Sim, estou em dúvida, mas é alguma dessas – disse dando um gole no meu refrigerante

Estávamos aproveitando o pequeno intervalo durante a tarde para comermos alguma coisa, desde que as férias haviam começado eu havia ido para o orfanato quase todos os dias e agora, faltando apenas dois dias para as comemorações, a grande festa começava a ganhar vida. Hoje eu, Liam e mais alguns voluntários, começamos a organizar as barraquinhas que seriam montadas, íamos montar as mesmas, porém Edward contratou uma empresa para isso, então minha função era só ver qual barraquinha seria do que, não iria mentir, aquela seria a maior festa de todos esses anos no orfanato e provavelmente a que menos fiz algum trabalho braçal, já que Liam e seu avô contrataram todos os tipos de serviço para facilitar ainda mais as nossas tarefas. Por mais que eu estive muito animada, eu senti que a Madre e algumas freiras não confiavam totalmente nos Payne, e eu estranhava já que nos últimos dias tanto Liam quando Edward haviam sido muito simpáticos comigo, podia dizer que havia criado um vínculo com eles

-E você? Fez administração por conta da empresa da sua família?

- Eu gostava de matemática e não sabia muito bem o que queria, meu avô precisava de um sucessor para sua empresa, afinal eu sou o mais velho e o mais responsável dos meus irmãos, então juntamos o útil ao agradável

-Não sei se conseguiria ter a mesma profissão dos meus pais, minha irmã mais velha tentou, mas viu que não era para ela e abandonou, hoje em dia ela faz direito e se descobriu

-Então a senhorita tem uma irmã? – Ele perguntou terminado de comer

-Sim, Olivia, ela tem mais ou menos a sua idade, nós nos damos bem, mas Luke é o meu verdadeiro confidente

Já havia falado de Luke para Liam algumas vezes, até por que algumas vezes o loiro vinha me buscar no orfanato

-E eles não te ajudam na festa por que?

-Bom, Luke costuma as vezes vir comigo aos domingos e até ajudar na festa, mas nessas férias seu foco está em sua banda e Olivia nunca teve interesse e por causa do trabalho, seu tempo anda muito corrido

-Entendo, tentei convencer Daniel e Chloe de vir, mas os dois preferem curtir as férias em casa ou viajando, não culpo os dois, na idade deles também faria o mesmo, vim esse ano a pedido do meu avô, mas eu gostei, virei ano que vem

-Que bom, o orfanato precisa disso

-Disso? - Ele perguntou me encarando

-É, de gente vindo nele, as pessoas têm um tabu que orfanato é um lugar triste e sem vida, mas não é verdade, não nesse pelo menos, aqui não falta amor e carinho e no final do dia só querem receber isso de uma família – falei olhando para o sol já se pondo

Liam não falou nada apenas ficou encarando o céu, logo um silencio se fez, mas não como algo ruim ou desconfortante, mas como um momento de paz. Fechei os meus olhos e senti o vento gelado de final de tarde bater em meu rosto

-O que você vai fazer amanhã? – Liam me perguntou e eu abri meus olhos para encara-lo

-Bom, como as coisas aqui estão bem adiantadas, eu devo ficar em casa, não sei

-Gostaria de ir lá em casa? Você visita meu avô, faz um relatório geral sobre tudo, conhece meus irmãos

-Não sei não Liam- Falei mordendo os meus lábios – Não quero parecer invasiva ou algo assim, vai que seu avô não gosta ou até mesmo os seus irmãos

-Pare com isso Dec, meu avô te adora, criou um carinho muito especial por ti e eu acho meio impossível meus irmãos também não gostarem de você

Confesso que queria muito ir na casa de Liam, ver Edward e conhecer seus irmãos, mas isso não era estranho? Nós nos conhecíamos apenas algumas semanas, e se eles acharem que eu sou interesseira? Também não podia deixar de pensar em Luke, eu havia combinado de escolher algum presente para ele já que seu aniversário estava se aproximando

-Olha Dec, se o problema for a insegurança pode levar Luke com você – ele disse como se conseguisse ler meus pensamentos – Se algo dar errado vocês vão embora na hora, se não vocês se divertem e de quebra toma sorvete na máquina que nós temos

-Vocês têm uma máquina que faz sorvete? – Falei abrindo um sorriso

-Sim nós temos, você ouviu o resto? – Liam falou rindo

- Ah me desculpas Liam, então nesse caso eu irei sim, vou falar com Luke

-Excelente Dec, te passo um número por mensagem – ele disse pegando o celular – nossa olha as horas, você quer uma carona?

-Claro, por que não – falei sorrindo

[...]

-É aqui?

-Sim – disse descendo do carro, enquanto Liam fazia o mesmo- Muito obrigada, Liam, que horas amanhã na sua casa?

-Pode aparecer lá para as 15:00 ou 16:00, fique à vontade – ele disse

Nos abraçamos, e naquele momento me senti muito segura, não que eu sentisse algo por Liam, mas era um carinho quase de irmão. Acho que ficamos tempo de mais, por que só interrompemos ao ouvir alguém limpar a garganta, chamando nossa atenção.

Luke, droga

O loiro nos encarava como se havíamos feito algo de errado, ele carregava o estojo de sua guitarra dando a entender que ele havia acabado de chegar de mais um ensaio. Não sei por que fiquei tão ansiosa no momento, talvez por esperar a pior reação de Luke, mas para a minha surpresa o loiro abriu um sorriso e andou até a nossa direção, eu ainda estava estagnada esperando meu irmão dar um soco em Liam, por isso não conseguia falar nada

-Bom, se ela não falar eu falo, prazer meu nome é Luke – ele disse estendendo sua mão – Sou irmão dela

-Ah sim, Luke, December fala muito de você, meu nome é Liam, Liam Payne – o moreno apertou sua mão amigavelmente

-Prazer conhece-lo Liam, December me contou que você e seu avô estão ajudando na festa do orfanato, também queria participar, mas esse verão meu foco é na minha banda

-Sim, ela me disse, também me disse você irá tocar na festa, mal posso esperar para ver – Liam disse sorrindo

Alguém deveria fotografar a minha cara, pois ela deveria ser a melhor naquele momento, meu cérebro não consegui racionar direito, eles estavam se dando bem? Luke não havia sido grosso e nem ciumento?

-Bom, já que você está aqui farei o convite pessoalmente, convidei a Dec para ir amanhã em minha casa, visitar meu avô, conhecer meus irmãos e tomar um sorvete, falei para ela te convidar, mas você está aqui na minha frente então por que não?

-Eu adoraria Liam

-Certo, foi um prazer conhece-lo Luke – Liam disse e então se virou para mim – A gente se vê amanhã Dec

Então Liam entrou no seu carro e arrancou, eu encarei a rua ainda com a boca aberta, ouvi Luke andar até a porta e abrir ela, me deixando sozinha no quintal “o que havia acabado de acontecer? ”, caminhei automaticamente até dentro de casa e encontrei Luke na cozinha procurando alguma coisa nos armários

-Ah você entrou – ele disse se virando e me encarando – mamãe e papai foram no mercado e Olivia está na casa do namorado, vou fazer um sanduiche para mim você quer?

-Luke, o que... O que... – disse apontando para porta sem terminar a frase – Por que você foi simpático com o Liam?

-Você queria que fosse como? Sem educação ou grosso com ele?

-Não, é que eu achei...

-Acho que eu fosse ter uma crise louca de ciúmes e quebrasse o nariz dele com um soco? – Ele falou divertido e me abraçando - Estou tentando me controlar no quesito ciúmes, e o Liam parece ser um cara legal e não me deu nenhum motivo para eu partir a cara dele no meio... ou deu?

-Não, eu e Liam somos só amigos e fico feliz por você ter controlado o ciúmes, se fosse o Niall...

-Niall é outra história, aquele dali me deu mil motivos para eu acabar com ele e mesmo antes de vocês ficarem eu não ia com a cara dele, como eu falei, Liam parece ser um cara legal, até me convidou para ir na casa dele, olha Dec...

Não ouvi mais nada, o interrompi com um beijo, bem ali, no meio da cozinha, com alguns riscos de alguém chegar e nos encontrar assim, mas eu não me importava, Luke merecia aquilo e eu também

-Opa, então essa é a minha recompensa por não ser tão ciumento? Acho que vou me controlar mais vezes

-Bobo, mas você mereceu, gosto quando controla seu ciúmes, evita briga entre nós dois – falei antes de dar mais um beijo nele

[...]

Luke entrou no belo condomínio por volta das 16:00, Liam havia autorizado nossa entrada e agora seguíamos as suas instruções para acharmos a mansão dos paynes

-Chegamos –Luke disse ao estacionar na frente da enorme casa – vamos?

Acenei que sim com a cabeça e sai do carro. A mansão era exatamente como eu imaginava, grande, com a fachada branca e um belo jardim, talvez eu a visualizasse assim por causa dos inúmeros filmes e series que eu assistia

-Sei o que você está pensando, e eu aposto que tem um mordomo e que se chama Alfred – Luke falou

-Eles têm uma máquina de fazer sorvete, com certeza tem um mordomo, já o nome eu acho meio improvável – falei sorrindo

-Qual a graça de ter um mordomo se o nome dele não é Alfred?

Tocamos a campainha e não demorou muito para um senhor, com um belo terno e luvas brancas abrisse a porta, confirmando a teoria do meu irmão

-Boa tarde – ele nos disse dando passagem para entrarmos na casa- Vocês devem ser o senhor e senhora Hemmings

-Hmm, acho que sim, eu sou December e esse é o meu irmão Luke

-Sim, o patrão Liam me disse para chama-los pelo nome, eu sinto muito esse erro não irá se repetir, eu irei chama-lo

Apenas assentimos, e então pude observar o saguão na onde estávamos. Era um espaço grande, bem iluminado, havia uma sala ao lado com alguns sofás, uma lareira e enormes janelas, na nossa frente havia um enorme corredor e ao fundo podíamos ver uma escada em caracol

-Dec, Luke, que bom que vocês vieram – Liam surgiu de uma das portas do corredor, ele me abraçou e em seguida apertou a mão de Luke- entrem por favor, meus irmãos estão na sala, estão ansiosos para conhece-los

Liam nos guiou até uma das portas, era como a outra sala, mas bem maior e com uma televisão gigante ao centro, no sofá estavam deitados uma menina e um menino, provavelmente seus irmãos

-Daniel e Chloe – ele disse chamando atenção dos mesmo que ao notarem nossa presença levantaram imediatamente do sofá

-Muito prazer - a menina foi a primeira a falar esticando sua mão – Meu nome Chloe e esse é o Daniel

-Muito prazer – o garoto disse

Eles eram tão bonitos quanto Liam, porém nenhum deles apresentava qualquer semelhança entre si. Enquanto Daniel havia os cabelos castanhos claros e ondulados, Chloe era loira com o cabelo liso. Eu havia pesquisado um pouco sobre a família de Liam, e descobri que na verdade eles não eram irmãos de sangue, pelo o que eu havia lido Liam e Daniel eram filhos do primeiro casamento, até que os pais se separaram e o pai deles conseguiu a guarda de ambos, já Chloe veio anos mais tarde, fruto do segundo casamento com a filha de Edward Payne, a família os abrigou da melhor maneira, tanto que Liam e Daniel carregavam o sobrenome do avô mesmo não tendo o mesmo sangue que o dele

-Vamos lá para fora? Aqui está muito quente, vou pedir para James fazer sorvete para nos

-James? –Luke perguntou no impulso – Seu mordomo chama James?

-Sim, por que?

-A graça de ter um mordomo é chamar ele de Alfred – Luke falou decepcionado e todos riram

-Exatamente cara, eu sempre falei isso –Daniel disse empolgado

[...]

Já se passava das 20:00 horas e eu Luke ainda estávamos na mansão, por mais incrível que pareça Luke, Daniel e Liam haviam se dado muito bem, parecia que eles se conheciam por anos, o mesmo aconteceu comigo e Chloe, mesmo sendo alguns anos mais nova, a maturidade dela as vezes me espantava. Daniel, assim como eu e meu irmão, estava no último ano do colégio e não queria ser o herdeiro do avô pois não se dava bem com números, o mesmo queria fazer algo na área da saúde, Chole tinha apenas 14 anos então não tinha de se preocupar com isso por agora. Extávamos rindo de algo quando percebemos a presença de mais uma pessoa

-Boa noite – Edward disse ao entrar na área externa da casa- vejo que temos visitas

-Olá Edward – Disse me aproximando para um aperto de mão, mas para a minha surpresa o mais velho me abraçou – Hmm, esse é meu irmão Luke

-Oh sim Luke, muito prazer, sua irmã fala muito de você, estava ficando curioso para conhece-lo – ele disse apertando a mão do meu irmão

-Faço de suas palavras as minhas, a minha irmã criou uma grande admiração pelo senhor

-Imagine, eu que criei um grande carinho por ela

-Por ela quem, meu bem? – Uma senhora falou ao entrar no local, parando ao lado de Edward

-Nora, está é December, a menina na qual eu e Liam estamos falando a dias, e esse é Luke seu irmão – ele falou empolgado, mas a mulher ao seu lado apenas nos olhou com desprezo

-Um prazer conhecer você Nora – disse um pouco nervosa

-Nora? Por favor, senhora Payne – ela disse com desdém

-Ah sim... – falei me encolhendo percebendo o meu erro-Me desculpe o deslize

Pude perceber o clima de desconforto que havia se instalado, era claro que Nora não estava nem um pouco feliz com a minha presença ali

-Hmm olha o horário Dec, acho que devemos ir – Luke disse olhando em seu relógio

-Sim, claro, estamos indo

-Mas já? – Edward disse um tanto triste – Fiquem para jantar

- Acho melhor irmos, prometemos voltar, e daqui alguns dias já é a festa, nos vemos lá! – Falei dando o meu melhor sorriso

-Ah sim, a festa no orfanatinho... – Nora cochichou, mas todos ouviram

-Nos vemos lá! – Liam disse empolgado ignorando o comentário de sua avó

Nos despedimos de todos e foi até a porta, havia combinado com Liam que não iria amanhã no orfanato e o mesmo também decidiu tirar um dia de folga. Não demorou muito para que, após arrancarmos o carro, um de nós quebrar o silencio

-Só eu achei que aquela mulher não gostou da gente? – Luke disse

-Ela não gostou de mim, só não entendi o porquê, foi a primeira vez que a vi pessoalmente e ela me tratou desdém

-Isso só prova que uma parte da minha teoria estava certa

-Qual teoria? – Perguntei rindo, era incrível como Luke conseguia mudar o clima

-Que os ricos são sempre esnobes, logico que não todos, Edward, Liam e seus irmãos na verdade me surpreenderam bastante, todos foram bem receptivos e educados, mas sempre vai ter um que vai se achar melhor que os outros, nesse caso a senhora Payne, o que também me surpreendeu, por que sempre achei as velinhas fosse simpáticas

-Você não existe Luke – falei gargalhando – Mas quem me surpreendeu mais uma vez foi você, que se deu muito bem com todos

-Até eu estou surpreso com isso, mas eles foram muito legais comigo e no final das contas são só garotos como eu

-Sim, eu também adorei a Chloe, mas...

-Mas, o que?

-Sei lá, senti uma conectividade muito grande com ela, como se já a conhecesse, algo de irmã sabe, não sei explicar – Suspirei e peguei uma das mãos que estavam em minha perna e entrelacei nossos dedos – Eu adoro a gente

- E eu adoro quando você é carinhosa do nada – ele falou rindo

[...]

Acordei no dia seguinte mais ansiosa do que nunca, a grande comemoração estava chegando e eu amava aquilo, porém a ansiedade foi substituída por nervosismo quando me dei conta que o aniversário de Luke era um dia depois da festa do orfanato, e eu ainda não havia comprado um presente para ele, na verdade eu havia comprado um, mas eu precisava de mais alguma coisa, afinal Luke merecia tudo e um pouco mais. Saltei da cama e corri para o chuveiro, a casa estava silenciosa afinal, meus pais ainda trabalhavam e meus irmãos deviam estar dormindo ainda; tomei uma chuverada rápida e corri para meu quarto, lá coloquei um short jeans, uma camiseta branca básica, um all star branco e fiz uma trança de lado, olhei em meu relógio e vi que o mesmo marcava 11:00, coloquei o celular na bolsa junto com as chaves de casa, escrevi um bilhete avisando para Luke e Olivia que ia almoçar no shopping e que estava a pé. Sai de casa e desci caminhar até a casa de Triz, não conversava direito com ela fazia um tempo e pensei que ela poderia me ajudar a escolher um presente para Luke.

Estava virando a terceira esquina quando alguém trombou muito forte em mim, fazendo eu e a pessoa cair no chão

-Sinto muito

Reconheci a voz na hora, ao abrir meus olhos os mesmos ficaram espantados com a visão em minha frente, era Michael. Mas com certeza ele não estava bem, suas roupas estavam sujas, ele estava pálido, e por conta de seus inúmeros hematomas e cortes no rosto poderia dizer que ele havia apanhado a pouco tempo

-December? – Ele perguntou preocupado ao me reconhecer

-Michael, o que houve? – Perguntei me levantando e ajudando meu amigo, que parecia fraco demais

-Se eu falar que nada, você vai continuar seu caminho, como se nunca tivesse me visto? – Ele tentou rir, mas parecia cansado demais para isso

-Obvio que não Mike, vamos lá para casa

-Não, na sua casa tem o Luke, ele não pode saber disso, vamos para a minha a essa hora deve estar vazia

Concordei com a cabeça e decidi chamar um taxi, Michael não estava na condição de dar nem mais um passo, por mais que o mesmo afirmasse que estava bem.

[...]

-Vai me contar agora o que aconteceu? –Perguntei colocando o ultimo curativo em sua sobrancelha

Quando chegamos em sua casa, estava um silencio completo, seus pais deviam estar trabalhando. Fiz o menino tomar um banho e depois cuidei de seus machucados mais visíveis, as vezes ele gemia de dor e eu me perguntei a quanto tempo isso já estava acontecendo

-Certo, ouça sem me julgar ok? – Ele falou ainda meio receoso – Bom, todo mundo sabe que eu sou bi, nunca foi segredo para nenhum amigo nosso, mas de fato eu só havia pegado mulheres, adorava sair, beber e pegar várias em uma noite, pode parecer um pensamento infantil, mas eu só tenho 17 anos e eu acreditava que ao pegar essas meninas esse vazio dentro de mim pudesse ser preenchido – ele disse já com a voz embargada- minha vida estava ótima até que...

-Até que você e Calum ficaram

-Sim... – ele disse limpando uma lagrima que escorreu – e foi maravilhoso, Calum era tão inocente, tão tímido, eu não resisti e acabei ficando com ele, no início foi maravilhoso, ficar com ele todos os dias depois da aula ele era um amor comigo, na noite em que transamos foi a melhor da minha vida, arrepio só de pensar em seu toque – ele falou já em prantos

-O que aconteceu mike? – Perguntei abraçando o mesmo

-Um dia antes de nos transarmos o meu pai descobriu que eu estava me envolvendo com um garoto, não sei como, mas ele sabia, naquele dia apanhei como nunca, sabia que meu pai era conservador, mas não ao ponto de me bater tanto naquele dia, ele gritava que iria matar o rapaz que havia me deixado daquele jeito, por sorte ele não sabia que era Calum e eu também não contei, fique com tanto medo dele fazer algo com o meu pequeno, no dia seguinte eles viajaram e eu fui para a boate, nos transamos, mas eu sabia que não podia arrastar Calum para essa confusão, meu pai poderia fazer algo terrível com ele, então comecei a tratar ele mal, a cada discussão um pedaço de mim morria, eu sabia que ele me seguiria então marquei dois encontros com duas ex ficantes minha, por sorte ele viu e parou de falar comigo, a cada dia que ele se distanciava eu sofria mais, mas sabia que era o melhor para ele, até que eu não aguentei mais e ontem foi para uma boate e enchi minha cara, sai de lá com um rapaz, mas um grupo de playboys nos viu e nos cercou, o menino fugiu mas eu apanhei por nos dois

Tapei minha boca para tentar abafar os soluços, aquela história estava mexendo comigo, eu sabia a versão de Calum e até aquele momento achei que Michael era o vilão da história. Agora eu via o quanto Michael sofria, não só na rua, mas dentro de sua própria casa, com seu pai, seu herói de infância, aquilo era muito para qualquer pessoa

-Luke...Ele sabe?

-Não! E nem pode saber Dec, ninguém sabe, por favor não pode contar para ninguém

-E você vai ficar calado sofrendo Mike?

-Se for para ver o Calum longe dessa bagunça que é a minha vida, se for para ver ele longe de qualquer perigo, eu prefiro sofrer sozinho

-Ô mike... – disse manhosa e o abracei – Eu agora sei e vou te ajudar, vou dar um jeito tá bom? Eu prometo

-Obrigada... – ele sussurrou antes de voltar a chorar

[...]

Não sei quanto tempo fiquei na casa de Michael, mas na hora que sai de lá já sabia que não iria mais para o shopping, não estava mais no pique e se desse sorte Luke e Olivia ainda não teriam almoçado. Estava caminhando para a casa quando senti meu celular vibrar, para a minha surpresa era o mesmo número desconhecido que havia me mandado mensagem no dia da festa de Ash, eu pensei que aquilo era uma brincadeira de mau gosto, mas pelo visto aquilo estava indo longe demais. Encarei a tela do celular pensando se abria ou não, respirei fundo e abri pronta para ler qualquer mensagem idiota, mas para a minha surpresa não havia texto nenhuma, apenas uma foto, ao ampliar a foto entrei em choque;

 Na foto Edward e Nora Payne pareciam discutir intensamente com o meu pai, enquanto minha mãe chorava nos braços de Oliva, mas além disso o que mais me atraiu atenção foi que Olivia estava com o cabelo curto, a foto havia sido tirando anos a atrás, talvez a dez anos atrás, mas eu nunca soube que meus pais e os Payne se conheciam, e ao julgar eles não estão em um bom momento.

Meu celular vibrou novamente atraindo minha atenção, desta vez uma mensagem do mesmo numero

“Pelo visto você não conhece bem as pessoas que ama não é mesmo princesa, quer um conselho? A partir de agora não confie em mais ninguém”

Queria correr, gritar e chorar, mas meu cérebro parecia não processar mais nada, a sensação de ser observada nunca fora tão grande

-O que acontecendo? – Sussurrei para mim mesma