História Dear Diary: I Am Going To Sweden - Capítulo 9 - All My Love

Emma guardou seu diário dentro da sua bolsa e saiu do banheiro. Mal havia entrado no bar e já se refugiara dentro dele. Andava despreocupadamente em direção à mesa em que eles estavam, mas algo a fez parar no meio do caminho. Um jukebox. Não sabia quanto tempo ficou ali parada até sentir a presença de alguém atrás dela. Soube na hora que era ele.

– Eu não sei você, mas eu adoro essas máquinas. Quer alguma música específica?

– Não, eu prefiro ir pela sorte.

Peter depositou uma moeda dentro do jukebox e aperta um botão. Uma música começou a tocar no ambiente, All My Love, do Led Zeppelin.

– Adoro essa música!

– Então somos dois. – sorriu para ele. Ficaram instantes em silêncio apenas a escutando. – Isso me lembra um lugar que eu sempre ia, lá na Inglaterra. Tinha um jukebox lá também, mas as músicas eram péssimas, mas péssimas mesmo! Depois de um tempo o dono foi obrigado a tirá-la de lá.

– Sente falta de lá?

– Sim, principalmente das pessoas.

– Você deve sentir muita falta do seu namorado. – Peter resolveu arriscar.

– O que? Eu não tenho namorado!

– Não?

– Não. Por que supôs que eu tivesse?

– Bom... Você é uma garota bonita e divertida, não posso imaginar que esteja sozinha. – Peter se aproximava cada vez mais de Emma, tocou uma mecha do cabelo dela que caía sobre o seu rosto rubro.

– Eu... Hã... – Que droga! Por que eu fico nervosa cada vez que ele se aproxima de mim?

– Pra falar a verdade, eu gostei de saber disso.

E então ele a beijou.

Ela estremeceu ao sentir seus lábioas macios tocando os dela enquanto suas mãos a puxavam mais para perto do seu corpo. Suas línguas se tocavam sem pressa, havia todo o tempo do mundo para eles. Um beijo lento e sensual. Mas, em um momento de clareza, Emma afastou-se Peter.

– Nós não podemos fazer isso.

– Por quê? Eu tenho tentado me conter a semana inteira. Emma, eu sei que...

– Não é certo Peter. Acho melhor a gente voltar.

– Espera Emma... – chamou-a, mas ela já tinha ido.

Emma chegou na mesa onde os outros conversavam e bebiam, sentou-se em uma das cadeiras vagas. Logo viu Peter se aproximando, não conseguia olhar para ele, mas viu pelo canto do olho ele puxar a cadeira ao seu lado. A noite seria muito longa para ela.

– Onde vocês estavam? – Simon ergueu uma sobrancelha sugestivamente.

Antes que ela pudesse inventar uma desculpa, Peter respondeu.

– No jukebox.

– Fazendo o quê?

– Ouvindo música... Dã!

– Só ouvindo música?

– Dá pra parar com o interrogatório? Obrigado.

Simon apenas riu como se soubesse de algo. Aliás, todos já haviam percebido. Olhou para Annie, tinha certeza que ela estaria quase pulando, mas ela parecia abatida. Sua cabeça repousava no ombro de Martine as mãos deles estavam entrelaçadas em cima da mesa.

– Annie, você está bem?

– Sim, só estou enjoada. Já fazem dias que estou com esse enjoos estranhos. Nisso que dá ficar se entupindo de doces, frituras e bebidas alcoolicas.

– Você devia ir ao médico. – Martin beijou o alto da cabeça de Annie.

– Talvez eu vá.

– Será que vocês dois podem parar com essa melação? Só Simon e eu somos os únicos solteiros convictos dessa banda?

– Espera aí, eu ainda...

– Muito cuidado com o que você vai responder, Martin. – interrompeu Annie dando ênfase no “muito”.

–... Faço parte do time do Peter. Pronto, falei.

– Só que o Peter tem duas. – murmurou Simon.

– Como é que é?

– Eu não disse nada.

– Mudando de assunto, quando vocês têm mais shows marcados? Não os ouvi mais falando sobre a turnê. – perguntou Annie.

– Pode ser que no fim do mês que vem, provavelmente, a gente saia em turnê.

As palavras de Peter ecoaram na cabeça de Emma, era tão fácil se acostumar em tê-lo por perto, não queria ficar distante dele.

– Quanto tempo vocês vão ficar fora? – Emma olhou para Peter pela primeira vez desde o beijo, espantada com a perspectiva de ficar muito tempo longe dele.

– Uns 5 ou 6 meses.

Ela sentiu o ar lhe faltar. Não conseguiria, era tempo demais. Ela era mesmo uma boba, boba por ter se apaixonado.

– Eu vou com vocês!

E mais essa! Iria ficar longe de Annie, sua única amiga, também?

– Como assim?

– Martin, você não acha mesmo que eu consigo ficar tanto tempo longe de você. – e beijou-o em seguida.

Tudo o que Emma queria era falar aquilo para outra pessoa daquela mesa.

Domingo, 27 de Março, 2h

Querido Diário

Cena trágica: eu chorando um rio de lágrimas e atacando um poete de sorvete no meu quarto em plena madrugada.

E sabe por que tudo isso diário?

Porque eu sou uma grande imbecil! Eu faço tudo errado! E agora ele vai embora...

Além de todo molhado pelas minhas lágrimas, você não deve estar entendendo nada.

Pois bem, ele me beijou!

E eu estraguei tudo.

Foi tudo perfeito, parecia que éramos as únicas pessoas no mundo, ouvindo Robert Plant cantando “Oh all my Love... To you now”. Foi diferente de tudo. Melhor. Foi diferente de qualquer outro beijo.

Mas aí eu estraguei tudo!

Não sei o que me deu. Comecei a pensar que eu não podia estar fazendo isso, afinal de contas ele é casado. E momentos antes ele e a Isabel haviam brigado, eu não devia me aproveitar desse “momento de fraqueza”. E agora ele acha que eu não sinto nada por ele, quando tudo que eu queria era gritar que eu acho que eu o amo.

[POV Annie]

Annie acordou com uma forte dor de cabeça e com aquele enjoo outra vez. Martin tinha razão, devia ir ao médico, começava a ficar preocupada com aquilo. Ele ainda dormia, adorava olhar para Martin enquanto ele dormia, parecia tão sereno e inocente.

Sem muita vontade se esgueirou para fora da cama e foi tomar um banho quente e demorado para começar bem o dia. Era domingo, precisava conversar com Emma. Talvez a chamasse para almoçar ou jantar. A questão era que algo havia acontecido na noite anterior entre ela e Peter, não sabia se era algo bom ou ruim. Logo que eles haviam chegado ao bar, Emma correu para o banheiro, depois Peter deu uma desculpa sem sentido e sumiu. No fim de tudo os dois apareceram juntos, Emma estava corada e parecia prestes a chorar, Peter parecia frustrado. Mas mesmo assim eles pareciam, não sabia explicar, algo havia mudado. E depois quando ela teve a infeliz idéia de perguntar sobre a turnê Emma ficou tão desolada, como se seu mundo tivesse desmoronado. Peter tentou, sem sucesso, se manter alheio à reação de Emma, mas reparou que ele foi atingindo pelas emoções dela. Ela precisava saber o que estava acontecendo.

Saiu do banho, secou-se e foi vasculhar o quarto atrás de algo para vestir, às vezes aprecia que haviam mais roupas suas na casa de Martin do que em sua própria. Por fim optou por um jeans e uma blusa com decote nas costas que evidenciava o seu dragão vermelho, ela sabia que Martin adorava a tatuagem.

Resolveu ir até a cozinha e preparar um grande café da manha, não era segredo para ninguém que ela amava cozinhar. Às vezes ela se achava antiquada, mas aquela seria a vida perfeita em sua opinião. Martin e ela juntos em uma casa cheia de crianças correndo.