História Dear Mahone - Saboroso frisbee

"Não se preocupe com as pessoas do seu passado...há uma razão para que elas não façam parte do seu futuro"

Eu finalmente havia chegado em casa e minha cabeça doía muito. O motivo é simples, meu professor de educação física me deu um sermão logo na minha primeira aula, disse que não gostava de atrasos e só não me deixou de detenção, pois era minha primeira aula. Já Alex não teve tanta sorte assim.

Por falar em Alex, ele era o maior motivo da minha dor de cabeça, a conversa que tive com ele só havia me deixado ainda mais confusa. 

- Sofá não é lugar de deitar Julia. - disse meu irmão passando por mim na sala e indo para a porta.

- Onde você vai hoje? - perguntei me virando para enxergar melhor.

- Não interessa e tira o pé desse sofá. - ele disse e eu levantei o pé dando um sorriso convencido para ele.

- Prontinho.

- Sorte sua que eu estou atrasado, mas vai ter volta. - ele disse e abriu a porta. - Tchau Julia.

- Espera ai, me diz. Onde você vai? - peguntei e ele bateu a porta. - Idiota. - eu disse e voltei a deitar com a barriga para cima.

Resolvi levantar do sofá e ver se achava a alguma loja de sorvete. Porque eu não aguentava mais ficar naquele sofá olhando pro teto e pensando na confusão que estava tudo. Deixei um recado em cima da mesa avisando que eu tinha saído mas voltava logo. Não queria que acontecesse a mesma coisa do fim de semana.

Peguei o iPhone que o Austin me deu e fui pro elevador. Assim que ele parou no térreo eu olhei impressionada para a figura que estava na minha frente.

- Boa tarde. - disse o deus grego que eu havia encontrado no teatro e entrou no elevador.

- Me desculpa mas... Você mora aqui? - perguntei segurando o elevador.

- Não, vim ver minha namorada. - ele disse e me olhou de cima a baixo. - Eu conheço você?

- Não exatamente, já nos vimos uma vez no teatro. 

- Você que é a garota do irmão ciumento? - ele disse e riu.

- Sim. - eu disse e olhei para a porta do elevador que eu ainda segurava. - Tenho que ir, até mais.

- Tchau. - ele disse acenando e dando um sorriso perfeito.

Bom.. Pelo menos alguém estava com a vida resolvida. O caminho entre o meu prédio e a praça pareceu muito menor. Eu já estava até me acostumando com aquele caminho. Não tinha muita gente no parque, afinal essa hora as pessoas normais estão em casa estudando ou no trabalho.

Achei uma sombra em baixo de uma arvore e aproveitei para sentar ali e ficar mexendo no celular. E não demorou muito para aparecer duas pessoas que eu conhecia.

La estava a vadia da Verônica com o cara gato do teatro andando de mãos dadas o que fez com que eu abrisse a boca num perfeito "O". Me levantei para sair dali o mais rápido possível. Eu não queria que Verônica me visse ali sozinha enquanto ela desfilava com o namorado perfeito dela.

- PEGA SAMMY! - ouvi uma voz fina gritar atrás de mim e senti uma forte pancada na cabeça, fazendo eu perder o equilíbrio e cair. - Me desculpa!

Me virei devagar e vi a garota que estava outro dia na escola conversando com o meu irmão.

- Julia! - ela disse me ajudando a levantar. 

- Oi...

- Anne. - ela disse e sorriu. - Me desculpa, eu não queria te acertar.

- Está tudo bem. - eu disse esfregando com a mão o lugar onde o disco de frisbee havia batido.

- O que faz aqui? - ela perguntou enquanto pegava o disco e amarava seu cachorro na coleira.

- Eu não tinha nada para fazer em casa então decidi vir aqui dar uma volta. - respondi. - Na verdade eu estava atrás de uma loja de sorvete aqui perto, mas não sei onde tem.

- Bom, eu conheço uma muito boa que é aqui perto. - ela disse. - Vamos lá, eu te levo.

- Tudo bem então, obrigada. - eu disse e bati na roupa para tirar toda a grama que havia grudado. - E você? Veio trazer seu cachorro pra passear?

- Na verdade ele não é meu. É da minha avó e como ela não está em condição de levar ele para passear eu venho toda tarde com o Sammy.

- Ah... - eu disse e olhei para o Sammy que tentava pegar o frisbee da mão de Anne e dei risada. - Ele não é muito velho é?

- Não, tem 5 anos. Meu pai deu de presente pra mãe dele quando a gata dela morreu. No inicio até que achamos que foi uma boa ideia, mas com o derrame ano passado ficou difícil.

- Eu sinto muito. - eu disse e Anne sem querer continuar com o assunto apontou para uma das ruas.

- A sorveteria é no fim daquela rua. Tem um sabor que você tem que experimentar. - ela disse e eu olhei para ela assustada, digamos que eu não gostava de experimentar sabores novos.

A sorveteria era bem simples e tinham tantos sabores que eu fiquei até tonta. Anne pediu ao atendente para trazer dois do ''de sempre'' e depois piscou para mim.

- Não se preocupe, se você não gostar pode me dar. - ela disse e sentamos com Sammy na mesa mais perto da porta, que só ficou quieto depois que Anne entregou o frisbee para ele poder ficar mordendo.

- Aqui está. - disse o garçom nos trazendo dois sorvetes azuis.

- É de que? - perguntei a Anne que sorriu e comeu um pedaço do dela.

- Prova.

Peguei a colherzinha e comi um pedaço do meu também. Não tinha o gosto de nada do que eu já havia comido, só sentia o gosto doce e muito bom. 

- Que sorvete é esse?

- Blue sky, gostou? - ela perguntou sorrindo.

- Muito, quero levar um pote desse pra casa. - falei comendo mais um pedaço.

- A gente pode fazer um dia se você quiser, essa sorveteria é do meu tio então eu tenho a receita.

- Serio?

- Sim. - ela disse e sorriu olhando para Sammy. - Ei, quer um pouco? - ela perguntou e Sammy latiu. - Certo, você não devia estar comendo isso, mas já que você insiste... - ela disse e colocou um pouco de sorvete em cima do frisbee.

Sammy comeu todo o sorvete que ela tinha colocado no frisbee e depois latiu pedindo mais.

- Desculpa, mas esse aqui é meu, se quiser compre o seu. - ela disse e eu ri, eu tinha achado uma menina mais louca que eu.