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História Dear Wade - Dear Wade


Escrita por: HoshiAi

Capítulo 3 - Dear Wade


Melancólica.

Aquela carta era mesmo de Wade? Onde estava o típico humor negro? As piadas de teor sexual? Aquele bom humor e tagarelice? Wade com certeza era a pessoa mais tagarela que Peter já conhecera, então por que a carta era tão curta?

Aquele pedaço de papel com tão poucas linhas preenchidas não tinha nada a ver com o Wade que Peter se lembrava. Era melancólica, e Wade não era assim.

E aquilo definitivamente perturbava Peter. Mas talvez não mais do que o fato de Wade ainda sofrer por sua causa.

A confissão de que o ex-namorado ainda chorava por sua causa após quase três anos de término era extremamente pior.

E ali, sentado naquela poltrona de hotel após dois dias desde que saíra daquele trem, Peter começou a refletir sobre o que o mercenário comentara na carta, e um fato atingira o herói em cheio:

Wade sentia sua falta.

E Peter tinha certeza de que o mercenário -talvez ex- achava que essa saudade era completamente unilateral. Mas não era.

E como poderia? 

De repente, ele se sentiu ultrajado. Como Wade poderia ter pensado que Peter não se lembrava deles? É claro que lembrava dos beijos, carícias e momentos dos dois. Estava impregnado. Impregnado nas roupas, em papéis, em fotos, nas paredes, na sua mente e no seu corpo.

Não é como se Peter tivesse a escolha de se esquecer. Tudo simplesmente gritava "Wade" em sua mente. E aquele simples nome continuava ecoando, até se dar conta de que havia escrito o nome do mesmo no box embaçado do banheiro, nos livros da faculdade, enquanto digitava um trabalho ou na areia da praia.

Chegava a ser irônico Peter declarar que seguiu em frente enquanto se agarrava a memórias tão distantes, mas não menos vívidas.

Aquelas simples palavras não sanavam suas dúvidas, nem mesmo uma sequer. Por isso se preparava para escrever uma resposta.

"Querido Wade,

me sinto na obrigação de dizer que após sua carta, não tenho mais certeza de nada.

Não tenho mais certeza se ainda não o amo, se realmente segui em frente ou se quero te superar.

Até o momento que recebi sua carta eu tinha plena e total certeza de que havia seguido em frente. Mas agora... agora me questiono se realmente posso deixá-lo.

Não, diferente do que você pensa, eu não tenho ninguém. Não estou em um relacionamento com ninguém, mas devo dizer que não foi por falta de tentativa.

Mas não dava. Sempre que pensava ter encontrado alguém, percebia que essa pessoa não tinha olhos azuis, pelo menos não tão intensos quanto os que eu estava acostumado. Percebia que não havia aquelas cicatrizes e leves deformações na pele, percebia que eram quietos demais, sem-graças demais, vazios demais.

Percebia que não era você.

E foi então que começava a pensar que talvez o vazio que enxergava naquelas pessoas que não eram você, talvez não fosse realmente delas, talvez fosse meu.

Quando pensei que havia te superado, via, em um vislumbre, você na bilheteria do cinema, você sentado num banco da praça, você num restaurante, atravessando a rua ou olhando algo numa vitrine.

Comecei a pensar que estava louco, pensava estar delirando e fiquei com medo.

E enquanto estava sentado naquela desconfortável poltrona do trem, encarei o plano de fundo de meu antigo computador e vi aquela foto.

Nós dois, numa praça. Eu sentado e você deitado com a cabeça em meu colo e o corpo ocupando o resto do banco branco envernizado. Eu olhava para você sorrindo, assim como você olhava para mim.

Olhar para aquela imagem me trouxe um estranho e incomum sentimento de nostalgia. Senti as lágrimas queimarem meus olhos e um gosto amargo invadir minha boca junto daquela atípica e intensa vontade de falar com você.

Foi assim que tomei coragem para enviar-lhe uma carta. 

Enviei-a para seu antigo endereço, na esperança de ainda morar lá. Não tem ideia do imenso alívio que se apossou de mim ao receber sua resposta e perceber que sim, você ainda mora lá. 

Seria egoísta da minha parte se dissesse que me senti ligeiramente feliz por ainda chorar por mim? Acho que egoísta não, mas talvez cruel de minha parte, e ao me dar conta de que -mesmo que apenas um pouco- fiquei feliz em perceber que ainda chora por mim, comecei a me martirizar por isso.

Não me interprete errôneamente. Não sou um sádico que gosta de ver outras pessoas chorarem, mas apesar de me sentir mal pelo que fiz a você, também não pude deixar de ficar feliz em saber que ainda me ama.

E são com esses sentimentos confusos, incertos e egoítas, que eu lhe peço que me encontre naquela cafeteria que adorávamos ir.

Sim, estou pedindo um encontro. 

Se aceitar, o que acha do dia 23 desse mês? É seu aniversário, certo? Gostaria de comemorar comigo? 

Aguardo sua resposta.

Com amor,

Peter Parker"











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