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História Death.Time.Love - Into the Wild


Escrita por: fercarol03

Capítulo 22 - Into the Wild


Hermione ainda não se sentia segura o suficiente para se manter em pé. A xícara de chá que Gina havia colocado em suas mãos há mais de meia hora, permanecia sem ser tomada. A superfície tremulava reagindo aos tremores do corpo da jovem. Draco permanecia andando de um lado para o outro enquanto fitava a ponta de seus sapatos. Harry Potter lançava olhares nervosos da esposa, que segurava o bebê firmemente contra o peito, para Hermione, que parecia à beira de um colapso, e depois para Malfoy que parecia completamente perdido em pensamentos. Ainda era possível ouvir os sussurros de Monstro e Winky vindos da cozinha. 

Meia hora antes, quando chegaram à residência dos Potter, Hermione e Draco dispararam em direção aos pequenos elfos domésticos que estavam encolhidos no canto mais afastado e escuro da cozinha. Hermione se lançou no chão perguntando se as criaturas estavam bem, correndo os olhos por seus corpos pequenos em busca de ferimentos, Draco os questionou sobre os autores do atentado. Grandes e grossas lágrimas se formaram nos olhos azuis de Winky ao responder Hermione. Nenhuma das criaturas tinha se machucado. Monstro murmurou algo que a jovem não foi capaz de compreender, mas Draco ouviu com atenção. Depois de algum tempo, a voz arrastada de Monstro pareceu mais clara.

-Dois homens antes do começo da manhã. -Ele falou com sua voz rouca. -Eles entraram pelas portas do fundo e pegaram Dobby, dando uma pancada em sua cabeça. Depois entraram e lançaram o feitiço incendiário.

-Como eram esses homens? -Draco perguntou, os olhos afiados cravados no rosto de Monstro. 

-Grandes, feios e barbudos. 

-Você já tinha os visto antes, Monstro? Nos anos que serviu meus pais?

-Monstro não poderia se lembrar. -O elfo coçou o queixo, seus olhos vagando duramente para o outro lado. -Monstro não sabe.

Draco havia murmurado alguma coisa e então saiu apressado para falar com Potter. Hermione ainda disse algumas palavras de consolo aos elfos e saiu seguindo o marido.

Gina, que ainda usava o pijama com um roupão de lã por cima, encontrou Hermione na porta da cozinha. A ruiva envolveu a outra em um abraço apertado e Hermione percebeu que ela também tremia.

-Meu deus, eu estava tão preocupada. -Gina fungou, o abraço se estreitando. -Eu achei que pudessem ter encontrado vocês antes de nós. Eu achei que…

-Nós estamos bem, Gina. -Hermione passou a mão pelas costas da amiga, se afastando para lhe dar um sorriso tranquilizador. -Nós estávamos viajando, nós nem imaginávamos... 

-Eu sei, eu sei. Harry me disse que Dumbledore havia ido até vocês alguns dias antes, que estava tudo bem, mas ainda assim… -lágrimas deixaram os olhos azuis e Hermione sentiu o coração apertar. Jamais imaginou que seria o motivo da preocupação de seus amigos.

-Não aconteceu nada, Gina. Estamos bem.

-Sinto muito pela casa de vocês. -Gina continuou. -Sei que você tinha se esforçado muito para reformá-la.

-Não estamos preocupados com a casa. Daremos um jeito nisso mais tarde. -Hermione engasgou, seus olhos procurando pelo marido. Um tremor correu por todo seu corpo. -É só que...

Ela percebeu que tanto Draco quanto Harry olhavam para as esposas. Gina, olhando para o mesmo lugar que a outra, deu um suspiro pesado se afastando em direção ao fogão para colocar a água para esquentar para fazer o chá.

-Acho que vamos enfrentar dias difíceis. -Gina comentou enchendo o bule com água e colocando sobre o fogão. Hermione concordou com um aceno de cabeça. -Um prisioneiro de guerra foi assassinado em seu esconderijo há alguns dias.

-Um prisioneiro?

-Sim, ele foi um seguidor de Tom Riddle, Lord Voldemort. -Gina fez uma pausa para umedecer os lábios. -Esse prisioneiro foi quem delatou o grupo para a Armada. Ele fez isso para que sua vida fosse poupada, mas sua ação levou à prisão de vários bruxos das trevas. Alguns estavam envolvidos com a morte de Astória. Esses acabaram mortos. -Gina comentou com a voz baixa, lançando um olhar de canto para a amiga.

-Eu conheço a história. -Hermione sussurrou dando uma olhada sobre o ombro. Draco discutia aos sussurros com Potter.

-Sim, eu só… Sei que não deveria ter pensado nisso, mas quando soubemos do atentado eu achei que estava acontecendo outra vez. -Gina colocou duas xícaras sobre a pia da cozinha e colocou um punhado de ervas secas no fundo de cada.

-Entendo.

-De qualquer forma, se o homem está morto, quer dizer que conseguiram a informação de alguma forma. A maioria dos membros não sabia onde o prisioneiro estava, o que deixa algumas dúvidas e inquietações no ar. -Gina colocou a água quente nas xícaras. -Apesar de parecer pessoal, Hermione, todos temem que o próximo atentado seja direcionado diretamente a Armada. Se isso acontecer, certamente outra guerra irá estourar. Se é que isso já não está em andamento.

-Harry disse que…

-Harry estará sempre ao lado de Draco. Eles eram parceiros e foram a família um do outro. Acho que a preocupação primária deles é a nossa segurança. 

-Sim. Eu acredito que sim. -Hermione sentiu um novo tremor correr seu corpo. Ela passou as mãos pelo rosto, Gina caminhou até o seu lado e lhe passou a xícara. A moça ruiva deu um sorriso, fazendo um carinho em seu ombro.

-De qualquer forma, quero que saiba que estaremos juntas e que vamos passar por todos esses desafios unidas. -Gina forçou um sorriso. -Eu fico feliz que você estará comigo e com o pequeno James nesse momento.

Hermione mordeu o lábio, incapaz de falar. Os tremores eram involuntários. Seus maridos se preparavam para caçar uma criminosa de guerra que estava envolvida no assassinado da família de Draco, sua casa havia sido completamente destruída e seu primeiro amigo após o casamento havia sido levado. Sem contar que poderiam estar à beira de uma batalha, ou, quem sabe, de outra guerra. Hermione se encolheu. 

-Ei, não chore, Hermione. -Gina sentou-se ao seu lado. -Você precisa ser forte agora.

-Eu sei. -Ela limpou o rosto com as costas das mãos. Havia um embrulho constante em seu estômago. -Mas é que…

Antes que Hermione pudesse concluir sua fala, ouviu-se um choro de criança no andar superior. Gina crispou os lábios, olhando ansiosamente em direção às escadas. Hermione fez um movimento com a cabeça, a incentivando a ir ver o filho e caminhou até a sala onde os dois homens ainda conversavam. Sentou-se no sofá, a xícara aquecendo as palmas de sua mão.

Draco a olhou com cuidado. Harry também olhava em direção a escada por onde a esposa havia acabado de subir e agora parecia voltar com o pequeno James no colo, o ninando contra seu peito. A ruiva sentou-se ao seu lado, enquanto Draco, após lançar um olhar curioso para o afilhado, voltou a andar de um lado para o outro. Potter foi o primeiro a falar.

-Precisamos decidir o que faremos. Espero que a situação não se prolongue, mas caso aconteça precisamos pensar em esconderijos seguros onde vocês possam ficar enquanto estivermos fora. -Ele explicou, seu olhar fixo no rosto de Gina que assentiu calmamente. 

-Imagino que não possamos ficar no mesmo lugar da última vez. -Ela comentou lançando ao filho um olhar cuidadoso.

-Seria arriscado. Não temos como saber o que eles sabem sobre nós. -Harry passou a mão pelo cabelo escuro, os olhos verdes evidenciados pelas escleras avermelhadas. -Em outra situação eu diria que Hogwarts é o lugar mais seguro do mundo, mas diante de uma ameaça de atentado... 

-Nós precisamos de um lugar afastado. Um lugar que poucas pessoas saibam que existe. -Draco comentou caindo pesadamente no braço do sofá ao lado da esposa. Sua mão pegou a de Hermione distraidamente, a segurando entre seus dedos. -Talvez vocês possam ficar com Luna por algum tempo.

-Ela não iria se recusar. -Gina concordou com um maneio de cabeça. -Mas estaríamos colocando mais alguém em perigo.

-Eu não me importo. -A voz saiu alta demais de dentro da lareira, atraindo a atenção de todos na sala. 

Em uma explosão violenta de chamas esverdeadas, duas figuras deixaram o espaço apertado. A jovem batia as cinzas de suas vestes com as mãos, o homem de roupas vermelhas escuro tinha a expressão séria e os braços cruzados trás de seu corpo. O olhar grave de Dumbledore repousou em cada um dos presentes, demorando-se um segundo a mais em Draco.

-Acho que pensamos no mesmo, Sr. Malfoy. -Ele comentou olhando rapidamente para Luna. A jovem loira, que até então tinha permanentemente um sorriso solene nos lábios, parecia estranhamente séria. Hermione percebeu que a carranca não parecia combinar com seus traços delicados e angelicais.

-Vocês estavam falando que não queriam me colocar em perigo. Eu não me importo, eu quero ajudar minhas amigas. 

-Luna. -Gina chamou suspirando enquanto ajeitava o filho no colo. -Muito obrigada.

-Não há motivos para agradecer, é a solução mais lógica. Dumbledore só foi capaz de me encontrar pois estivemos em contato por todo esse tempo. -A jovem tirou de seu bolso algo que se parecia com um galeão. -Se não fosse por esse galeão encantado, ninguém jamais teria me encontrado.

-Eu prometi que suas esposas ficariam seguras com a Armada. Luna é uma de nossas melhores bruxas, além de ser excelente em poções. Gina Potter e Hermione Malfoy certamente ficarão em segurança em sua presença. -Dumbledore explicou calmamente, os olhos correndo para as jovens mulheres. -Malfoy, eu deixarei o galeão com você. Assim você sempre saberá como encontrar sua esposa.

-Obrigada, senhor. -Draco comentou olhando para a moeda em sua mão. Luna fez o mesmo, entregando o objeto a Hermione.

-Tenha cuidado. Se você o perder, nossa localização pode ser denunciada ou Draco pode não ser capaz de nos encontrar. 

-Tudo bem. -Hermione assentiu calmamente, seus olhos na moeda dourada.

-Nós também precisamos partir. Não será nada fácil chegar lá no escuro. -Luna explicou ao olhar as mulheres. Gina se colocou em pé em um pulo, James choramingou em seus braços.

-Nós encontraremos vocês assim que pegarmos Bellatrix. -Potter deu um sorriso de canto a esposa, a mão delicadamente repousando sobre a cabeça do filho.

-Nós podemos ter algumas complicações com relação a isso. -Dumbledore comentou, seus olhos ainda muito sérios. -Bellatrix pode não ser a única que devemos procurar. Recentemente encontramos evidências que nos levam a crer que há um grande grupo de bruxos envolvidos com ela. Nosso problema pode ser maior do que parece.

-Ela está tentando reunir o antigo grupo? -Harry franziu a testa.

-Reunir ou atrair novos membros. O ponto é que Bellatrix parece ser apenas uma cabeça e, ao cortá-la, podemos colocar duas novas em seu lugar. 

(...)

Hermione olhou novamente para sua pequena bolsa de mão. Havia colocado mais alguns pertences ali dentro, passado suas roupas que estavam na mala para lá e agora ela encarava um ponto fixo na parede pensativamente. Havia saído de casa algumas semanas atrás para embarcar em sua lua de mel e agora precisaria se esconder e sua casa estava destruída. Além disso, seus pensamentos não conseguiam se distanciar por muito tempo de Draco e Dobby. Seu coração estava apertado.

Ouviu uma pequena batida na porta do quarto que Gina havia cedido para que ela trocasse de roupa e Draco colocou a cabeça para dentro. Hermione forçou um sorriso enquanto o homem entrava calmamente, fechando a porta em suas costas. Ele caminhou até a sua frente, ajoelhando-se no chão para procurar seus olhos.

-Um galeão por seus pensamentos. -Ele sussurrou sorrindo fraco. Hermione ergueu a mão para acariciar seu rosto.

-Eu estou preocupada e angustiada. -Ela admitiu em meia voz. -E Dobby…

-Nós iremos achá-lo. Ele deve estar sendo mantido refém por sua ligação com ele. Na verdade, de um jeito torto, isso é uma boa notícia. Quer dizer que eles não sabem onde você está.

-Eu não posso me sentir aliviada com isso. -Hermione chorou e Draco sentou-se ao seu lado na cama, um braço envolvendo seus ombros.

-Eu sei, me desculpe. -Ele tocou a testa da jovem com a sua. -Apesar da aparência distraída e lunática, Luna é uma excelente bruxa. Talvez a melhor entre nós. Ela cuidará de você com a própria vida.

Hermione gostaria de dizer que aquilo também não aliviava. A última coisa que queria era que mais pessoas arriscassem a vida por sua causa. Já era ruim demais que Draco tivesse que o fazer e Dobby estivesse sendo feito de refém. Que outras pessoas estivessem em perigo apenas… tornava tudo ainda mais doloroso.

-Eu só quero voltar no tempo, quero nossa vida de volta. -Ela chorou outra vez, cobrindo o rosto com as mãos.

-E nós teremos, eu te garanto. -Draco sussurrou em sua orelha, lhe dando beijos na lateral do rosto. -Eu prometi a você que nós ainda seríamos muito felizes, não prometi?

-Sim. -Hermione assentiu simplesmente. -Mas Dumbledore disse…

-Dumbledore estava apenas repassando as informações gerais. Bellatrix era o braço direito de Tom Riddle, os demais devem estar a seguindo. Se ela for presa, o grupo morrerá.

-Tem certeza? -Hermione ergueu os olhos para estudar a expressão do marido. Draco sorria tristemente.

-Sim, eu tenho. -Ele lhe beijou novamente. -Eu estarei com você antes que você possa sentir minha falta.

-Eu duvido muito. -Hermione bufou e Draco soltou um riso divertido.

-Vocês precisam ir agora. Eu não sei onde Luna se esconde, mas tenho certeza que é no lugar mais remoto possível. -Draco meneou a cabeça. -Fique bem e cuide-se.

-Eu prometo.

-E não esqueça que eu estou sempre pensando em você.

(...)

Draco tinha razão. O esconderijo de Luna era o lugar mais remoto do planeta. Segundo ela, não era possível chegar por magia, o que dificultava a presença de amigos e conhecidos, mas também de inimigos.

Luna Lovegood era uma pesquisadora de animais mágicos, por isso seu abrigo ficava no meio da floresta, mais de um continente de distância, longe de toda civilização. A menina loira abria caminho entre os galhos e a mata, parecendo acostumada com aquilo, mas Gina e Luna estavam claramente amedrontadas. O jovem James ainda dormia calmamente no colo de Gina, embora sua mãe tivesse que protegê-lo dos insetos que insistiam em tentar picar sua pele macia.

-Não sejam mordidas pelos insetos. Muitos transmitem doenças mortais. -Luna explicou novamente ao ver que Hermione havia afastado um com uma mão. -darei para vocês uma poção repelente quando chegarmos.

Hermione não sabia muito bem quando chegariam. Pareciam estar andando há muitas horas e não chegavam a lugar algum. O farfalhar das folhas e o barulho de galhos sendo quebrados lhe causava uma estranha sensação de desespero. Quando começava a pensar em voltar atrás e correr de volta para os destroços de sua casa, Luna lhes avisou que haviam chego, tirando um último galho do caminho.

O acampamento parecia modesto, embora bem organizado. Uma pequena barraca no meio da clareira não parecia ser o suficiente para as três mulheres e o bebê, mas Hermione decidiu que não era adequado dizer nada. Quando Luna as fez entrar, no entanto, ela se impressionou pelo cômodo ser muito maior do lado de dentro do que do lado de fora e ela compreendeu que Luna também havia usado um feitiço extensor.

A barraca parecia uma luxuosa cabana das montanhas, o que era um contraste estranho com a mata aberta onde se encontravam. Hermione lançou um último olhar desconfiado para o lado de fora, antes de Luna lhe apontar uma cama no canto.

-Acho que Gina e o bebê podem ficar por aqui. Na cozinha você encontrará tudo o que precisa.

-Obrigada, Luna. -Gina comentou colocando o pequeno James no meio da cama e o cercando com travesseiros. 

Quando Luna disse que iria dar uma olhada em volta para conferir se não havia invasores, Hermione segurou seu braço. Luna ergueu as sobrancelhas em surpresa.

-Luna, preciso pedir um favor. -A jovem começou, os olhos muito arregalados. Luna sorriu fraco.

-Essa é sua casa agora, Hermione. Você pode usar o que quiser.

-Não é isso. -A morena sacudiu a cabeça. -Draco falou que você é uma excelente bruxa, talvez a melhor que ele conheça.

-Isso é muito gentil da parte dele, mas eu duvido que…

-Draco é sempre sincero. -Hermione umedeceu os lábios com a ponta da língua. -O favor que eu quero lhe pedir, Luna, é algo que eu não posso pedir para Gina e que Draco não foi capaz de fazer. 

-Sei. -As sobrancelhas de Luna se uniram, Hermione viu os olhos azuis analisando seu rosto com cuidado. -Do que você precisa?

-Eu preciso que você me treine. Eu preciso que você me ensine a lutar sem medo de me machucar, sem me tratar como uma iniciante.

-Hermione! -Gina chamou horrorizada. A morena olhou rapidamente sobre o ombro.

-Gina, não é mais questão de saber ou não magia. Agora eu preciso aprender a lutar, eu preciso saber o que fazer. Essa pode ser a diferença entre viver e morrer.

-Eu concordo. -Luna assentiu lentamente. -Em um campo de batalhas, quem não sabe se defender não tem qualquer chance de sobreviver. 

-Então, por favor…

-Nós vamos começar amanhã. Levante cedo, passe uma poção para se proteger do sol e dos insetos, e nós vamos duelar até que você seja capaz de me desarmar.

 


Notas Finais


Olá, Galera!
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Beijos ♥


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