História Dedos de Chocolate - Trufa de Chocolate com Manga

10 de abril de 2016

Kyungsoo estava estático.

Após abrir aquela caixinha dourada que estava colada no seu armário, não soube como reagir. Ele tinha agora um admirador secreto, nunca pensou que isso poderia acontecer consigo, Kyung nunca fora uma pessoa atraente aos seus próprios olhos, se considerava comum demais para receber tais mimos, para ele, era apenas Kyungsoo, ou D.O para seus amigos mais próximos. Alguém extremamente normal.

Estava sentado na carteira assimilando cada verso daquela mensagem anônima, sentira um prazer imenso ao ler a carta, da mesma forma que sentia ao comer seus chocolates, adorava os doces da Senhora Kim, mas o que adorava mais eram suas trufas de chocolate com morango, o azedinho da fruta carmim coberta com aquela calda melosa era demais para seus sentidos.

Ao provar daquela nova trufa, se sentiu extremamente renovado, justamente por ser mais gostoso que o doce o qual geralmente comia, e ainda com o bônus de ter sido entregue pelo seu mais novo admirador secreto.

Enquanto ele saboreava a sua nova descoberta, um menino moreno tampou os olhos do pequeno Kyung e sussurrou em seu ouvido:

- Adivinha quem é?

- Doce... -Kyungsoo suspirou distraído- An... AHH Jongdae, tinha que lamber meu ouvido? Eca! – fez uma cara desgostosa.

- HAHAHAHA! Que foi? “Doce...” – começou a imitar seu amigo- O que aconteceu? Você está bem distraído hoje...

- Recebi uma carta hoje de um...

- De um... – Jongdae enfatizou para ele completar a frase.

- ADMIRADOR, stalker, sei lá!

- Hum... E só com essa carta já está todo mexido assim? Ihh, se apaixonou! – Chen começou a gargalhar alto.

- Cala boca, seu idiota! Eu não sei como responder essa carta... – Kyungsoo falou meio acanhado.

- Nem tem como você responder ele, nem o conhece... - Jong fez uma careta- Só aproveite as próximas mensagens, sempre é bom ter um seguidor para inflar seu ego. – Jongdae falou um pouco mais tristonho.

- É, mas... – Kyungsoo foi subitamente interrompido pela presença de duas pessoas que estavam de mãos dadas com um sorriso curioso.

- CHEGAMOS! – os dois falaram em conjunto.

- Lá vem o casal cola... – bufou Jongdae.

- Bom dia pra você também Jongdae, e segundo, ninguém te perguntou nada! – Exclamou o chinês, chamado Lay.

- UHHH! MERECEU A CORTADA, VIU?- Todos viram seu olhar para a quarta pessoa do ambiente, Suho, que depois de gritar pra sala inteira, ficou meio envergonhado- Er... Só queríamos saber o que vocês estavam falando tão baixinho aqui no canto da sala.

- Estávamos só falando do novo admirador do Kyung! – Chen gritou alto.

- NOVO ADMIRADOR? – Lay perguntou na mesma intensidade da voz anterior de Jongdae.

- Você está bem com isso? – Suho se curvou e sussurrou baixo para Jongdae.

- Estou, mas preciso eliminar a competição que surgiu agora... – Chen sussurrou de volta com a sobrancelha arqueada, enquanto Suho dava uma risadinha curta.

- O que vocês estão cochichando aí? – pergunta Kyungsoo.

- Nada não, Soo. – Jong muda seu tom de voz rapidamente.

Enquanto todos comentavam sobre o que tinha acontecido no início da manhã, em outra sala, o clima estava tenso. Jongin estava nervoso, nunca na vida ele tinha sido tão audacioso.

Sabe aquela confiança momentânea? Foi o que tinha acontecido com Jongin.

 Ele estava tentando imaginar a reação de Kyungsoo às suas mensagens, “Deve ter jogado no lixo ou deve ter achado suas palavras ridículas”, mas ele não podia acreditar que seu Soo faria uma coisa dessas, tentou ignorá-lo durante todo o período da aula, desde a entrada, intervalo e saída do colégio.

Eles geralmente pegavam o mesmo ponto de ônibus, porém o baixinho ficava distraído com seus fones de ouvido ao ponto de não notar o moreno ao seu lado, em pé, o encarando fixamente, totalmente focado, pedindo pra ser notado. Mesmo quando queria evitar a corujinha, não aguentava ficar muito tempo sem sentir sua presença.

Já estava na pequena padaria esperando seu pequeno chegar.

Será que ele conseguiu entender? Será que ele iria notá-lo?

Enquanto Jongin se perguntava incansavelmente sobre o assunto, o sino da loja tocou. Eram 13 horas e baixinho olhudo entrava no estabelecimento com um grande sorriso no rosto, foi caminhando lentamente em direção à bancada e falou rapidamente:

-Uma trufa de chocolate com morango e outra de chocolate com manga, por favor. – ainda falava de forma ansiosa.

O pedido de Kyung foi o fim para Jongin.

 Ele esboçou um sorriso tão grande ao sentir cada palavra de seu pequeno. Então Kyung deve ter gostado de sua declaração! Por mais que o baixinho não tenha nem olhado para sua cara ao fazer o pedido, e que saiu da loja num piscar de olhos, Kim percebeu uma mudança forte dentro de si.

 Se ele tinha gostado da sua primeira carta, essa era sua chance.

“ Seu sorriso sentiu falta de mim?

Ver você alegre fez meu coração palpitar como um crocante de baunilha

Assim como o chocolate gruda na embalagem, quero colar seu corpo ao meu.

Sentir o chocolate descendo pela sua garganta, não é nada comparado aos meus lábios descendo pelo seu pescoço nevado.

Guarde as texturas das suas camadas para mim.

Atenciosamente,

Seu Admirador mais doce.”

“P.S Aproveite a refrescância.”

Colocou uma trufa de menta agora em uma caixinha preta de estrelas, decidiu que a partir desse dia realmente tentaria conquistar seu Soo, não aguentava mais olhar para aqueles olhos, aqueles lábios, aquelas coxas, sem poder prová-las pelo menos uma vez.

Suspirou alto.

 Alto o suficiente para fazer uma das pessoas que estavam entrando na padaria começar a rir.

-Ai, ai Kai, por que você não se cansa?- a pessoa até então desconhecida indagou.

- Sehun, não se meta onde não é chamado, por favor!

- Por que você não esquece ele e volta pra mim? Fica aí parecendo um idiota, correndo atrás daquela menino feio.

- Limpe sua boca antes de falar dele, eu não quero voltar Sehun, sinceramente, foram os momentos mais estranhos da minha vida.

- Você não isso dizia antes, sempre me chamava de Hunnie... – se aproximou de Kai, começou a acariciar seu pescoço, e chegou bem perto do seu ouvido- E falava seu nome várias vezes enquanto estávamos na cama- arranhou sua nuca suavemente- Se lembra disso Ni... – seu braço foi puxado abruptamente por Kim.

- Eu lembro, mas quem se lembra do passado é museu não é mesmo? Inclusive quando você me traiu com Luhan enquanto namorávamos também se lembrava dos nossos "momentos na cama"? Acorda pra vida “Hunnie”- dizia Jongin, ironicamente- Ainda acha que pode pedir pra voltar comigo? Cadê sua noção? Depois de tudo que aconteceu... Me deixa em paz. – Jongin disse alto, mas o suficiente para não atrapalhar os clientes.

- Vou embora, mas eu volto, acha mesmo que ele é melhor que eu em todos os aspectos? – começou a rir nasalado- Você vai ver Jongin, vou fazer você engolir suas palavras... – saiu pisando forte no chão.

Jongin começou a rir. Sehun enlouqueceu. Eles eram amigos desde a escolinha, mas quando começaram a namorar, tudo deu errado. Sehun começou a traí-lo e quando Kim descobriu, foi o seu ápice, não aguentava mais, aquele não parecia mais seu amigo de infância, mas sim o egocêntrico e individualista Oh Sehun que surgiu na adolescência, e ele até agora continua tentando conquistar Jongin, como se ele fosse aquele nível de um jogo que você nunca consegue passar. Um jogo, um nível, como se ele fosse algo descartável.

Tentou se esquecer de Sehun e focou-se em sua mais nova missão, fazer com que Kyungsoo lhe notasse, apenas por suas palavras, o incitaria até ele querer contatar consigo, só queria que ele olhasse nos seus olhos uma única vez.

 11 de abril de 2016

Kyungsoo estava lendo e relendo sua nova mensagem... “Assim como o chocolate gruda na embalagem, quero colar seu corpo ao meu.”, ele não percebia o quanto esse desconhecido brincava com sua sanidade... “Sentir o chocolate descendo pela sua garganta, não é nada comparado aos meus lábios descendo pelo seu pescoço nevado.”, imaginava os lábios dele descendo calmamente no seu corpo, e suas unhas cravando na nuca desconhecida... “Guarde as texturas das suas camadas para mim.” Aquele foi seu limite, nunca imaginou que se tocaria por um estranho, ainda mais um o qual nunca pode ver pessoalmente, achava aquilo estranhamente leve, mas ao mesmo tempo, totalmente intenso.

Estava em seu quarto, suspirando depois daquela experiência peculiar, comia lentamente aquela trufa de menta, sentindo o frescor do hortelã descer pela sua garganta. Será que ele sabia que ele faria isso? Depois de uma sessão quente, tudo se tornou mais relaxado no momento em que sentiu o recheio do bombom de chocolate.

Aquilo estava ficando mais interessante do que ele imaginava.