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História Deep sea- Hope and Justice - Outside I can't fight my fear


Escrita por: Pooph

Notas do Autor


Boa leitura 🌺

Capítulo 25 - Outside I can't fight my fear


Fanfic / Fanfiction Deep sea- Hope and Justice - Outside I can't fight my fear

Damian apertou os olhos com força.

Podia ouvir de longe a voz de Cassandra falando no telefone. O vento da madrugada, arrepiava sua pele gelada, que ainda se encontrava em contato com os tecidos molhados da roupa.

Os lábios tremiam em um frio, no qual ele pouco se importava.

Tudo ao seu redor parecia ter perdido o sentido. Observava de longe, Edgar e Shiva discutindo, Julian fumava olhando para o precipício bem a sua frente. Jon andava de um lado para o outro, tão perdido em pensamentos quanto ele.

Damian mordeu os lábios com força.

Em sua cabeça, apenas gritos raivosos se encontravam em um eco infinito e agoniante. Como pode deixar ser manipulado por um desconhecido? Como pode acreditar nas mentira de um homem tão podre quanto Lucius? E por que não o matou quando teve a oportunidade?

Perguntas e mais perguntas o enlouqueciam.

Sentia calafrios percorrer em sua espinha, mas não tinha vontade nenhuma de se aquecer.

Sentiu o toque quente e macio das mãos delicadas em seu pescoço. Olhou para o lado, admirando a feição preocupada de Jon.

Não precisavam dizer qualquer palavra, Damian podia sentir as palavras de conforto nunca ditas por Jon, tal como o garoto poderia ouvir o grito nunca pronunciado de ódio e traição que tomava conta de Damian por inteiro.

Aquele pequeno toque era o suficiente para dizer muito mais que milhares de palavras. Damian sentiu-se sair do transe que se encontrava, caindo brutalmente contra a realidade. Contra os olhos azuis de Joanathan Kent.

Sentia a fragilidade que corria pelas veias de Jonathan, a fraqueza causada pela Kryptonita e novamente queria gritar de ódio. Como deixou isso acontecer?

Olhou para o outro lado, vendo Cassandra voltar até eles, com uma expressão tão séria quanto mortal, de uma amante de justiça.

Edgar, Shiva e Julian se aproximaram para ouvir as ordens da líder. Cassandra suspirou.

— Peguem suas coisas, façam as malas. — Falou para Damian e Jon.

— Do que está falando? — Damian questionou.

— Nós vamos para Gotham. — Respondeu séria. O silêncio ensurdecedor das perguntas mentais, e dos questionamentos silenciosos caiu sobre eles.

— Nós? — Edgar repetiu. — Você acabou de voltar Cain, não pode sair novamente! Esse lugar está uma bagunça e sem um líder...

— Não vai ficar sem líder. — Cassandra respondeu ríspida. — Eu vou encontrar Lucius e vou o arrastar de volta para essa ilha.

— Cain... — Shiva começou, mas foi interrompida pela garota, que demonstrava-se totalmente sem paciência.

— Vocês três ficaram na liderança enquanto eu estiver fora.

— O que?

— Já está na hora do concelho cumprir com seu dever, antes de ser totalmente dissolvido. Essa é a minha ordem, voltarei em algumas semanas. — Cassandra se virou de costas, pronta para sair, quando algo a interrompeu, a fazendo voltar a se virar para eles.

— Ouçam... — Cain falou, num tom ameaçador. — Estão na liderança, não significa que podem fazer o que quiser. Se saírem um passo fora da linha, lembrem bem qual som faz os seus pescoços quebrando, porque vai ser a última coisa que vão ouvir quando eu voltar.

Os três assentiram silenciosamente.

— O que vamos fazer com os ninjas traidores? — Shiva perguntou.

— Os prendam até que eu volte. Entrarei em contato. Damian, Jon... — Falou se afastando dos três últimos membros do concelho.

Os dois garotos a seguiram em silêncio por metros, seguindo o precipício da ilha. Cassandra parou, os olhando brevemente.

— Estão bem?

— Sim, eu acho... — Jon respondeu.

— Ótimo. Nós vamos voltar para Gotham e vamos encontrar Lucius e Lex Luthor. Eles estão juntos.

— Como você sabe? — Damian falou.

— Informações da última missão. Descobri que Lex falava com traidor. Tem interesse em algo da liga, as adagas. Estão com você?

Damian assentiu, levantando o tecido molhado de sua calça, revelando os coldres de perna, por de baixo do pano. As adagas estavam ali o tempo todo.

Cassandra assentiu.

— Façam as malas, e Damian... Troque essas roupas ou ficar vai ficar doente.

Damian e Jon assentiram, seguindo caminho de volta para o templo. O vento soprava forte, Damian cruzou os braços, tentando aquecer-se. Embora os pingos molhados caíssem de seus fios para o rosto, a água não o incomodava mais do que seus pensamentos aflitos.

Voltaria finalmente para Gotham, mas não da forma como imaginou. Havia saído de Gotham para resolver um problema, e voltaria para ela, trazendo um problema ainda maior.

Teria que voltar, teria que lidar com os problemas que já o aguardavam. A aliança de Mila com Lex, os brincos de Kryptonita, a mudança de Jon para a metrópole.

Tudo o que evitou se importar, voltava com força, o golpeando com a culpa de falhar em sua missão. Falhou quando confiou em Lucius, falhou quando sua maior preocupação deixou de ser o traidor, e se tornou o bem estar de Jonathan Kent em um lugar que sempre foi e sempre será ruim.

Falhou, falhou de novo e falhou mais uma vez. 

Falhou em ser perfeito, em ser um bom soldado, um bom herdeiro, um bom neto, um bom filho. Falhou em ser um bom amigo, um bom irmão e um bom amante.

Falhou com sua família, com seus amigos, com seus subordinados. Falhou com seus líderes e falhou com seu amor.

Falhou consigo mesmo.

Damian não conseguiu pensar em nada mais além da sua tendência ao fracasso. Na sua dificuldade para atingir a expectativa que lhe fora dada.

Falhas e mais falhas, erros e fracassos.

Damian não era perfeito, era falho.

E não ser perfeito doía demais.

— Para com isso. — Jon falou em meio ao caminho. — Ninguém é perfeito Damian, não pode alcançar aquilo que não existe.

— Como você?

— Damian... Não existe perfeição e salvar o mundo não é sua responsabilidade. Para que tanta cobrança se você sabe que no fim, você não é falho, só é humano.

— Eu não devia ter confiado nele... Não devia ter te trazido aqui para início de conversa.

— Damian... Você não falhou com ninguém. Não falhou comigo. Eu estou bem okay?

— Posso sentir quando está mentindo Jon.

— Eu só estou... Preocupado com você. — Falou parando no caminho. Damian parou, para ouvir o que Jon tinha a falar. — Eu sei que é difícil para você falar sobre sentimentos, e acho que nem precisamos mais ter essa conversa... Só que, guardar toda essa raiva, vai acabar te matando Damian.

— Eu sei.

— Nem está tudo perdido okay? Você pode confiar em mim Damian. Eu sou seu namorado. — Jon falou segurando o rosto do garoto com ambas as mãos.

— Eu não quero te contagiar com a minha raiva. 

— Você não pode carregar tudo sozinho. Eu amo esse Damian, o Damian por inteiro, com todas as qualidades e defeitos, acertos e erros, com toda sua luz e toda sua escuridão. Eu estou aqui Dami.

Damian passou os braços ao redor da cintura de Jon, o puxando para um abraço. Afundou o rosto em seu ombro, sem conseguir pronunciar qualquer palavra.

Sentia a raiva o acorrentar e o controlar tal como um fantoche. Mas ter Jon alí, fazia aquela correntes parecerem apenas frágeis e fúteis.

— Eu sinto você Jon.

— Eu sinto você Damian.

✧✧✧✧✧✧

Puxaram as malas morro acima, podendo observar de longe, a silhueta estranha de algo pairando o céu, pouco a frente do precipício.

Cassandra e os demais membros do concelho os aguardavam pacientemente. Damian passou o olhar pela imensidão do horizonte, que começara a se iluminar pelo amanhecer.

Ao chegar no topo do morro mais alto da liga, a estranha silhueta fora indentificado com certa surpresa.

— Um batwing. — Damian falou se aproximando. 

— Presente de aniversário. — Cassandra falou com um pequeno sorriso disfarçado.

— Um batwing de presente de aniversário... — Jon murmurou incrédulo. — Isso sim é amor de pai.

— Vamos, quanto antes chegarmos, mais cedo isso tudo acaba. — Falou assistindo Damian e Jon puxarem as bagagens para o interior da nave.

Damian parou em frente ao batwing, olhou para os três adultos ali parados e engoliu em seco, acenando para eles brevemente. Os três fizeram uma breve reverência e se despediram.

Passou os olhos brevemente pelos três, recuperando algumas memórias, não todas boas, mas importantes.

Estar na liga fora um desafio bem mais difícil de se cumprir do que ele imaginou. E provavelmente os piores dias de sua vida, aconteceu nesse pedaço de terra cercado pela imensidão do mar.

Olhou para Julian, o homem, não tão jovem quanto aparentava sua aparência. Damian respirou fundo, não o conhecia, não sabia absolutamente nada sobre ele e sobre como ele chegou ao poder que tem.

Mas sabia que além de um tremendo babaca, Julian, para ainda estar na sua posição tão elevada, deveria ser alguma vantagem para Cassandra.

Passou os olhos por Shiva, que o acenou com a cabeça. Shiva, em suas palavras, podia ser uma grande megera, e talvez o segredo que Damian sabia sobre a mulher, morreria com ele.

Shiva conseguiu a liberdade que tanto sonhava, por um grande favor a Ra's, favor que hoje tem o nome de Cassandra Cain.

E Damian arriscava pensar que Cassandra não fazia idéia sobre sua prole, e sobre a violência da história que um dia a criou. Damian não podia negar, admirava a força de Shiva.

Ter uma filha com o assassino de sua irmã, apenas pelas ordens de um velho lunático que um dia ele chamou de avô, isso sim era algo para se aplaudir.

E por fim, Damian assentiu para Edgar.

O homem que continuava uma incógnita.

Ele não podia saber se toda história que lhe fora contata sobre o passado sangrento do homem a sua frente era real. Na verdade, ele nem se esforçou para acreditar.

Talvez uma parte de Damian sabia que ninguém mentiria sobre uma história tão bem planejada. E talvez Edgar tivesse sido seu suspeito principal, mas isso ele jamais diria em voz alta.

Damian os deu a costa, entrando no Batwing logo após Jon. Fechou a porta de embarque, certificando-se que estava bem presa, e se sentou no banco do copiloto.

Cassandra apertou as mãos enluvadas de seu traje de Orphan, que ainda não havia retirado, quase como se uma estranha ansiedade a tomasse.

Damian olhou brevemente para Jon, que se acomou no banco traseiro ao seu. O garoto o deu um pequeno sorriso, que de certa forma o reconfortou.

Não conseguia parar de pensar nas consequências que teria que lidar, no momento que retornasse a Gotham.

Olhou a Cassandra novamente, que começava a ligar os motores do Batwing. Ela o fitou de volta e com um pequeno sorriso falou.

— Para Gotham... Lar doce lar. 

✧✧✧✧✧✧

A viagem fora mais demorada do que imaginaram. Conforme as horas passavam, mais familiar ficava o interior do Batwing. Damian atualizava Cassandra sobre algumas das coisas que ocorreram durante os anos em que esteve fora, e a garota aproveitava a energia nostálgica, para relembrar as memórias da infância das crianças Wayne.

Damian sentia-se melhor.

Estar ao lado de Jon e Cassandra, era tudo o que sonhou por muitos anos, era difícil acreditar que mesmo em meio a tantos problemas e confusões, estar com sua irmã e seu namorado, era revigorante.

Por anos pensou como seria quando Cassandra voltasse para casa. Como ela estaria? Mudaria a aparência? O corte de cabelo? Ou continuaria a mesma doce Cassandra que partiu?

E pensou ainda mais como seria ter seu melhor amigo de infância de volta. E todo esse desejo reprimido, de forma rebelde, o consumia dia após dia.

Mas em meio as risadas. Ele percebeu que não precisava de nada mais.

— Cassandra Cain, Young Justice. Permissão da torre de comando para entrar em território americano. — Falou a voz de Cassandra, o cortando do transe.

— Permissão concedida. — Respondeu a voz masculina, no painel de controle do Batwing.

Damian a olhou pelo canto dos olhos. O rosto pálido, cabelos ainda molhados, tal como os seus. Cassandra era um alívio para os olhos cansados, e vez ou outra, sentia a necessidade de tocá-la apenas para provar que não era uma miragem.

Ela estava realmente alí.

— Está quieto. — A garota comentou, o fitando de cima a baixo. Damian não respondeu. Olhou para o banco de trás ao seu, observando Jonathan, que caira no sono nas últimas horas de viagem.

— Deve ter acordado no susto... Com a explosão. — Damian comentou, ainda admirando o rostinho angelical de seu namorado.

— Algo que jamais pensei que veria... — Cassandra falou o chamando a atenção. — Você namorando, indo a escola, fazendo amigos.

— As coisas estão diferentes, dês de que você foi embora, Cain. 

— Sim... — Cassandra sussurrou, apertando os dedos enluvados contra o volante. — Eu esperava poder voltar, e continuar sendo como era antes.

— Do que está falando?

— Quando nossa maior preocupação eram festas de fim de semana. Ou quando Tim bateu porsche de luxo e ficamos mais preocupados com reação de Bruce, do que com Tim. — Cassandra falou de forma nostálgica, contendo um pequeno sorriso de saudade.

Damian ficou em silêncio, observando os olhos avoados de Cassandra. Encostou a cabeça do vidro ao seu lado, no banco do passageiro. Estavam muito alto, fazia a paisagem lá de baixo, parecer minúscula.

— E agora Dick vai ter uma filha... — Damian falou. — Bárbara está quase se tornando a comissária, Tim está na faculdade e Jason... Bom Jason é Jason.

Cassandra deu um pequeno riso.

— Cain, você poderia voltar e fazer faculdade... — Damian começou mas recebeu um olhar de reprovação da garota.

— E deixar a liga com quem? 

— Mas a liga não é sua responsabilidade.

— É o meu destino. — Falou, trocando breve olhares com o garoto.

— Não existe destino. E se existisse, o seu destino seria dançar em um palco na frente de uma platéia de pessoas ricas e desocupadas. 

— A vida não é doce Damian. Posso mentir para você querendo ser uma bailarina, mas eu amo ser ninja, é minha responsabilidade. Igual você pode gostar de estudar em escola, namorar e ter uma vida igual baunilha, mas você ainda quer ser um Batman.

Damian voltou seu olhar para a janela. 

— Mas eu não preciso ser um Batman Cain. Para isso existe Dick, Jason, Tim, Barbara e você. Eu posso escolher ir para uma faculdade e viver como uma pessoa normal. Você também pode.

Cassandra balançou a cabeça em discordância.

— Eu gostaria. Mas eu não posso deixar Liga desprotegida, sem líder. E tá tudo bem com isso. — Falou de forma meiga, esticando seu braço até Damian, bagunçando os cabelos úmidos do garoto.

— Estamos entrando na metrópole. 

— Cass... — Damian chamou, fazendo a garota o olhar com um sorriso confuso, com o apelido repentino. — Eu sinto que algo vai acontecer, algo ruim.

— Do que está falando?

— Se algo ruim acontecer, eu não vou levar Jon para a nossa bagunça Cass. 

— Damian...

— Estamos falando do Lex Luthor e da sua obcessão maníaca por kryptonianos. Eu sei que ele vai tentar algo com Jon e quando isso acontecer... Eu preciso que tire Jon de perto.

— Você não está pensando em... — Cassandra começou, sem tomar coragem para terminar a frase. Olhou Damian com reprovação.

— Jon é a segunda geração da Liga da justiça, é o líder indispensável do maior poder da terra, o mundo precisa de um Superman, e se deixarmos Luthor fugir, ele vai tentar de novo, e de novo...

— Você não pode matar Lex Luthor, ele é magnata, filantropo da metrópole! Quer virar fugitivo? Perder Robin, Batman...

— Eu não vou deixar ele machucar o Jon.

— O mundo precisa de um Batman também. — Cassandra falou ainda indignada.

— Mas não precisa ser eu. 

— Não seja idiota! Você não mata!

— Já matei centenas de pessoas Cass, Lex Luthor não é mais que um verme.

— Eu sei e você sabe que você não pensa assim Damian. A morte de Lex vai te atormentar! 

— Eu não me importo.

Cassandra suspirou irritada. Apertando o botão de piloto automático para se virar para Damian, com a sua expressão de indignação, prestes a o dar uma bronca.

Cassandra abriu a boca para dizer algo, mas um alto som na parte de trás do Batwing a interrompeu. Uma caixa de metal bateu contra o banco traseiro, fazendo Jon acordar com o barulho repentino.

— O que foi isso? — O garoto falou em meio a um bocejo.

— A porta de embarque deve estar mal fechada. — Damian falou se levantando. — Mas eu jurei que tinha verificado...

Chutou a caixa para longe, foi até a porta pesada, tocando em seu trinco e num baque alto a porta se abriu, sendo sugada pelo exterior da nave, e arrancada com brutalidade.

Damian se afastou, assustado, quase sendo sugado para fora. Olhou para a vista da porta arrancada, podendo enxergar os prédios e estruturas da metrópole logo a baixo.

— O que aconteceu? — Cassandra falou com o tom de voz alto, parando o Batwing no ar.

— Isso não deveria acontecer... — Damian Sussurrou.

Jon se levantou com rapidez. Olhando assustado para a janela a frente do banco do passageiro. 

Damian sentiu o bater rápido do coração de Jon, contagia-lo com uma ansiedade estranha. Olhou para o garoto de olhos azuis, que no momento, tinha toda sua atenção voltada para o exterior da nave.

O coração de Jon batia rápido... Rápido... Cada vez mais rápido... Cada vez mais forte... Ameaçando sair do peito.

— Jon o que tá acontecendo? — Damian falou tocando o próprio peito dolorido, pelo bater tão rápido e humanamente impossível. Podia sentir quase como se Jon estivesse beirando um infarto.

Um apito alto saiu do painel de controle, fazendo os três olharem em direção a luz vermelha de emergência piscando.

Damian piscou os olhos, sentindo uma força bruta enlaçar sua cintura e o lançar para trás. Numa velocidade tão rápida, sendo quase impossível de se identificar.

A duração de um piscar de olhos fora o suficiente, para que em uma fração de segundos, algo o empurrasse com força para fora do Batwing, e o segurar em queda livre.

Damian abriu o os olhos. Tudo aconteceu rápido demais para que pudesse identificar. Rápido como flash, rápido como Superman.

Um barulho alto, muito alto fez os ouvidos zumbirem, e a cor alaranjada da explosão, junto da força com que os empurrou, fez Damian perceber que o que antes era o Batwing, se reduziu a apenas destroços.

Sentiu o vento cortante e forte tocar sua costa a medida que caía centenas de metros. Olhou para os lados, sentindo o braço direito de Jon o segurar no ar.

Logo a sua esquerda, Jon segurava Cassandra e os três despencam em queda livre rumo ao chão da metrópole.

— Jon! — Damian gritou, mesmo que o vento fosse alto demais para ele escutar a própria voz. — VOA AGORA OU NÓS VAMOS MORRER!

As orbes azuis se viraram para ele, e em segundos, a queda brusca cessou. 

— MAS QUE PORRA!  — Cassandra gritou, assistindo os destroços do Batwing caírem centenas de metros.

Os irmãos fecharam os olhos com força, quando sentiram o vento bater contra o rosto novamente, e antes que pudessem sequer raciocinar o que estava acontecendo, sentiram o solo tocar logo a baixo de seus pés.

Jon os colocou no chão, de um beco vazio qualquer, na gigante metrópole.

A onda de adrenalina que percorria pelas veias de Damian, era tão grande, que mal podia sentir a dor da queimadura causada na sua perna direita.

Olhou Jon assustado.

— O que caralhos acabou de acontecer?! 

— Era um míssel... — Jon falou ofegante. — Eu tenho que voltar, aqueles destroços vão cair em cima das pessoas.

— Não pode ir assim! Você tá sem o uniforme. — Damian falou o segurando pelo pulso.

— Eu nunca tô sem o uniforme, Dami. — Jon puxou a gola da camisa xadrez que usava, mostrando o tecido azul do uniforme de Superboy.

— Exibido.

— Eu já volto. — Falou, e assim que terminou a frase, Jon voou para o alto, partindo o céu ao meio, numa velocidade que facilmente quebrava a barreira do som.

— Eu tinha esquecido que ele fazia isso... — Cassandra Sussurrou mais para si própria, do que para Damian. passando os dedos pela testa ensanguentada e suja de foligem, que fora atingida pelos destroços. Tal como Damian, que tinha os lábios partidos em ferimentos.

Olhou para sua perna esquerda, sentindo a ardência o tomar pela primeira vez, dês de que o fogo quente o atingira. A queimadura enorme na perna, não sumiria tão cedo, e provavelmente deixaria uma cicatriz que o proibiria de usar shorts pelo resto de sua vida.

Se sentou no chão do beco, erguendo barra da calça da perna que fora atingida pelo fogo, na tentativa de desgrudar o tecido derretido da queimadura.

Soltou um gemido dolorido, conforme o tecido tocava o ferimento, e antes o que era preocupação devido a dor, se tornou uma aflição ainda maior ao notar algo faltando.

Damian ergueu a barra da calça da perna esquerda, olhando para o coldre que carregava uma das adagas. Voltou a olhar a direita, no lugar onde a outra adaga deveria estar.

Restava apenas um ferimento enorme.

— Não... Não... Porra! — Falou se levantando, e inciando um caminho para fora do beco. Cassandra o seguiu, embora não devesse ser vista na luz do dia com o uniforme de Orphan.

— Damian! — Gritou indo até ele. O garoto mancava, mas não parava, insistia em continuar o caminho. — Você está machucado! Não pode sair andando assim!

— Precisamos voltar... — Falou ignorando as tentativas que Cassandra fazia de o parar.

— Escuta...

— NÃO! — Damian gritou, sentindo-se tomar pelo ódio. — Eu perdi uma adaga.

— O que?

— O coldre deve ter queimado na explosão... Elas são indestrutíveis, deve estar junto com os destroços. 

— Droga Damian! — Cassandra falou apressando o passo, os dois seguiram pelas ruas movimentadas, sentindo os olhares caírem sobre eles.

Talvez por seres dois Waynes andando na metrópole, por Damian estar com uma queimadura enorme na perna ou por Cassandra estar vestida como Orphan, no calor do verão americano.

Ouviram aplausos a poucos metros, e rapidamente correram até a multidão que se encontrava em torno do que restou do Batwing. Jon terminava de colocar os pedaços soltos de metal no chão, enquanto a multidão aplaudia e gritava pelo herói.

— Superboy! — Damian gritou, atravessando a multidão. Jon o olhou imediatamente, fazendo uma expressão preocupada ao ver o machucado.

— Dami... Quero dizer... Sr Wayne! O que faz aqui na metrópole? — Falou com um sorriso amarelo, se aproximando dele o suficiente para poder sussurrar.

— Você está bem?

— Jon eu...

— Escuta Damian, daqui a pouco a mídia vai chegar, nós precisamos de uma desculpa. — Jon sussurrou, ignorando os diversos chamados das pessoas que os cercavam.

— Diga que era um helicóptero da Wayne enterprises, eu estava voltando de viagem e foi atacado por um míssel. — Damian respondeu como se fosse óbvio.

— Eu preciso te tirar daqui. — Jon o tocou o braço, Damian se afastou rapidamente.

— Eu não posso...

— Damian você está com uma queimadura gigante na perna, pode ter mais um machucado interno... Vou te levar a um hospital. — Jon insistiu, sem entender a aversão de Damian.

Podia sentir o medo do garoto Wayne crescer em seu próprio peito. O medo e a culpa, a raiva e a ansiedade. Ele estava transbordando negatividade, e parecia que nada que Jon pudesse fazer, iria acalma-lo.

— Eu perdi uma adaga. — Confessou, passando os dedos pelos cabelos, da forma como fazia quando estava nervoso.

— O que?

— O coldre da minha perna direita deve ter queimado, a adaga não deve estar muito longe...

— Damian, você não pode procurar nesse estado, vamos chamar alguém e eu te levo agora um médico e..

— Não! — Damian falou irritado. — Era a adaga com o seu sangue... Com o sangue de um kryptoniano, Jon...

— Nós vamos encontrá-la, eu prometo. — Jon o puxou para um abraço na tentativa de o consolar. Por alguns minutos, estar entre a multidão, não foi uma preocupação.

— Superboy, pode nos esclarecer o que acabou de acontecer? — Falou a voz feminina de uma mulher que carregava um microfone e logo atrás dela, um homem segurava uma câmera.

E em poucos momentos, os dois foram rodeados de repórteres e pessoas curiosas, que perguntavam sobre todos os assuntos possíveis.

Jon abriu a boca para responder, mas seu falso sorriso desapareceu, quando sua super audição captou algo muito pior.

— Eu preciso ir... — Falou para Damian, e sem dar qualquer margem para uma possível resposta, voou contra o céu, para longe.

✧✧✧✧✧✧

O vento soprava tão forte que poderia cortar-lhe o rosto, Jon sentia a raiva, a preocupação, o medo e a angústia subir pela sua garganta, de forma a ameaçar a ânsia de vômito.

Ele sabia que uma hora aquilo iria acontecer. Estavam falando de Lex Luthor afinal e sabia que todas aquelas palavras que Damian costumava dizer toda vez que falava ao telefone, tinha motivo.

Mas não esperava ser esse.

Jon cortava o ar com a velocidade o suficiente para quebrar a velocidade do som junto de si. Quilômetros ficavam agora trás, e tudo o que ele conseguia pensar era em como as coisas puderam piorar tanto, em menos de 12 horas.

Pairou no ar, flutuando sob o topo do prédio, onde outras duas pessoas o assistiam descer lentamente. Jon cravava as unhas não palma da mão, sentindo a raiva subir.

Concentrava-se na batida de coração de Damian, era a única coisa que mantinha sua sanidade visto a imagem bem a sua frente.

— Lex Luthor... — Murmurou observando o sorriso do homem a sua frente. — Solte-a.

Lex revirou os olhos, quase como se estivesse entediado. O homem engravatado, segurava uma garota com um dos braços, entorno do pescoço da menina. Com a outra mão, uma arma tocava a cabeça de Mila Sentinele.

Mila deixava algumas lágrimas escorrerem pelos olhos, embora a visão de Superboy a deixasse incrédula. Jon podia ver o medo nas orbes verdes da garota. Podia ver o desespero.

— Você já foi mais inteligente Superboy, quer que eu solte a garota do topo de um prédio de 40 andares? — Lex falou com deboche.

— Seu canalha... — Jon se aproximou, pisando forte.

— Não se aproxime! Se chegar perto verá os miolos da sua amiga. — Falou fazendo Jon parar. —Ah sim... Mas ela não sabe disso, sabe?

Jon mordeu a bochecha, sentindo a raiva pulsar em seu peito com força.

— Oh Camila, minha doce afilhada... Você e o seus amiguinhos guardam muitos segredos uns dos outros não é mesmo? Diga a Superboy que você esteve trabalhando comigo esse tempo todo... Vamos diga!

Mila engoliu em seco, fechando os olhos com força.

— Ah espera, você não sabe quem ele é! — Falou seguindo de uma risada breve.  — Vocês adolescente insistem em complicar tudo. Olhe bem Camila, para o rostinho angelical, os olhos azuis, e cabelos negros... É claro que por baixo do feitiço de confusão tem alguém que você conhece muito bem...

— Eu não sei do que você está falando... — Mila murmurou, tentando puxar o braço de Lex com as mãos, mas falhando miseravelmente.

— Como não pode reconhecer? Estamos falando do garoto Smallville, olhe bem Camila... Quem está na sua frente?

— Jon... — Ela sussurrou incrédula. — Não... Jon?! Mas o que...

— Mila... Eu preciso que você fique calma agora. — Jon falou se aproximando.

— Para trás... — Lex ordenou, se aproximando da beirada do prédio, bem ao seu lado.

— O que você quer Luthor? — Jon esbravejou, assistindo um sorriso sádicos se formar no rosto do homem.

— Você sabe o que eu quero.

— Você vai ficar querendo... 

— Me de a adaga filho de krypton, ou sua amiguinha vai fazer um passeio pelos ares. 

— Eu não estou com a adaga, e mesmo se estivesse, por que acha que eu entregaria a você? — Jon falou mordendo o lábio com raiva.

— Achei que já tivesse sido claro, me de a adaga e Camila Sentinele vive. Ou então voe para longe e na próxima explosão, vou me certificar que seu namoradinho esteja bem morto.

— Seu...

— Oh... já entendi, ameaçar Mila é okay, mas ameaçar Damian Wayne... Isso sim te enfurece não é?

— Jon... — Mila falou implorando. A garota tinha o rosto encharcado de lágrimas.

— Eu tenho pena de você Luthor. Sua vida é tão miserável e solitária, que precisa sequestrar uma garota de 15 anos de idade, só para sentir que alguém se importa com a sua existência insignificante. 

— Ui, parece que o doce Superboy está passando tempo demais com o Robin quarto. — Deu um sorriso sádicos, voltando sua atenção para Mila novamente. — Ah sim, ela também não sabia disso... Da família de morceguinhos...

— O que me impede de ir até você e enfiar essa arma na sua bunda, Lex? — Jon falou se aproximando.

— Quanta falta de educação, seus pais não te ensinaram que esse tipo de linguajar é inapropriado? Tudo bem, você quer jogar Jon, vamos jogar.

— Eu não estou afim de fazer parte das suas brincadeiras ridículas Lex. Você vai para a cadeia de novo e dessa vez não vai sair de lá.

— Foi isso que sue papai me disse da última vez, mas aqui estou eu... Enfim Jonno, vamos falar sobre o elefante na sala.

Jon respirava pesadamente, controlando sua raiva, ao máximo, qualquer deslizr faria suas ambas mãos, parar no pescoço frágil de Luthor.

— Camila Sentinele! Traiu você, traiu Damian e me traiu... Bom, é o que dizem, filho de peixe peixinho é. Sinto saudades de quando ela era uma boa garota e obedecia minhas ordens. Mas aí foi só colocá-la ao lado do seu namorado maníaco, que todo meu trabalho foi por água a baixo.

— Então isso é sobre a sua síndrome do abandono, não é Lex? Eu não te culpo, se tivesse tido uma infância tão horrível quanto a sua, também seria um grande babaca, mas não tanto quanto você.

— Quem está tentando enganar Jonno? — Lex falou em meio a um pequeno riso debochado. — Você pode tentar ser um garoto malvado como seu namorado, mas no fim você é apenas uma florzinha delicada, com um poder subestimado.

— Você não sabe o que está falando.

— Não sei? Vai fazer o que? Me matar? Ah Jonathan, ver um corpo morto ainda é muito para você. Diferente de Damian Al Ghul Wayne, certo?

Lex o provocou, Mila arregalou os olhos assustada, quase como se seu mundo tivesse desabado.

— Tanto sangue, tantas vidas ceifadas e você insiste em ser a mulherzinha dele. Bom, você sabe o que acontece com mulher de bandido.

— Solte ela e diga logo o que você quer.

— Ah, eu queria as adagas, mas como você não vai me providencia-las, eu vou me contentar em me livrar de um peso morto.  — Lex falou, puxando Mila para a beirada do prédio. — Você decide Jon, ir atrás de mim ou pegar a garota.

— Não se atreva!

— Ela não vai fazer falta... Você vai poder ter Damian Wayne inteiro para você, sem mais crises de ciúmes ou interrupções.

Jon abriu a boca para esbravejar suas palavras raivosas, mas antes que sequer pudesse pronuncia-las, Lex Luthor agarrou Mila pelos cabelos e a empurrou para fora do prédio.

Superboy sem ao menos pensar no que aconteceria a seguinte, pulou do prédio para apanha-la. Mila caia de costas para o solo, que ficava mais perto a cada segundo.

Jon abriu os braços, mergulhando no ar, chegando até a garota. A envolveu em um abraço, recebendo um aperto apavorado da menina.

O chão se aproximava.

E Mila gritava para que ele fizesse alguma coisa, mas não importava suas tentativas. Eles continuavam caindo.

Jon soltou um suspiro, sentindo o mundo desacelerar ao seu redor. Passou o olhar pelas orelhas de Mila, avistando o brilho esverdeado da pedra alcança-lo. Suspirou mais uma vez.

A poucos metros do chão, rodopeou com Mila no ar, colocando-se de costas para o solo. Pode ver em seus últimos segundos o olhar apavorado da garota, ao notar o que iria acontecer.

Jon sorriu para ela, tentando a reconfortar. Mila abriu a boca para dizer algo, embora o vento fosse alto demais. Jon não pode ouvir.

Sentiu toda sua visão se apagar, junto de uma dor estrondosa e agoniante, que parecia eletrocutar todo seu corpo.

Soltou o ar, silenciando seus pensamentos. A última coisa que ouviu, foram os gritos das pessoas próximas, e o barulho alto das sirenes.

Tudo ficou calmo.

Calmo até demais.




Notas Finais


Espero que tenham gostado, embora eu ache que não Kkkkkk ❤️❤️❤️
Até a próxima gente❤️❤️❤️


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