Chegou o momento que eu tanto esperava! Passar a tarde com o Luca significa EXPLICAÇÕES!
Quer ele queira quer não!
Preciso mesmo de falar com ele:
Quer dizer, primeiro aquela coisa SUPER estranha de ele me ter curado com o braço dele e as veias e tudo mais. Segundo, por causa do N. Se bem que eu não quero que o N saiba que eu falei dele ao Luca... Ele está em todo o lado... E terceiro, porque por uma razão inexplicável, ele parece a pessoa mais próxima de mim.
Depois do almoço, a Tara levou-me até a casa da Kira para eu ir buscar as minhas coisas. Eu guardei-as numa mala castanha, não muito grande. Depois o Dilan deixou-me na biblioteca. Tinha que sair com o Cam e era melhor se eu não fosse.
E eu... Eu estava dividida. Entre o nervosismo com esta manhã que ainda tinha deixado o meu coração a bater a mil ou entre a ansiedade de ter, possivelmente,todas as as respostas que procuro, na boca do Luca.
Estava outra vez à porta daquela pequena livraria a um canto da rua. À frente daquelas portas vidradas que guardavam estantes e estantes de livros por trás.
???on
Luca: Jonathan. - ele abre a porta ao lado do balcão. - Quando a Rosemary chegar, manda-a entrar, sim?
Jonathan: Aposto que ela está neste momento à porta , não está?
O Luca esboça um sorriso e arqueia a sobrancelha.
Luca: Não respondeste à minha pergunta.
Jonathan: Tu tens um problema com aquela rapariga. Juro que não te entendo!
Luca: Ela é como whisky numa chávena de chá. Acho que não é suposto entenderes. - ele volta a entrar pela porta verde .
Jonathan: Não queres saber a minha resposta?! - ele grita enquanto se ri.
Luca: É um sim a não ser que pretendias perder o teu emprego. - ele grita .
O Jonathan ri-se, fracamente, e põe-se atrás do balcão a rabiscar uma folha de papel.
A Rosemary está neste momento à porta, a respirar fundo e a contar até dez para se acalmar. Ela abre a porta, que nunca está trancada durante o dia, e começa a percorrer aquele labirinto de estantes cheias de livros até avistar o balcão.
Ela não conhece o rapaz atrás dele, ela estranha-o. Mas ele sorrir-lhe, embora ela fique ali, especada, pousando a sua mala no chão.
Jonathan: Rosemary. Olá. Tu não deves lembra-te de mim, mas... eu sei o que aconteceu. Eu sou o Jonathan. Andas comigo na escola e com a minha irmã, a Clare.
Rosemary: Oh... Olá - ela retribui-lhe o sorriso.
Jonathan: Tens alguém à tua espera. Lá dentro- ele inclina a cabeça para a porta verde.
Rosemary: O Luca?
Jonathan: Quem é que haveria de ser? - ele volta a rabiscar o papel.
Rosemary: Está bem então. - ela volta a pegar na mala e encaminha-se para a porta.
Ela abre a porta verde espreitando para dentro dela. Para dentro daquele lugar que ela já conhece. Mas ele encontra-se vazio. Sem ninguém a não ser o silêncio para tomar conta da sala. Apenas com uma janela aberta para deixar entrar a luz e o resto é sombra. Ela entra, caminhando até ao sofá, poucos passos depois da porta. Mas justo no momento em que ela planeava dar mais um passo, abporta de entrada fecha-se num estrondo. Ela estremeceu, dando um salto e virando-se para trás, só para encontrar o Luca a caminhar calmamente enquanto lê uns papéis.
Luca: Olá Rosemary. - diz ele sem tirar os olhos do papel.
Rosemary: Luca! - ela suspira - Assustaste-me.
Luca: Terei mais cuidado para a próxima. - diz ele vagueando pela sala a ler os papéis.
Rosemary: Estás muito ocupado?
Luca: Que te parece?
Rosemary: Bem... Pareces ocupado. A livraria parece tirar grande parte do teu tempo...
Luca: Bem - ele olha para o relógio - ainda bem que acabou de fechar. Assim tu é que vais ocupar o meu tempo.
Rosemary: Se vai fechar... Não devias tu também fechar a porta da entrada?
Luca: O Jonathan trata disso.
Rosemary: Sendo assim, - ela tira-lhe os papéis da mão. - Vamos falar. - ela atira-os para a mesa de café.
Luca: Queres chá?
Rosemary: Não por agora. Luca eu quero explicações.
Luca: Sobre?
Rosemary: Olha que tal começar-mos pelo psicopata que me anda a perseguir desde o hospital! Ou talvez pelo-
Luca: Acalma-te Rosemary. - diz ele monocórdicamente. - Senta-se e acalma-te.
Ela pega na mala e arruma-a a um canto, depois senta-se seriamente no sofá ao lado do Luca.
Rosemary: Explica-me.
Luca: O quê? - ele arqueia a sobrancelha.
Rosemary: O facto de tu me teres curado como- - ela é depressa interrompida pela mão do Luca a tapar a sua boca. Ela olha-o zangada e ele levo um dedo aos lábios pedindo silêncio. Depois encaminha-se para a porta para a abrir.
Luca: Sim, Jonathan.
Jonathan: O que me pediste. - ele entrega- lhe uma pen. - Está tudo aí. Analisa-o.
Luca: Obrigado. - ele fecha-lhe a porta na cara.
A Rosemary levanta-se para obter explicações mas é depressa atirada de volta para o sofá pelo Luca . Ele aproxima se bastante dela e sussurra-lhe ao ouvido:
Luca: Tem cuidado com o que dizes, aonde o dizes e se alguém o ouve. Uma coisa sou eu, outra coisa são pessoas normais.
Rosemary: Sim eu acho que já percebi que não és normal! - ela sussura agressivamente.
Luca: Anda. - ele puxa-a por um braço pelas portadas de madeira.
Aquelas portadas dão para um quarto: simples, paredes brancas, um armário de madeira incorporadoro na parede esquerda, uma cama no centro, uma varanda do lado direito, e um corredor junto às portadas, do lado esquerdo também, que se presume ir dar a uma casa de banho.
Luca: Aqui deve ser mais seguro. Fala. Atira tudo cá para fora.
Rosemary: O que é que tu és? O que é que e QUEM é que é o psicopata! Como é que fazes isso? Porque é que eu também não sou normal! O que é que andamos a esconder e.... - ela pausa para respirar - Quem sou eu. - ela suspira.
Luca: Já acabaste?
Rosemary: Não, mas acho suficiente. Por agora. - ela deixa-se cair na cama. - O que é que anda a acontecer? Parece que tenho duas vidas! Porquê estes segredos e sonhos e acidentes! E... As coisas que tu fazes com aquela porcaria do " transfere"! Eu não entendo! Eu não ME entendo. Nem a ti, nem à Tara , nem a ele ( seja ele quem for) nem a ninguém. Não percebo esta vida. Aliás, ESTAS vidas.
Luca: Por onde queres queres que comece a explicação? - ele diz sem mostrar nenhum sentimento específico.
Rosemary: Vais mesmo fazê-lo?
Luca: Não, só algumas coisas. Coisas que não interferem com o que o Ismar disse.
Rosemary: Bem então começa por ti. O que é que foi aquilo?
Luca: Ok. Vamos chamar-lhe... "habilidades". Imagina. O ser humano tem 6 sentidos principais.
Rosemary: São 5.
Luca: Não. São seis. O tato, a visão, a audição, o olfato , o palato e a mente. A mente humana é um sentido também.
Rosemary: Ok. Vamos fingir que esse raciocínio está certo... Continua.
Luca: Eu tenho um desses sentidos mais desenvolvidos do que o resto das pessoas. Tu tens outro, e a Tara tem outro... E ele... E mais duas pessoas...
Rosemary: Que são?
Luca: Oh isso eu não te vou dizer!
Rosemary: Ok. Tu curaste-me certo? Isso significa que tem que ser algo físico... Talvez o tato?
Luca: Bingo. - ele sorri. - Até parece fácil!
Rosemary: Mas porquê?
Luca: Isso também não dá.
Rosemary: O quê?
Luca: Também não te posso explicar porquê.
Rosemary: Explica-me então como funciona. - ela cruza os braços.
Luca: Três coisas: velocidade, força e cura. É basicamente isso que eu tenho de melhoramentos. Sou mais rápido-
Rosemary: O que explicaria os teus reflexos...
Luca: Tenho mais força-
Rosemary: Isso explica como conseguiste por os dedos entre os meus ossos...
Luca: E curo-me automaticamente.
Rosemary: Mas isso não explica como me curaste a mim!
Luca: Tem a ver com as coisas que tu consegues fazer.
Rosemary: Que coisas?
Luca: Ele mata-me se te contasse! - ele ri-se.
Rosemary: Então é só isso? Tu tens... Poderes?
Luca: Não são poderes. São... Consequências positas de uma coisa estúpida.
Rosemary: E houve consequências negativas?
Luca: Bem, se não contares com a minha incapacidade de sentir seja o que for, não. Não houve. Só... de outras coisas estúpidas...
Rosemary: Mas tu sentes rancor a essas " coisas". Não és completamente insensível.
Luca: Mais uma vez, tem a ver contigo.
Rosemary: Porquê?
Luca: O teu sentido desenvolvido. - ela olha-o esperando uma resposta. - A mente.
Rosemary: Porquê a mente? Isso parece um bocado inútil já que eu não me lembro de nada!
Luca: E se pensarmos que o acidente não foi um acidente?! E se pensarmos que alguém que sabia disto tudo tentou-
Rosemary: Inutilizar-me... Isso faz sentido...
Luca: Tu queres respostas, certo?
Rosemary: Sim - ela responde sem hesitar. - Conheces quem me as possa dar?
Luca: Não é um quem. É um lugar: O Posto do Cidadão. E eu deixo-te ir lá agora mesmo.
Rosemary: A sério? - ela estranha. - Ok então... Obrigada! - ela salta de felicidade abraçando-o. - Eu prometo não demorar! - ela sai do quarto a correr.
Luca: 1...2...3 - ele murmura
Rosemary: Como é que eu vou para lá? - ela volta para trás.
Luca: Pega - ele entrega-lhe um mapa
Rosemary: Obrigada! - ela sorri novamente e desaparece a correr da biblioteca.
Luca: Bem... esperemos que ela não morra agora. - ele diz monocórdicamente.
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