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História Delegacia 614 - Ação e Reação


Escrita por: byunirie e heairtsjoy

Notas do Autor


oi gente! é um prazer imenso trazer essa fanfic para vocês!

eu e a lua (@heairtsjoy) demos tudo de nós para trazer mais uma história incrível e cheia de mistérios, tensões e claro, pegação HIHIHIHI

esperamos do fundo do coração que gostem tanto quanto a gente AMOU escrever!
obrigada Sara por essa capa incrível e Sue pela betagem que é sempre maravilhosa <3
boa leitura meus amores (:

Oi, aqui é a Lua. Espero que vocês gostem dessa linda parceria que nasceu já sendo amada, senti falta de vocês... boa leitura.

Capítulo 1 - Ação e Reação


Fanfic / Fanfiction Delegacia 614 - Ação e Reação

DELEGACIA 614

capítulo 1 

 

Seul é a maior e mais populosa cidade da Coreia do Sul, a área metropolitana se subdivide em três distritos diferentes: Incheon, Seul e Gyeonggi-do, repleta de costumes, uma encruzilhada entre o tradicional e o moderno, um lugar onde a tecnologia e a tradição se misturam. Os dias são cheios e atarefados, as noites suntuosas e barulhentas. Em cada canto da cidade há beleza, assim como também há perigo. 

A sociedade se reinventou em um futuro longínquo no qual os antepassados nem mesmo acreditavam ou sonhavam, para a humanidade sobreviver às novas mudanças em seu planeta, genes foram trocados e misturados, os dos antigos lobos se mostraram melhor receptivos aos testes, portanto os seres humanos agora se diferenciavam por alfa, beta e ômega. 

Por alguns anos sombrios, as denominações de raça eram um grande problema, os preconceitos instaurados pelos genes haviam se tornado uma barreira na vida social, os alfas eram os únicos no poder, betas possuíam pouco respeito e os ômegas ocupavam a posição mais baixa na sociedade. Depois de uma revolução gigantesca na qual milhares de pessoas reivindicaram seus direitos, todos lembraram que acima de qualquer hipótese, eram seres humanos, com sentimentos, alguns genes modificados, mas ainda assim iguais. 

No presente tempo, as desavenças antigas foram resolvidas, a paz havia sido restaurada, ninguém se atrevia mais a julgar outra pessoa por seus genes. Entretanto, como toda sociedade organizada, no submundo do crime ainda se escondem os pecados, infiltrados e ocultos como cruéis bichos papões, prontos para atacar e se aproveitar do medo particular de cada um. 

A lua cheia surgiu nos céus mais uma vez, imponente e bonita, acompanhando-a, um ômega caminhava pelas ruas de Incheon, alheio a qualquer movimentação que não fosse o som de seus pés contra o concreto e a música eletrizante em seus ouvidos. Vagava sem um rumo certo, a cabeça cheia de preocupações sobre a rotina entediante de qualquer estudante, a pressão de ganhar a vida aos vinte anos, o andar errôneo apontava distração e ele não percebeu o momento na qual adentrou em um beco escuro. Assustado por não reconhecer o lugar na qual se enfiou tentou voltar, mas uma sombra se fazia presente a alguns metros de distância. 

Um homem encapuzado, as vestes estavam sujas e seu rosto era coberto por uma máscara de caveira. 

Amedrontado com a situação que havia se colocado, o pobre garoto tentou seguir caminho, mas a cada passo dado, o estranho se aproximava ainda mais. Ele ria, às vezes gargalhava e o som de sua risada cortava ao meio as esperanças do ômega de se livrar daquela enrascada. 

Tão rápido quanto o vento, ele o cercou e o capturou. As mãos puxaram suas vestes e em seu pescoço sentiu um aperto muito forte, tentou gritar e se soltar, contudo, o estranho era mais forte que si. 

— Shh… você é tão bonito, a cor do seu cabelo é a minha favorita — Ouviu a voz gélida suspirar e ditar contra seu ouvido, o desespero fazendo-se ainda mais presente e antes mesmo que tentasse se soltar outra vez, um pano foi colocado contra seu rosto e em segundos sua vista escureceu completamente. 

O corpo inteiro doía, parecia que areias estavam sob seus olhos, estava letárgico, o barulho o incomodava, estava deitado em algo muito duro e gelado, na qual não conseguia reconhecer. Abriu os olhos devagar, notando a mordaça obstruindo a passagem de qualquer som que pudesse ser emitido por sua boca, as íris focaram no mesmo homem encapuzado e se desesperou assim que reconheceu uma navalha afiada nas mãos grotescas. As imagens de seu sequestro repassando em sua cabeça, as lágrimas acumulando no canto dos olhos.

— Oh! Querido, você acordou? — Ele pronunciou, aproximando-se sorridente, ainda com a navalha em mãos, as lágrimas já escorriam pela bochecha do ômega ao notar que a máscara de caveira ainda se fazia presente — Eu estava me sentindo extremamente sozinho. 

Tentou gritar novamente, tentou implorar, pedir que ele não o machucasse, no entanto, só os grunhidos estranhos eram existentes por conta da mordaça. Seu medo parecia animar ainda mais o desconhecido e a única resposta que obtinha eram as carícias nojentas que ele fazia em seu cabelo. 

— Eu segui você por dias, olhei cada ação sua, sua rotina e como você é perfeito. Por isso eu precisei de você aqui comigo, você entende não é? — Ele questionou, retirando de uma vez a máscara e dando uma visão completa de sua face. 

Não conseguia entender, ele era um homem bonito, os olhos azuis claros se destacavam, o rosto milimetricamente simétrico e sem um pelo. Não compreendia  o porquê das ações alheias, a troco de quê alguém poderia se tornar assim? Em um deslumbre, a frase “a maldade não tem rosto”, nunca pareceu tão certa. 

— Eu te quero só para mim. Cada parte sua — Ele sussurrou em seus ouvidos, limpando carinhosamente com seus dedos sujos mais uma das lágrimas que escorriam por seu rosto vermelho — Não faça barulho. 

Um grito se perdeu em sua garganta assim que o primeiro pedaço de pele foi cortado de sua coxa, a dor imensurável o entorpeceu e não soube dizer quantas vezes ela se repetiu até que perdesse a consciência completamente.

Outra vez, a noite sombria havia feito mais uma vítima. 

 

 

O tempo chuvoso parecia mostrar a tristeza dos céus por conta de mais uma perda, o vento frio era cortante, tornando toda a cena ainda mais mórbida do que realmente parecia. O corpo estirado ao chão mostrava marcas de tortura e cortes profundos, as roupas haviam sumido e o galpão estava vazio, apenas o cheiro de pútrido se fazia presente. 

Dezenas de carros de polícia estavam lá fora, as luzes vermelha e azul chamavam atenção de todos na rua. Três investigadores da delegacia 88 e o legista observavam o corpo do ômega abandonado de uma forma tão precária naquele lugar. Era um cenário triste e pesado, algumas pessoas se reuniam próximo às faixas amarelas para tentar ver alguma coisa. Também havia os flashes das câmeras dos jornalistas, feito abutres, eles tentavam capturar a imagem que estamparia as primeiras páginas dos jornais. 

— Mais uma vítima? — O loiro questionou, anotando o décimo caso em sua prancheta. 

— Sim. E com as mesmas características, pele clara e cabelos vermelhos — O legista afirmou, confirmando mais um caso de necrofilia em Incheon. 

— Isso é impossível. Esse serial killer... o jeito que ele escapa das nossas mãos, está além do que eu imaginava — O homem barbudo comentou, era chefe da delegacia a anos e ainda se chocava com a facilidade que o assassino tinha. Frustrado, passou as mãos entre os cabelos. 

— Vamos ter que passar o caso — O loiro afirmou, atraindo um olhar de raiva de seus superiores — É a verdade! Se esse serial killer continuar matando desta forma... seremos nós a levar a culpa, seremos se o caso ainda estiver em nossas mãos.

Mesmo com a fúria crescente, os outros dois pareciam pensar sobre o assunto, o legista estava ocupado cobrindo o corpo desnudo com uma lona preta, pronto para levá-lo para a autópsia. 

— Esse caso vai para delegacia 614 — O chefe disse a contragosto. 

— Não são eles que têm o detetive Byun Baekhyun? — O loiro perguntou, curioso. 

— Sim, aquele pirralho é o melhor. Já resolveu mais de mil casos, dá pra acreditar? E ele é só um ômega — O chefe respondeu, sorrindo em deboche — Park Chanyeol é o chefe deles e por mais arrogante que aquele merdinha seja, eu confio nele. Sei que ele pode controlar esse caso e o ômega abusado deles. 

— É a melhor solução. Se eles não conseguirem, é a imagem deles que vai ficar manchada — O terceiro homem, o investigador mais velho da delegacia 88, se pronunciou pela primeira vez na conversa, dando as costas ao corpo estirado e se direcionando para a saída — Amanhã iremos até a delegacia 614. 

 

 

O barulho das sirenes podiam ser ouvidas de longe, os carros da polícia aceleravam cada vez mais, ignorando todos os sinais vermelhos causando desta forma, uma pequena comoção entre as pessoas na rua. Park Chanyeol, observava o carro à sua frente com olhos ágeis, sabendo que mais adiante outra viatura estaria à  espera dos fugitivos. O alfa sempre estava preparado para qualquer possível situação, era um estrategista de primeira, não era atoa que havia sido nomeado o chefe de polícia mais novo da atualidade. 

Seguia as regras e sempre mostrava um bom trabalho, então aos 35 anos era respeitado por muitos e conhecido por todos. Sorriu ao ver os homens pararem o carro próximo a um beco, abandonando o veículo na tentativa de fugir a pé, no entanto, esperava que isso acontecesse. Era precavido e inteligente. Não demorou para que o resto dos policiais estivessem cercando os homens, que começaram a atirar para qualquer lado na tentativa de fugirem. 

Encostado em uma das paredes, segurando sua arma com destreza, Chanyeol observou a outra equipe localizada nos prédios próximos ao beco. Analisou as chances que teriam e suspirou pegando o rádio que levava consigo no bolso da calça, sintonizado no canal policial para que o contato com os outros acontecesse sem interrupções. 

— Time delta, fiquem à postos! — Disse baixo encarando o policial subordinado que estava ao seu lado e lhe dando permissão para que se aproximasse do beco. Observava a equipe se posicionar e voltou a olhar os homens que o seguiam, fazendo um sinal com os dedos para que se preparassem. No entanto, algo chamou sua atenção.

Park Chanyeol sempre fora um homem muito controlado, contudo, todo mundo tem sua dose de estresse diária e a sua possuía nome e sobrenome. 

Byun Baekhyun. 

O ômega, metido a maioral, que naquele momento, ignorava suas ordens de apenas cercá-los, se aproximando dos fugitivos arrastando-se agachado pelo chão. Irritado mudou novamente o canal do rádio, conectando-se diretamente ao Byun, que parecia ignorar e desdenhar do toque insistente do aparelho. 

Todos da delegacia 614 sabiam que Chanyeol e Baekhyun viviam para brigar e se estranhar pelos cantos. A personalidade divertida e um tanto egocêntrica do Byun entrava em conflito com o temperamento um tanto explosivo do Park. A verdade era que o alfa só agia daquela forma com o garoto de cabelos vermelhos e sorriso fácil até demais para sua concepção. 

Byun Baekhyun era um dos melhores. 

Com seus 28 anos, era o mais novo detetive da delegacia, e com o maior número de casos resolvidos em um curto período de tempo. Ele era decidido, perspicaz e acima de tudo amava o que fazia. Era o jovem mais promissor, havia batalhado muito para conquistar seu lugar, mesmo sendo um ômega. Ele era intuitivo, fazia o que achava certo, e isso irritava o chefe de polícia mais que tudo. 

Eram o completo oposto, afinal, enquanto um agia por impulso, o outro planejava cada pequeno e mísero detalhe. Muitos não sabiam porque o Park aceitava certos desaforos ou brincadeiras do ômega, só que a verdade era que, mesmo não admitindo, também era um dos que considerava Baekhyun um dos melhores e mesmo a contragosto vivia dando casos importantes para o garoto. 

— Baekhyun volta pra cá agora, isso é uma ordem! 

— Hey Park, para de tentar mandar em mim, você sabe que não consegue. — Ouviu a voz do ômega cantarolar pelo rádio e olhou indignado para o garoto que se arrastava pelo chão se aproximando cada vez mais do grupo armado, mesmo não sendo percebido. 

Ele estava agindo como uma isca. 

Assim que os bandidos da máfia percebessem o Byun, focariam a atenção totalmente nele, tornando o plano do Park infalível, já que um esquadrão os cercava por trás sem que eles notassem.

 Baekhyun não tinha medo. 

Ele se jogava de corpo e alma em todos os casos que recebia, até mesmo os que exigiam muito de si. Muitos não sabiam, mas o pequeno Byun se envolvia de verdade com tudo que via e não aceitava um não como resposta. Ele fazia o que gostava, como gostava e de quebra, conseguia irritar seu chefe, que em sua visão, era certinho demais. Ria quando diziam que ele era o único que conseguia despertar o pior de Chanyeol e mal sabia ele que era verdade. 

Apostava alto em todas as suas jogadas, e daquela vez não seria diferente. Seu instinto nunca errava, podiam falar o que quisessem, que “era coisa de ômega”, ou então “jogada de sorte”, não ligava, ele nunca deixava de ouvir seus instintos e sempre acertava na mosca. Não sabia dizer o que era, e nem queria descobrir, apenas usava disso a seu favor e fazia o que ninguém mais conseguia fazer. 

Era o melhor e sabia disso. 

Se levantou de forma abrupta assustando os fugitivos, que viraram-se para si com as armas apontadas e atiraram sem se dar conta do quão idiotas estavam sendo. Sorriu antes de correr e rolar para trás das caçambas de lixo que o beco possuía, atirando como podia, dando tempo o suficiente para que a equipe delta agisse. Logo ouviu a voz de Chanyeol mandando os policiais atirarem, depois de longos minutos alguns se aproximaram cercando os homens que ainda estavam de pé e finalmente os prendendo. Estavam há meses atrás daquela máfia e Baekhyun sabia, de alguma forma, que se desse ouvidos às ordens do alfa, o plano acabaria dando errado. 

Aquela era a única chance que teriam, então viu a oportunidade perfeita de resolver o problema. Podiam chamá-lo de maluco, afinal, ele poderia sim ter falhado, só que sabia que não falharia, ele nunca falhava. Sorriu convencido enquanto se levantava e observava os mafiosos sendo algemados, a sensação de dever cumprido correndo em seu peito, ainda mais  ao ouvir os resmungos dos homens sobre terem sido pegos por um ômega. 

— Bom trabalho Byun — Um dos policiais disse e o ômega sorriu acenando de volta. Estava feliz e aliviado com mais um dia de trabalho, mesmo que estar em campo não fosse rotineiro, se virou para voltar aos carros dando de cara com Chanyeol e uma expressão nada boa. 

O olhar do alfa desceu para o braço do Byun e respirou fundo, como se pedisse paciência aos deuses para não cometer um crime de ódio contra o ômega, caso contrário ele que iria preso pelos próprios subordinados por assassinato — Você só pode ter merda na cabeça Baekhyun! Quando vai começar a obedecer ordens? 

— Deu certo, Park. Relaxa — O Byun pronunciou se aproximando sorridente, parando centímetros de distância do chefe de polícia. 

— Deu tudo tão certo que você ainda saiu machucado — Respondeu sério e como uma praga, o ômega sentiu o leve ardor em seu braço, olhou o mesmo percebendo a marca de um tiro de raspão. 

— Todo guerreiro que se preze tem marcas de batalha, não é? — O sangue vermelho vivo marcava a camisa branca lentamente enquanto Baekhyun sorria debochado.

— Eu ainda vou pagar pra ver essa tua marra no lixo Byun. — Pegou o ômega pelo outro braço com brusquidão e o puxou com força em direção aos carros — Entra nessa merda antes que eu me irrite mais.

— Não sei porque você se irrita tanto, desse jeito vai acabar se tornando um velho ranzinza, Chan — Baekhyun falava enquanto sorria de forma irônica, recebeu como resposta a porta da viatura fechando-se em sua cara, queria parar com as provocações, contudo, não conseguiu conter a risada ao ver o alfa dando a volta no carro para entrar no lado do motorista — Ah fala sério, eu tinha tudo sob controle, você sabe que minha intuição nunca falha.

— Um dia pode falhar Byun e eu não tô disposto a enterrar nenhum companheiro de equipe — Olhou sério para o ômega enquanto ligava o carro, encarando as íris castanhas que estavam focadas em si — Por mais que eu mesmo tenha vontade de te matar às vezes. 

Chanyeol deu o assunto por encerrado e seguiu o caminho até o hospital mais próximo, ainda não havia dito tudo que queria, entretanto, só podia chamar a atenção dele quando houvesse alguém por perto, estar sozinho dentro de um carro com o ômega não era uma boa ideia por conta da raiva que estava sentindo, obviamente, era apenas por isso. 

Baekhyun não era burro, sabia quando precisava parar de falar e quando já havia abusado da sorte. Ficou quieto durante todo o percurso até o hospital, segurando o braço machucado que sangrava, fazendo pressão, o sangue quente esfriando e trazendo uma dor mais latente na qual não fora capaz de sentir antes. 

De vez em quando encarava o alfa pela visão periférica, a expressão dura enquanto olhava para o trânsito, os músculos marcados na blusa preta, as veias das mãos um pouco saltadas enquanto segurava o volante com força.

Park Chanyeol era realmente algo, não dava para negar, não era cego. Tossiu um pouco tentando disfarçar, voltando a atenção para a rua, obstinado em levar os próprios pensamentos para outro lugar que não fosse o quanto o Park ficava gostoso quando estava irritado. 

O caminho até o hospital fora consideravelmente rápido e logo Baekhyun estava sentado em uma das macas da emergência sendo atendido por uma enfermeira prestativa. Chanyeol viu ali a oportunidade perfeita de continuar a conversa anterior e talvez colocar na cabeça daquele ômega inconsequente que as coisas não podiam ser feitas como ele queria. 

— O que você estava pensando Baekhyun? Você podia ter colocado em risco toda a operação — Exclamou com raiva, olhando incrédulo o exato momento que o Byun revirou os olhos. 

— Pelo amor de Deus, nós conseguimos prender eles! Graças a mim, somos os melhores mais uma vez — O ruivo pronunciou agradecendo a enfermeira antes dela se retirar os deixando sozinhos no quarto branco designado à polícia. 

— Graças a nossa equipe somos os melhores — O corrigiu, de saco cheio da prepotência do detetive.

—  Tanto faz, Park. 

— Tanto faz? Da próxima vez que eu mandar você obedece, Baekhyun — Chanyeol exclamou se aproximando perigosamente da maca, as coxas roçando e se encostando uma na outra. 

Baekhyun tremeu, visivelmente afetado com o contato inesperado, tudo que o ruivo conseguia notar era como o moreno ficava ainda mais gostoso com raiva, as sobrancelhas unidas e as veias do pescoço saltadas. 

— E você vai me obrigar? — Rebateu, o encarando com um lábio inferior preso entre os dentes.

Se sentia extremamente sufocado, como se todo o ar que respirasse houvesse se impregnado com o cheiro de Chanyeol e honestamente, era bom pra caralho. 

— Eu posso fazer você se comportar, Byun — O moreno ditou, apoiando uma das mãos em sua coxa, deslizando-a de cima a baixo como uma leve carícia, fazendo Baekhyun fechar os olhos para aproveitar o doce veneno. O alfa seguia seus instintos, sentindo o membro pulsar dentro da calça ao ver o rosto cada vez mais entregue do ômega.

— Eu duvido que você consiga — Respondeu, puxando o colarinho da blusa preta de botões para aproximar ainda mais os corpos, encaixando as pernas na cintura fina do homem à sua frente — Estou esperando uma punição, chefe. 

Há bastante tempo, ignoravam aquela pulga atrás da orelha que teimava em sussurrar em seus ouvidos sobre o quanto desejavam um ao outro. Há muito tempo fingiam não sentir o calor que os embriagava toda vez que estavam tão próximos. No entanto, ninguém pode esquecer a verdade.

Não precisou falar mais uma palavra porque logo sentiu as mãos firmes se apossarem de sua cintura o puxando para mais perto ainda, os lábios se juntaram tão rápido que mal pode conter o suspiro de surpresa, as bocas se uniram ansiosas e inebriantes. Completamente alheios a tudo que acontecia ao redor, colaram os corpos, se esfregando e entregando-se àquele querer momentâneo que tentavam ignorar durante a maior parte do tempo.

O desejava tanto quanto o odiava, Chanyeol era mandão e o tirava do sério, mas havia algo em si que atraía o Byun, de uma forma que o mesmo não conseguia explicar, de uma forma enlouquecedora. Queria chamar a atenção dele mais do que tudo, então não poupava esforços para tirar o alfa do sério, gostava de vê-lo fora dos eixos, exatamente como naquele momento, com a respiração ofegante e seu gosto nos lábios.

Deixou que a língua fosse sugada da forma mais prazerosa possível, sugando o lábio do Park com vontade, o mordendo com força, logo depois, enquanto se esfregava no corpo malhado, as unhas arranhavam a nuca do moreno e a dor do tiro de raspão não o incomodava mais — Que boquinha gostosa, Byun. 

Chanyeol puxou os cabelos vermelhos, o olhando com desejo, abaixando para cheirar o pescoço, gostando de vê-lo se arrepiar, enquanto fechava os olhos, suspirando audível quando a língua habilidosa sugou a pele de sua clavícula — Merda, Park. 

— Eu deveria te ensinar boas maneiras, você tem uma boca muito suja, detetive. 

O puxou para mais perto uma última vez, gostando de sentir a boca inchada por conta dos beijos quentes, se deliciando ao ter a cintura apertada, antes do walkie talkie soar estridente entre os dois. O ômega sorriu arteiro seguindo os beijos desejosos pelo pescoço do outro, enquanto observava pelo canto dos olhos o alfa tentar raciocinar qualquer resposta com o aparelho próximo da boca, para atender o policial que o contatava. 

Baekhyun descia os beijos pelo pescoço longo, enquanto os dedos acariciavam a ereção já formada sob a calça preta do chefe, sentindo a boca salivar. Ajoelharia no chão duro daquele hospital, se não percebesse o quão urgente o tom de voz do Park havia ficado.

Suspirou se afastando devagar e tentando ouvir a conversa, os resmungos altos do policial na linha os trazia de volta para a realidade, afinal o Park só ficava preocupado daquela forma por uma única razão: trabalho. 

 


 

Baekhyun adentrou a delegacia de polícia distraído, coisa que não era nenhum pouco normal em seu comportamento, no entanto, o que poderia fazer quando ansiava sentir as mãos brutas do Park em sua cintura apertando-o de forma desejosa? Sua mente repetia a cena da enfermaria, como se tentasse lhe lembrar de como havia sido gostoso a troca de beijos intensa com o chefe, mesmo sendo súbita.

Bufou um pouco irritado, malditos hormônios que o deixavam tão entregue a alguns toques mais firmes. Maldito desejo incabível que tinha por aqueles músculos escondidos nas camisas sempre muito coladas ao peitoral. Não queria mesmo continuar pensando certas obscenidades, muito menos na vontade que teve de cair de joelhos e acabar com o temperamento explosivo do Park com sua boca. 

Foi tirado de seus pensamentos pecaminosos por uma salva de palmas, rindo ao perceber os amigos de departamento animados e festejando. Sorriu ainda mais aberto e convencido enquanto se curvava teatralmente para agradecer os aplausos. Gostava de quando os amigos agiam daquela forma, era engraçado e ajudava bastante em sua auto estima que já era alta o suficiente. 

— Caralho Baekhyun, você é realmente incrível — O alfa Carter, um estrangeiro que trabalhava há algum tempo na delegacia, comentou dando tapinhas em suas costas. 

— Será que é hoje que sua demissão sai? — Jihoon perguntou, Baekhyun revirou os olhos, encostando-se em uma das mesas. 

— Não, ele não pode me demitir, eu sou um dos melhores.

— Diz isso porque está aqui com a gente, caso contrário, pegaria o mérito todo para si — A alfa, Jinhee, disse rindo e estendendo um saco de guloseimas na direção do ômega.

— Eu posso ser atrevido, mas nem tanto! Um bom detetive sempre tem uma equipe melhor ainda — Sorriu vendo os amigos rirem. 

Deixou que seu olhar voltasse até a sala de Chanyeol, mordendo os lábios ao ver as costas do alfa e os músculos marcados na roupa, pelo vidro da janela. Poderia facilmente se perder naquela visão, contudo, a presença de dois homens na sala do Park capturaram sua total atenção.

Cruzou os braços e continuou encarando o desenrolar da cena, vendo a expressão cansada e preocupada do chefe. Era de se esperar que tivesse decorado cada fisionomia do alfa, trabalhavam há alguns anos juntos e bem, se considerava um ótimo observador. 

— Quem são aqueles com o Park? — Questionou para a alfa que estava concentrada na tela do computador a sua frente. 

Ela encarou o amigo, confusa, olhando ao redor e só então percebeu sobre o que ele falava — Ah… são os superiores da delegacia 88.

— E porque eles estão aqui? 

— Não acha que quer saber demais não? — Ela disse e o ômega riu — Aparentemente, algum caso novo. 

— Bom, era de se esperar, quando uns não conseguem resolver eles passam para os melhores — Deu de ombros e pegou mais uma das guloseimas na mesa da amiga. A alfa ergueu uma sobrancelha para o Byun — Que foi?

— Não acha que é muito convencido da sua parte dizer isso? 

— É por ser convencido mesmo que eu posso — Riu sendo acompanhado da garota e voltou a prestar atenção no que estava acontecendo dentro da sala de Chanyeol.

O alfa andava de um lado para o outro em sua sala, o envelope aberto em mãos enquanto lia todas as informações coletadas ao longo dos meses pela delegacia 88. Volta e meia encarava os dois atuais responsáveis pelo caso e voltava a ler as investigações. Era muita informação para assimilar, ainda mais depois da manhã corrida e um tanto proveitosa. 

Suspirou na tentativa de manter as lembranças quietas e afastadas, não podia se dar ao luxo de se distrair naquele exato momento. Precisava tomar uma decisão importante e a cada vez que olhava aquele documento em suas mãos, sentia uma maré de sentimentos tomá-lo. 

Indignação. Raiva. Pena.

Não sabia concentrar-se em apenas uma situação e piorava a cada nova foto que pegava no arquivo. Já tinha visto muitas coisas ao longo dos anos trabalhando naquela delegacia. Se tinha algo que lhe tirava do sério, eram assassinatos não resolvidos, ainda mais casos como aquele. 

Nunca em sua vida havia pego um caso de Serial Killer e estava bem preocupado em não ser capaz de o resolver. Todavia, ao olhar para o rosto de todos aqueles ômegas torturados e mortos, algo em si, gritava para que aceitasse o caso e desse tudo que podia para levar aquele filho da puta para trás das grades. 

— O que me diz, Park? — O loiro o questionou com os braços cruzados. 

— Caso aceite o caso, vamos enviar o resto das informações necessárias para seu e-mail — O chefe da delegacia 88 disse encarando o alfa que segurava a pasta fechada sem soltá-la. 

Chanyeol encarava os dois homens antes de concordar com a cabeça. Sentia-se cansado e um pouco perdido, precisava correr com o caso e ainda escolher uma equipe decente que estivesse focada em tirar aquele maníaco das ruas. Olhou pela janela, vendo seus subordinados trabalhando e conversando entre si. Seus olhos focaram em Baekhyun, que ria junto aos amigos. O braço enfaixado por conta de sua irresponsabilidade, causando um rebuliço dentro do alfa. Suspirou novamente e voltou a encarar os dois detetives.

 — Vamos dar a notícia aos demais, o caso é oficialmente nosso agora.

Os três saíram da pequena sala, atraindo a atenção de todos da delegacia 614. Os policiais e investigadores que antes conversavam, logo pararam com a presença do chefe, inclusive Baekhyun que estava muito interessado em saber qual caso eles haviam pego dessa vez. 

— Hoje, nossos amigos e superiores da delegacia 88 trouxeram um caso complicado no qual iremos trabalhar — Ditou, suspirando — Escutem com atenção. 

— Esse caso não é brincadeira de criança. Há meses estamos tentando pegar esse criminoso, no começo achamos que era apenas um assassinato comum, no entanto nenhum dos entes próximos da vítima apresentou qualquer relação com a morte — O loiro falou, explicando o início de tudo, dando voz em seguida para o homem barbudo. 

— Depois surgiram mais vítimas. Todos os meses, durante os últimos sete, com as mesmas características e encontradas da mesma forma. Nuas e com cortes profundos. Ao que tudo indica, abusadas sexualmente após a morte. 

— Um serial killer que pratica necrofilia? — Baekhyun questionou do outro lado da sala, chamando a atenção de todos, ele sorriu forçado e um tanto irritado. Como assim os ômegas estavam sendo mortos e tendo seus corpos abusados? Aquilo era hórrido — E vocês ainda não o pegaram? E ainda se consideram bons?

Ciente de que não poderia controlar a língua maldita do Byun, Chanyeol percebeu a face do chefe da delegacia 88 se tornar vermelha de raiva, além de ter sido interrompido, Baekhyun havia desdenhado do trabalho deles. 

— Silêncio, Byun. O caso está sendo explicado — Chamou a atenção do ruivo, antes que outra pessoa o fizesse. 

Baekhyun apenas o olhou, as íris castanhas em chamas como no hospital e um sorriso de lado em seus lábios. Chegava a ser ridículo o quanto ele era atraente mesmo em uma situação séria.

— Continuando. Ele atacou em sete pontos diferentes, mas todos sujos, imundos e desertos, além disso, todos os lugares se encontravam em grandes áreas populacionais — O loiro continuou explicando — Ele não tem medo, ele quer que a imprensa veja e que as pessoas encontrem o que ele fez, infelizmente não conseguimos nenhum rastro de DNA. 

— Vocês realmente ajudaram em alguma coisa? — Baekhyun perguntou, gerando risadas baixas pela delegacia. 

Não entendia como alguém podia ser tão prepotente, ele não parecia nenhum um pouco incomodado com as faces raivosas dos alfas presentes, era confiante como ninguém e por algum motivo desconhecido, Chanyeol adorava isso. 

— Coletamos algumas provas e padrões entre as vítimas, detetive Byun. Com certeza nosso trabalho ajudará vocês a pegarem esse assassino, vocês vão conseguir não é? ômega — O loiro perguntou com uma sobrancelha arqueada, Chanyeol que encarava os dois de longe, percebeu um olhar raivoso tomar conta de Baekhyun em segundos e se viu tentado a interromper. 

— Isso com certeza servirá de grande ajuda — Interrompeu, sorrindo cordial — Eu quero uma equipe pequena para desempenhar o papel de campo e mais duas equipes de pesquisa. Quando se trata de um assassino em série temos que ter em mente que não estamos lidando com um assassino comum, esta pessoa mata por prazer, por algum motivo que desconhecemos, mas ela possui uma convicção — Espalmou as mãos na mesa a frente, encarando cada um de sua equipe, tentando enfatizar a importância do caso que tinham em mãos — Se tratarmos esse caso como um crime comum, iremos perder. Pessoas irão morrer e esse monstro continuará aterrorizando as ruas de nossa cidade. 

Pela primeira vez no dia a delegacia 614 estava quieta, até mesmo seu detetive mais linguarudo possuía um semblante preocupado, as palavras muito bem enterradas na garganta tamanha a seriedade da situação. 

— Esquadrão A, vocês ficarão com a parte de pesquisa e coleta, vocês devem saber tudo sobre as vítimas e encontrar mais padrões que possamos avaliar — Se referiu a divisão natural da delegacia, substituiria apenas algumas pessoas. 

— Esquadrão D, descubram o porquê das câmeras de vigilância das áreas populares em até cinco quilômetros do crime não estavam funcionando naquele determinado dia. Isso não me parece nada bom. 

— Smith, Johnson, Kim, Jung, vocês serão nosso esquadrão especial. Irão ficar a frente da investigação em campo junto comigo — Anunciou, achando estranho o silêncio mortífero que perdurou no ar, respirou fundo percebendo que todos os presentes pareciam esperar mais uma palavra sua, mais uma ordem e mesmo que não quisesse dar, deveria — Byun. Você também. 

Só depois de sua última fala que todos pareceram suspirar aliviados, voltando à rotina normal da delegacia enquanto faziam seus próprios trabalhos. 

Baekhyun ao longe não parecia surpreso, mas também não ostentava nenhum sorriso gracioso. 

Se despediu dos companheiros da delegacia 88, analisando cada pequena foto enquanto voltava para sua sala, no entanto, antes que pudesse entrar, deu de cara com a sua dor de cabeça diária. 

Baekhyun estava encostado na porta, as pernas cruzadas, a calça e blusa preta apertadas destacando a pele branca imaculada, o distintivo da polícia fazia o ruivo parecer muito mais atraente, além dos cabelos vermelhos que o deixavam ainda mais bonito a luz natural do dia — Tem alguma coisa que eles estão escondendo, Chanyeol. Esses bastardos da 88 não dariam um caso precioso desses de mão beijada. 

Aproximou-se escorando na parede ao lado do ruivo, disposto a manter aquela conversa apenas entre os dois — Eu sei, detetive. 

— Então, por que você aceitou? Eles sabem algo que não sabemos, Park. 

— Não questione minhas decisões, Baekhyun — Ditou, virando-se para encarar as íris castanhas que tanto o encantavam. Lentamente, se aproximou ainda mais, até que sua respiração estivesse batendo na orelha do outro — Você vai montar cada peça desse quebra cabeça não vai, Byun? 

Baekhyun sorriu ladino a centímetros de si, virando o pescoço para que pudesse o confrontar, tão perto um do outro, Chanyeol lembrou dos últimos minutos no hospital, nem parecia que aquelas cenas haviam sido no mesmo dia e novamente, sem que percebesse, já estava o desejando. 

— Nós seremos os melhores, como sempre, chefe — Baekhyun acrescentou, debochado e erguendo as sobrancelhas, se afastando em seguida.

Contudo, antes que o mesmo pudesse lhe dar as costas como sempre fazia, o Park o parou colocando a mão na clavícula alheia, o puxando para dar um último aviso. 

— Não deixe que eu me arrependa disso, Byun.


Notas Finais


e então?? esse foi o primeiro capítulo de Delegacia 614 e nós queremos saber de tudo que estão pensando!
comentem bastante e surtem com a gente no twitter, sem esquecer de usar a tag #D614fanfic

próximo capítulo saí dia 03/02, às 18:00! Preparem-se para serem algemados 🚔🚨

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