No dia seguinte à morte de Rui, todas as Luas Inferiores foram convocadas para a Fortaleza Dimensional. Uma espécie de castelo e Templo gigantesco com inúmeros quartos, escadas e pontes pelos tetos e até mesmo flutuantes, todo lugar era composto por uma gravidade única. Era possível ver as Luas Inferiores caminhando no teto e paredes que tinham caminhos únicos sem cair. Elas apareciam depois que uma Oni de cabelos longos e franja cobrindo o rosto tocava uma Biwa.
Todo o Kekkijutsu da mulher com a Biwa era a Fortaleza Dimensional, Nakime uma das mais fiéis súditas de Muzan não saía da Fortaleza, tudo ali era controlado por ela e sempre que Muzan precisava ela convocava os onis apenas tocando seu instrumento. Não importa por onde ele andasse, a Fortaleza estava sempre aos pés de Muzan. Guardada no subsolo e conduzida por uma força sobrenatural extrema.
Depois do último toque no instrumento, as Luas Inferiores aparecem reunidas em um tatame que no alto Nakine à observa junto de uma mulher de quimono preto e florido e olhos vermelhos. Só faltava a Lua Inferior 5.
- Ajoelhem-se! - A voz de Muzan saiu pela boca daquela Oni - OBEDEÇAM!
Um dos kekkijutsu de Muzan era mudar sua aura e aparência, os cinco Onis se curvaram como se algo pesado caísse por cima deles.
- Mestre pedimos perdão! Como mudou tanto sua aparência nós…
- Quem lhe deu permissão para falar? Parem de dar suas opiniões fúteis. O que quero é que respondam minhas perguntas e apenas isso.
A Fortaleza emitia um som de morte e tudo parecia sombrio, havia lugares muito bem iluminados e outros extremamente escuros. Parecia que tudo girava constantemente como uma bola ou um lustre iluminado de uma grande mansão.
- O Rui foi morto, sabiam disso? A Lua Inferior Cinco - Dos Onis Inferiores, Rui era o favorito de Muzan, tendo ficado no posto por mais de 100 anos - Por que vocês Onis da Lua Inferior são tão fracos? Não deveria se contentar em apenas fazer parte dos Doze Kizuki porque devorar mais pessoas e adquirir mais poder é a forma de se tornarem úteis para mim! Por mais de 400 anos os Oni da Lua Superior se mantiveram na mesma posição e sempre foram eles que se livraram dos Hashiras para mim. Enquanto isso, quantas vezes substituímos vocês?
Silêncio.
Todos estavam agoniados, o Oni Inferior 3 pensava “Falar assim é facil mas…”
- “Falar assim é Fácil, mas”? - Muzan lia a mente deles
"Ele leu a minha mente? Isso não é bom".
- O que não é bom? COMPLETE A FRASE! - Muzan agora estava com ódio nos olhos.
- Por favor me perdoe Mestre! - Agora em voz alta o Oni implorava pela vida já que foi erguido no ar de cabeça para baixo.
Não se via nada segurando ele, Muzan estava na mesma posição apenas olhando com raiva para o Oni. Fazia toda a tortura com a mente e o Oni foi explodido em pedaços.
- Agora me respondam, vocês tem mais medo dos Caçadores do que de mim?
- Não Mestre! - Respondeu a Oni Inferior 4.
- Mas eu sei que quando se deparam com um caçador de nível Hashira, seus únicos pensamentos são de fugir! Como todos os outros Onis. Sabe quem não foge? Os Oni Superiores!
- Não, mestre eu jamais faria isso! Estou disposta a colocar minha vida em risco pelo senhor!
- Por acaso está insinuando que eu estou mentindo?
Ela também foi explodida e banhou todo o tatame. Eles morreram assim como Susamaru. Morrendo de medo, o Oni Inferior 2 tentou fugir saltando pelas escadas e salas da Fortaleza tentando encontrar uma saída. Mas a biwa foi tocada e sua cabeça apareceu nas mãos de Muzan, que também foi explodida.
- O melhor para os Doze Kizuki é que não exista mais as Luas Inferiores.
Todo o tatame estava banhado de sangue e os dois onis que restaram não se atreveram a se mexer.
- Alguém mais tem uma última palavra a dizer?
- Eu ainda posso ser útil ao senhor, se puder me dar mais tempo tenho certeza que não irá se arrepender! - Respondeu o Sexto Inferior.
- De quanto tempo estamos falando? E como acha que pode ser útil sendo tão patético?
- Se puder compartilhar mais de seu sangue, lutarei com mais força e sentirá orgulho de mim!
- Acha mesmo que está em posição de pedir mais de meu sangue? Você é mais idiota do que eu pensava!
Como esperado, foi explodido em pedaços banhando o Oni Inferior 1 e único que restou.
- Eu nunca estou errado! Sou eu que toma todas as decisões, a minha palavra é absoluta e eu digo toda a verdade, ninguém aqui tem direito a nada… E você alguma última palavra?
- Bom deixe-me pensar… - Ele tinha a voz mansa e parecia um artista circense - Isso tudo me parece um sonho maravilhoso, poder morrer diretamente de suas mãos meu Mestre! Também gostei muito de ouvir os últimos gritos dos Onis, devo ser abençoado! É como um sonho realizado. Eu lhe agradeço muito por ter me deixado para o final meu Mestre!
Muzan sorriu e saltou para o Oni lhe enfiando as garras na garganta, ele achou que morreria ali, mas foi-lhe concedido mais sangue.
- Gostei de você vou te dar uma generosa quantidade do meu sangue. Mas pode ser que você não consiga aguentar e morra, eu não ligo, mas se não morrer ganhará uma força excepcional. Só assim vai ser útil para mim - se levantou e o oni agonizava e tremia - Mate um Hashira dos caçadores e traga a cabeça para mim! E além disso, se conseguir matar o caçador que usa brincos de hanafuda eu vou te dar ainda mais sangue.
A Biwa foi tocada e várias janelas se abriram abaixo do Oni que caia por cômodos até aterrissar em uma viela escura, ainda estava com as dores do sangue, mas se manteve firme. A janela da Fortaleza desapareceu e começou a ter memórias agonizantes de caçadores com brincos de hanafuda e principalmente de Tanjiro encarando ele em Tokyo. Se matá-lo junto de um hashira poderia ganhar mais sangue e quem sabe ser um Oni Superior. Sobreviveu aquele sofrimento e partiu para coletar vítimas.
Ainda na Fortaleza, Muzan trocou a sua face para o antigo Kazu, com roupas sociais pretas.
- Nakime, chame Hantengu.
Com o som da biwa todos foram para um cômodo limpo e o Oni Superior 4 com chifres apareceu ajoelhado em sua frente.
- Hantengu… Você e Douma estão em seus postos de Luas Superiores desde que eu os criei, sabia disso?
- Sim meu Mestre.
- Vocês nunca me decepcionaram, mas parece que você fez isso…
- Não Mestre, eu jamais…
- Calado! Eu tenho apenas uma pergunta para você. Quando mandei ir atrás da família do Tsugikuni. Você matou todos?
- Sim meu Mestre, matei a esposa dele e uma criança recém nascida - os pensamentos diziam que ele não estava mentindo.
- Então me diga… Por que perambula por aí um caçador com a mesma marca na testa E EXATAMENTE OS MESMOS BRINCOS DE HANAFUDA QUE YORIICHI TSUGIKUNI? - Muzan pegou Hantengu pelo pescoço o enforcando.
- Mestre eu não sei! Eu juro que não sei! Eu matei a família dele como o senhor pediu e ele viveu sozinho até envelhecer! Por favor não me mate, eu não estou mentindo!
- Então descubra quem é esse caçador! Ele anda com uma Oni que eu não consegui controlar. Vá até onde eu matei a família e descubra quem ele é! Ouviu bem?
- Sim meu Mestre!
Hantengu desapareceu por entre a Fortaleza e Muzan continuou parado com ódio se lembrando de Yoriichi e daquela luta em que quase perdeu a vida. Tayoumaru estava cumprindo sua promessa de fazer seus descendentes irem atrás dele e achou que estava vivendo em paz sem um deles lhe perseguindo. Mas quando viu Tanjiro e aqueles brincos a cena de Tayoumaru lhe ameaçando na cabana voltou à tona e agora seu único desejo era matar o caçador e o último traço que encontrasse de um Tsugikuni.
**
Quando os gêmeos Tsugikuni completaram vinte anos, se tornaram Hashiras juntos quando assassinaram a então Lua Superior 5 e a nova Superior 3 sem dificuldades, foram recebidos com aplausos e abraços orgulhosos.
Tayoumaru agora estava em estado quase vegetativo sem poder andar, mas sua mente se mantinha firme e sã. Seus netos acompanhavam ele dormir todas as noites e ao acordar para tomar um banho de sol. Em uma noite teve um pesadelo, que um deles se tornaria um demônio e acabaria com todo o Templo dos Caçadores. Acordou assustado e gritando, Michikatsu estava no quarto e com muita luta o conteve.
- Onde está seu irmão? - Mais uma vez se sentiu desconfortável pelo avô preferir o irmão.
- Está em uma missão…
- Por que não foi com ele? Devem ir juntos sempre, protegendo um ao outro!
- Desculpe. Ele pediu para eu cuidar do senhor…
Tayoumaru murmurou e voltou a dormir, Michikatsu passou a noite em claro observando o avô, até o irmão voltar com o dia quase nascendo. Mas na verdade o avô estava acordado só esperando o neto se sentar ali também.
- Eu estou morrendo… Vocês sabem… - Silêncio - Não cumpri o meu desejo por Ami e pelas centenas de vidas perdidas, mas eu espero que vocês cumpram… Por favor.
- Sim senhor.
- Mas eu também quero que vocês tenham família, a vida não é só caçar demônios. Você está de casamento marcado não está? - Perguntou a Michikatsu - Foi Fumiko que escolheu… É uma moça muito bonita.
- Sim… Será na próxima primavera.
- Case-se também Yoriichi. Isso é uma ordem.
O neto sorriu e não respondeu, não queria casar por arranjo e sim se apaixonar, sendo um caçador e sem tempo era difícil, mas sempre foi uma criança cheia de esperança.
- Eu amo vocês dois… Do mesmo jeito. Seu pai também… Amava vocês…
Foram as últimas palavras do Primeiro Samurai do Xogum, ele pousou os olhos na janela e partiu de mãos dadas com o filho que veio lhe receber. Naquela manhã, quando cremaram o samurai, Yoriichi chorou feito uma criança, o irmão se manteve firme e após o fim da cerimônia se trancou em seu quarto. Lá sem ninguém ver entrou em prantos e se sentiu inútil por não ser tão bom ou querido quanto Yoriichi.
O irmão entrou no quarto ainda emocionado.
- SAI DAQUI! NÃO QUERO FALAR COM NINGUÉM!
- Espera! Por favor! - Ele colocou a mão dentro do quimono e tirou a pequena flauta ainda em lágrimas - Você disse que se precisar o papai vem correndo ajudar. Tome.
Michikatsu deu um tapa na flauta fazendo ela rolar para baixo da cômoda.
- ELE NÃO VEM! ELE NUNCA VEIO!
- Ele vem sim! Sempre que eu precisava ele aparecia!
- VOCÊ CONTINUA A MESMA CRIANÇA BURRA! PARECE QUE VOCÊ SE FAZ DE INOCENTE PARA TODOS GOSTAREM DE VOCÊ, MAS VOCÊ NÃO SE IMPORTA COM NINGUÉM!
- É claro que eu me importo, irmão!
- NÃO! VOCÊ NUNCA SE IMPORTOU COM A MAMÃE! VOCÊ SÓ QUERIA A APROVAÇÃO DO NOSSO AVÔ E ME TIROU TUDO QUE EU CONQUISTEI COM ELE! ELE SEMPRE PREFERIU VOCÊ NOS TREINOS!
- Isso não é verdade… - Estava envergonhado, Yoriichi nunca gostou de brigar com ninguém.
- O QUE É VERDADE ENTÃO? ME DIGA? A VERDADE É QUE VOCÊ NEM DEVERIA TER NASCIDO! VOCÊ DEVERIA TER MORRIDO!
Um tapa inesperado o fez cair no chão, não percebeu que Koji entrou no quarto furioso. Ele ainda enxergava vago do olho esquerdo, mas Michikatsu e Yoriichi não eram mais difíceis de reconhecer, usavam roupas diferentes.
- Não vou permitir que fale assim com seu irmão. Não foi dessa maneira que ensinei o meu Tsuguko.
- VIU SÓ! TODO MUNDO DEFENDE ELE!
- Irmão pare por favor! Todos gostam de você do mesmo jeito! Você está triste! Eu sei que processar o luto pode ser diferente para alguns…
- CALA A BOCA! - Outro tapa.
- Michikatsu! Peça desculpas agora para Yoriichi!
- EU NÃO SOU MAIS CRIANÇA!
- MAS EU AINDA SOU SEU MESTRE! PEÇA DESCULPAS!
- Mestre Yamamoto, está tudo bem!
- SAIAM DO MEU QUARTO! EU NÃO QUERO FALAR COM NINGUÉM! JÁ CANSEI DE SEMPRE FAZER AS VONTADES DOS OUTROS E SEMPRE PROTEGER VOCÊ! TODOS SEMPRE PEDIRAM PARA EU TE PROTEGER, PORQUE VOCÊ É UM FRACO - Koji avançou para dar outro tapa - BATA! ANDA BATA! EU NÃO TENHO MEDO! EU NÃO TENHO A MINHA MÃE NEM O MEU PAI! E AGORA NÃO TENHO MEU AVÔ E EU NÃO QUERO ESSE IRMÃO FRACO PERTO DE MIM!
- Irmão por favor - Yoriichi chorava, queria abraçá-lo.
- SAIAM DAQUI!
Koji se virou e puxou Yoriichi, nos corredores do Templo chorou até o jardim, sentou em frente ao lago se sentindo irresponsável por não transmitir o amor e atenção que Michikatsu precisava. Koji seguiu para sua mansão e ele ficou ali por horas, quando as lágrimas cessaram prometeu ao avô que encontraria Muzan e que faria seus descendentes irem atrás dele.
No quarto, tarde da noite e mais calmo, Michikatsu pegou a flauta embaixo da cômoda e se deitou em seu futon. Tocou ela duas vezes, fazia tempo que não tocava. Olhou em volta na esperança de Minoru aparecer. Ninguém.
Tocou mais uma vez em lágrimas uma melodia de três toques, mas estava pedindo que a mãe aparecesse. Ninguém.
Pegou no sono segurando a flauta no peito e sonhou com Suyen, ela dizia que estava com muita saudade e para ele deixar de carregar rancor no coração. Dizia que o irmão não tinha culpa de nada porque ela já estava muito doente e que os anos que viveu ao seu lado foram gloriosos, pois pediu um filho carinhoso que a fizesse se lembrar do marido e ele fez bem esse papel.
Michikatsu cumpriu bem a promessa que fez ao pai e cuidava do irmão como um verdadeiro bebê assim como todos no Templo, somente quando entrou na adolescência começou a se sentir sozinho e rejeitado por todos pela atenção que não recebia. Por conta do mundo transparente, Yoriichi agia com medo e genuidade para todos, sempre caia nas brincadeiras dos caçadores ou era escolhido por último em alguma. Achavam ele esquisito, mesmo sendo um Tsugikuni, mas o irmão sempre esteve ali para protege-lo.
Ainda no sonho Minoru apareceu e como fazia quando era criança, não disse nada apenas o observou em silêncio. Estava prestes a acordar, e viu uma figura alta com brincos lhe observando.
- PAI!
Yoriichi estava em pé, apreensivo e ajoelhou.
- Na verdade, dizem que somos parecidos com ele…
- O que você quer? - Se virou abraçado na flauta.
- Eu vim pegar de volta, mas pode ficar e… - Michikatsu estendeu a flauta de costas.
- Ele não veio…
- Eu tenho certeza que ele veio… Vim lhe pedir desculpas - pegou a flauta e guardou de novo, o irmão murmurou.
- Desculpas pelo que sente de mim. Nosso pai pediu para sermos amigos, você é meu melhor amigo e não quero brigar mais.
Michikatsu não respondeu e estava chorando em silêncio.
- Irmão por favor, me perdoe! - reverenciou.
Depois de um longo silêncio se sentou olhando para a parede.
- Somos os últimos Tsugikuni. Temos que cumprir o sonho do nosso avô… Os caçadores nunca foram tão temidos e estamos cada vez mais fortes!
- Sim, você tem razão.
- Por isso, vamos cumprir a promessa!
- Sim nós vamos! Você está melhor?
- Só preciso de um pouco de chá…
Os dois se encaminharam para a entrada do Templo com seus chás e se sentaram admirando a luz da lua, conversaram por horas e Michikatsu também se desculpou pela briga. O irmão, como sempre muito gentil, não carregava raiva, ele se deitou em seu colo e como sempre fazia, arrumou o cabelo de Yoriichi.
Naquela noite, conversaram até o dia clarear, planejando o futuro das famílias e tocando a flauta. Michikatsu não tirou o sentimento de frustração do peito como pedira a mãe no sonho, mas foi criado por um samurai que honra suas promessas e o que unia ao irmão era a promessa de derrotar Muzan. Acariciando o cabelo do irmão prometeu que encontraria um meio de vencê-lo.
Com a morte de Tayoumaru a liderança do Templo foi passada finalmente para os Ubuyashiki, com Joshiya de apenas 5 anos.
O casamento de Michikatsu aconteceu com grande festa e passou a viver no Templo dos Caçadores com sua família. Já Yoriichi pediu ao pequeno Mestre para viver fora do Templo, queria conhecer pessoas fora da Vila dos Ferreiros e ter seu próprio trabalho além de caçar demônios. Com muita relutância do Mestre e de outros caçadores ele partiu.
**
E em uma de suas explorações pela floresta atrás de lenha para sua nova casa, encontrou uma garota com um cesto parada em um arrozal na montanha. A jovem ficou ali por muito tempo e então decidiu perguntar o que ela estava fazendo e ela não se assustou com sua presença.
- Eu queria levar alguns girinos pros arrozais lá de casa...
Mas ela continuou parada com o cesto na mão. O sol começou a se pôr e Yoriichi ficou preocupado, mas a garota abaixou e largou todos os girinos.
- Achei que iria levá-los.
- Não… Me sinto mal por separá-los da família. Toda minha família morreu e não é justo viver separado deles.
- Você mora sozinha?
- Sim.
- Olha… O sol já vai se pôr, é perigoso ir sozinha até em casa, existem Onis espalhados por aí… Você pode passar essa noite na minha casa se quiser. Eu acabei de me mudar para a montanha.
Yoriichi não tinha nenhuma intenção com a jovem, apenas queria fazer essa cortesia, ficou com pena da moça vendo seu corpo pelo mundo transparente. Seu cérebro parecia apagado e triste.
Ela aceitou muito emocionada, por alguma razão sentiu que podia confiar no jovem caçador. No caminho se apresentaram e Yoriichi quase se arrependeu da ideia, Uta era uma mulher que falava muito sem parar.
O tempo passou muito rápido e Uta já estava morando com ele e depois de 10 anos se casaram e esperavam o primeiro filho. Yoriichi nunca deixou de ser um caçador e transformou sua casa em um posto de corvo de localização, recebia missões através das cartas e vencia cada batalha sem dificuldades ou sem precisar virar a noite.
Todos esses anos nunca encontrou nenhum vestígio de Muzan, nem mesmo uma pista e nenhum caçador conseguiu o mesmo para lhe dar informações. O único que lhe visitava constantemente era Rengoku sempre trazendo novidades do Templo e de seus filhos. Em uma visita sentiu falta do irmão que nunca mais passou pela montanha para visitá-lo.
Rengoku disse que ele ainda está no Templo e anda mais calado que o normal. Pediu para seu Tsuguko visitar o Templo para ver o irmão e os sobrinhos, já que Michikatsu não saia de lá alguém precisava visitá-lo e fazê-lo sorrir mais um pouco. Yoriichi prometeu que iria assim que seu filho nascesse.
O pequeno Tamoru nasceu com a mesma marca na testa e o caçador cumpriu a promessa de visitar o Templo. Michikatsu lhe deu um abraço caloroso, mas não puderam aproveitar muito, ele faria uma longa viagem por uma suspeita de aprisionamento e mortes de crianças no norte. Foi a última vez que se encontraram.
**
Michikatsu não voltou para o Templo e depois de buscas por todo o Japão por um ano aceitaram a morte do Tsugikuni de espada especial.
Joshiya com então 16 anos, sentiu a perda do seu Hashira da Lua. Seu comportamento mudou completamente, se tornou uma pessoa rigorosa e fria. Mantinha a admiração por Rengoku e Koji, mas quanto aos outros caçadores tratava como meros funcionários.
Yoriichi já esperava o nascimento do segundo filho e nada lhe tirava da cabeça que quem matou seu irmão foi Muzan Kibutsuji.
Um Hashira que via o mundo transparente não morreria por um simples Oni ou por um Oni Superior, então qualquer suspeita de ataques grandes pelas redondezas e pelo Japão, saia em missões com seu esquadrão ou sozinho.
Em uma dessas viagens sozinho, entrou em uma floresta densa e fria no norte do país e encontrou um homem com vestes azuis acompanhado de uma mulher de quimono florido e outra que era mais aparente a um demônio, uma mulher de lingua de cobra.
O mundo transparente lhe dizia que era ele o progenitor dos demônios e sentiu ali que nasceu para matá-lo.
Sacou sua espada com a expressão tranquila e respiração controlada, estava finalmente frente a frente com Muzan Kibutsuji.
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