História Demons(EM HIATUS) - Lampejos

P.O.V Dallas Todd

Jogada na minha cama com os braços e pernas esticados, eu encarava fixamente o teto branco por não ter mais o que fazer. Minha faculdade só começava na segunda-feira, meu pai estava trabalhando - como sempre -, Audrey estava na escola - graças a Deus - e minha mãe estava visitando alguma casa de algum cliente - ela era decoradora, uma excelente decoradora. Só me restava minar de tanto tédio. 

Despertei dos meus pensamentos sobre a faculdade com algumas batidinhas na porta, que eu nem sabia por que estava fechada. Me sentei na cama e pedi para que quem estivesse batendo na porta entrasse.

- Bom dia Srta Dallas! Meu nome é Mariah, e eu sou a empregada que a sua mãe contratou. - uma moça branca de meia idade, com os cabelos castanho escuros disse simpaticamente e com um sotaque forte ao abrir a porta.

- Oi Mariah, pode me chamar só de Dallas. - disse forçando um sorriso.

- Como preferir, Dallas! - sorriu genuinamente. - Precisa de alguma coisa?

- Sim! - exclamei me levantando. - Preciso que você me diga aonde eu posso ir nessa cidade. 

Ela crispou os lábios, pensativa.

- Depende do que você gosta de fazer.

- Qualquer coisa que me tire do tédio.

- Bom... eu cheguei aqui há pouquíssimo tempo.

- Você é de onde? - indaguei curiosa. 

- Eu nasci originalmente na Eslovênia, mas fui criada durante a maior parte da minha vida na Itália. - respondeu com o mesmo tom simpático. 

- Que legal! Sempre quis conhecer a Itália. - falei sorrindo.

- Tenho certeza de que você vai gostar. 

- Você morava onde na Itália? - eu estava parecendo uma tagarela.

- Em Florença.

Meu rosto se iluminou. Eu sempre sonhei em conhecer todo o mundo, e a Itália sempre foi um dos meus maiores sonhos. Eu gostaria muito de conhecer Roma, Veneza, Florença, Siena e Verona. 

- Vá andar um pouco pela cidade, tenho certeza de que você vai achar algum lugar legal para passar o tempo. - Mariah disse atenciosa.

- Obrigada pela dica! - agradeci e ela sorriu.

Peguei minha bolsa que estava jogada em cima da cama e uma jaqueta de couro vermelha que também jogada em uma poltrona, e então saí de casa para a minha busca por coisas que me tirem do tédio. 

[…]

Acho que seria mais vantajoso ficar fazendo nada em casa sozinha do que ficar fazendo nada em um barzinho cheio de gente. 

Eu estava encarando aquele copo com whisky que eu aceitara porque pedi a sugestão do barman. Pensava que era cedo demais para tomar qualquer tipo de bebida alcoólica. Mas acho que para o barman era a hora perfeita para uma bebida alcoólica. 

Meu celular vibrou dentro da bolsa, me tirando completamente da concentração de esperar o gelo que estava no whisky derreter. Peguei o celular na bolsa e vi que era uma mensagem de Peter. 
 

Little Doll, você é mesmo uma vaca! Por que não me ligou? Os americanos são gatos mesmo?

Eu tinha esquecido completamente de ligar para avisar que eu tinha chegado em Nova Orleans. Mas o que eu diria? "Oi, cheguei", "Oi! Venha me resgatar", a segunda eu talvez pudesse ter mandado. Respondi a mensagem com um sorriso, que logo se desfez quando eu percebi que ele não ia me responder tão cedo e eu estava de volta ao tédio mortal.

Novamente me passou pela cabeça a ideia, só a ideia, de beber um pouquinho daquele whisky. Não faria mal algum tomar uma dose. No meu caso era bem provável que fizesse. Soltei um suspiro desapontado e voltei a encarar o gelo.

- Você sabe que esse gelo não vai derreter, não é?

Uma voz grossa ao meu lado disse, me dando um pequeno susto.

- Ótimo! Agora eu voltei à estaca zero do tédio. - disse afundando os ombros.

A voz misteriosa ao meu lado soltou uma risada que eu fui obrigada a olhar para o lado. 

Se eu disser que não fiquei encantada, eu estaria mentindo horrivelmente. O cara sentado ao meu lado tinha olhos verdes penetrantes, um sorriso estonteante, um cheiro embriagante... e eu perdi a virtude de pensar por alguns segundos.

- Me desculpe por acabar com a sua alegria. 

Depois que ele disse isso, eu sacudi a cabeça e devo ter ficado num tom de vermelho profundo, mas ele pareceu não perceber, pois continuou me encarando fascinado.

- É-é, sem problemas. Eu arrumo outra bebida que o gelo derreta. - eu disse tentando soar o menos afetada possível.

- Ou você pode me dar o prazer de sua companhia. - ele sugeriu dando de ombros. E até os ombros dele eram de tirar o fôlego.

Eu apenas dei um sorriso de canto, sem saber o que responder.

- Sou Nathan Sykes. - o cara que agora tinha nome disse esticando sua mão para mim.

- Dallas Todd. - apertei sua mão e tomei um pequeno choque com tamanha frieza que ela tinha.

- Você me parece nova por aqui. - Nathan disse recolhendo sua mão. Fiz o mesmo e me ajeitei no banquinho.

- Cheguei há dois dias.

- Eu também me mudei faz pouco mais de um mês. Você está gostando da cidade?

- Estou sim. - sorri. - Não estou tão surpresa, mas me parece um bom lugar.

Nathan assentiu com os olhos pregados aos meus. Aquilo era intimidante e curioso ao mesmo tempo. Desviei o olhar para o colar, e Nathan pareceu seguir o meu olhar.

- É um colar muito bonito.

- Uma moça me deu... - toquei o colar e então senti uma vertigem enorme e minha mente mergulhou num oceano de lembranças que definitivamente não eram minhas.

Era como se um filme que se passava no século 18 estivesse sido passado com o botão de acelerar. Eu vi uma moça que parecia uma cópia de mim, ela dançava com um cara que parecia a cópia perfeita de Nathan. Eles sorriam um para o outro e se olhavam com tamanha paixão. Várias outras cenas dessa moça e desse cara passaram pela minha cabeça no que pareceram minutos.

E então eu pareci acordar de um transe. Nathan e o barman me fitavam preocupados. Eu olhei confusa para os dois e para o lugar onde eu estava. Eu me sentia tonta e completamente aturdida.

- Dallas, você está bem? - Nathan perguntou encostando sua mão no meu ombro.

- E-eu... estou bem, preciso ir embora.

Peguei minha bolsa e saí o mais rápido que eu pude daquele bar.

[...]