1. Spirit Fanfics >
  2. Dependência >
  3. Capítulo Único

História Dependência - Capítulo Único


Escrita por: Hoshikawa

Notas do Autor


Olá, galeres! o/
Essa aqui é a minha segunda oneshot Yayoi x Shion, e eu confesso que queria escrever algo mais sério, com drama, cenas mais... Bem... Err... Vocês sabem, mas não ficou bem como eu queria... O resultado vocês conferem logo abaixo, boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


O ventilador de teto girava lenta e silenciosamente, sem fazer muito esforço para cumprir a sua função de refrescar o ambiente e por isso as janelas da cobertura encontravam-se abertas, dando passagem para que o vento fresco da madrugada pudesse entrar e amenizar o calor. Calor aquele que não deixava Yayoi dormir, fazendo com que a morena ficasse a observar o girar das hélices enquanto sentia o corpo de Shion sobre o seu, aninhado perfeitamente a loira entre os seus braços e tornando-se assim o local perfeito para uma boa noite de sono. Enquanto sentia os cabelos dourados entre seus dedos e a sincronia que a respiração da mulher formava junto com a própria, Yayoi finalmente percebeu o que estava acontecendo ali e o quão perigoso aquilo era.

Estava ficando dependente de Shion, e não tinha a menor intenção de largar aquele vício.

--//--

– Ginoza-san, o que acha de sairmos qualquer hora dessas?

A pergunta de Shion pegou o inspetor desprevenido, fazendo com que o mesmo tossisse freneticamente, provavelmente por ter se engasgado com a saliva. O homem havia ido até ali com Yayoi pedir algumas informações úteis para uma investigação que faziam, e a morena continuou a comer seu yakissoba como se não houvesse acontecido nada demais. Mas se pudesse escolher, aceitaria de bom grado terminar o seu almoço do lado de fora da sala. Enquanto Shion acendia um cigarro e voltava a pesquisar o que lhe haviam pedido, Ginoza coçou a cabeça um tanto sem jeito, criando coragem para aceitar o pedido.

– Claro, por que não? – Sorriu desastrado, até ver Yayoi levantar-se e sair da sala sem proferir uma única palavra, deixando o resto do yakissoba sobre a mesa. O inspetor certamente não percebeu o quão irritada a justiceira estava, mas aquilo jamais escaparia da atenção de Shion. Se não fosse pela companhia na sala, ela certamente estaria rindo naquele momento.

– Sabe que eu estou brincando sobre isso, certo? – Os lábios rubros esboçaram um sorriso pouco antes de a mulher tragar o cigarro, prendendo o vício entre os lábios e voltando a digitar incessantemente no computador.  – Olha só, achei o que você queria. Se quiser que a Kunizuka te acompanhe nessa caçada, é melhor alcança-la logo.

Os dados pesquisados foram transferidos holograficamente para o inspetor, e ele correu para cumprir o seu dever.

Só voltaram da tal caçada durante a madrugada e cada um rumou para os seus aposentos na intenção de descansar. Yayoi simplesmente tomou um banho frio e abriu as janelas do quarto abafado, deitando na cama de casal e simplesmente ignorando a Shion adormecida ao seu lado até que a loira, ainda sonolenta, se aconchegasse sobre o corpo da morena e sussurrasse o seu nome antes de voltar ao sono profundo. E então Yayoi, sem o menor indício de sono, ficou a admirar o ventilador de teto enquanto sentia as mechas loiras entre seus dedos.

--//--

Yayoi ajeitou o terno e a gravata antes de entrar no já tão conhecido laboratório, deixando a porta atrás de si fechar e admirando o belo par de pernas que se cruzavam e descruzavam no braço do sofá. Depois de encontrar sua parceira deitada no móvel, olhando para o teto enquanto soltava a fumaça do cigarro, a morena deixou-se esquecer por um momento todas as coisas que confundiam sua cabeça, até mesmo o motivo que a tinha feito ir até ali.

– Mais um relatório pronto? – Disse a loira, levantando-se no mesmo momento e pegando o documento das mãos de Yayoi – Você é sempre uma das primeiras a terminar. Eu gosto de toda essa sua... Atenção ao trabalho.

– Não fiz nada além de cumprir com o meu dever. – A morena continuou parada no mesmo local enquanto via Shion deixar o relatório em uma das mesas e caminhar em sua direção, deixando o jaleco no chão pelo trajeto – Se me permite, já estou indo.

Shion segurou a mão de Yayoi antes que ela caminhasse até a porta, entrelaçando seus dedos nos dela e olhando em seus olhos azuis. A justiceira não aparentava reação nenhuma diante daquele ato, fitando Shion como se ela não lhe importasse tanto assim.

– O que eu fiz de errado?

– Nada. – Disse a morena, virando as costas e voltando a caminhar na direção da porta, tentando soltar seus dedos para finalmente ir embora.

– Então fica comigo, só um pouco. Eu sei que tem um tempinho livre.

Mais uma vez os dedos se entrelaçaram, mas não custou muito para que eles finalmente se separassem e Yayoi voltasse a caminhar na direção da porta.

– Sinto muito, eu tenho algumas coisas pra fazer.

Por mais que lhe doesse, estava na hora de abster-se de Shion.

--//--

Era doloroso passar tanto tempo sozinha quando tudo o que seu corpo queria era ter novamente aquela mulher em seus braços e sentir-se a pessoa mais feliz do mundo, simplesmente por tê-la ali. E por conta daquela dor Shion não trabalhava mais direito, apenas fingia cumprir sua função enquanto aumentava drasticamente a quantidade de maços de cigarro fumados por dia.
Por que aquele era o único vício do qual ela podia desfrutar.

Se durante o dia trabalhar era um incômodo, tentar dormir durante a noite era uma tortura. Os primeiros sintomas da crise de abstinência se mostravam fortes, fazendo com que aquela cama de casal se tornasse um local quieto demais, solitário demais, frio demais. Tudo o que Shion conseguia fazer durante a noite era rolar de um lado para o outro enquanto sentia o perfume de Yayoi nas fronhas e lençóis, sentindo inveja deles por portarem algo tão precioso e que ela não tinha mais a honra de carregar. Não sabia se a morena havia optado pelo sofá por compaixão ou sadismo ao saber por tudo que ela passaria ali, naquele quarto repleto de lembranças prazerosas e declarações de amor sussurradas apenas para elas ou para o andar inteiro. E ao lembrar-se daquilo, ela sempre se perguntava por que diabos precisavam passar por aquela fase.

Depois de tanto esperar pelo sono e o mesmo não chegar, a loira levantou-se e caminhou até a cozinha do apartamento, servindo-se de um copo de água gelada e fechando dois botões da camisa que havia feito de pijama, algo justamente de Yayoi. E ao passar pela sala no caminho de volta a encontrou deitada no sofá, com o lençol jogado no chão e o corpo encolhido por conta do frio.

– Eu realmente não entendo, mas se é o que você quer eu irei aguentar. – Disse ao pegar o lençol e cobrir gentilmente a morena, lhe beijando o rosto e ajeitando uma mecha de seus belos cabelos negros – Que bom que ainda consegue dormir como um anjo.

Yayoi agradeceu aos céus quando Shion finalmente voltou para o quarto, pois só assim ela poderia voltar a chorar e rolar no sofá como estava fazendo todas as noites.

--//--

Desde a última conversa no laboratório, Yayoi havia feito questão de nunca mais colocar os pés lá dentro para o bem de ambas. Sempre pedia para Kougami ou Akane levar seus relatórios para Shion, e não demorou muito para que todo o departamento percebesse como as coisas estavam tensas entre as duas. As caçadas de Yayoi haviam se tornado a única coisa em que ela se sentia viva e por isso ela não perdia nenhuma chance de sair pela cidade, correndo por becos e abatendo criminosos latentes sem pensar em mais nada. Nada além de Shion, claro.

Os sintomas da abstinência que também apareciam nela talvez fossem mais gritantes do que os de Shion. Pois sempre que saía para as caçadas com Akane ou Ginoza ela realmente agia como um cão de caça, dilacerando a presa sem nem ao menos pensar nas consequências de seus atos. Os inspetores ficaram horrorizados quando a encontraram surrando um homem acusado de sequestro e se não fosse pela interferência de Akane, ela provavelmente seria julgada pela Dominator que Ginoza carregava. Teve de ser algemada na volta para o prédio da Sibyl, e aproveitou o momento silencioso para tentar entender o que diabos estava acontecendo dentro de sua cabeça. Estava se afastando de Shion por causa de Ginoza? Não, por mais que a analista fosse uma pessoa atirada, Yayoi sabia que ela nunca a trairia com ele. Mas aquele momento no laboratório havia lhe lembrado uma situação familiar... Provavelmente o medo de ser abandonada havia desencadeado toda aquela idiotice. E agora estava algemada dentro do camburão, como se ser transportada e tratada como um animal já não fosse coisa suficiente para lhe irritar!

Parou de pensar por um instante e respirou fundo, só então prestando atenção em Kagari ao seu lado e na inspetora Tsunemori na sua frente. Será que Ginoza lhe havia designado para ficar de olho nela caso acontecesse algo de errado? Só a ideia de estar sendo tratada como um cão raivoso já a irritava, mesmo que isso nunca tivesse realmente lhe importado antes. Mas antes que pudesse voltar a irritar-se com alguma coisa, ouviu a doce voz de Akane lhe dirigindo a palavra.

– Kunizuka-san, posso tirar as suas algemas? – A baixinha tirou um cartão do bolso e fitou a justiceira por um instante, aparentemente incomodada – Não gosto de ver meus amigos sendo tratados como animais.

“Meus amigos” refletiu Yayoi. Ela não sabia que tinha amigos ali. E a única pessoa em que ela confiava... Bem, provavelmente daria qualquer coisa para vê-la morta e enterrada, e ela tinha todo o direito de desejar aquilo.

– Como achar melhor, inspetora. Eu não me importo de continuar algemada se for para o bem maior.

– Você deveria ser um pouco menos fria, Yayoi-san. – O cartão foi reconhecido pelas algemas de última geração, que foram pegas de maneira desastrada pela inspetora antes de caírem no chão – Não sei muito bem se você percebeu, mas existe uma pessoa que está sofrendo e você provavelmente está envolvida nisso. Seja lá o que tenha acontecido entre vocês, gostaria que se resolvessem logo, certo? – Yayoi pode ver o sorrisinho malicioso de Kagari enquanto Akane lhe dirigia a palavra, e por pouco não lhe acertou uma cotovelada bem no meio do estômago – O esquadrão não é a mesma coisa quando vocês estão agindo desse jeito estranho.

--//--

Mesmo o ar condicionado estando na temperatura perfeita, um calor tremendo tomava conta de Shion e fazia com que ela trabalhasse ainda menos nas coisas que lhe eram solicitadas. Geralmente era Yayoi quem cuidava daquele calor incômodo, com sua boca voraz e seus dedos hábeis... Merda, por que ela sempre tinha de pensar na justiceira?

Sentindo-se cansada, passou as mãos pelos cabelos loiros e respirou fundo, sendo surpreendida pelo som da porta abrindo logo atrás de si. Não esperava ninguém aparecendo na sua sala durante o dia inteiro e quando virou-se para reclamar, deu de cara com Yayoi a observando silenciosamente, para logo depois tirar o terno e avançar em sua direção. Sem dizer nenhuma palavra, a justiceira lhe empurrou sobre a mesa onde ficava todo o equipamento da sala e lhe beijou como nunca havia feito antes, com uma voracidade e luxúria que Shion presenciava pela primeira vez. Como se não pudesse perder nenhum minuto daquele momento, afastou as pernas da loira e se encaixou entre elas, sentindo as coxas de Shion lhe apertarem pouco antes de ser puxada para outro beijo e ouvir o som de sua camisa sendo rasgada, mas sem se importar com o pequeno prejuízo.

– Eu não consegui parar de pensar em você... – A loira gemeu ao sentir os dedos da parceira justamente onde ela os desejava, apertando mais as pernas em volta de sua cintura e deixando suas mãos se perderem naqueles cabelos negros que ela tanto amava – Finalmente podemos...

– Na verdade não podemos, Shion. Isso tudo é coisa da sua cabeça. – Um estranho sorriso surgiu no rosto de Yayoi enquanto ela segurava o rosto da parceira, aproximando-se de seu ouvido para lhe sussurrar – Sendo um dos sintomas mais preocupantes da abstinência, as alucinações costumam aparecer para reduzir as chances de recuperação do paciente... Você sabe disso, não sabe?

As coisas na sala começaram a girar incessantemente, inclusive Yayoi e seu sorriso estranho. Lá no fundo a mulher podia ouvir vozes desesperadas dizendo coisas desconexas e ver sombras correndo rapidamente em sua direção, e então tudo se apagou.

--//--

– Shion-san, você consegue me ouvir?

O excesso de branco queimou seus olhos a princípio, mas nada com o que não desse pra se acostumar. O cheiro de remédio no leito de hospital até que era suportável, mas ter todas aquelas agulhas enfiadas em seu braço realmente tirava parte da sua animação. Bem, pelo menos Akane-chan estava ali para lhe fazer uma visita, se aquela realmente fosse a Akane-chan.

– Se continuar se preocupando comigo dessa maneira, vou acabar te pedindo em casamento.

A inspetora Tsunemori sorriu sem graça enquanto passava as mãos pelos cabelos, mas logo voltou ao seu modo sério e preocupado enquanto dirigia a palavra a Shion. Ela nunca gostou de ver pessoas em leitos de hospitais.

– Você estava ardendo em febre quando te encontramos, Shion-san. Estava caída no chão e falava coisas sem nenhum sentido, mas teve uma que eu consegui entender. – A inspetora respirou fundo, abrindo um pequeno sorriso enquanto entregava um envelope branco para Shion – Yayoi-san também estava comigo naquela hora, e quase chorou na minha frente quando ouviu você dizer que tinha medo de perdê-la. Acho que ela também sentiu isso.

O alarme de busca soou alto por todo o prédio, fazendo com que Akane ficasse alerta e pegasse o seu terno, dando outro sorriso gentil antes de partir.

– Falando nela, nossa amiga ficou fazendo vigília aqui até não aguentar mais. Na verdade ela não queria ir embora, mas eu e Kagari-san conseguimos convencê-la de que vocês duas desmaiadas só nos trariam mais preocupações e dores de cabeça.

Shion riu das palavras da inspetora e acenou gentilmente enquanto ela partia, só então dando atenção para o envelope branco e o segurando com força em suas mãos. Queria ler aquela carta o mais rápido possível, mas fosse lá a medicação que estivessem lhe dando, ela estava começando a lhe dar um baita sono.

--//--

O banho de água fria viera bem a calhar, fazendo Yayoi finalmente acalmar-se e colocar todos os pensamentos do dia em ordem, desde o princípio. Quando viu Shion desmaiada no chão, ardendo em febre e sendo consumida pelo desespero de perdê-la no mundo de sonhos no qual estava presa, a justiceira finalmente deixou o egoísmo de lado e percebeu que toda aquela história de livrar-se do seu vício era idiotice. Como ela conseguiria aguentar toda a pressão daquele mundo injusto sem Shion ao seu lado? Como ela conseguiria... Existir sem Shion, sua única razão para tudo na vida?

Quando terminou seu banho frio, a mulher caminhou pelo apartamento procurando algo com o qual não mexia havia anos, o encontrando no armário de coisas que não eram utilizadas por nenhuma das duas e sorrindo ao relembrar os bons momentos que aquele pertence lhe proporcionara. O caderno de música tinha a capa meio surrada pelo tempo, mas tudo o que importava para a justiceira era uma folha limpa e um pouco de inspiração.

--//--

– Ué, está em branco. – Shion virou, dobrou e desdobrou a folha que viera dentro do envelope, mas não havia realmente nada escrito nela – Espero que ela também não tenha tido nenhuma alucinação estranha.

Depois de mais um tempinho de molho na ala hospitalar, a loira finalmente havia recebido o direito de descansar em seu apartamento por dois dias antes de voltar a trabalhar. Aquele era um luxo que ela nunca havia visto um criminoso latente receber e por isso nem tocou no assunto com o médico que lhe atendera, simplesmente aceitando os dias de folga e sendo deixada na frente de seu apartamento por um enfermeiro. Ao entrar, sorriu ao ver Yayoi preparando uma mesa perto da sacada e deixando dois embrulhos de comida chinesa em cima dos pratos, pouco antes de lhe dizer timidamente:

– Bem vinda de volta.

– Estou em casa.

--//--

– Eu realmente sinto muito...

– Shiiiiiiiiu, já passou! – Shion segurou nas mãos da morena e as beijou, percebendo que a mesma já havia sido pega pelos goles cavalares do vinho tinto que Masaoka havia lhes dado de presente, e que mesmo ela já estava prestes a ir pelo mesmo caminho – Você apenas fez o que julgou ser melhor para nós duas. Mas vem cá... Me explique sobre aquela folha em branco.

– É que... – Yayoi mexeu-se desconfortavelmente na cadeira, fitando a caixinha de yakissoba vazia sobre a mesa – Eu queria compor algo pra você, mas não consegui... E fitando aquela folha em branco eu percebi que a minha vida seria idêntica a ela sem você por perto... Completamente vazia.

Um sorriso imenso surgiu nos lábios rubros da analista, que puxou a parceira pelas mãos para que ela sentasse em seu colo, lhe abraçando pela cintura e beijando o rosto para logo depois encostar a cabeça em seu peito.

– Então não se importa de me ter como um vício, mesmo sabendo dos prejuízos que isso pode lhe causar?

– Prejuízo seria ficar sem você, Shion.

Mais uma vez a loira sorriu, encostando sua testa na de Yayoi e passando gentilmente os dedos por sua face, enquanto a morena passava as mãos por sua nuca e a puxava para um doce beijo.

Até que ter um vício não era tão ruim assim.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar! o/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...