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História Depois da Tempestade - Flagrante


Escrita por: Brinis_

Capítulo 5 - Flagrante


—Estou preocupada, ela não atende o celular. -A garota diz inquieta, segurando o celular com o ombro e vasculhando a bolsa com as mãos.

—Tenho certeza que ela está bem, Lucy. Talvez ela esteja dormindo, afinal são seis da manhã. -Erza responde, tentando acalmar a amiga.

—Juvia concorda com Erza. Levy trabalhou a tarde toda ontem, devia estar cansada e por isso foi embora cedo. -A amiga sempre falava de si mesma na terceira pessoa, mas ninguém se importava com isso depois de tantos anos de amizade. 

—Droga, esse é o menor problema agora! -Diz Lucy, visivelmente assustada com algo que encontrou dentro da bolsa. 

—Como assim, Lu? -Pergunta Juvia.

—A chave do quarto...a porra da chave do quarto está comigo!

—O QUE? -Gritaram Juvia e Erza ao mesmo tempo. 

—Por que vocês estão gritando? São seis da manhã, garotas, vamos nos acalmar. Sei que o show foi de matar, mas...

—Jellal, não é hora para isso! Estamos com um baita problema. -Lucy corta o amigo. 

—Parece que alguém já está com um humor péssimo e o dia nem começou direito. O que houve? -Pergunta Rogue, se aproximando com Gray, Sting e Laxus. 

Lucy conta a todos o que aconteceu e ressalta a falta de notícias da parte de Levy. 

—Vocês sabem como ela é. -Diz a loira. —Depois do que aconteceu com Gajeel, ela sempre avisa sobre cada passo.

—Por que cada uma não tem sua própria cópia da chave? Problemas assim seriam evitados. -Diz Sting. 

—Se sua amada Yukino não tivesse levado as cópias sem querer, -As garotas tinham mais duas colegas  de quarto: Yukino, namorada de Sting e Kagura, namorada de Rogue. —com certeza coisas assim seriam evitadas. -Respondeu Erza, fazendo Sting corar e se calar. 

—Mira pegou um resfriado e não veio. Com certeza ela está no dormitório. Vou ligar pra ela e perguntar se Levy passou por lá. -Diz Laxus. 

—Não é necessário. -Fala uma voz se aproximando do grupo. 

—Como assim, Natsu? -Questiona Gray. 

—O que quer dizer com isso, darling? -Pergunta Lucy, abraçando o namorado. —Você sabe onde Levy está? 

—Sei sim. -O garoto acende um cigarro e, antes de dar um trago, diz: —Está com Gajeel. 

☔☔☔

—Você tem certeza que quer isso, Levy? -Pergunta Gajeel, enquanto tira sua blusa. 

—Tenho mais do que certeza. -Respondo de maneira firme, mesmo estando totalmente nua e com vergonha.

—Eu te amo tanto, sabia? -Gajeel diz, segurando minha mão.

—Eu te amo mais. 

Acordo abruptamente. O que diabos acabei de sonhar?, penso. Na verdade, me corrijo, o que eu acabei de lembrar? Suspiro, notando o quanto a presença dele mexe com tudo em mim, inclusive as memórias. Vejo pequenos sinais de luz transpassando a janela. O relógio em cima do criado-mudo marca sete da manhã. Mesmo aos fins de semana, eu tinha o péssimo hábito de acordar cedo. Já sentada na cama, olho para o lado e vejo Gajeel dormindo.  Aproveito para me levantar e fazer minha higiene matinal. 

Após sair do banheiro, pego minha bolsa e tento ligar meu celular, mas ele está descarregado. Observo ao redor e vejo um carregador na estante. Coloco meu celular para carregar e volto para dar uma olhada na estante. 

O gosto de livros de Gajeel realmente era de se admirar. Você encontra desde Platão e Sócrates até Stephen King e Dan Brown. Ele também tinha coleções de HQ's e vários mangás, mas o que ele mais se orgulhava de ter, era uma vasta coleção de CD's. Comecei a correr os olhos pelos títulos: Abbey Road, dos Beatles; Heaven & Hell, do Black Sabbath; ÷, do Ed Sheeran? Olho do CD para Gajeel, me perguntando o que o mordeu para essa mudança tão repentina. 

Percebo algumas caixas no canto do quarto, mas noto que uma tinha meu nome escrito. Me aproximo e agradeço por ela não estar lacrada. Quando a abro, vejo várias coisas que me pertenciam e que eu costumava deixar na casa de Gajeel. Minha coleção de livros do Percy Jackson (tenho certeza que não deixei isso lá), uma escova de cabelo e uma faixa amarela, fotos de nós dois com o pessoal, meu perfume e algumas maquiagens, mas o que me alegrou foi ver minha camiseta preta com uma pokébola no centro, meu jeans mais confortável que se encontrava em cima do casaco de frio mais quentinho do mundo e meu All Star preto. Suspirei de alívio, pois já estava imaginando como faria para pegar minhas coisas no dormitório e ter que ouvir um monólogo da Lucy. Pego essas peças e vou até o banheiro para  me trocar.

Quando volto, percebo uma pequena movimentação de Gajeel na cama. Ele continuava dormindo e me peguei sorrindo, quando o vi tão relaxado. Me sento cuidadosamente na cama e digo, enquanto passo com delicadeza os dedos em seu rosto adormecido:

—Por que você tem sempre que tentar fazer as coisas sozinho? Eu sempre estive aqui para você. Sempre. -Sussurro. —Você não precisava ter feito tudo isso pela minha segurança, pois daríamos um jeito...nós sempre arrumamos um jeito para resolver as coisas, não seria diferente agora. -Começo a sentir as lágrimas se espalhando pelo meu rosto, mas continuo falando, como se ele realmente pudesse me ouvir: —Mesmo longe, eu te sentia perto. Sei que isso é estranho, mas foi o que me confortou quando me sentia sozinha ou quando as dúvidas tentavam me matar de insegurança. -Encosto meu rosto no dele e sussurro: —Eu continuei te amando, mesmo que você não estivesse comigo, mesmo que te odiasse e amasse ao mesmo tempo. 

—Eu também continuei te amando. -Ele me responde, enquanto me puxa para cima de si.

—Por que me deixou sozinha? -Digo entre lágrimas e soluços. 

—Me desculpe, por favor...-Ele também chorava, mas ainda assim conseguiu dizer: —Não teve um dia em que eu não pensei em você, que não senti sua falta e quis voltar para te contar tudo. Mas quando pensava na possibilidade de você se machucar...-Ele fechou os olhos e respirou fundo, antes de continuar: —Eu me lembrava dos motivos do meu sacrifício e seguia em frente. 

Agora ele me abraçava e eu simplesmente retribuía. Aquele era o único lugar que eu deseja estar. 

☔☔☔

—Eu não quero saber. Vou entrar lá agora! -Dizia Lucy, enquanto ia na direção do quarto 23, no fim do segundo andar. 

—Acho que você está muito exaltada. Droga, meu bem, se acalme. 

—ME ACALMAR? -Explodiu a loira. —Minha amiga está com um cafajeste que a abandonou e meu namorado divide quarto com ele e nem se deu o trabalho de me contar. 

Ela saiu andando sem dar uma chance dele se explicar. Quando chegou na porta do quarto, colocou a chave do namorado na fechadura e deu duas voltas. 

—Lucy, espere! -Pedia Natsu, que agora via a face surpresa e envergonhada da namorada, olhando para dentro do quarto dele e do primo. 

Quando olhou para dentro, corou, mas conseguiu dar um sorriso para Gajeel, que estava deitado com Levy em cima dele. 

—LU, O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? -Gritou Levy, totalmente vermelha.

—A-Acho que...estou atrapalhando o casal, provavelmente. -Respondeu a loira, que mesmo brava, tinha um sorriso de felicidade nos lábios.
 



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