*Thali on*
Saber que no dia seguinte, o amor da minha vida daria chances de que minha filha pudesse permanecer e crescer ao meu lado, fazia com que meu coração batesse mais tranquilo, e ao mesmo tempo desesperado, se é que isso é possível.
-Amo? Digo me aproximando de Gabie.
-Oi.. Ela me da um sorriso.
-Tá nervosa? Pergunto.
-Não, já deu tudo certo, vamos acreditar nisso. Ela diz confiante.
Respiro profundamente e a encaro.
-Acho que estou com medo.. Digo baixando o olhar.
-Ei, vai ficar tudo bem!! Ela me chama pra um abraço. Era meu lugar preferido com certeza.
#Dia do transplante#
Logo cedo os médicos já se movimentavam agitados pelo hospital.
-Tô com medo.. Manu diz se aproximando. Sim ela estava no hospital comigo, apesar de tia Juci ter insistido, ela não quis arredar o pé dali.
-Vai ficar tudo bem!! Digo, tentando parecer confiante, mas eu compartilhava do mesmo sentimento que ela, um medo que me fazia ter mil e um pensamentos ruins por segundos.
Estavamos no quarto com Laura. Ela dormia tranquilamente. Quando o doutor chegou!
-Prontas?? Ouvi ele dizer aquilo fez meu coração disparar, o ar faltar.
Olhei pra Laura, para poder acordar ela.
-Deixe, não faz mal se ela tiver dormindo.. Ele diz.
-Não, ela tem que dar tchau pra gente. Manu diz. Droga. Senti como se fosse perder minha filha. Respirei fundo.
E a balançei com cuidado.
-Hey piquena.. Chamo e ela abre os olhos devagar.
-Mamãe!! É agora que vão colocar um pedacinho da minha outra mamãe aqui?? Ela me da um sorriso tão lindo enquanto aponta para a barriga.
-É agora sim, você tá pronta?? Digo. Me esforçando para não desabar no meu desespero.
-Sim mamãe. E minha outra mamãe onde esta?! Ela pergunta.
-Ela já está no centro cirurgico, as cirurgia devem ser paralelas. Então vamos mocinha? O dojtor disse.
Que como assim ela já tinha entrado, e eu não dei um beijo nem nada? Sério isso?
-Me abraça mamãe!! Laura diz me tirando do transe.
A abraço forte. -A gente se vê já já.
Manu a abraça também. E ela logo é levada.
Mil coisas se passando. Não é o fim Thali. Não mesmo. Vai ficar tudo bem. Tentei convencee a Manu de ir pra casa com a vó dela, mas não consegui. Era uma cirurgia complicada e demorada. E tinha riscos claro. Resolvi fazer algo que não fazia a muito tempo.
-Manu vem comigo! Digo pegando em sua mão.
-Pra onde mã...tia? Ela pergunta.
Apenas sorrio e caminhamos.
Quando chego a capela que tinha no hospital paro na porta, respiro fundo, Manu me olha e sorri e logo volta a encara o altar.
Ela me puxa pra dentro.
No ajoelhamos diante da cruz.
E sabe, apesar de ter sempre muita fé em Deus, eu nunca fui o tipo de pessoa religiosa. Fiquei parada, perdida em meu abandono, e acabo deixando algumas lagrimas cairem. Então ouço a voz de Manu quebrar aquele silêncio que gritava, que era todo desespero.
-oi.. Ela acena pra cruz.. -vim aqui pra te pedir.. Faz uma pausa e me encara. Segura minha mão. -A gente veio aqui ora pedir pela mamãe e pela Laurinha, tudo bem, eu sei que não tenho falado com você papai, desculpa por isso, mas eu tô aqui ora te pedir que cuide delas, eu amo tanto. E sabe me perdoa, mas vou te contar um segredo, eu tô com medo do senhor querer levar elas ai pra juntin de você, eu não iria aguentar, é que somos uma familia sabe, então, faz a Laurinha ficar boa, e a mamãe também.. Ela me olha novamente. Como se estivesse me encorajando a conversar também.
-Por favor, sei que meu afastamento foi apenas meu, que tu nunca me abandonou, nem se quer por um segundo, sinto muito por voltar a ti por meio da dor, angustia e sofrimento, perdoa se não te ouvi me chamar, mas estou aqui e imploro para que cuide dos meus dois amores, que guie as mãos dos médicos, e permita que elas voltem pra gente.. Sorrio ao terminar minha oração.
Manu se levanta, e caminha, vai para o pátio e encara o céu, eu a acompanho, era de um azul tão intenso, como eu nunca tinha visto, ou talvez eu nunca tivesse realmente olhado para o céu. A observo por mais alguns instante.
-Ta tudo bem Manu? Digo curiosa.
-Sim. Foi bom falar com Ele, elas vão ficar bem... Ela falava como quem sabe, por alguns instantes esqueci por completo de sua idade, ela estava sendo tão madura. -Deus está lá. Aponto pra capela. Está lá. Apontou pro céu enquanto dava um giro, fez sinal pra que eu abaixasse. -Está aqui e aqui! Disse apontando pro meu coração e o dela.
-Está sim.. Sorri e todo aquele desespero não existia mais.
-E está com a mamãe e minha irmãzinha também!! Ela sorri grande. E então algo me disse que tudo ficaria bem!
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