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História Depois Dos Quinze - Calmaria parte 2


Escrita por: Blizady

Notas do Autor


Essa é a segunda parte e o final. Obrigada a todos que acompanharam, mesmo com as minhas demoras pra postar.

Boa leitura e até as notas finais

Capítulo 73 - Calmaria parte 2


As duas chegaram na casa do Mark, eles se sentaram na mesa e ele começou a pôr o café da manhã. As duas ficaram ali quietas olhando pra ele, e nada dele dizer alguma coisa.

-Não é por nada não, mas Mark? Eu ia Isis não estamos com fome, queremos saber o que tem a dizer...

-fale por si mesma, eu estou morrendo de fome - Isis disse pegando um pedaço de bolo.

-vocês duas dormiram aqui - Ele começou a dizer colocando café numa caneca para a Isis. - Esse é o seu álibi e o meu. Meus amigos não vão falar nada, e no fim não vai haver investigação porque tudo ocorreu dentro do toque de recolher.

Eles continuaram a conversar, sobre como as coisas seriam agora, Mark disse que agora mais que nunca teríamos que tomar cuidado, a notícia de que a Bianca tinha voltado a cidade correu rápido, e logo as atenções estariam voltadas pra ela. Foi aí que Mark fez um tipo de proposta a Bianca, que juntos, os três, tomassem o lugar o Diego.

Falando sobre o futuro... Eles não sabiam no momento, mas aqueles seriam os novos líderes de uma pequena milícia que estava pra surgir. sem a presença do Diego, a polícia desfez o acordo absurdo do toque de recolher, e algumas patrulhas ficavam rondando durante a noite. Os negocios de drogas até parou por uns dias, mas eles sabiam que não tinha como proibir, porque já era proibido antes e isso nunca impediu ninguém de comprar e vender.

Mas a verdade é que em toda cidade tem crimes, e seria uma questão de tempo até que "o crime" daquele lugar se adaptasse a situação e voltasse. A milícia do Mark e da Bianca, tinha um objetivo, eles eram realistas, sabiam que existem coisas que não se pode proibir, mas sim esconder, era melhor que eles estivessem à par de tudo, controlando os Zé droguinhas, e mantendo os maloqueiros na linha, seria melhor do que deixar todo o esquema cair nas mãos de idiotas como o Diego. Mark era polícia, a Bianca tinha nome, e de certa forma sabia como organizar tudo já que acompanhou a administração do Richard por um tempo, a Isis tinha conhecimento de tudo sobre o contrabando... E foi mais ou menos assim que o clube da rua 22 renasceu, só que na rua do Arroio no número 45, numa mesa com bolo e café.

Voltando para a conversa na mesa, assim que acabou, as duas tomaram um banho, e vestiram algumas roupas antigas da Isis que o Mark sempre mantia em sua casa, já que era sempre ele que a resgatava quando ela estava muito ruim. E em seguida elas foram ao hospital, andando, pois o carro, Mark levou pra lavar.

- As coisas estão tão diferentes não acha? - Bianca disse enquanto olhava os prédios novos que surgiram onde era um grande parque.

-Sim, nos últimos anos o bairro tem ficado pequeno demais, muitas pessoas e pouco espaço, e o que nos resta é isso, condomínios. Sua casa é uma das poucas que ainda estão de pé.

-É mesmo não é? Ainda tenho uma casa aqui..

-pelo menos já tem onde ficar, parece que não vai sair nem tão cedo daqui. - Isis disse desviando o olhar.

-Isis?

-Hum?

-Acha que vamos nos dar bem de novo? Algum dia?

-Bianca... Eu não tô a fim de pensar nisso agora

-Mas nos precisamos. Eu quero encontrar a Jess e poder dizer que ela não precisa se preocupar com nos duas, que não vamos nos atacar nem nada parecido.

-Okay - Isis disse - já que você vai estar por perto é melhor que não haja problemas entre nós.

-Então você me perdoa? - Bianca disse parando e estendendo a mão - por tudo?

-Eu já tinha dito que você estava perdoada... - Isis apertou a mão dela - Só me prometa que tudo vai ser mais simples agora, sem muito drama, minha vida já é um total drama.

-Não se preocupe, vamos levar uma vida normal, ainda mais quando você sair da reabilitação - a Bia disse e quando a palavra reabilitação foi citada a Isis ficou até mais murcha, desanimada.

-Eu espero que a gente consiga ter uma vida normal, já que você e o Mark estão com essa história "cuidar " da cidade.

-vamos fazer o possível pra isso não te afetar, nem a sua filha, nem aos meus filhos. Se você quiser fazer parte, bem, Se não, nem perceberá nada.

Isis deu um pequeno sorriso. Ambas estavam felizes demais por fazerem as pazes, por estarem ali, uma ao lado da outra, porém eram orgulhosas demais pra admitir isso.

Elas chegaram ao hospital. A Bia entrou na recepção, tentando não demonstrar o quanto ela estava aflita.

-Olá, estou procurando uma paciente o nome dela é Jéssica ela deu entrada há poucas horas, estava acompanhada de uma jovem e dois meninos, meus filhos- Bia disse entregando um documento.

A moça a olhou com uma cara péssima, a Bianca já estava imaginando que as próximas palavras daquela moça seriam fúnebres e cheias de clichês, igual acontece nos filme e séries médicas onde o doutor da a péssima notícia aos parentes. A Isis então, estava quase tendo um ataque cardíaco.

A moça ficou quieta por alguns segundos, e então disse - Eles estam na sala 12, no fim do corredor. Os resultados dos exames da sua amiga não são bons, mas ela está bem. Já explicamos tudo a ela. Podem ir vê-la, só Peço que não façam muito barulho uma garota faleceu ha pouco no quarto ao lado.

As duas suspiraram de alívio juntas, chegaram até a trocar pequenos risos. Caminharam então pelo corredor, estava silencioso, mas podia- se ouvir o choro de uma mulher. Havia pessoas sentadas no corredor, todos em absoluto silêncio, tristes, derramando lágrimas.

A Isis ia andando na frente e então parou abruptamente.

-O que houve? - Bianca perguntou

-Essa sala... era aqui que a milena estava, lembra? - Isis disse de cabeça baixa

Só então a Bianca se tocou, que havia algumas pessoas ali que ela havia visto a pouco tempo. - quer dizer que a moça que morreu foi...

A Bianca nem terminou de dizer, a Isis saiu correndo até a última sala do corredor, entrou sem bater e então viu a Jess e Nicole. A Jéssica estava deitada, com a roupa do hospital e coberta por um fino lençol, sua cabeça estava enfaixada, mas os fios de seu cabelo escorriam normalmente sobre seus ombros. A Nicole estáva sentada ao lado dela, ela também tinha alguns curativos mas parecia estar em melhores condições.

-Jess... Eu sinto muito - A Isis disse indo até ela.

-Ela não está falando muito - A Nicole disse - Desde que soube da morte da Milena, ela não está reagindo muito bem. O médico disse que pode passar a qualquer momento, que ela está em estado de choque, e que falar com ela ajuda.

A Bianca apareceu logo atrás, em tempo para ouvir um pouco do que a Nicole disse. Ela foi direto aos meninos, que dormiam na outra cama do quarto.

-Jéssica? - Isis começou a dizer, movendo o rosto dela levemente em sua direção - Sou eu, a Isis, você precisa voltar - As palavras começaram a ficar cada vez mais difíceis de sair - a mih se foi, eu sei que você acha que perdeu tudo, mas eu ainda estou aqui - ela tentou mas não pode conter algumas lágrimas - eu preciso de você. Eu sei que é egoísmo demais, mas eu preciso que você volte.

A Isis pegou na mão dela, mas ela não deu nenhuma reação, continuou da mesma forma estática, com respirações lentas, e com um rosto sem expressão nenhuma. A Bianca se aproximou aos poucos e também segurou na mão da Jess, junto da mão da Isis, a mão dela estava quente e criava um grande contraste com a temperatura das outras duas.

-Ela só precisa de tempo, não é Jess?.... Vamos todas super... Superar a partida da Milena... Eu nem acredito que não consegui ver ela uma última vez. - A Bianca dizia sendo mais forte em segurar o choro.

A perda era maior pra Isis, que mesmo pouco, ainda convivia com a Milena, a Bianca não teve contato, e mesmo que ela sentisse alguma dor, não era tão grande como a que a Jéssica sentia naquele momento.

Pobre Jess, nunca soube lidar com os próprios sentimentos, ou eles eram muito intensos ou simplesmente não existiam, e ela cresceu com essa confusão dentro de si, e por isso mesmo agia de forma estranha quase sempre. A Jéssica é uma sociopata funcional, o que quer dizer que ela está sob controle, com seus impulsos controlados por remédios de tarja preta. No entanto, há alguns meses a Jéss foi diagnosticada com um tumor cerebral, e para tratá-lo ela teve que parar de tomar alguns desses remédios, o que fez o humor dela alterar consideravelmente algumas vezes.

A Isis deitou sua cabeça ao lado dela, e ela chorava, o lençol chega estava ficando molhado com as lágrimas.

-Que isso Isadora, você sabe que eu não suporto dramas... - Jess disse com a voz fraca e falha.

A Isis levantou a cabeça as pressas, era de se ver em seus olhos como aquela voz a reconfortava. - Você tá bem?!-disse no entusiasmo

-Eu tô bem, só tive um pequeno bug.. - Ela foi interrompida por um beijo, os lábios gelados eram inconfundíveis - Isis... - a Jéssica resmungou enquanto a Isis se afastava.

-Eu tô pouco me fudendo para o que você vai dizer agora, eu achei que ia te perder hoje, e eu sei que do seu jeito está sendo difícil lidar com a perda do Derek e da Milena...

-E o bebê - a Jess completou

-É. E o bebê.

-humm.. Agora que tudo passou, e

estamos aqui, juntas, e eu espero que possamos nos apoiar umas nas outras pra nos curar - Bianca disse, tentando não transparecer o quanto era estranho ver a Isis se apaixonar por outra pessoa. Olhou pra Nicole, tentando deixar claro que ela estava incluída.

-Bia? Você está bem com isso? - A Jéssica disse

"Isso? O que seria ' isso'?" a Bianca demorou pra responder, afinal o que a Jéssica estava perguntando? Se ela dava a benção para as duas ficarem juntas? Ou se ela estava disposta a se mudar e deixar toda a vida que ela construiu de lado? Na verdade a Bianca só conseguia pensar na primeira alternativa. Era desconfortável ver a Isis beijando outra pessoa, era ainda mais ver ela com a Jess. Mas o que a Bianca estava pensando? Que ela sumiria durante anos e que quando voltasse a Isis continuaria loucamente apaixonada por ela? É claro que não. Se até mesmo a Bia se apaixonou em algum momento pela Nicole, por que isso não poderia acontecer com a Isis? Mas era a sua "irmã" e aquela que ela acreditava ser sua alma gêmea então, Não. Ela não estava bem com isso.

-É claro. Com toda certeza - A Bianca disse, e a Isis a olhou sem acreditar muito - não tenho porquê me incomodar, a única coisa que penso é em cuidar dos meus filhos e da Nicole. Minhas prioridades são outras agora... E Você logo vai se recuperar, a Isis é Nicole vão para a clínica e eu vou estar...

-Por que vai ter que voltar para a clínica? - a Jéssica disse pra Isis, interrompendo a Bia.

A Isis ficou sem palavras, se afastou um pouco, mas foi tarde, a Jess rapidamente apertou o braço dela, onde normalmente ela se fura, e como esperado ela sentiu dor. - Eu não acredito nisso... - Jéssica disse se sentando na cama.

-Jess, você devia desistir de mim, de tentar me fazer mudar, eu sou fraca, nunca vou conseguir ser normal

- daqui você vai direto pra clínica - Ela respondeu seca

-Jess..

-promete pra mim? Não vou poder te acompanhar, mas precisa prometer pra mim, você precisa ficar boa logo pra podermos aproveitar, enquanto ainda temos tempo.

A Isis sorriu, com os olhos e rosto ainda vermelhos e inchados - Jess, nos temos todo o tempo do mundo, temos uma vida inteira pra aproveitar

O clima ficou fúnebre de uma hora pra outra. Nicole parecia inquieta.

-Bia... Precisamos conversar - Nick disse levantando do seu assento e indo pra fora da sala, a Bianca a seguiu, desconfiada.

As duas estavam em frente a sala, pela fresta da janela a Bia podia ver a Jéssica falando com a Isis. "o que será que ela está falando?"

-Bia? - Nicole chamou sua atenção

"ooo a Nicole, eu quase havia me esquecido" - O que você precisa falar comigo? Se for sobre nós duas eu acho melhor...

-Bia! - Nick disse nervosa. E a Bianca a olhou já assustada com o olhar sério da garota. - A Jéssica está morrendo.

-você é muito engraçada - ela achou que era uma brincadeira de mal gosto, a Nicole nunca se deu bem com a Jessica, uma queria a morte da outra, e elas só não se matavam por causa da Bianca. Então sim, ela achou que era brincadeira, até ver que a expressão da Nick não mudava.

-O tumor dela, é inoperavel. Ela tem 8 ou 9 meses de vida... Eu sinto muito.

Ela ouviu as últimas palavras 'eu sinto muito' e então tudo parou, derrepente ela não ouvia mais os choros dos parentes da Milena, não ouvia mais os bipes das máquinas, não sentia o cheiro de remédio que normalmente tem nos hospitais. Sua visão até ficou turva, ela se desequilíbrou e se apoiou na janela. A Nicole a segurou e disse alguma coisa, mas a Bianca não ouviu, seus olhos se voltaram pra janela.

Ela viu a Isis sobre a Jess, em seu colo, chorando, a Jéssica tentava reconforta-la, fazendo carinhos em sua cabeça.

***

3 MESES DEPOIS

Era uma terça feira quando as meninas decidiram se juntar para visitar o cemitério .

A Bianca foi a primeira a chegar, vestia uma regata branca e uma calça de sarja não muito justa na cor preta, seus cabelos estavam soltos. Ficou ali em pé, diante de uma pedra branca, com os nomes do Derek, da Milena e da Jéssica, a bebê que não teve a oportunidade de ver o mundo. Ela ficou ali tentando lembrar dos melhores momentos que teve com eles.... Mas ela não conseguia lembrar... Fazia tanto tempo.

Os filhos dela estavam na escola, e mesmo que ela tentasse não ser controladora ela sempre olhava no relógio, imaginando o que eles estariam fazendo no momento. A Bia era uma adulta agora, com filhos e responsabilidades, agora ela estava a frente do pequeno negócio de drogas da cidade, fazia tudo quase que sozinha... Pelo menos ser uma Gangster estava lhe rendendo algum lucro, não que ela precisasse de dinheiro.

Voltar pra cidade e tomar o lugar do Diego, a fez lembrar que era o mesmo que seu pai fazia, e que quanto mais o tempo passava mais parecida com ele ela estava ficando. E por isso mesmo pedia para que o Mark a controlasse, fosse o anjinho no ombro dela, brecando qualquer decisão idiota que ela pudesse ter. Por sua vez a Isis era o diabinho, era ela quem dizia as coisas ilegais que a Bianca teria de fazer.

A Bianca então sentiu uma lágrima escorrer, é muito difícil perder alguém importante, não importa o quão estranha seja a sua relação. Ela começou a andar mais para o norte, até chegar a uma capela de azulejos pretos, com uma placa dourada escrito MENDES. E dentre alguns nomes estava o que fazia ela chorar.

-Ela está em um lugar melhor agora - Isis disse aparecendo com a sua filha em seu colo. Ela vestia um vestido curto preto sem muitos detalhes além da manga caída, sua filha usava um vestido rosa bebê.

-achei que nos encontraríamos no da Milena - A Bianca disse comprimentando a Isis, e em seguida fazendo um carinho no rosto da menina que sorriu em resposta.

-Sabia que estaria aqui. Eu não sei muito bem como era a relação de vocês duas... Mas presenciei o bastante nessas últimas semanas pra saber que eram importantes uma pra outra.

-Eu a amava, talvez não como ela queria, mas eu amava - Bia disse enxugando às lágrimas e tentando manter a pose.

-Não chora titia - Disse a menina com alguma dificuldade

Ela sorriu.

-Imagina só o drama quando eu morrer - a Jéssica chegou, ela vestia uma calça jeans básica e uma camiseta social preta de manga longa com pequenos detalhes de pedraria na gola e nas mangas. Seu cabelo estava solto. Ela estava acompanhada do Mark.

Ele comprimentou de longe a Isis e a Bia, e estendeu os braços para que a pequena Enma fosse até ele. E assim ela o fez, se soltou dos braços da mãe e saiu correndo ao encontro dele.

Mark era um doce, o tipo de cara que é um desperdício deixar solteiro sabe? Mas não demorou muito para que ele conhecesse uma pessoa, uma pessoa que o amava e que estava disposta a dividir sua vida com uma criança de outra mulher. Ele finalmente conseguiu fazer a Isis ficar próxima da da filha, e isso o deixava muito confortável.

Ele pegou a menina, acenou para a Isis e foi embora. A Jéssica foi até elas e se apoiou na capela.

-É aqui que eu vou ficar não é? - Ela disse brincando, deixando transparecer que aquilo não a deixava muito confortável.

A Isis virou o rosto, ela não queria chorar, já estava acostumada com a ideia de que logo logo ela teria que ver a Jéssica partir, mas não era legal quando a mesma fazia piadinhas fúnebres.

-Eu não queria perder mais ninguém - A Bianca começou a falar - não é justo! Primeiro a Milena, depois a Nicole... Eu não sei se vou aguentar passar por isso de novo.

-Não é como se eu ou você tivesse escolha. - a Jess respondeu, sem entender o peso das suas palavras - a Nicole queria partir, há anos ela não estava bem, há meses o relacionamento de vocês estava ruindo. Você até tentou salvá-la, mas ela se apaixonou e no fim você não pode retribuir o tipo de amor que ela sentia.

-está dizendo que é minha culpa?

-Não - Ela deu risada - muito pelo contrário, estou dizendo que você fez o que pode, mas você não pode fazer tudo.

Houve uma pausa, só se ouvia o respirar pesado da Bianca tentando se recompor e parar de chorar. Até que a Isis decidiu dizer algo. A Isis saiu da reabilitação em dois meses, e desde então estava sob constante vigia, para que não tivesse outra recaída, mas agora era diferente, não era só por ela, ela não teria a vida inteira pra mostrar pra Jessica que ela podia ficar limpa. E então ela passou por poucas e boas, e finalmente ficou limpa, e naquele dia se completavam 93 dias, 12 horas e 34 minutos que ela não usava nada. E por mais que agora ela estivesse limpa, de bem com a Bia e sendo uma verdadeira mãe, ela não conseguia se manter feliz, a pessoa que ela amava estava morrendo, e acordar todos os dias com essa certeza era um constante castigo.

-Eu tenho Inveja dela - começou a dizer e chamou a atenção das outras duas. - Eu não conheço ela tanto quanto vocês, mas enquanto estávamos na clínica eu pude perceber o quanto ela era infeliz, não que seja culpa de alguém. Eu a invejo porque desde que a conheço ela queria morrer, e eu nunca acreditava que ela realmente faria isso, que teria coragem. Mas ela teve, e eu senti muita inveja, porque diversas vezes eu tentei e nunca tive coragem, e ela...

-Não continue dizendo essas bobagens - A Jéssica disse nervosa - se matar não faz dela uma pessoa mais forte, decidida? Talvez! Mais forte? Nunca. Ela foi fraca e vocês são fortes. Precisam se acostumar com isso, a vida é dos fortes, precisam erguer a cabeça e continuar vivendo, mesmo quando alguém partir, pelos seus filhos, uma pela outra...

As duas se olharam quando a Jéssica disse a última parte, mas logo desviaram o olhar com vergonha.

-Eu sei que esses últimos meses vocês duas tem se dado bem, e eu tô adorando isso. - A Jéssica disse soltando um sorriso - Mas eu sei que estão fazendo isso por mim, eu espero que quando eu for, vocês duas possam ter o colo uma da outra.

Finalmente os ânimos estavam mais leves, um lugar com boas vibrações é tudo de bom. Elas estavam sorrindo, que palavras bonitas a Jess estava dizendo, por fora estava a nossa Jess, brincalhona e que fala besteiras Sem pensar, tranquila. Mas na verdade ela chorava, por não poder ficar por muito mais tempo, por só agora poder aproveitar as pessoas que ela mais ama. Outra parte dela queria ir logo, se encontrar com a Milena e a Nicole no outro mundo, jogar cartas e tomar whisky.

O resto daquele dia foi resumido em lágrimas e bebidas, menos pra Isis, ela era a adulta do role. E no fim do dia ela levou as duas pra sua casa, teve de pôr duas mulheres adultas pra dormir, a Bianca de um lado, a Jéssica no meio e ela ficaria na outra ponta da cama.

-A Bia dormiu - A Jéssica disse com um sorriso malicioso

-Uma a menos, você deveria fazer o mesmo - Isis disse pegando uma outra coberta. - Eu não sabia que vocês duas bêbadas davam tanto trabalho.

-hum... Vamos transar?

-Não

-não?

-Não.

-por que?! - A Jéssica parecia uma criança mimada

-fala baixo vai acordar ela

-Por que!? - Disse cochichando dessa vez

-porque você está bêbada, e a Bianca está na mesma cama. Vai dormir! - Isis respondeu cochichando também

-Promete que não vai deixar ela sozinha quando eu morrer? - A Jéssica disse enquanto estava sendo coberta, o cheiro de bebida que vinha da sua boca deixou a Isis enjoada.

-Eu vou cuidar da Bia Jess, por favor pare de dizer essas coisas só deixa tudo mais difícil.

- okay okay meu amor - ela disse se aconchegando na Isis que deitou ao seu lado. - Eu só quero que você saiba... Que seu eu morrer você pode dormir com ela

-Jéssica! - Isis a adverteu, por dizer, aparentemente, uma bobagem.

-ué, eu não quero que você pense, "aí a Jess morreu, mas mesmo assim a gente não pode transar porque ela era minha namorada" - a Jéssica disse fazendo uma voz fina pra simbolizar a voz da Isis. - Não pense em mim tá? transe com quem você quiser.

-A única pessoa que eu penso em dormir é com você

-Podemos resolver isso - A Jéssica disse a apalpando.

-Mas não hoje. Boa noite.

-Boa.......... Será que ela toparia um menage ? Seria um ótimo presente de despedida, lembre - se que só tenho mais 4 ou 5 meses.

-Boa noite Jessica. - Isis disse de olhos fechados, torcendo para que a Jess calasse a boca. Seria engraçado se não fosse tão trágico.

Passou - se a noite e parte da manhã do dia seguinte, e a Jess acordou vomitando, no início, a Isis e Bia acharam que era ressaca, mas só foi piorando.

1 mês depois a Jéssica morreu.

Nem preciso dizer que aquilo foi doloroso, uma parte enorme da vida delas foi arrancada e não foi fácil continuar, seguir a diante. Mas as duas superaram, não foi fácil e nem rápido, mas elas conseguiram.

Existem momentos da nossa vida que nos marcam, deixam a sua lembrança, porem existem pessoas que marcam muito mais, pessoas que nos fazem ter uma percepção diferente do mundo a nossa volta. A Bianca passou por isso, ela conheceu muitas pessoas, pessoas que lhe mostraram o lado sexy da vida, o lado "maneiro", o ruim, o gostoso, o perigoso e aquele lado totalmente louco onde nada parece fazer sentido.

Cada experiência contribuiu para o que ela se tornou, talvez eu, como autora, não tenha deixado muito explícito sua nova personalidade, mas agora, ela é forte, decidida segura de si, ninguém põe ela pra baixo, porque ela mesma decidiu que na vida nós sempre temos que melhorar, subir de nível, talvez não seja se tornando a "comandante " da cidade, podemos trazer isso pra nossa vida de diversas formas: procurar conseguir as melhores notas na escola, procurar gostar da figura no espelho, não ligar pra opinião alheia, ouvir músicas tristes, mas também ouvir muito aquelas que te animam, perceber que ser diferente não é ruim, e saber valorizar em si e nos outros essas diferenças. Enfim, evoluir!

A história acabou, chegou ao fim. Mas se querem saber, a Isis e a Bianca ficam juntas. Não de imediato, demorou muito, as duas ainda se apaixonaram mais duas ou três vezes até perceber que elas estavam destinadas a ficar juntas. Sim! Eu sou uma garota que acredita em destino, no fim, pra mim, tudo tem uma razão, o nome disso é tentar ser positiva. Precisamos ser mais românticos meus leitores, o mundo precisa de menos ódio e mais amor.

E antes de finalizar tudo, Querem saber uma curiosidade? Antigamente as festas de 15 anos eram um ritual de passagem da criança para a vida adulta, uma forma de entregar as criança as novas experiências, para que assim pudessem construir sua personalidade e se preparar para a real vida adulta. É claro que esse significado foi sendo esquecido com o passar do tempo, as festas se tornaram uma forma de ostentação, afinal, quem nunca quis uma maravilhosa festa de 15 anos com 2 ou 3 lindos vestidos, uma decoração maravilhosa, uma valsa, bolos e doces, e a companhia dos parentes e amigos? Enfim, não importa qual década estamos, com ou sem festa, se você prefere preto ou rosa, a verdade é que muita coisa pode acontecer depois dos quinze... 


Notas Finais


Bem, esse foi o final que eu imaginei desde o início, não sei se era o que esperavam mas enfim, espero que tenham gostado.
Responderei todos os comentários, fiquem à vontade pra fazer perguntas.

Já estou trabalhando em outras duas fic's , mas só irei postá-las quando tiver vários capítulos, se quiserem conhecer me sigam pra receber notificações :D

Beijokas ^^ e obrigada novamente.


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