História Depois Dos Quinze - Esconderijo

Seguindo as instruções do meu pai encontrei 10 mil reais em notas de 100 e uma arma,  parecida com a que ele usou pra me ensinar a atirar. Coloquei tudo dentro de uma bolsa. Desci sem que ninguém percebesse até a lavanderia,  e lá mesmo coloquei um shorts e uma camiseta comprida, um chinelo que a décadas eu não usava e pronto. Com a bolsa nos ombros sai de mansinho pela porta da frente.
-Bianca!! -minha tia Caroline gritou.
Ela veio me abraçar,  mas eu rejeitei o abraço. Meu rosto estava inchado da choradeira,  e meus olhos vermelhos,  estavam fundos e vazios.
Minha tia olhou pra mim e ficou revoltada.
-Seus infelizes! Malditos!  Imprestáveis!  Tudo que acontecer com essa familia vai ser por culpa de vocês!  Seus incompetentes!
Minha tia estava um pouco revoltada, afinal, minha rua tinha sempre uma daquelas bases moveis de polícia, e mesmo assim meu pai foi morto por um ladrão.
-Senhora por favor se acalme. -Disse o policial que estava falando com a tia Neide quando eu cheguei. -Eu sou o policial Wiles, e sou o responsável por esses "Imprestáveis" que deixaram sua sobrinha ver o corpo e deixaram a casa ser invadida.
Minha tia só fez cara feia.
-Posso fazer algumas perguntas a sua sobrinha? -Ele perguntou me olhando de cima a baixo
-Claro que não!  Ela acabou de ver algo que vai tramatiza-la a vida toda, você não tem sentimentos?
-Tudo bem tia, eu não me importo. -Eu disse calma.
Ela fez cara feia mas deu permissão para o policial.
-Onde você estava? Certamente não estava com seu pai em casa.
Minhas tias me olharam desconfiadas, só agora lembraram que eu passei a noite fora.
-Eu estava bebendo e me drogando com os meus amigos.
Eu poderia ter arrumado algumas desculpas,  ou simplesmente dizer que fiquei com alguns amigos.  Mas eu não estava afim de ser legal, e agora que meu pai morreu,  eu não tinha mais que ser uma boa pessoa,  afinal,  a vida não é boa com os mocinhos.
-Mais alguma coisa policial? - Perguntei e um sorriso saiu quase que involuntáriamente .
-Não,  está liberada.  -Ele disse escrevendo algo em um papel e entregando a minha tia.
Eu nem fiz questão de saber o que era,  apenas fui embora dali,  deixando minhas duas tias de boca aberta com o que eu tinha acabado de dizer.
Fui andando até a casa do Marcos, eu precisava de um favor e ele estava me devendo.
Bati na porta e ele atendeu rapidamente.  Não disse nada,  apenas me abraçou,  mas eu não fiz o mesmo.
-Preciso que você guarde uma coisa pra mim. -Eu disse apos me livrar dos braços dele
-Eu realmente sinto muito bi, por tudo,  pelo seu pai, por ontem...
-Sua mãe ta em casa? -Perguntei ignorando o que ele havia dito.
-Trabalhando, por que?
-Ontem você disse que gostava de mim. É verdade?
Ele levantou uma sobrancelha,  imagino que ele tenha ficado confuso com minha atitude fria.
-Eu realmente AMO você,  mas não vou deixar isso atrapalhar nossa amizade...eu já fiz as pazes com a Mi...
-Preciso guardar essa bolsa. -Eu disse mostrando a ele o conteúdo da bolsa
Os olhos dele quase saltaram dentro da bolsa.
-Meu pai me deixou isso, na carta dizia que era pra me proteger.  Tenho que esconder isso,  a polícia não pode saber que meu pai tinha uma arma em casa...
Ele me olhou,  olhou a bolsa e me mandou entrar.  Subimos até o seu quarto.  Ele empurrou a cama e com uma chave de fenda que já estava lá,  ele removeu um dos pisos de madeira,  que revelou uma mini câmara.  La já tinha algumas coisas dentre elas duas revistas de mulher pelada. Olhei pra ele e ele parecia com vergonha.  Guardamos a bolsa lá dentro e fechamos,  a cama foi colocada no lugar e então deitamos, eu coloquei minha cabeça em seu peito e ali ficamos por um bom tempo. Eu acabei adormecendo.