História Depois que te conheci - A casa que ninguém havia notado

-Ilusão ótica... Por que você quer isso Reina?- Questionou a pequenina de cabelos castanhos, olhando confusa para a rainha do fogo.

-Nada demais Erika-chan, queria passar alguns dias tranquila na floresta vivendo uma vida comum... Afinal essa guerra foi horrível, você não acha?- Respondeu o questionamento com outro levando a outra a pensar, embora estivesse sendo enganada, Erika era ingênua e não percebia que poderia haver algo por trás daquilo, apesar de tudo, ela só tinha 12 anos.

-Tem razão, Reina… Acho que nesse caso posso sim, farei agora mesmo. Vamos caminhar até onde você deseja. - Encerrou com um sorriso no rosto enquanto cantarolava a caminho da floresta. Reina apenas pensou no quão irritante seria ter a companhia de Erika, cantarolando até o local mas era necessário, então pôs um sorriso falso no rosto e a seguiu.

Kuri acordava em sua cama, ao lado de seu amado após sua noite de amor, ele teria acordado corado, ainda não acreditava que haviam feito tal ato tão rápido, mas a verdade é que… Tinha gostado, embora soubesse que Ren estava bêbado e o certo era sair e deixar em segredo, caso ele não lembrasse. Já de pé, o de cabelos loiros caminhou até a cozinha procurando algumas pequenas coisas para o café da manhã, sabia que logo as crianças também iriam despertar e como Ren havia bebido muito também seria uma boa ideia que ele tivesse um ótimo café da manhã. Entrou na despensa e pegou café, farinha de trigo, alguns ovos. E voltando para a cozinha, pronto para começar o café da manhã. Ele preparou lindos ovos mexidos, seguindo de um olhar na geladeira, pegou um pouco de bacon defumado em tiras, e após tirar os ovos da frigideira, untou a mesma com azeite e preparou os bacons para que o café estivesse finalizado. Alguns minutos haviam se passado, e ele finalmente teria terminado, a mesa estava pronta. As crianças já de pé, chegavam na mesa, olhando para Kuri com olhos meigos de felicidade, se cumprimentavam, enquanto Ren surgia de seu quarto, espreguiçando-se. Era hora de um café em ‘’Família’’. Após todos comerem, as crianças saiam para brincar na floresta, enquanto Kuri tirava a mesa junto de Ren.

-Kuri. Eu vou precisar sair, tenho de ir no exército resolver umas coisas, a líder não me explicou muito bem, mas não devo demorar. - Explicou o mais velho, dando de costas e saindo pela porta.

-Claro, sempre saindo… babaca.- Fazia um biquinho irritado já que o maior havia saído sem sequer dar-lhe um beijo, não que ele esperasse algo… Ren já estava indo longe em direção ao esconderijo dos humanos pela esquerda, caminho oposto do Reino dos Reis… quando surge Ryota em um de seus túneis de vento, chegava aflito com uma expressão triste no rosto como quem tinha uma enorme dor e precisava dividir. Soavam três batidas na porta e não demorava para o pequeno atender. Ele arregalava seus olhos, que inesperado… Ver ele aqui.

-Ryota… Você por aqui…? O que houve? Aliás, onde está a Bella? Ela já devia ter vindo aqui...- Questionava o pequenino, com um sorriso meigo… Um sorriso que iria quebrar... Ryota estava aflito com uma expressão deprimente, e quando ouviu Kuri falar o nome de Bella, ele apenas mordeu seu lábio inferior, seu queixo tremia, o loiro começou a ficar inquieto.

-O que houve Ryota…? Venha, entre… -Colocava o de cabelos brancos para dentro da casa, com um de seus braços nas costas dele, bastante surpreso pois nunca havia visto o amigo daquela forma, ele estava receoso sobre o que iria ouvir.

-A Bella, Kuri… Ela… ela se foi… Ela sacrificou a si mesma para o Lorde não alcançar vocês... e sabe a pior parte…? Reina ela… Obrigou a Erika a salvar o Lorde… ele continua vivo, depois do sacrifício dela... -Encerrou, ja com várias lágrimas em seus olhos, estava se contendo… Para não chorar na frente de Kuri. O pequenino parecia não acreditar naquilo que havia ouvido de seu amigo, estava em choque. Ele passou segundos olhando o de cabelos esbranquiçados, até que uma dor intensa dominava seu coração, apertando-o, rasgando-o… Ele revelava agora uma expressão angustiante antes mesmo de, por fim, desabar em choro. Só conseguia lembrar das palavras de Bella, da sua promessa... e de que agora tudo havia acabado.

-Kuri… -Murmurava, olhando o pequeno, que agora soluçava, escondendo seu rosto com suas mãos. - eu sinto muito… Também estou arrasado, mas preciso ir embora… Lorde ele… não sabe que vim aqui te dar informações... fique bem… Por favor. - Com os olhos baixos e tristes, Ryota abraçava-o com força, ficando por mais alguns minutos abraçado ao menor, mas logo depois saía pela porta, seguindo para seu túnel.

Ren, rumo ao exército humano, notou algo estranho que pegou sua atenção. Havia ali uma casa que ele nunca havia visto, ela nunca teria estado aqui… No entanto ali estava, no meio da floresta, era grande, bela, parecia arquitetada, aquilo o deixou inquieto, como seria possível algo daquele porte ser feito tão rápido sem que ninguém soubesse… Ou melhor, como poderia não ter notado naquilo antes?

-Posso saber o que observa tanto em minha casa? -Questionou a de cabelos vermelhos, olhando Ren de cima a baixo… Era Reina. Ele a olhou, com uma sobrancelha erguida. -Nada demais, só estava curioso... é uma bela casa muito bem feita por sinal, eu sempre andei por aqui mas nunca vi ela. - Finalizou, explicando para a bela mulher que querendo ou não, era um colírio para os seus olhos.

-Hm… Acabei de pegar umas frutas aqui na floresta, eu vou preparar um suco com bolo, tenho certeza que a caminhada cansou você... ! Entre, vamos conversar um pouco. - Convidava-o com um olhar sedutor, parecia mesmo insinuar-se para o de cabelos dourados.

-Eu… Eu tenho de ir a um local. Mas acho que pode esperar um pouco, irei aceitar seu convite, desde que sejamos rápidos. -Explicou já caminhando em direção a casa da mesma.

-Claro, nós seremos muito rápidos pode ter certeza… - A sua voz era calma e baixa… Como se encantasse qualquer um com ela. Reina entrava e logo acomodava Ren em uma poltrona enquanto acabava de preparar a torta de amora, não faltava muita coisa apenas fazer o recheio de amoras coisa que ela fazia em segundos, e passado um tempo a torta apenas estava ao forno. Aproveitou para falar com ele.

-Então… vamos conversar um pouco a torta está no forno temos…. alguns minutos. Se importa se eu ficar próxima a você...?-Sussurrava de forma provocadora, olhando para o maior enquanto sentava na perna do mesmo.

-Não incomoda... Mas do que você gostaria de conversar?- Perguntava, um pouco confuso pela forma que a moça agia, embora estivesse ligeiramente atraído por ela, afinal tratava-se de uma linda mulher.

-Me fale sobre você o que faz, seus gostos…-Continuava a de cabelos vermelhos olhando-o com um sorriso gentil.

-Não há muito o que dizer, sou um lutador de dojo, e depois de tudo que aconteceu nesse mundo me tornei um humano da força revolucionária, várias coisas aconteceram e não quero falar sobre isso, mas no ge…- Sequer acabava de falar e Reina o beijava, aproveitando a situação, sentava em seu colo de forma mais… “próxima”, ao mesmo tempo que o beijava calorosamente, Ren embora pensasse em outra coisa, acabou por ceder o beijo, não o recusou em nenhum instante.

Próximo dali na floresta, Kuri recolhia maçãs e as colocava delicadamente na pequena cesta, as crianças estavam com fome, e não havia nada para comer, então pensou em fazer uma tarte de maçã, embora estivesse triste ele… Tinha de demonstrar estar bem. Não queria que se preocupassem. Ao pegar em uma maçã um pouco mais alta que as outras, notava aquela casa extremamente bonita.

-Estranho… Nunca haveria visto essa casa…- Murmurava pra si mesmo, era bastante curioso e também muito gentil, porque nao ir até lá e dar as boas vindas a quem quer que fosse? Então assim caminhava, e à medida que se aproximava, poderia notar que uma janela estava aberta, talvez fosse da sala…? Ele espreitou, e seus passos a pouco a pouco iriam parar. A cesta tremia. Ele teria visto Ren beijando Reina para ter a certeza que não era apenas um terrível pesadelo, seu coração já em pedaços por Bella agora havia sido esmagado por aquilo. Kuri virou as costas, pegou firme na cesta, inspirou tranquilamente, e colocou o capucho da sua capa, regressando a casa. À medida que iria andando, as lágrimas escorriam… Ele se encostou a um tronco de uma árvore, ali ficando… Chorando, soluçando, sentindo o seu corpo tremendo... o seu coração teria sido despedaçado… A pessoa que ele amava… Não o amava de volta.