História Depois que te conheci - A morte vem em pequenos passos...

Kuri acordava no quarto de Fuyuki, ele estava do seu lado, dormindo sem camisa. Ele desviou o olhar para a janela constatando que era de noite, só significava uma coisa: Com certeza teria desmaiado naquela hora que… Seu pensamento foi interrompido por algo: Ren. A última coisa que lembra de ter visto foi o rosto de seu amado, ele tinha uma expressão… dolorosa nele. Voltou a se deitar, não queria pensar nisso, não queria chorar, mas… Se perguntava quando seria a próxima vez que iria encontrá-lo.

Ren teria ficado fora de si quando Fuyuki tirou Kuri de seus braços, e agora sentado na mesa da cozinha planejava uma vingança, ou melhor… Um resgate. Eram precisamente 3h07 da manhã, ele pegou em tudo o que necessitava, trancando a porta de casa para a segurança de Raito e Yuna.

-Eu estou indo te salvar, Kuri. -Pensava, determinado.

As setas do relógio continuavam, eram 4h23 da manhã agora. Um bom tempo teria se passado, e Kuri acordou de novo, com uma dor de cabeça (devido certamente ao veneno que Reina teria lhe dado.) ele precisava tomar água, então se levantou, pegou na sua capa e uma pequena vela, caminhando pelos corredores, direção à cozinha.

O mais velho estava nas traseiras do palácio, onde havia uma porta escondida entre folhas e arbustos, ele havia estudado aquilo com a força revolucionária. Se colocou de lado, e arrombou com toda a força a porta já bem antiga, fazendo um “pequeno” estrondo, que quem tivesse dormindo não teria ouvido, afinal era na cave. Kuri se assustou com o barulho, se apercebendo que vinha da cave, então mudou o sentido de sua direção, se virando para um corredor que tinha umas escadas que ligavam à cave. Ele descia as mesmas, receoso, iluminando o caminho com a pequena vela que ele temia que se apagasse… Ren estava escondido entre algumas coisas que estavam amontoadas ali, preparando a sua adaga: Não hesitava em matar quem o tentava impedir de ir para junto do loiro. Kuri se aproximava aos poucos de onde Ren estava, e o mais velho se preparava. Assim que o pequenino passava do lado onde ele estava, com uma força extrema pegou em seu braço, puxando-o para si, colocando a outra mão em sua boca: Calando-o; a lamparina caiu no chão, mas a vela não se apagou, mas foi o suficiente para revelar os cabelos do loiro que estava aterrorizado, o que fez Ren parar.

-Kuri…? -Murmurava; não poderia correr o risco de alguém o ver ou ouvir ali. O menor ao ouvir seu nome e reconhecer a voz, se virava de frente para o mais velho, pegando a lamparina, pendurando ela por cima de uma pedra que estava à altura do ombro do de olhos vermelhos.

-Ren…? -O pequenino arregalava os olhos ao ver seu amado. Ele foi apertado, e seu rosto estava colado ao peito do outro: Estava sendo abraçado.

-Kuri… Eu vou te tirar daqui. Vem comigo, eu posso te salvar dele… -Os dois estavam murmurando. Ren pegava nas mãos do menor.

-Ren, eu… eu não posso. Não se preocupe mais comigo, você tem a Reina e as crianças… e voc… -Foi interrompido.

-Reina? O que tem ela? -Perguntava, parecia perdido.

-Bem, ela… vocês são namorados… não é…? Ela me disse que você amava muito ela…e eu estou feliz por você... -Dava um sorriso gentil, escondendo a sua imensa dor.

-A pessoa que eu amo é você. Não tem como eu namorar ela, sendo que estou apaixonado por você. -Declarava bastante sério; Kuri corava, estando bem surpreso. -Isso que ela te contou é mentira. Se fosse verdade, porque eu saía de casa a essa hora, entrava em um palácio cheio de guardas, correndo o risco de morrer apenas para te levar comigo? -Cruzava os braços, com sua sobrancelha arqueada. Kuri ficava em silêncio, e logo abraçava o mais velho, deixando as lágrimas escorrer de suas bochechas.

-Eu… Eu te amo, Ren… eu te amo tanto… foi por isso que… que eu fui embora… não aguentava te ver com ela… -Soluçava, apertando o de cabelos dourados. Ele apertou o pequenino contra si, sentindo dó dele, todo esse tempo ele teria amado-o, e teria sofrido por isso.

-Kuri… nunca houve nada entre mim e ela… -Murmurava mais uma vez, se abaixando, e com seu polegar, limpava as lágrimas de seu amor, aproximando seus rostos. -Eu te amo, meu pequeno. -Finalizava, dando um beijo com todo o carinho no loiro, abraçando-o. O calor do maior percorria o pequeno corpo do loirinho, fazendo-o sorrir, esperava esse momento desde que descobriu aquele planeta, e o viu. Quem diria, o primeiro humano que viu, seria seu grande amor.

-Vamos embora, amor. -Dizia com um sorriso amoroso, pegando o pequenino no colo, finalmente estava salvando-o.

-Vamos… -Concordava, olhando-o com um olhar apaixonado, acabando por pousar a cabeça no peito do maior.

         Às 5h00 da manhã os dois finalmente estavam em casa, mas… como Erika havia avisado: Ela perdeu o controle da ilusão ótica no corpo de Kuri… O que fez Ren notar algo após o pousar na cama. Ele olhava-o, confuso.

-Hm…? o que foi, amor…? -Perguntava, com as bochechas avermelhadas por finalmente chamá-lo de “amor”.

-Sua barriga, ela… -Kuri escondia a mesma, completamente envergonhado. Teria de explicar de alguma forma mas não sabia como;Ren se sentou do seu lado, colocando a mão em volta de seus ombros.

-Ren, eu… Não sou humano, como vocês… Sou um elfo, e… Elfos podem engravidar… Lembra de quando nós… -Era interrompido.

-Lembro. Eu estava “bêbado”. -Dava uma piscadinha, deixando o outro completamente sem jeito, isso queria dizer que… Ele esteve ciente quando fizeram sexo.

-Então você está grávido de mim… -Ele beijava o pescoço bem sensível do menor; o loiro gemia, os beijos percorriam seu corpo nu agora, mais uma vez, faziam o ato do amor, agora de forma mais delicada, pois Kuri estava fraco.

Uma semana se passou, Lorde Fuyuki sabia onde o seu amado estava, mas não tencionava ir resgatar ele, pois queria se vingar da pior forma possível, e Erika, que receava seu amigo, apenas abaixava a cabeça, rezando para que ele estivesse bem. Kuri e Ren se amaram intensamente durante esses 7 dias, mas o pequeno agora estava na cama, completamente pálido… O veneno estava matando-o aos poucos. A sua barriga já estava no estado de 9 meses em uma pessoa normal, e como ele era um Elfo, uma criatura mística e rara, sua forma de se reproduzir era totalmente diferente de um humano; era mais rápido.

-Kuri… Como você está…? -Ren se ajoelhava do lado da cama, pegando na delicada mão de seu amor, colocando-a em sua bochecha, estava preocupado, e com medo.

-Eu… dói tanto… essas contrações… -Ele dava mais um gemido, apertando com força a mão de Ren… ele mal conseguia respirar, a cor de sua pele estava sumindo, seus olhos já não brilhavam mais, e seu cabelo, aquele loiro tão bonito… Havia perdido sua cor.

Ele estava morrendo.

“Como eu poderei te salvar…?”