História Desafio dos 100 - Um pequeno passeio

Depois da treta que teve ontem eu fui liberada da detenção e inventei uma desculpa de chegar atrasada em casa. Falei que um mendigo tentou me agarrar no meio da rua. Eles acreditaram e ainda reclamaram que tem uns mendigos tarados por aí. Senti um pouco de dó dos mendigos. Mas tudo bem.

Quando passo pela sala, vejo Max assistindo Divergente. Sinto vontade em dizer todos os personagens que morrem, mas fico com dó. E também não quero listar uma lista com a maioria dos personagens. 

Então subo as escadas e vou para o meu quarto. Assim que chego, Zayn pula pela janela e entra no quarto sem ser convidado. 

- Oi - digo, indo até o criado mundo e pegando o meu celular.

- Não se assustou? - pergunta ele, fechando a porta.

- Já acostumei - sorrio para ele. - E se uma vez o meu pai estiver comigo e você pular por essa janela?

- Eu digo que sou um ladrão de jóias - ele ri. - Acho que se dissesse que sou seu namorado seria pior. 

- Tem razão - digo rindo também.

Ele se vira para a minha prateleira de livros na parede. 

- Legend?- ele pergunta pegando o livro da prateleira. 

- Conhece? - respondo com uma pergunta.

- Já li os três - responde ele. 

Isso me surpreende um pouco. 

- Não sabia que gostava de ler - sorrio para ele e ele retribui quando olha para mim. 

Meu celular vibra na minha mão. É uma mensagem de voz de Dylan. Quando coloco o dedo para abrir a mensagem, Zayn chama minha atenção:

- Eu amo ler.

Olho para ele que está guardando o Legend na prateleira. 

- A gente precisa se conhecer melhor - digo. Não sei como disse isso pois não estava programado na minha mente. - Alguns segundos atrás eu não sabia que você não gostava de ler. O que mais você esconde? 

- E você? - ele responde perguntando. - O que se esconde por trás desse sorriso? 

- Dentes - digo.

Ele ri. 

- Além disso, quis dizer - solto uma risada e quando vou responder ele continua. - Não me responda língua.

Sorrio pois era isso que ia dizer. 

- Vamos marcar um encontro - digo. 

- Não - ele diz e por um momento me sinto ofendida. - Vamos sair agora mesmo. 

Ele pega minha mão desce as escadas me puxando. Quando estamos saindo eu digo rapidamente para a minha mãe:

- Estamos saindo, não sei quando vou voltar, não pra onde eu vou. Você sabe o número do Zayn se não conseguir ligar para o meu e eu te amo.

Então Zayn me puxa para fora de casa e a última coisa que ouço é "como ele entrou em casa?".

Nós entramos no carro de Zayn. Me sento no banco de passageiro e ele do motorista.

- Pra onde vamos? - pergunto. 

- Um parque de diversões perto daqui - responde ele sorrindo.

- Tem um parque perto daqui? - pergunto. - Eita.

Ele dá partida e nós vamos em direção a esse parque. 

- Então... - ele diz. - Qual o seu livro preferido?

- Harry Potter e A Ordem da Fênix - respondo. - E o seu?

- Instrumentos Mortais e A Cidade das Almas Perdidas - ele mantem seus olhos vidrados na estrada. 

Então, nós continuamos assuntos diferente e as vezes nós voltamos ao mesmo assunto de antes. Como por exemplo, estávamos falando sobre comida até agora, mas quando atravessamos o estacionamento do parque ele diz:

- Eu gosto de Harry Potter, mas acho os Instrumentos Mortais melhor. 

Então, quando estamos na montanha russa e ela está subindo, eu digo:

- Eu gosto de Instrumentos Mortais - então o carrinho da montanha russa para numa parte bem alta. Nós estamos no primeiro carrinho. Zayn está parecendo que vai vomitar. - Mas... - então o carrinho despenca para baixo com velocidade total e eu começo a gritar. - PREFIRO HARRY POOOOOTTEEEEEEEER! 

Então quando estamos nos batendo no carrinho de bate-bate, ele diz:

- Harry Potter é bom mesmo - ele bate com tudo na traseira do meu carrinho. - Já leu Divergente?

Quando paramos para tomar um sorvete eu respondo:

- Amo Divergente! - dou uma lambida no meu sorvete. - Mas acho que a autora poderia ter feito um final melhor.

- Não me conta! - estamos no barco viking quando ele resolve me responder. - Ainda estou em Insurgente! 

Estou girando a xícara em que estamos quando eu digo:

- Já vá se preparando para o final então, vai chorar litros. 

Nossas conversas são bipolares. Algumas horas estamos falando de algo engraçado, depois de algo depressivo, depois de algo engraçado de novo. Meu celular vibra no meu bolso e eu o pego. Só vejo que é uma mensagem de Demi. Não leio, o guardo e deixo no bolso. Não quero estragar esse momento. 

Quando saímos do brinquedo, começo a procurar uma roda-gigante. Sempre quis ir em uma. Pedia para os meus pais me levarem no Navy Pier, mas nunca me levaram. Deve ser lindo ver Chicago em uma roda-gigante. 

- O que está procurando? - pergunta Zayn.

- Uma roda gigante - respondo. - Sempre quis ir em uma. 

Zayn engole o seco. 

- Vamos para o Nivy Pier então - ele diz. Parece nervoso.

- Mas nós devemos estar bem longe do Nevy Pier - digo. - Vamos demorar muito para chegar lá. 

- Não tem problema - ele sorri. - Ainda são três horas e se irmos agora e se nós sairmos agora, chegaremos em umas duas horas. Contando com o transito. 

Penso bem. Talvez meus pais nunca me levarão no Nevy Pier. Mas podemos ir amanhã mais cedo... Mas... Quanto antes melhor.

Não é?

- Ok - respondo. - Vamos para o Nevy Pier.

***

Estamos chegando. Já paramos para abastecer uma vez. Recebi duas mensagens de voz do Dylan mas não abri. Estava conversando com Zayn na hora. Na verdade passamos a "viagem" inteira rindo e conversando. 

Acho que passou uma hora e meia que estamos dentro do carro. Não deve demorar um pouco menos de cinco minutos para chegarmos. 

Assim que chegamos, vemos a enorme roda gigante que destaca o Pier inteiro. Zayn engole o seco ao olhar para isso. Ele esbugalha os olhos.

-Nossa...- ele ri. -É grande mesmo...

Por um minuto eu fiquei maliciando aquela frase mentalmente. Acho que minha mente está suja demais. Solto uma risada sem querer, mas ele não percebe. 

Entramos no Pier e entramos na fila para a roda-gigante, que está bem pequena. Nós sentamos em um carrinho longe dos outros ocupados. Eu gosto um pouco disso. 

Ele se senta ao meu lado. Percebo que tem uma gota de suor escorrendo em sua testa. Ele treme as pernas. Está muito nervoso. 

- O que... - começo, mas então percebo. - Tem medo de altura...

Ele olha para mim nervosamente e eu limpo com o meu dedão a gota de suor da sua testa.

- É - ele confirma. 

Eu o beijo e percebo suas pernas acalmarem. Ele me beija de volta. Então nós afastamos o rosto um pouco.

Assim que o moço bate com força a portinha do carrinho, Zayn se assusta pega na minha mão com força. Ele fecha os olhos com força quando o carrinho começa a andar.

- Ai, eu vou morrer, eu vou morrer, eu vou morrer... - repete ele milhares de vezes.

- Você não vai morrer - digo, o consolando. - Por que na montanha russa não estava assim? Quer dizer, você quase vomitou, mas parece que está pior agora.

- Por que a montanha russa é algo rápido - explica ele. - Essa merda é devagar demais, o que da mais medo. 

- Calma, ainda estamos na metade... - digo, olhando para os lados para confirmar o que falei. 

- Eu sei... - ele abre um olho, mas fecha rapidamente. - Queria estar vivo...

- Você está vivo! - digo, quase mando ele virar homem, mas seria muita mancada minha. 

Quando o carrinho está lá em cima, se preparando para descer, eu digo:

- Pronto, já estamos quase descendo de volta... - Então o carrinho para. - Ah, vai tomar no cu!

Me levanto e olho para baixo. Vejo quem está controlando a roda gigante. Mesmo com ele não olhando, mostro o dedo do meio e me viro para observar a cidade. Realmente é muito lindo aqui em cima. Consigo ver o edifício Hancook daqui. Cheio de luzes ligadas, igual os prédios a sua volta. Consigo ver a escola daqui, mas não a minha casa. 

Então o carrinho volta a andar do nada e eu caio no banco na frente de Zayn. Quando o carrinho começa a descer, algo totalmente inesperado acontece. 

O prédio Hancook apaga. Os em volta do Hancook apagam juntos. Então as casas por perto vão se apagando. De repente o Navy Pier inteiro está escuro, iluminado pela luz da lua que mal aparece no céu. A roda gigante para de novo.

- Blecaute - digo.