1. Spirit Fanfics >
  2. Descanse em paz >
  3. Anti-heróis Parte 1

História Descanse em paz - Anti-heróis Parte 1


Escrita por: Barcellos

Notas do Autor


Amo matar o Mike :3

Capítulo 29 - Anti-heróis Parte 1


- O que vocês estão olhando aí? – perguntou Mike do lado esquerda da mureta subindo para o terraço.

- HÃ!? – disse Emily enxugando os olhos e disfarçando a tristeza que ela estava.

Todos aglomeravam-se ao redor dele perguntando o que tinha acontecido, ele pediu silêncio e explicou:

- Tudo que eu fiz foi confiar em mim mesmo, da mureta até o parapeito são apenas um metro e meio de altura, eu tenho bem mais que isso, portanto, pulei. Depois andei pelo parapeito segurando nos cabos fortes que ligam a luz do letreiro do mercado até o outro lado da mureta, onde tinha a escada vertical e fiz isto porque queria ver a reação de vocês e acreditem, foi muito divertido – disse Mike quando Emily agarrou nele rapidamente sem pensar enquanto ele recebia aplausos e risos, em maioria, de nervoso.

Ouvia-se também alguns xingamentos, não para ofender, mas pelo susto que tinha dado naquele momento. No abraço que já durava exatos um minuto, Emily sussurrava nos ouvidos de Mike, e ele na inocência continuava no abraço comum sorriso bobo ouvindo ela falar:

- Não faz mais isso, não faz, nunca, sério, não faz, idiota, não pense mais nisso... Puta que pariu! Caralho! Porra, Mike! – dizia agarrando bem forte nos cabelos ou no casaco de Mike.

- Vamos é a vez de outra pessoa – disse Mike se soltando do abraço, ele deu a mão para ela que segurou com firmeza.

Os dois partiram até o guarda-sol pertencente à eles e viram as pessoas treinarem e o tempo se seguiu assim, depois de quase trinta minutos, a chuva resolveu dar uma trégua do nada. Basicamente todas as pessoas tinham ido, e muito bem, não tinha sido preciso nenhuma intervenção dos instrutores, mas faltara duas pessoas, uma delas era Lilian.

Chegara sua vez, foi chamada, se pôs no mesmo lugar e consigo carregava a pistola que guardara por tanto tempo porque não havia munição. Uma Desert Eagle que ela só havia disparado tiros uma vez há muito tempo.

Sinal dado, portas abertas, infectados saíram, quatro deles apenas, porta fechada.

O show era de Lilian, mas ela parecia não se divertir como os outros se divertiam, apontou e atirou. Os três outros se juntaram e foram cercando-a pelo lado e ela recuava para trás sem ver o que tinha por vir, apontou e atirou num deles e sobrara então dois, apontou de novo e apertou o gatilho no mesmo momento em que recuou. O tiro pegou no peito do infectado e a mulher caiu devido à uma pequena poça de água, por um momento ninguém entendeu, Emily foi querer ajudar, mas Mike a impediu:

- Deixa-a se virar, ninguém vai morrer aqui.

A arma caiu atrás de si, ela levantou e correu para pegar, recostou um pouco a coxa na mureta de cinquenta centímetros, mas então uma coisa inusitada e inesperada aconteceu. Suas mãos deixaram a arma cair e ela parecia mal, virou-se e olhou para baixo e pareceu então tonta.

Com as mãos apoiadas na mureta, dois infectados atrás desta e algo de errado acontecendo, Lilian desiquilibrou-se de vez, suas mãos escorregaram, seus olhos se fecharam, suas pernas ficaram fora do chão, ela iria dar um mergulho de cabeça no chão, as pessoas então correram para ajudar, inclusive Mike.

Não dava tempo, estava longe, mas duas coisas estavam perto de Lilian, dois infectados que agarraram sua blusa não deixando cair, mas ainda estava com metade do corpo para fora da mureta e ainda corria o risco das bocas dos infectados.

Novamente a pantera de Mike veio a tona, pulou em cima de um infectado gritando num rugido com uma  faquinha enquanto Leonardo puxou-a pelo sutiã que então arrebentou e rasgou sua blusa, um tiro foi disparado e acertou na cabeça do infectado.

- Lilian, você está bem? – perguntou Leonardo sentado no chão com ela recostada na mureta.

- Tonta... – ela falava.

- Céus! – disse Leonardo medindo o pulso dela – A pressão dela baixou, rápido ela precisa de socorro, algum médico?

- Espere, deixa eu checar – disse Steve, o médico da comunidade, saindo no meio da multidão com uma lanterninha.

Steve ligou a lanterninha e iluminou bem o ouvido e as pupilas da moça e pareceu preocupado:

- Levem-na até a enfermaria, ela precisa de socorro o quanto antes!

**

- Se eu disser para vocês que estou com sono, vocês acreditam? – perguntou Juan.

- Nossa, deve ser só sete horas ainda – disse La.

- Não sei, eu ando muito cansado nesses dias – afirmou Juan bocejando.

- Queria um pouco do seu cansaço – disse Alexandre.

- Ah, para Alex, eu vi você dormindo feito pedra, tá!? – disse July.

Eles sorriram, Alexandre não se importou de tentar explicar alguma coisa, La teve uma dúvida:

- Vocês dormem na mesma barraca?

- Não – disse July.

Alexandre murmurou:

- Infelizmente.

- Oi!? – perguntou July surpresa.

- Quê? – disse Alexandre disfarçando.

- Eu ouvi – disse July.

- Como se você também não lamentasse... – disse Alexandre.

Juan fez uma expressão facial da qual tudo indicaria safadeza:

- Duvido que vocês já não foram para o lepo-lepo.

July corou enquanto os três riram por alguns longos segundos:

- Não – disse July num grito.

- Calma amor, é só brincadeira – disse Alex.

- Rum... – disse July observando a risada de La e Juan e Alexandre que se segurava para não rir, de longe ela viu algo errado, pessoas se mexendo lá no fundo – O que é aquilo?

Alexandre semicerrou os olhos:

- Eles devem ter terminado o treino – sugeriu o garoto.

- Mas por que na enferma... Ah, droga... – disse La.

- Vamos lá, rápido – disse Juan.

Os quatro se levantaram num pulo, andavam rápido, quase que correndo, esbarraram nas crianças que ficaram um tempo sem entende e voltaram a brincar. Como a população adulta tinha sido reduzida e não eram todos os adultos que treinavam, o bolinho ali na enfermaria não era tanto quanto o bolinho que se formara quando acontecera o suicídio da área oito e as pessoas pareciam não se preocupar. Enquanto eles iam atravessando as pessoas, esbarram em Emily:

- O que houve? – perguntou July.

- Foi Lilian, ela passou mal – disse Emily.

- Ela está bem? – preocupou-se Alexandre.

- Está sim só foi uma mal repentino, não precisa se preocupar, – disse Emily – mas se quiser pode vê-la.

- Eu vou – disse Alexandre continuando a andar acompanhado dos dois colegas e July.

Algumas dúzias de passo, abriu o lençol e viu que estava lá sua mãe, Mike, Leonardo e o médico que o atendera dias atrás.

- Então, você sofreu alguma lesão na cabeça? – perguntou Steve.

Lilian bebeu um pouco da água e falou:

- Sim, num acidente de carro e depois eu cai na floresta.

- Eu acho isso incrível, você deveria ter perdido a memória, mas pelo visto você tem labirintite – concluiu Steve.

- Isso tem cura, doutor? – perguntou Leonardo.

- A labirintite ocorre quando os ossículos do ouvido são lesionados e eles são o que dão equilíbrio para nosso corpo, ela não ganhou uma doença para ser curada, ela perdeu o equilíbrio – explicou Steve.

- Tem remédios para isso? – perguntou Leonardo novamente, parecia preocupado.

- Existem, só não temos, mas devem existir pelas farmácias do Hanshas – disse Steve.

Leonardo resmungou:

- Ótimo.

- Mãe, tudo bem? – perguntou Alexandre chegando mais perto enquanto seus colegas ficavam mais distantes.

- Tudo sim – depois referiu-se para o doutor Steve – e eu posso ir agora?

- Claro, se sentir algo, só me chamar, sou da área oito – disse, ele olhou um pouco estranho para Alex tentando lembrar quem ele era enquanto o menino ajudava a mãe a se equilibrar e perguntou – E o seu ombro Alex como vai?

Alexandre tentou disfarçar já que estava perto de sua mãe e não queria que ela soubesse da confusão acontecida:

- Ombro?

- É o ombro de quando você levou porrada lá no terraço – disse Steve.

- Eu?

- Você? – disse Lilian olhando pra ele.

- Vamos, mais tarde te explico – disse Alexandre.

Steve olhou para Leonardo e Mike e resmungou para si mesmo:

- Falei besteira...

[CABEÇALHO, MAIS TARDE]

A noite caiu enfim, as luzes foram apagadas para o toque de recolher e a chuva tinha parado definitivamente. Não eram serenos que caiam, agora o céu estava em apenas nuvens ainda carregadas e trovões de raios que caiam bem longe dali.

Todos dormiam, quer dizer, tinham suas exceções e Emily era uma delas. No banco de sua área escrevia num diário e segurava consigo uma pecinha pequena feito um cartão de memória, ela guardava esta pecinha numa espécie de envelope grudado na capa dura do diário, olhou bem para peça e a guardou.

Iria dormir na sua minúscula barraca quando ouviu um zíper sendo aberto, era a cabana de Mike e nesta o próprio saía.

A única fonte luminosa deles era uma grande vela no centro da área e outras três pequenas nas prateleiras das estantes que eles fingiam ser paredes, o Clark saiu e percebeu que Emily estava indo dormir, ele fez um barulho agudo e baixo com a boca para chamar a atenção da moreninha que voltou e sentou no banco, Mike fez o mesmo.

- Já não está tarde? – perguntou Emily num sussurro.

- Não consigo dormir... – disse Mike.

- Bem feito, isso é consequência do seu sustinho dado nas pessoas lá no terraço! – disse Emily – Caraca, Mike, nunca mais faça isso!

- Eu acho que já ouvi você dizer isso umas duzentas e trinta e quatro vezes – disse Mike sorrindo – parece até meu pai quando brigava comigo.

Emily parou um pouco, sorriu, mas depois pareceu mais séria:

- Você sabe, é a única pessoa com a que me dou bem aqui, não que eu odeie as pessoas, mas eu sei lá... Criei um vínculo com você.

As grandes mãos de Mike ajeitaram aquela mecha de cabelo que caía sobre o rosto pardo de Emily que falava desviando os olhares, o dedo indicador empurrava a mecha até por trás da orelha e fez com que Emily tivesse um pequeno arrepio:

- Você é tão linda.

Emily olhou para ele, suas mãos estavam juntas e os ombros encolhidos, ela parecia ficar tímida, tinha que disfarçar:

- É? Quantos anos você acha que eu tenho?

Mike analisou bem seu rosto:

- Trinta e... Dois?

- Gente! – surpreendeu-se Emily – Estou uma deusa então.

- Por quê? – perguntou Mike numa inocência.

- Eu tenho trinta e oito anos, Mike – disse Emily.

Mike arregalou os olhos surpresos:

- Mas e eu, acha que tenho quantos?

- Com segurança respondo que quarenta e nove – brincou Emily.

Mike colocou as mãos no rosto preocupado enquanto Emily ria:

- Eu sei que você tem quarentão, seu bobo.

- E pareço ter? – perguntou Mike.

- Por que se preocupa tanto com isso? – rebateu Emily.

- Esses dias eu fui me ver no espelho... Estava com a aparência de alguém cansado, velho, triste, deprimente, rabugento... Alguém que carregava tensão sobre si – disse Mike.

- Mas você carrega uma baita tensão, eu vi isso hoje lá no terraço, matar infectados com as mãos? Nunca vi isso, você foi corajoso – disse Emily – na verdade, você sempre foi corajoso – completou depois de uma pausa.

- Não Emily, eu nunca fui. – disse Mike e parou pensativo – Eu sempre fui um homem qualquer que apertava um gatilho imaginando ser raposas no meu galinheiro, apenas raposas. Era tudo que eu mais desejava na minha vida, que fossem raposas atacando galinhas... Eu nunca deveria ter saído daquela casa...

- Acalme-se – disse Emily vendo que ele começava a acelerar nas palavras e aumentar o tom de voz.

- Sabe, somos como um copo – disse Mike e Emily não entendeu e ele explicou – podemos impedir que nós, o copo, transborde botando uma camada no gargalo, um disfarce. Podemos soldar essa camada no gargalo e assim a água nunca transbordará, mas chega uma hora que a água enche o copo demais mesmo tampado e aí, você explode, a tensão te enche te domina – disse Mike – Somos como um copo.

- Ainda acho você corajoso, você fez aquilo, subiu num parapeito...

- Eu precisava daquilo, adrenalina, provar da morte – disse Mike.

- Mas somos como um copo, se cairmos de um parapeito nós iremos virar cacos – disse Emily.

- E quando nós deixamos transbordar ficamos mais leves, e para transbordar temos deixar a gravidade agir – rebateu Mike.

Emily sorriu, ela achou engraçado aquela conversa filosófica dos dois:

- Você é um homem de muito bom coração – concluiu.

- E você uma mulher muito inteligente – disse Mike.

- E medrosa... – completou Emily.

- Para isso, estarei aqui – disse Mike.

- Sempre?

- Não – foi bem realista em sua resposta – mas o suficiente.

- Isso é uma promessa? – perguntou novamente.

- Não, não faço promessas que não sei se vou cumprir – novamente foi bem realista – mas é uma meta.

- Eu preciso de você – disse Emily desviando o olhar.

- Eu também – disse Mike abraçando-a – vamos dormir, mesmo sem sono, precisamos de descanso.

- Tem razão – disse Emily levantando simultaneamente com Mike.

Eles caminharam até suas barracas, abriram os zíperes silenciosamente:

- Boa noite – disseram quase que juntos e entraram.

A noite seguiu-se, mesmo que parecia impossível para os dois dormir tão rápido, eles acabaram dormindo em pouco menos trinta minutos depois que puseram-se a deitar, mas há um motivo para esse sono tão rápido, a felicidade só pelo “boa noite”. Enquanto isso Cleber passava a noite em claro, mesmo com os olhos ardendo de tanto sono ele arrumara amigos só agora e não via a hora de fazer a tal cerimônia, seria um bom jeito de ser mais aceito e admirado pelos coleguinhas.

Ouviu o sinal.

Estava tudo pronto, seu pai estava dormindo há tempos. Começou a abrir a tela de mosquitos, com cautela e sempre olhando para seu pai, viu ele se mexer um pouco e se jogou no colchão inflável para disfarçar caso ele acordasse. Esperou um tempo, seu pai não se mexeu mais. Voltou a abrir a tela, e deixou meio aberta e saiu em passos largos na ponta do pé para não fazer barulho nem levantar suspeitas.

Feito vento deixou sua área.

No corredor achou seus novos amigos, todos ali reunidos apenas esperando por ele, logo que entrou na roda Yumi o recebeu colocando nas mãos dele um objeto.

- Para que isso? – perguntou Cleber vendo o objeto.

- Vamos precisar disso para nossa diversão – disse Yumi.

- O que vai acontecer nessa cerimônia? – perguntou Cleber.

- Diversão – disse Zoe.

- Que tipo de diversão? – perguntou Cleber.

- Quantas perguntas... Mas se você quer saber, é uma diversão que exige muito... Sangue... – respondeu Yumi.

E o objeto que ele tanto estava assustado de ter nas mãos, era uma faca, a faca do mesmo tipo que fora encontrada cravada no crânio da mulher morta na área oito.  


Notas Finais


Agora vem meus capítulos prediletos, "Anti-heróis" está com muitas palavras (ou seja, muito grande mesmo, deu acho que 20 folhas no word), portanto irei dividi-lo em 3 ou 4 partes.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...