Sai do banheiro, fui me aproximando de onde as meninas estavam e reparei nos meninos ali.
Me sentei novamente ao lado de Roberta e esperei por um novo tópico.
- Então, eu conversei com a Sabrina e aparentemente vamos ter que ir para o resort. – Miguel disse olhando para mim, mas eu fingi que não percebi.
- Por que isso?! Achei que continuaríamos com a tour por pelo menos cinco dias... – Roberta questionou.
- Aparentemente o pai do Diego entrou em contato com alguns patrocinadores, e para não perdemos o patrocínio devemos dar uma pausa. – Ele continuou a explicação, agora se sentando junto de nós três a mesa.
- Tinha que ser o Diego a estragar os nossos planos mesmo, nenhuma surpresa quanto a isso. – A ruiva disse rindo em escárnio.
- Olha, Roberta, pra sua informação eu acobertei muito bem a minha vinda até aqui, não sei como meu pai descobriu.
- De qualquer jeito, devemos pegar o avião essa noite e chegaremos ao resort pela manhã. – Giovanni completou.
- Bom, isso nos dá mais uma tarde para passarmos aqui. Por que não almoçamos e depois descansamos? Não sei vocês, mas eu ainda estou bem cansada. – Lupita disse e eu concordei com a cabeça.
Depois da sua fala, todos nós nos levantamos e nos servimos no self-service do hotel. Esperei pacientemente Miguel se sentar em uma mesa para eu sentar na outra com Roberta e Lupita me acompanhando.
Almoçamos em silêncio. Nenhuma de nós tinha muito o que falar depois daquela notícia, apenas que lamentávamos não poder estar com nossos fãs novamente em tão pouco tempo.
Sempre fui de comer pouco e esperei por Roberta. Deixamos nossos pratos na mesa e informamos Lupita que estaríamos no quarto da ruiva.
- Aproveitem, meninas. Eu vou para o meu quarto descansar um pouco mesmo, não menti quando disse estar cansada ainda.
Apenas assentimos e fomos juntas até o elevador. Após entrarmos e a porta se fechar, arrumei coragem e como quem não queria nada, levei minha mão esquerda até a direita de Roberta, que repousava ao lado do seu corpo. Fazia tempo que não tínhamos um contato mais íntimo e eu estava enlouquecendo com aquilo, ainda mais depois da notícia que voltaríamos, em parte, para nossa vida normal com os nossos colegas de classe.
Vi pelo canto de olho Roberta sorrir e apertar nossas mãos juntas.
Chegamos ao nosso andar e caminhamos com nossas mãos coladas até seu quarto.
- Então, Barbie... Tem alguma ideia do que podemos fazer?! – Roberta me levou até a cama, me sentou no canto dela e se colocou entre minhas pernas abertas e que estavam fora da cama.
- Podemos ficar deitadinhas e conversando um pouco, compartilhando algumas coisas pessoais. – Nossas mãos ainda estavam unidas e eu a acariciei com meu dedão. – Tem muitos segredos que ainda não sabemos uma da outra, e eu quero saber de tudo que envolve você.
Daquele jeito existia uma diferença de altura entre nós, na qual ela ficava mais alta. Ela soltou nossas mãos e acariciou meu rosto com sua mão esquerda, afastando os meus fios loiros e os colocando atrás da minha orelha direita.
- Convivemos dois anos juntas, existe algo que ainda não saibamos uma da outra? – Pardo questionou e eu fiz a minha maior cara de cachorro que caiu da mudança.
- Claro que existe, por exemplo: essa minha orelha que você está acariciando é maior que a outra orelha. – Compartilhei sentindo um pouco de vergonha pela minha falha. Meu processo de amadurecimento ainda me fazia ficar receosa em admitir que tenho falhas e que elas podem estar relacionadas a minha aparência, mas fazia parte. Ninguém é cem por cento perfeito.
- Está brincando, não está?! Eu não vejo diferença. – Ela riu de mim e começou a acariciar a outra orelha também com sua mão direita.
- É sério, eu te juro.
- Bom, tem algo que as pessoas não sabem sobre mim, mas que posso compartilhar com você. – Disse se encaminhando para se sentar no meio da cama. Me aproximei dela e fiquei sentada de pernas cruzadas na sua frente, assim como ela.
- Prometo não contar a ninguém. – Jurei novamente.
- Não precisa prometer nada, Barbie. É só algo que as pessoas assumem sobre mim. – Ela olhou pra baixo, como se estivesse reunindo coragem para me contar. – Eu ainda sou virgem.
E lá veio uma informação que eu não esperava. Roberta saiu com diversos rapazes e eu esperava que ela já tivesse feito com ao menos um. Com o Diego eu duvidava um pouco, mas os outros eram mais velhos e mais experientes que ela.
- Acho que fico aliviada com esse fato. – Eu disse virando de costas para ela e me inclinando para deitar a cabeça em seu colo, ficando deitada na cama. – Eu também sou virgem e você sendo também nos deixa na mesma página.
- Mas, Mia, não é por eu ser virgem que eu não sei como funciona as coisas... – Eu assenti e ela continuou, - com ambos os sexos.
Naquele momento eu congelei. Eu sabia como funcionava com um homem e uma mulher porque é a anatomia funcional mais comum e que todos sabiam, mas com outra mulher pra mim era novidade. Era a primeira vez que eu me interessava por uma garota e eu não sabia nem como começar um toque mais sexual.
- Você foi sincera comigo, então acho que devo ser sincera com você. – Fechei os olhos e comecei a sentir suas caricias no meu rosto. – Eu não sei muito sobre isso. Na verdade, não sei nada.
- ‘Tá tudo bem, Mia. Isso a gente aprende juntas e com o tempo. O mais importante de tudo, é a confiança que vamos depositar uma na outra. E sempre sermos verdadeiras. Eu sinto desejo por você, não nego, porém não me incomodo de esperar você sentir o mesmo por mim. Junto da paixão vem a vontade de querer estar junto. É natural.
- Você realmente não se incomoda de me esperar?! Porque eu sinto que foi isso que fez Miguel me trair. – Eu odiava trazê-lo para nossas conversas, mas foi necessário. Esse era meu maior medo. Roberta desistir de me esperar e procurar em outra pessoa o que não achou em mim.
- Meu amor... – antes que eu pudesse surtar pela forma como me chamou, ela continuou, - eu jamais desistiria de alguém que me faz sentir tantas coisas boas, loucas e diferentes apenas por não ter o sexo em si. Saiba que só o seu beijo, carinho e confiança me bastam no momento. Não me vejo exigindo de você algo que não pode me dar. Vou esperar por você o tempo que for preciso, porque sei que nenhuma outra pessoa vai conseguir me fazer sentir o que estou sentindo agora, só de ter você comigo e poder acariciar seu rosto com as minhas mãos.
Depois disso, nada mais precisou ser dito. Nos arrumamos na cama, deitamos uma de frente para a outra e trocamos um beijo inocente e singelo. Um beijo que não precisava de razão ou explicação, assim como nós.
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