História Desejos ocultos (Catradora) (G!P) - Misto de emoções

POV - Catra

Recebi a notícia através de uma mensagem da minha antiga vizinha Octávia, ela era amiga minha quando eu morava lá mas não tínhamos contato, recebi a mensagem pelo Instagram onde ela me achou, por mais que eu despreze meu pai, ele é meu pai, a mensagem dizia que o velório seria as 14:00 horas no cemitério de Fear Zone pensei em não ir mas penso que posso me arrepender depois por não dar o último adeus. Estou na minha casa me arrumando para ir ao velório, saímos cedo da casa de Glimmer.

- Adora você não precisa ir comigo, aproveite seu domingo, não quero te atrapalhar. - Eu digo, ontem a noite após eu anunciar a morte dele não conversamos, eu apenas me aconcheguei nela e fiquei pensando enquanto ela me fazia carinho.

- Catra eu irei com você e não se fala mais nisso, apenas vamos passar rapidamente no dormitório para eu me trocar, você nem precisa entrar me espere no carro. - Ela diz firme, enquanto eu vestia uma calça jeans, uma blusa, all star e  uma jaqueta preta.

- Você é um amor Adora. - Eu a beijo com carinho e sinto ela suspirar. - Bom estou pronta vamos.

Chegamos no campus e fiquei esperando a Adora no carro como ela disse e enquanto isso eu pensava como eu posso estar assim tão calma, me passou as lembranças de quando éramos uma família feliz, quando ele me tratava bem e acho que até me amava, em seguida me vem a mente o quanto eu apanhei e quanto fui negligenciada por ele, ele bêbado me xingando e nem sequer se preocupava comigo, me sustentava por obrigação, todas as mágoas apareceram e eu começo a chorar, não por ele ter morrido mas por ele ter estragado a minha visão de família feliz, por não ter alguém pra me apoiar por todos esses anos. Ele estragou minha confiança nas pessoas, eu me sentia um lixo. Escuto batidas na janela do carro e olho pra ver quem era, abro o vidro.

- Catra... você tá bem? - Pergunta Lonnie.

- Sim estou, apenas lembrei de algo. - Digo limpando as lágrimas e saio do carro pra dar uma respirada.

- Deve ser algo bem doloroso pra você chorar, mas seja o que for não fica assim. - Diz Lonnie dando um sorriso e colocando a mão em meus ombros.

- Obrigada Lonnie, não conte a ninguém que me viu chorando, não estrague minha reputação. - Digo dando um sorriso fraco.

- Pode deixar, Badcat, sua reputação ficará intacta. - A gente ri e Adora chega.

- Hey Catra, oi Lonnie e tchau Lonnie. - Adora diz e entramos no carro.

- Nossa Adora que deselegante. - Digo dando um sorriso.

- Amor eu disse oi e tchau, fui bem educada.

- Amor? Sou seu amor Grayskull? - Ela fica vermelha.

- Ah... bom.. é um jeito de cha... - A interrompo.

- Eu gostei Adora relaxa, você continua fofa. - Dou um beijo em seu rosto e coloco minha cabeça em seu ombro entrelaçando nossas mãos.

                    Fear Zone

Chegamos as 14:30hrs no cemitério. Fui em direção onde estavam poucas pessoas aglomeradas mas eu as reconhecia, alguns vizinhos, um tio que eu vi 4 vezes na vida e Shadow Weaver, estava mais acabada que nunca.

- E ai Catra quanto tempo, você tá uma linda mulher, sinto muito pelo que aconteceu com seu pai. - Diz Octávia me dando um abraço de conforto.

- Ah... Obrigada... - Cumprimento os demais porém me mantenho longe de Shadow Weaver. Se passa todo o lance fúnebre e meu pai é enterrado, fico ali olhando para a lápide ao lado, a lápide de minha mãe.

- Sinto sua falta, me desculpa por não ter te socorrido, me perdoa. - Eu digo e sinto lágrimas caírem, também sinto alguém segurar minha mão, é Adora.

- Helena Lopez Prime, nome bonito, não sabia que você tinha sobrenome Prime.

- Não tenho, eu tirei, uso apenas o da minha mãe. - Digo a abraçando. - Obrigada por estar aqui comigo.

- Estarei com você em qualquer lugar Catra, não vou te deixar. - A gente se beija mas somos interrompidas por uma voz irritante.

- Ainda bem que seu pai morreu e não está vendo essa pouca vergonha, você colando velcro seria a maior decepção dele.

- Cala a boca sua cretina aproveitadora. - Eu digo indo em direção a ela mas Adora me segura.

- Pelo menos ele você não matou, esse peso você não carrega. - Lágrimas começam a sair dos meus olhos.

- Olha aqui com todo respeito minha senhora, vai te fuder, quem você pensa que é pra falar com Catra desse jeito sua mal amada, não respeita nem os mortos, se bem que com essa cara já está quase se juntando a eles. - Diz Adora me defendendo.

- Como ousa falar comigo desse jeito sua insolente, eu não lhe dei intimidade. - Diz Shadow Weaver.

- Vamos sair daqui Catra antes que eu faça uma besteira e que com toda certeza não irei me arrepender. - Ela me puxa e caminhamos em direção ao carro mas somos interrompidas por um homem engravatado.

- Você é Catarina Lopez Prime?

- Só Cata... deixa pra lá, sim sou eu e você quem é?

- Ryan Evans, advogado. - Ele estende a mão para mim e para a Adora. - Bem seu pai sabia que ia morrer, ele estava com câncer na próstata e não cuidou então se espalhou, ele tinha poucos meses de vida e sabia, lhe deixou essa carta e lhe deixou essa quantia em dinheiro que foi resultante da venda da casa. - Ele diz e eu olho o papel que dizia várias coisas mas ele fez questão de apontar para o valor.

- Pelos deuses 150 mil dólares valia aquela velharia? E como ele vendeu com aquela velha idiota morando lá? E por que ele deixou pra mim ele me odiava. - Pergunto com uma cara surpresa.

- Aquela casa está localizada em um ponto perfeito para a expansão e revitalização da Fear Zone, ali serão prédios de luxo, seu pai demorou para vender, os empresários insistiram por anos e ele fechou por esse valor, o por quê ele deixou pra você ele disse que está escrito na carta e sobre aquela senhora. - Ele aponta para Shadow Weaver. - Ele a expulsou da casa há alguns meses e proibiu a entrada dela tanto na casa quanto no hospital, eu fiquei responsável por isso, enfim preciso que você assine os papéis para que eu lhe dê o cheque. - Assinei e ele se despediu.

- Isso foi... estranho, nossa eu realmente estava por fora de tudo que ocorria por aqui e esse dinheiro por que deixar pra mim? - Ainda estou incrédula.

- Catra você tá rica, agora você pode se despreocupar com algumas coisas, você pode se mudar como queria e vo…

- Não Adora, não vou usar esse dinheiro, eu cheguei onde cheguei sem a ajuda dele e vou seguir assim, se um dia eu usar será em alguma urgência e olhe lá só em último caso, quem sabe. - Digo isso a ela e vou em direção ao carro. - Vamos?

O caminho até Etéria foi silencioso, apenas com uma música baixa que Adora colocou, eram 2 horas de viagem de Etéria até Fear Zone, no caminho me lembrei da carta, respirei fundo e a abri.

                      Carta

"Catarina minha pequena, espero que essa carta chegue em suas mãos e que você a leia, eu não fui um bom pai, sinceramente, nem posso dizer se fui um pai, talvez quando sua mãe estava viva.

Nada que eu diga pode justificar o que fiz com você, eu não aceitava a morte de sua mãe e lhe culpava, sua mãe era a razão da minha vida, eu vivia por ela e quando ela morreu eu morri, eu olhava pra você e via ela e isso me matava. Eu não conseguia te olhar às vezes por que doia demais, eu me afundei no álcool, vivia bêbado, gastava em drogas, eu te agredia por acreditar naquela mulher, ela me disse que foi ela que vendeu a correntinha a poucos meses e eu confesso que ter esse câncer é pouco pra mim, não acreditei em você, minha própria filha, sangue do meu sangue, me deixei levar pela perda, pela raiva, por tudo, eu nem sei como você está, se está bem, eu sei que está viva pois a Octávia me mostrou uma foto sua e você está igual a sua mãe Catarina. 

Eu não vou pedir perdão por que eu não mereço perdão e o universo tratou de fazer com que eu tenha uma morte lenta e dolorosa. Vendi a casa, não deixaria para aquela mulher e sei que você não voltaria pra lá, ela está valendo muito, a Fear Zone está virando cidade de gente chique então o mínimo que posso fazer é lhe dá o dinheiro, sua mãe iria querer isso.

Tenha uma boa vida Catarina, seja feliz, acredite nos seus sonhos, não desista e não abaixe a cabeça para ninguém.

Hordak Prime"

- Adora você dorme comigo hoje por favor? - Peço secando minhas lágrimas.

- Claro que sim meu amor, você pode contar comigo pra tudo. - Ela pega minha mão e beija.

- Você é a melhor coisa que me aconteceu Adora jamais esqueça disso.