História Desprezo - Snames Snack Snupin - Capítulo 2 - Traumas

–Me desculpe... Eu não deveria ter ido – Dizia Severus enquanto apertava com força os lençóis de sua cama – Acabei com sua noite, sinto muito.

Snape mordeu fortemente os lábios,ainda apertando com força os lençóis e cobertores, sua expressão era uma mistura de raiva e dor, pequenas lágrimas se formavam em seu olho.

–A culpa não foi sua! – Régulos gritou se exaltando de raiva. Quando percebeu que seu grito havia assutado Snape, que recuou para trás apertando os olhos, o Black se endireitou e sentou em sua cadeira novamente.

Quando Severus se acalmou, o Black mais novo agarrou sua mão, e usando a mão livre, a levou em direção aos cabelos negros do outro e afastou poucos fios de cabelo que tapavam seu rosto.

–Não se culpe por algo feito o incidente – Régulos disse calmo, porém sua feição era de alguém sério estritamente preocupado. Ele não conseguia deixar de ficar denso sobre a situação, se sentia profundamente mal, como se tivesse sentido parte da dor – Você não teve culpa nenhuma. O único culpado foi o estúpido de meu parente de sangue, se alguém estragou minha noite, essa pessoa com certeza foi ele – O Black mais novo mantia seu tom de voz autoritário e persuasivo. Esse era o momento em que os demais questionavam Régulos Black, que, seu tom de voz, postura e etiqueta não batiam com sua jovem idade.

Snape não pode se sentir melhor com as palavras do Black. Não era a primeira vez, Severus tinha a infeliz capacidade de conseguir colocar a culpa de tudo sobre si. A tempos, tudo que ocorria de ruim, o Snape insistia em querer se culpar, e Régulos entendia perfeitamente, era mais fácil culpar a si mesmo do que apontar um culpado e inutilmente tentar abolir sua raiva no apontado.

O silêncio predominou o quarto. Severus fungava e soluçava com suspiros baixos, com lágrimas pequenas que apenas aumentavam com o tempo, o rosto vermelho e pequenas olheiras abaixo dos olhos chorosos. Régulos encarava Snape com uma expressão séria, bem, expressar seus sentimentos nunca foi exatamente seu ponto forte. Na verdade, nunca foi de nenhum Black. Régulos apenas conseguia encarar Snape, as vezes seu olhar estreitava e fazia algo parecido com uma expressão de dor. Os olhos do Prince estavam embaçados demais por conta das lágrimas para perceber isso.

–Madame Ponfrey só voltará pela manhã. Terá que se contentar com meu curativo até lá – O Black mais novo disse rindo sem humor, até Severus foi capaz de perceber isso, mas sorriu delicadamente para o mais novo mesmo assim.

Severus levou a ponta de seus dedos até seu rosto, onde estava o predominado curativo de Régulos. Era uma simples atadura que foi envolvida de sua testa até pouco abaixo de sua bochecha. As ataduras cobriam metade de seu rosto, mas Snape ainda não podia deixar de sentir dor. Mesmo que Régulos tenha lhe dado uma poção para amenizar a dor e um remédio calmante, ele ainda podia sentir perfeitamente a dor de quando a garrafa de vidro foi quebrada em si, como se tivesse sido agora pouco mesmo que já tivessem se passado horas. Ainda sentia o local ardendo como um inferno e sentia como se pudesse sentir o sangue escorrendo por toda metade de sua face até o chão.

Seus dedos eram magros e leves, então não doía o toque enquanto passava pelas ataduras que cobriam seu rosto.

Severus deu um sorriso calmamente para Régulos, na tentativa de acalmar o Black estressada. Porém Régulos viu claramente a dor embutida naquela falsa demonstração de calma.

Régulos levou sua mão até a testa de Severus, tirando alguns fios de lá e colocando sua mão como se medisse a temperatura, algo que não daria certo já que essa parte estava coberta de curativos que ele próprio colocou.

Severus tentou conter sua expressão de dor quando o Black colocou sua mão em seu rosto, porém isso logo foi perceptívo para o mais novo, que se sentiu doer ao ver que causou dor ao outro garoto que era tão importante para si.

–Nunca mais, nunca, sequer imagine que a culpa do que ocorreu hoje foi sua – Dizia o Black com uma voz relativamente tranquila comparada a antes.

Severus sentia uma onda de calor enorme percorrer seu corpo, já não doía tanto o toque do Black mais novo e ele já não sentia vontade de chorar. Sua voz agora era doce e preocupada, e o mais novo olhava diretamente em seus olhos com um olhar firme e ligeiramente atencioso.

–Vá dormir. – Foram as palavras do Black, que logo fechou os olhos, se afastou e deu as costas para o garoto de cama – Foram muitas emoções para um dia só, está tarde, e você precisa descansar mais do que nunca agora, se quiser melhorar – Seu tom de voz agora era mais firme e tentava não vacilar, porém ele temia suas palavras serem duras demais.

Severus fez menção de que falaria algo, mas desistiu vendo o Black se afastar rapidamente mostrando que sairia do quarto. Snape decidiu seguir o conselho do mais novo e se ajeitou dentre as cobertas para dormir. Era uma das vantagens de se ter um quarto só seu, não tinha encomodos.

Régulos apagou as luzes saindo do quarto com mais rapidez que o necessário, vendo de reflexo o garoto menor se deitar sonolentamente.

–Já enviei uma carta para meus pais acoando a situação, provavelmente estarão aqui pela manhã – Disse o Black mais novo de maneira fria e dura, enquanto encarava o chão, após fechar a porta do quarto do Prince.

Olhando de canto de olho, Régulos encarou o corretor que dava uma curva. Não demorou a saírem três figuras que se escondiam ali.

–Direto e rígido como sempre, não é Régulos?– Dizia Narscisa com um sorriso presunçoso e sarcástico no rosto, a expressão do Black mais novo não mudou.

–E Severus? Como está? – Perguntou Lucius de forma direta, porém sem deixar-te lhe escapar as emoções como sua Noiva.

– Estável – Foi tudo que o Black mais novo disse por um momento, o Malfoy, sua prima e o prometido de sua outra prima continuavam a o encarar – Sua situação é estável. Fiz um curativo a moda trouxa com as ataduras que tinham no banheiro, foi o máximo que consegui fazer improvisando. Já que Madame Ponfrey está fora do castelo e só retornará pela manhã, não tive muitas opções – 

O silêncio predominou o corredor, porém as expressões dos três sonserinos no final do corredor pareciam mais aliviada.

–Não deveriam estar na cama? Já são três da manhã e incidentes não são desculpas para burlarmos as regras – A rigidez de Régulos era notoria e um pouco assustadora. Nenhum garoto tão jovem deveria ter expressões tão rígidas e postura tão ereta. Agia como um adulto, e suas atitudes pareciam de um Lord severo e impiedoso.

–Oh, Sinto muito! Porém uma garrafa foi quebrada na cabeça de um amigo nosso, e dês de então ele está trancando em um quarto que, um certo alguém, proibiu a entrada dos demais – A Black mais velha alfinetou com sarcasmo.

–Aglomerações iriam assusta-lo, não seria bom para sua condição – Régulos disse levantando a voz, porém sem desfazer sua postura impecável.

–Não é hora de intriga, gente – Rodolph disse severamente calmo, dando um “Basta” na troca de alfinetadas entre os Black.

–Os parentes de Snape já foram comunicados também. Agora dependerá unicamente das futuras ações de Severus – Lucius disse pegando sua noiva delicadamente pelo braço e a puxando para longe do primo.

–Você demorou a trazê-lo de volta para a comunal depois do tumulto, Black – Alfinetou Rodolph, quando viu que o casal de loiros já havia se distânciado e tomado rumo pelo corredor. Régulos sentiu uma tensão absurda em seus ombros, as palavras calmas do Leastreng eram claramente um “Exijo uma explicação clara” disfarçada com palavras doces, Régulos se sentiu denso novamente, porém ele era um Black, estava acostumado com tamanho sentimento.

–Demorei a pegá-lo. Ele correu ao lado de fora do castelo, e não tenho físico para tanta correria – Régulos disse sorrindo calmamente, olhando diretamente nos olhos do Leastreng. Era mentira, Rodolph percebeu isso.

Na verdade, Régulos demorou a encontrá-lo, pois Severus estava escondido acoado em uma sala de aula. Ele tremia e chorava, tanto que até tentou agredir o Black quando não o reconheceu. Régulos não queria pensar nisso, realmente não queria entender a situação. Afinal, ele também tinha traumas. Ele cresceu na residência da família Black, onde ou você seguia as regras ou as regras te seguiriam até o inferno. Ele também tinha traumas, muitos, e não gostava nem um pouco de falar sobre eles. Ele não era bom em expressar ou sequer entender emoções, mas sabia quando alguém precisava de espaço pessoal.

Rodolph apenas o encarou com um sorriso frouxo e aparentemente calmo. “Sei que mente, mas se é assim, te darei espaço” era oque sua expressão verdadeiramente falava.

Régulos engoliu em seco vendo ele passar por si no corredor, e finalmente, quando o outro sumiu de sua visão, ele pode soltar o ar que sequer lembrava de quando começou a prender.

Régulos sabia que era assustador, ele era extremamente assustador para uma criança da sua idade, mas na real, todos eram. Todas as crianças que nasciam sobre ele maldito velo de pureza de sangue, estavam fadadas a esse mesmo destino cruel. Sequer havia escolha... Eles foram condenados no momento em que nasceram.

O Black suspirou, estava cansado, mas não iria dormir. Não, seus sonhos não o permitiriam dormir... Ele não... Era digno de coisas banais assim.