História Destinados - Alguns anos atrás - Verão

Alguns anos atrás…

-Mãe? Pai? Tem alguém em casa? - Levy andava pela sala hesitante, segurando a alça de sua velha e surrada mochila com força. Aparentemente não havia ninguém em casa, ou talvez todos tivessem ficado surdos nesse um ano em que Levy ficou na Terra – Mãe? Pai? Wendy? - tentou novamente, porém continuou sem obter nenhuma resposta – Droga! Não tem ninguém nessa casa? - o sussurro indignado fez até eco, foi quando resolveu parar de procurar e foi diretamente para o seu quarto.

Subindo as escadas com passos rápidos e silenciosos, seguindo o mesmo ritmo pelo corredor da ala leste, chegando quase correndo na entrada do quarto.

Assim que entrou, tirou as botas, se apoiando na batente da porta, e as jogou num canto qualquer, fez o mesmo com a mochila, colocou a jaqueta no cabideiro que estava ao seu lado, fechou a porta atrás de si e praticamente voou até a escrivaninha.

Chegando lá, se sentou e retirou papel e caneta de uma das gavetas, apressadamente começando a escrever, ao terminar analisou o papel cuidadosamente enquanto mordia a tampa da caneta.

"Eu voltei! Foi um longo ano sem poder conversar do jeito que eu queria, senti muito a sua falta, espero que esteja bem e com muita saúde.

Eu juro que queria ter te mandado mais cartas, porém as coisas na terra são uma loucura, é muito difícil fazer certos tipos de feitiço, principalmente transportar coisas para outro universo.

Eu espero que você me perdoe por isso, Mestra.

Agora sem querer parecer incômoda ou impertinente, até mesmo apressada, queria saber se você pode me ajudar com uma decisão importante.

De sua pupila, Levy McGarden

PS: Eu preciso de uma resposta imediata."

Após decidir que estava boa o suficiente, ela a colocou dentro do envelope, escrevendo o nome do correspondente e a enviando através de magia para o mensageiro dele.

Levy fechou os olhos e respirou fundo, se levantando da cadeira e se afundando na cama de bruços.

Ela havia se metido em uma grande confusão e não sabia como resolver, após alguns minutos deitada ela adormeceu ainda pensando no “problema” que tinha em mãos.

Depois de uma hora, a azulada acordou subitamente, sentindo o estômago embrulhar e a bile subir pela garganta, mais que imediatamente ela se levantou e correu para o banheiro com uma das mãos na boca e outra na barriga, assim que chegou lá se debruçou sob a privada, abriu a tampa e despejou todo o almoço e café da manhã que havia comido.

Quando não tinha mais nada em seu estômago, ela se levantou e deu descarga.

Limpando a boca com a palma da mão, ela abaixou a tampa da privada e se sentou sobre ela, sem se importar com germes ou qualquer outra coisa.

Levy passou algum tempo ali pensando e então resolveu agir, só ficar aflita não ia ajudar em nada, ela tinha que tirar tudo a limpo, como não podia confirmar com os verdadeiros culpados que provocaram essa confusão, ia ter que descobrir por si mesma.

Com esse pensamento,a jovem se levantou e cuidadosamente foi até a pia.

Se olhou no espelho, notou como havia emagrecido, já que não tinha tido muito tempo para a alimentação na terra, em como as olheiras estavam roxas, pareciam hematomas de tão escuras, os lábios estavam rachados pelo inverno terráqueo, e em como seus cabelos estavam uma bagunça, parecendo um ninho de passarinho,

Respirou fundo vendo o quão diferente estava, não só fisicamente, mas mentalmente também, tudo havia mudado, mais do que ela gostaria.

Levy escovou os dentes, prendeu o cabelo em um coque, passou corretivo nas olheiras e um batom vermelho nos lábios, se olhou no espelho novamente e sorriu.

-Bem melhor… - murmurou enquanto colocava alguns fios de cabelo atrás da orelha. Saiu do banheiro e foi à procura das pantufas pelo quarto, encontrando as mesmas debaixo da cama.

Ela as calçou, pegando a mochila que estava jogada no chão e indo de encontro ao lugar desejado.

Levy estava passando a mão vagarosamente pelas prateleiras à procura do que queria, achando uma sessão inteira daquilo, com várias marcas e preços diferentes, estava totalmente perdida já que nunca havia comprado disso antes, e do fundo do seu coração, esperava nunca ter que precisar comprar

Mas o que Ethan disse a deixou com uma pulga atrás da orelha, se ele estivesse minimamente certo Levy seria capaz de retornar a terra só para matar aqueles idiotas ao qual ela se viu obrigada a cuidar nos últimos dois anos.

Ela analisou por muito tempo os produtos e finalmente pegou o mais moderno que havia, era um pouco caro, porém dinheiro, com certeza, não era o problema ali. Ela seguiu pelo corredor calmamente, tentando com todo o seu ser não correr até o caixa, e olhando em volta reparou que era a única cliente que havia na farmácia, o que achou meio estranho, foi quando se lembrou que não estava mais na terra e que seres sobrenaturais raramente se sentiam doentes ou se feriam.

Após pagar pelo produto, recebendo um olhar curioso da atendente, Levy saiu em disparada para casa, correu como se não houvesse um amanhã, e talvez realmente não houvesse para algumas pessoas.

Assim que chegou subiu as escadas com um foguete, abriu a porta do quarto rapidamente e foi direto para o banheiro, fechando a porta num baque.

Abriu o produto sem nenhuma delicadeza, leu as instruções cuidadosamente, seguiu passo a passo e sentou na privada para aguardar o resultado, estava tão ansiosa que roeu todas as unhas da mão e quando estava prestes a roer as dos pés o relógio temporizador apitou, num claro sinal de que já estava pronto.

Com as mãos tremendo ela pegou o produto e, mesmo não querendo, olhou o que dizia.

-Droga, droga, droga! Não pode ser! - sussurrou desesperada olhando para aquilo – Eu vou matar aquele casal de inúteis! Eles não fizeram isso comigo! Eles não podiam ter feito isso comigo! NÃO TINHAM O DIREITO DE FAZER ISSO COMIGO!- quase chorando, olhou novamente para o objeto em suas mãos, na esperança de que o resultado tivesse mudado, porém nada havia acontecido, ali estava ele.

‘Positivo

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