ÂNGELA
Teriam se passado horas... ou minutos, não sei ao certo. Acordei com a voz de Tristan me chamando:
- Angela, acorda. - mas ainda não abri os olhos, a luz estava muito forte. - Angela.
Para minha surpresa, ele parecia verdadeiramente preocupado.
- Angela... por favor. - pediu.
Finalmente abri os olhos, cobrindo-os com a mão, para amenizar a luz. Estavamos em meu quarto.
- Você estava tendo um pesadelo. - falou.
- Eu sei. - não conseguiria esquecê-lo mesmo que quisesse. - Como entrou aqui?
- Christopher disse qual era seu quarto, - disse me dando uma chave presa por uma fita branca. - e me deu essa chave. Sabe, esse quarto sempre esteve trancado. Ele não é, nem um pouco, a sua cara.
Meu quarto tem todas as paredes brancas. Seu carpete é de um tom de azul-gelo. Um espelho ocupa toda uma parede. Os móveis também são brancos e o mesmo tom de azul. Tanta o abajur, quanto o candelabro no teto, são cheios de pingentes cristalinos. Minha mãe me ajudou a decorar. Eu lhe disse que queria que parecesse o meu próprio castelo de gelo. Ela disse que como princesa eu não merecia nada menos. Com certeza, não é nem um pouco no estilo da garota que sou hoje. Ou que tento ser.
- Eu não era assim antes. - resmunguei, e então me lembrei - Chloe...
- Christopher a levou para o quarto dela. - disse ele. - Ele esta bem. Torceu o tornozelo e bateu a cabeça com força, mas o curei. O que o monstro fez com a Chloe? - perguntou Tristan.
- É como um almoço psíquico. - falei meio grogue. Ele pareceu confuso. - Ele... se alimentou dela. É isso que os daimons fazem. Mas, como ela está?
- Inconsciente.
- E você?
- No momento estou apenas cansado, usei muito energia. Tive que assumir o controle da barreira por um tempo. E do escudo também, depois que você desmaiou, mas passei para o Christopher um pouco depois dele acordar. Posso tentar curar a Chloe depois.
- Pode tentar, mas não tenho certeza de que irá funcionar - repondi. Minha voz quebrou. Lágrimas lutavam para cair dos meus olhos.
- Shhh, não se culpe. - falou como se soubesse tudo que eu estava sentindo. - Ela vai ficar bem.
- Ela tem que ficar bem. - falei me levantando. O mundo girou ao meu redor, e me apoiei na beira da cama para não cair.
- E você, - perguntou. - está bem?
- Sim. - respondi. - Só... usei energia demais.
Deixei o quarto com Tristan logo atrás de mim. Limpei as lágrimas que teimavam em querer escorrer e fui para o quarto da Chloe. Ela estava estendida na cama. Chris estava com as mãos sobre o seu peito, ele murmurava palavras e os olhos dele estavam fechados. Estava tentando cura-lá.
- Tristan - chamei. Minha voz fraca, até para meus ouvidos.
- Sim? - perguntou.
- Ligue para Laura, certo? - pedi.
- Tudo bem, mas...-
- Por favor. - cortei-o. - Quando você voltar eu te explico tudo.
- Certo.
Depois que ele saiu sentei ao lado de Chloe. Olhei a garota alta, ruiva, de olhos verdes, não reconhecendo naquele momento, a garota forte e decidida que me aceitou como uma irmã caçula. Que cuidou de mim, quando mais precisei. Nesse momento, ela era pura fragilidade.
E a culpa era minha.
TRISTAN
Quando voltei ao quarto de Chloe, vi Ângela de costas para mim. Estava penteando com os dedos, o cabelo cacheado de Chloe para fora do rosto, carinhosamente.
- Do que exatamente, aquela coisa, o daimon, se alimentou? - indaguei, guardando o celular no bolso de trás.
Ângela enrrijeceu, mas foi relaxando aos poucos.
- Do espírito. Da alma. Da força vital da Chloe. Seja lá como você chama isso. - respondeu.
Suas emoções eram de pura tristeza e culpa. Uma súbita vontade de conforta-lá, me encheu, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Christopher, que não estava mais tentando curar Chloe, perguntou:
- E minha mãe?
- Já estava voltando. - falei, indo sentar ao lado de Ângela. - Ela chegará logo. Mas a Chloe... temos que tentar cura-lá.
- Não é como um osso quebrado. - disse Ângela - Não pode ser curado assim. O Chris já tentou feitiços de cura e o poder de Apolo. Nada deu certo.
Algo me dizia que tentar era a coisa certa a fazer.
- Não importa. - disse a eles. - Posso fazer isso. Christopher, vou libertar a barreira. Você assume.
Ele assentiu.
Coloquei as palmas abertas próximo ao coração de Chloe, e me concentrei, enviando vibrações de cura. Depois de um tempo, percebi que não estava funcionando, minha energia estava se esvaindo rápido demais e minhas mãos tremendo. Quando eu estava a ponto de desistir, senti alguém pondo as mãos sobre as minhas. Olhei para cima e meu olhar se encontrou com o de Ângela, acenei para ela e voltei a me concentrar. O efeito foi rápido, uma luz branca fluiu de nossas mãos juntas se infiltrando pelo corpo de Chloe, após alguns segundos ela abriu os olhos e deu um sorriso fraco.
- Os escolhidos finalmente despertaram. - sussurrou.
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