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História Destiny - JIKOOK - Nineteen


Escrita por: Sweet_Kpopper

Notas do Autor


Boa Leitura! ^^

Capítulo 20 - Nineteen


Fanfic / Fanfiction Destiny - JIKOOK - Nineteen

“Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.”

~ Autor Desconhecido

JIMIN

Tenho me adaptado bem à nova fase de minha vida, mas confesso que o convite para jantar em meu restaurante favorito veio no momento certo. Jungkook está acompanhando de perto a evolução, por isso faz de tudo para proporcionar uma recompensa sempre que pode.

O vejo sorrir diante as minhas ações, como se estivesse orgulhoso de extrair o que de fato há de melhor em mim. Eu estava submerso em um monte de futilidades, apegado a coisas tão superficiais que nem sequer conseguia ver valor em pequenas coisas e gestos.

Meu namorado é um ótimo professor nesse quesito, além de minha sogra que tem sido como uma mãe para mim. Seu instinto materno me enxergou desde nosso primeiro encontro, enquanto eu a julguei por roupas simples e comportamento singelo.

Conviver com a família Jeon me ensinou que não preciso me apegar às etiquetas para ser amado por alguém, além de me fazer enxergar aqueles que estavam ao meu lado apenas por status. Passei a entender que não preciso pagar por companhia, e que as pessoas que me amam de verdade, desenvolveram tal sentimento por quem eu sou e não pelos números em uma conta bancária.

Jungkook me conheceu quando eu tinha tudo, e me acolheu quando o mundo arrancou até mesmo minha sanidade.

O dei meu coração na primeira troca de olhares, mas o medo e as feridas trouxeram à tona a pior versão que aprendi com meus pais. Me arrependo destas atitudes, de cada palavra ou ação dita a alguém que apenas quis me mostrar a verdade nua e crua, ainda que seus métodos sejam prontamente questionados.

Busquei em seu guarda-roupas as peças para usar, notando o quão confortável aquilo parecia diante de seus olhos. Por ora iremos dividir muitas coisas, e a forma que isso parece ser normal para ele me deixa mais seguro.

Jungkook me trouxe a definição de lar, e isso não envolve paredes de concreto, piso de mármore ou lençol de seda. Em seu peito me encosto para dormir, e envolvido por seus braços sei que tenho a segurança que preciso.

Estendi o convite à minha sogra, afinal ela também merece uma noite de rainha por ter criado bem dois príncipes. Porém, a mais velha agradeceu e deixou para outra oportunidade, usando a justificativa de que precisamos de uma noite só nossa.

Meu namorado conduziu o carro com cuidado pelo longo trajeto até o restaurante, e ao chegarmos no local, descobri que Jungkook estava planejando o jantar há dias. Não foi preciso que me dissessem isso, para quem frequenta o estabelecimento há anos, só precisei pensar um pouco após descobrir que a mesa escolhida por ele é bem difícil de efetuar uma reserva a curto prazo.

O ponto mais discreto do restaurante, poucas mesas e o som ambiente controlado dentro do que os clientes chamam de área VIP. As poucas vezes em que frequentei essa parte do estabelecimento, foram em comemorações em família ou jantares de extrema importância para meu pai.

Notei que Jungkook estava um pouco nervoso, além de sua indecisão sobre a escolha do melhor vinho para a ocasião. Inicialmente acreditei que fosse algo relacionado ao ambiente, afinal ele não está acostumado a tanto luxo, embora sua condição de vida atual o permita jantares extravagantes vez ou outra.

Por isso evitei tocar em assuntos que estão enchendo nossas cabeças no mundo externo, como o caso da minha avó e os recentes conflitos no hospital, nada disso precisa ser pauta de uma noite especial. Então ele decidiu cortar o clima meio tenso ao contar coisas desde a época do colegial até seu primeiro plantão dobrado, quando ainda estava no período de residência médica.

Se todos vivessem na pele a tensão dos corredores do setor de emergência de um hospital, dariam mais valor à integridade física e mental de cada profissional envolvido na área da saúde. Sua doam para salvar vidas, em muitos casos ignorando dores e inúmeras noites sem dormir.

Jungkook é apaixonado por sua profissão, e isso é algo que não há como negar. A forma como ele trata seus pacientes – embora alguns tenham tido o contato com seu lado mais sincero –, em contrapartida ele nunca perdeu um paciente que estava sob seus cuidados.

Não é à toa que se tornou referência no setor de traumatologia, especialmente se tratando de casos de extrema gravidade. Uma comunicação assertiva entre sua equipe, além do cuidado em cada passo que dá em relação ao tratamento de seus pacientes.

Sem mencionar que a maioria dos casos de tentativas contra a vida passam por suas mãos, digo por experiência como um dos casos com o qual ele já lidou, mesmo que eu não tivesse essa intenção naquele momento. É nítido que cada vida salva é motivo de orgulho para Jungkook, que ainda faz questão de acompanhar cada caso ao longo de alguns meses.

Quando o jantar foi servido, me senti mais confortável ao notar a assinatura do chef Yoo em cada prato. É nítida sua presença marcante na harmonização de cada montagem, especialmente para mim que o conheço desde a universidade.

Embora tenhamos nos afastado um pouco por causa de meu antigo relacionamento, Yoo HyunJae e eu sempre conversávamos todas as vezes que eu frequentava o local que herdou de sua família. Contei a Jungkook sobre nossa amizade, e para minha surpresa meu namorado pediu para chamá-lo no intuito de agradecer pessoalmente.

Por estarmos em um local mais reservado, Jungkook não se conteve quanto a me dar um pouco mais de atenção. Recebi carícias em minhas bochechas, selinhos inesperados, até mesmo declarações fofas e espontâneas vindas de sua parte.

É assustador pensar que eu era tratado da mesma forma em meu antigo relacionamento, mas Jungkook é diferente de uma forma que não sei como colocar em palavras. Sinto que posso depositar minha confiança nele, afinal foi capaz de passar por cima de Yoongi, colocando sua carreira em risco para me defender quando ainda não tínhamos um relacionamento sério.

Jeon apareceu como um anjo, para me mostrar que não é preciso temer o futuro. Ele me devolveu ao caminho certo para ser feliz, e demonstrou seu verdadeiro amor sem esperar nada em troca. Há reciprocidade em cada gesto, além de uma intensidade com a qual estou aprendendo a lidar a cada dia.

No entanto, o mundo não é composto por flores, e nosso momento foi interrompido pela aproximação de alguém. Inicialmente pensei que fosse Yoongi, mas não tivemos notícias de que ele saiu do hospital, o que me deixa temporariamente aliviado.

Percebi o olhar de Jungkook direcionado a alguém que parou atrás de mim, e o toque firme em um dos meus ombros me fez ter a certeza da presença de alguém que imaginei que não fosse ver tão cedo. Meu namorado até me observou em busca de alguma reação, mas por alguns segundos travei por estar ciente do que o velho é capaz de fazer para se vingar.

– Não vai cumprimentar seu pai, Park Jimin? – o homem questionou, então deu mais alguns passos em nossa direção, instante em que Jungkook ficou tenso ao meu lado. – Tem menos de um ano que abandonou sua mãe e eu, é impossível que tenha se esquecido tão rapidamente dos nossos rostos.

– Boa noite, senhor Park. – cumprimentei, observando seu olhar queimar em minha direção.

– Você deve ser o famoso Jeon Jungkook. – o mais velho continuou, então Jungkook se levantou de maneira cordial para cumprimentá-lo corretamente.

– É um prazer conhecê-lo, senhor Park. – meu namorado correspondeu ao seu aperto de mãos.

– É uma pena que a circunstância não seja favorável, rapaz. É outro a quem Jimin está tentando manipular?

– Como? – Jungkook perguntou, e pude notar seu corpo em meio a uma tensão maior.

– Estou curioso, Jimin. Como tem feito para sobreviver? Até onde eu saiba, os lucros daquele hospital não podem ser retirados regularmente. – meu pai soltou a bomba no ar. – Eu deveria ter desconfiado de suas ações quando me pediu para transferir todas as ações para seu nome, está tentando usar uma renomada rede de saúde para comprar esse pobre coitado?

– Como é? – Jeon perguntou, e em seguida notei ele deixar os talheres sobre a mesa. – Sobre o que ele está falando, Jimin?

– Você não sabia? Jimin é o acionista majoritário do hospital onde trata à cabeça.

– Por favor, fica calado. – sussurrei quase sem voz, tentando conter as lágrimas e a dor forte no peito ao notar a expressão frustrada de Jungkook. – Por favor.

– Acho que interrompi um momento íntimo, devo me recolher. Perdão por atrapalhar o instante de vocês. – ele sorriu, deixando evidente que fez aquilo de propósito para me ver surtar. – Você colhe o que semeia, filho. Não será nada além de um moleque mimado digno de pena.

Jungkook continuou me encarando em silêncio, analisando cada uma de minhas reações e esperando um possível desvio de comportamento para me justificar. A decepção em seus olhos me doeu mais que tudo, afinal fui um covarde a ponto de permitir que o medo me guiasse a esconder algo que tive consciência que o afetaria.

A mentira encontrou o caminho para me confrontar, e o medo de perdê-lo me paralisou diante de seu olhar frio e sem reação. Não adianta derramar lágrimas, sei que meu choro dificilmente irá convencê-lo, pois o mais novo acredita que não mudei como aparento.

Não importa o quanto eu me esforce, o universo continua me odiando com todas as suas forças.

– Jungkook?

– O meu retorno... O meu retorno para o hospital não tem nada a ver com sua influência naquele conselho, estou certo? – não pude responder de imediato. – Seu silêncio diz muito.

– Jungkook, eu não...

Movido pela decepção, enquanto mantive minha cabeça baixa, ele controlou suas lágrimas e solicitou que o funcionário lhe trouxesse a conta. O medo novamente me fez refém, principalmente por sua reação controlada e totalmente inesperada após descobrir uma mentira.

A noite que tinha tudo para ser boa, tomou um rumo fora do controle de nós dois. Meu pai ficou convicto de que isso poderia ser causado, e não me sai da ideia de que talvez Yoongi esteja envolvido no meio de toda essa confusão desnecessária.

Tenho culpa por ter omitido informações, mas o medo de perdê-lo me acompanha desde o início. Me sinto insuficiente para Jungkook, e sei que ele merece alguém bem melhor que eu para estar ao seu lado, embora seja egoísta demais para permitir sua partida.

A forma como ele se levantou após pagar a conta terminou de me quebrar, a lágrima solitária que foi limpa em questão de segundos, além do sorriso sem humor para evidenciar o controle para as pessoas das outras mesas. Não posso chamá-lo de calculista, não ouso lhe dar tal rótulo sendo eu o maior culpado pela dor que tal momento proporcionou a mais novo.

– E ainda se pergunta por que fiquei tanto tempo sozinho. – meu namorado murmurou, e suas palavras vieram carregadas de veneno até meu peito. – Devo admitir que desta vez você se superou na surpresa, realmente achei que confiávamos a vida um no outro.

– Não, Jungkook. Por favor. – tentei me aproximar, mas ele se afastou ainda abalado. – Meu amor.

– Obrigado por sua omissão, Jimin. É bom ter a percepção do que aquelas pessoas estão pensando a meu respeito. – disparou com tom de voz calmo, e seu olhar banhado de lágrimas que ele se esforçou para segurar. – Aproveite o jantar, eu perdi a fome.

Fui deixado sozinho à mesa, e tive que assisti-lo caminhar tranquilamente em direção a saída. Jeon está em seu total direito de se sentir magoado, e essa é a primeira vez que ele não destilou suas palavras com sinceridade em um momento dominado pela fúria.

Se fosse em meu antigo relacionamento, eu estaria sendo humilhado e tratado de forma rude diante de todos. Talvez taxado de egoísta mimado por querer evitar brigas, mas Jungkook evidenciou uma classe e educação totalmente distinta das pessoas com a qual convivi por longos anos de minha vida.

Com o choro preso na garganta, recusei educadamente o copo de água que o funcionário me trouxe. Reuni todas as forças e segui com o corpo trêmulo até a portaria, chegando a tempo de encontrar o manobrista o entregando as chaves do veículo.

– Jungkook? – pedi com a voz falha, e por alguns segundos achei que ele fosse me abandonar ali. – Meu amor, por favor, me escuta.

– Entra. – disse ele, abrindo a porta do carro assim que pegou a chave com o manobrista. E mesmo que estivesse frustrado, Jungkook se preocupou em prender meu cinto de segurança.

– A gente vai conversar? – questionei, fazendo um esforço enorme para conter uma nova crise. – Me perdoa, meu amor. Eu errei. Agi sem pensar. Fiz... Eu estava cheio de medo.

– Por favor, apenas respeite meu espaço e o direito de permanecer em silêncio. Estou pensando sobre isso, não quero tomar uma atitude pela qual irei me arrepender. – o mais novo pediu com seu tom de voz estranhamente calmo, totalmente diferente das relações em que já estive.

Se fosse em meu primeiro casamento, estaríamos aos berros agora. Diferente do que fez com TaeHyung, Yoongi não me agrediu fisicamente, mas suas palavras causaram dor pior do que um golpe quando nós brigávamos.

– Pode me deixar aqui, por favor. – pedi assim que o carro parou em um semáforo. – Vou ir caminhando até meu apartamento, não fica tão longe.

– Fazer drama não vai aliviar sua culpa, Jimin. Não adianta ficar fugindo dos problemas, precisa ficar e encará-los como um adulto. – sua frieza cortou minha alma, pois me fez recordar do homem que conheci há alguns meses. – E eu não sou um idiota para te deixar correr esse risco andando sozinho por aí.

– Por que quer me deixar ao seu lado se está com tanta raiva? – questionei, e em seguida ouvi seu suspiro pesado, assim como a tensão em seus músculos parecia ter aliviado.

– O que sinto não é raiva, é decepção. Não esperava esse tipo de atitude vinda de você, não após ter provado sua mudança significativa. – ele confessou com a voz fraca, evitando me observar para não soltar as lágrimas. – Por favor, fique em silêncio por um instante. Não consigo me concentrar no trânsito com essa discussão, não quero colocar você em risco.

Conforme seu pedido, respeitei seu silêncio até chegarmos no prédio. Jungkook guiou o carro direto para a garagem, e fez estranhamente abrir a porta para que eu saísse após ter estacionado. Sua conduta continuou a mesma, embora o tenha magoado muito com minha atitude.

Esse é seu ponto de superioridade, nunca teve a ver com dinheiro ou bens materiais. Dentro do apartamento, o mais novo continuou indiferente, atitude que sua mãe também percebeu por ter sido ignorada quando ele caminhou direto para o quarto.

Contei a ela o que havia acontecido, e imaginei que a mais velha fosse ficar ao lado do filho, mas se manteve neutra em meio a nós dois. Fui acolhido por um abraço materno, acalmado por seus sábios conselhos, e contornei até mesmo o início de uma crise de ansiedade que deu indícios quando saímos do restaurante.

Quando Jungkook retornou para sala após tomar banho e vestir o pijama, a mais velha o cumprimentou e nos deixou à sós para resolvermos as pendências. Foi ali que entendi sua posição neutra, algo sobre não tomar partido e permitir que o casal resolva os conflitos sem interferência de terceiros.

O problema é que não tinha a menor noção de por onde começar, e Jungkook parecia não ter intenção em quebrar seu voto de silêncio. No entanto, ele não precisou dizer algo para devolver meu choro, seu olhar vazio e carregado de decepção disse bem mais que suas palavras sinceras.

A grande questão é que minha omissão foi referente a algo que ele ama e dá um alto valor, sua carreira e a profissão pela qual Jungkook sacrificou muitas coisas de sua vida. Ouso dizer que deixei a raiva e a vingança cobrirem meus olhos, o que trouxe o resultado desastroso para mim e a pessoa que mais amo.

Preciso apenas de uma oportunidade para me explicar, mas o momento parece dispensar qualquer iniciativa de conversa. Ao menos foi o que imaginei até vê-lo caminhar em minha direção, quando meu coração disparou e me prontifiquei a ouvir tendo a esperança de algo positivo.

– A cama está arrumada, pode se preparar para dormir. – o mais novo disse, enquanto ajeitava o travesseiro e o edredom no sofá da sala. – Vou passar a noite aqui, conversamos pela manhã.

– O que? – indaguei confuso, sentindo o aperto ainda maior em meu peito. – Não, Jungkook. Por favor, vamos conversar agora. Eu não... Não vou conseguir dormir sem resolver esse assunto.

– Te contei cada detalhe da minha vida. Está ciente de tudo o que passei para conquistar o que tenho hoje, e sempre foi apenas eu. – ele confessou não conseguindo mais conter as lágrimas. – Te procurei a respeito da denúncia porque sabia que você resolveria apenas dando seu depoimento a eles, não precisava comprar o hospital, Park Jimin. Pode ter todo o dinheiro do mundo a seu dispor, mas valores morais não são negociáveis.

– Me desculpe.

– Nunca contei com a ajuda de ninguém para chegar até aqui, tomei muita pancada da vida, Jimin. – ele confessou, me fazendo entender seu ponto de vista em questão de minutos. – Agora sei por que alguns colegas de trabalho me olham diferente, e a razão pela qual outros temem se aproximar.

– Por favor, me perdoe. – pedi, e sem pensar duas vezes me ajoelhei em sua frente. – Eu iria te contar. Achei que estava fazendo o certo, assim também pude me vingar de Yoongi e acabar com toda a arrogância dele.

– Esse é seu maior problema, meu anjo. A vingança te deixou cego. Estamos construindo uma relação linda, mas você ainda está preso aos problemas mal resolvidos de seu passado. – Jungkook chorou de forma mais intensa. – Ele foi seu primeiro amor, conheço essa sensação desesperadora, pois estou observando o meu nesse instante.

– Jungkook.

– É doloroso saber que a pessoa a quem mais confiei nas últimas semanas mentiu para mim. – disse ele, fazendo a sensação da culpa aumentar.

– Eu não fiz por mal. – confessei, e ainda de joelhos me curvei em direção aos seus pés. – Por favor, eu juro que não vou te machucar mais. Me dê... Me dê outra chance, por favor.

– Levante-se, Jimin. – senti quando suas mãos frias tocaram as minhas. – Não devemos ajoelhar para outro ser humano.

– Eu não quero te perder, Jungkook. Juro que Yoongi está no meu passado, você não precisa ter medo disso. – murmurei, notando seu choro intenso. – Você consegue me perdoar?

– A gente pode conversar amanhã? – o mais novo pediu em meio ao choro. – Me dê um tempinho, por favor. Não estou me sentindo bem com tudo isso.

– Tudo bem. – murmurei, e mesmo com um aperto incômodo no peito, deixei um beijo rápido em sua bochecha. – Boa noite, Jungkook.

Em silêncio segui até o quarto, onde me senti um intruso por invadir o espaço em que ele deveria estar descansando. Sobre a cama do mais novo, abracei seu travesseiro e inalei o perfume impregnado no tecido. As lágrimas se acumularam naquela superfície macia, enquanto meu peito continuava a arder pela insistente dor do arrependimento.

Aos olhos de muitos pode parecer algo bem superficial, porém o que fiz magoou Jungkook como se fosse de fato uma traição. Entendo seu ponto de vista, e o receio de falarem que sua atual posição se dá pelo fato de ser o namorado do chefe e não o mérito que construiu ao longo de sua carreira.

Esse é outro ponto que o difere de meu antigo relacionamento, afinal aquela figura que gostaria de deletar do meu passado jamais se importou de usufruir de privilégios. Jungkook é do tipo que valoriza cada conquista, pois é alguém a quem nada veio com facilidade.

O choro por longas horas me trouxe a exaustão, provocando o sono que tanto me fez falta por não ter conseguido desligar a mente. Acabei dormindo sozinho no imenso quarto, com o corpo envolto pelo frio devido à ausência do calor que me aqueceu durante todas as últimas madrugadas.

No entanto, foi nas primeiras horas da manhã que percebi que a presença de Jungkook ao meu lado durante a noite vai bem além de fornecer calor humano. Meu subconsciente me levou a um local escuro e gélido, onde vozes me cercaram por todos os lados, e ainda que eu gritasse por socorro, não houve nem sequer uma mão que se estendeu ao meu socorro.

Quando minha garganta já queimava de tantos gritos, as luzes se acenderam de uma voz. Ao longe pude ver um corpo caído no chão de uma sala completamente vazia, e a única cor que pude distinguir era o forte tom de vermelho do sangue que o contornava.

As vozes se tornaram apenas uma diante da gargalhada que tomou o ambiente, então avistei a figura encapuzada, da qual sua silhueta seria reconhecida facilmente em qualquer lugar. Foi naquele instante em que pude identificar o corpo caído no chão, sem reação, assim como os batimentos que falharam em meu peito devido a dor intensa que senti.

– NÃO! – o grito saiu rasgando minha garganta, assim como meu corpo sofreu o impacto do susto. – Jungkook? Onde... Onde você está?

– Jimin? – a porta foi aberta de uma vez, revelando meu namorado vestindo apenas a calça de moletom e seu rosto inchado. – O que houve?

– Jungkook. – sussurrei, e estendi os braços em sua direção para ser acolhido.

– Aquele pesadelo outra vez? – afirmei com um simples som, logo me acomodando em seus braços. – Já passou. Eu estou aqui.

– Não está mais magoado comigo?

O mais novo não respondeu verbalmente, apenas me envolveu um pouco mais em seus braços, trazendo o suporte necessário para me acalmar. Essa é mais uma bela virtude de Jeon Jungkook, sua alma livre de maldade humana lhe impede de negar o mínimo de ajuda a alguém em um momento de aflição.

Minha sogra também apareceu com uma xícara de chá para me acalmar, mas não permaneceu por muito tempo no quarto após Jungkook dizer que tudo iria ficar bem. Fomos novamente deixados sozinhos no cômodo, onde não me importei nem um pouco por estar sentado em seu colo e sendo acolhido como um bebê.

– Me perdoa, Jungkook.

– Eu já te perdoei, meu amor. – disse ele, deixando um selinho rápido em minha testa.

O observei atentamente, e senti o peso de cada lágrima que escorreu por suas bochechas. O breve desentendimento afetou a nós dois, mas para ele foi quase devastador devido sua inexperiência. Tudo é novo para Jungkook, porém devo reconhecer sua superioridade se tratando de responsabilidade afetiva.

Aproximei lentamente nossos lábios, e para selar o momento do perdão, iniciei um beijo lento e cheio de sentimentos. Prometi a mim mesmo que jamais irei magoá-lo novamente, e isso inclui ser sincero a todo custo, assim como ele tem sido desde o primeiro momento em que nos conhecemos.

Estou amando Jungkook como nunca amei ninguém antes, e tal sentimento continua me impulsionando a mudanças positivas. A falta de ar o fez se afastar ao final do beijo, mas mantivemos nossas testas coladas, enquanto ele usou seus polegares para secar minhas lágrimas.

– Não chora, meu amor. Está tudo bem. – ele murmurou, e encheu meu rosto com alguns selinhos, voltando ao seu tratamento confortável em relação a mim. – Nós vamos ficar bem.

Tenho certeza de que vamos ficar bem, afinal ambos iremos nos esforçar para manter nosso relacionamento mais saudável e livre de mentiras. Já mais calmo, Jungkook desligou a lâmpada principal, deixando o ambiente iluminado apenas pela potência mais baixa do abajur sobre a mesa de cabeceira.

Meu namorado me livrou das roupas pesadas que não tive ânimo para tirar quando chegamos, e sem malícia me vestiu com uma de suas camisas. Antes de se acomodar ao meu lado, Jungkook pegou um objeto que estava no bolso de sua jaqueta, e quando finalmente se aproximou, pude entender o porquê ele estava tão nervoso no restaurante antes de meu pai aparecer.

– Ouvi algumas enfermeiras comentarem no refeitório que um sinal de relacionamento sério é quando o casal usa um anel de compromisso. – o mais novo disse, e em seguida me estendeu o anel delicado, semelhante a joia que estava em sua mão direita. – Eu pretendia te entregar isso no jantar, para evidenciar a seriedade do que temos.

Não se trata de nenhum solitário de alto valor econômico, mas sei que não foi barata pelo simples fato de ser feita de ouro branco. De certo modo vi a identidade de Jungkook na joia minimalista, especialmente na frase ‘You are my love’ gravada na parte externa daquela peça.

Na parte interna encontrei nossos noves gravados, tal como a data que demos início ao nosso namoro, detalhe que curiosamente ele se lembrou. Jungkook colocou a joia em meu dedo, então deixou um selinho sobre o anel, antes de fazer o mesmo em meus lábios.

Nosso momento foi selado com outro beijo, quando senti meu coração se aquecer novamente com a sensação do perdão. Após uma conversa mais sincera, aprendi a lição sobre ser honesto e cuidar melhor de minhas atitudes, assim como prometi a ele que irei me esforçar para fazer isso dar certo.

E foi assim que nossa noite terminou, deitados debaixo daquele edredom, com seus braços em volta de meu corpo e muitos, muitos beijos para coroar mais um passo importante. Agora todos saberão que estou acompanhado, e tenho a sorte de ter conquistado o melhor namorado do mundo todinho.

– Eu te amo, Park Jimin. – meu namorado sussurrou, possivelmente acreditando que eu estivesse dormindo.

Sorri discretamente, sentindo meu coração quentinho por mais uma das inúmeras declarações espontâneas de sua parte. No entanto, Jungkook pode estar errado em um quesito. Amor deve ser recíproco, logo eu também o considero como meu primeiro, afinal é que me correspondeu a altura desde o primeiro instante.



Notas Finais


Olá, amores!

A primeira briga mais séria do casal, e uma valiosa lição para ambos os lados. O que acharam do capítulo?

Deposite aqui seu ódio em relação ao pai do Ji.

Espero que tenham gostado.

AMO VOCÊS! <3

~ Sweet


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