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História Destiny - JIKOOK - Six


Escrita por: Sweet_Kpopper

Notas do Autor


Boa Leitura! ^^

Capítulo 7 - Six


Fanfic / Fanfiction Destiny - JIKOOK - Six

“Eu quero dormir ao seu lado... Mas isso é tudo que eu quero fazer agora... Então venha aqui agora... E me acalme...”Troye Sivan {Talk Me Down}

JIMIN

Ter uma terrível ressaca como consequência de escolha ruim não é uma das melhores sensações, mas pior que isso é acordar ao lado da pessoa que está fazendo de tudo para me conquistar. Me lembro de ter ligado para Jungkook na noite anterior, porém não consigo recordar das palavras ou de como vim parar em sua cama.

Procurei o mais novo em um momento de desespero, fui ouvido e novamente socorrido por alguém que sequer tem responsabilidades comigo. Devo agradecer aos céus por colocar Jeon em minha vida, pois é ele quem vem me livrando das piores enrascadas que acabei envolvendo.

Sei que ele não é um terapeuta, porém está disposto a me ajudar na travessia deste momento ruim. As poucas coisas das quais consigo me recordar já se tratam do pós-resgate, quando já estava de banho tomado e seguro no quarto do mais novo. Ainda estou curioso para saber como Jeon me encontrou, porém creio que este não é o melhor momento para contar histórias.

Evitei ao máximo me mover sobre a cama, principalmente depois que senti seus braços em torno de minha cintura, como se estivesse me protegendo ou temesse uma fuga. Bom, confesso que seu cheiro também me prendeu, além de todo o conforto de estar dentro de um abraço bem aconchegante.

Passei a observar melhor o ambiente, a decoração simples e pouco sofisticada. Jungkook é do tipo que mantém tudo milimetricamente organizado, o que não é algo totalmente ruim já que ele quase não tem tempo para si mesmo.

O cômodo predominado pelas cores cinza e preto, porém com uma boa iluminação graças a janela protegida pela persiana. Encontrei duas portas no local, uma logo identifiquei como a de saída e a outra que leva direto ao banheiro, onde possivelmente deixei a bagunça que sequer consigo me recordar.

Há também uma pequena escrivaninha no canto do quarto, onde Jungkook mantém livros, o computador e a bolsa que carrega para o hospital em todo plantão. Aliás, ele se tornou o único médico que permito a aproximação sem ter medo, afinal sua alma consegue me confortar.

Confesso que poderia passar o dia todo deitado ao lado dele, no entanto preciso admitir que a bebida é um dos piores inimigos de nós, meros mortais. Precisei sair daquele abraço confortável, assim como a proteção quentinha causada pelo cobertor, tudo porque precisava aliviar urgentemente minha bexiga.

Sai rapidamente dos braços do mais novo, e corri para dentro do banheiro, onde obviamente me tranquei para não haver nenhuma surpresa. Quando finalmente me aliviei, fui até a pia para lavar minhas mãos, tendo a oportunidade de encarar minha imagem deplorável refletida no espelho.

Os cabelos levemente bagunçados, os lábios inchados assim como o resto de meu rosto. Consegui me recordar vagamente do beijo que trocamos na noite passada, o que acabou me trazendo uma forte sensação de vergonha. Em minha mente já perturbada, imagino as mil e uma besteiras que posso ter dito e não lembro de nem mesmo uma.

Devo agradecer aos anjos por tê-lo enviado ao lugar certo e na hora exata, pois sabe-se lá onde e em que condições acordaria hoje pela manhã. Talvez em um beco escuro, ou em um quarto de motel barato, descobrindo que me roubaram coisas além de dinheiro e objetos pessoais.

Digo isso porque já fui assediado diversas vezes, mas houveram momentos em que não me importei. Fiquei com o psicológico tão fodido após a traição, que passei a acreditar que não tivesse mais valor algum, assim como jamais encontraria outra pessoa decente.

– Jimin, você está bem? – ouvi sua voz rouca do outro lado da porta, me provocando um sorriso ao notar que o mais novo é educado até quando está carregado de sono. – Jimin?

– Sim, estou bem. – murmurei, logo usando um dos dedos para escovar meus dentes. – Já estou saindo, Jungkookie.

Ajeitei melhor meu cabelo, ainda sentindo meus reflexos lentos por conta do sono e da ressaca. Honestamente preciso de um bom banho frio para me recuperar, porém não encontrei minhas roupas em lugar algum, assim como não me senti no direito de mexer no guarda-roupas de Jungkook.

Respirei fundo antes de criar coragem e sair do cômodo, logo encontrando Jungkook sentado em sua cama, com seus olhos semicerrados e um bico fofo formado em seu rosto. Talvez ele não tenha ideia do quão adorável está sendo, sequer me lembra o homem sério com quem me esbarro nos corredores do hospital.

Me aproximei a passo lentos em sua direção, não demorando a me sentar ao lado dele no colchão. Então levei uma das mãos diretamente em sua bochecha, e como um gato manhoso o mais novo acabou deitando sua cabeça sorrateiramente na palma de minha mão.

– Bom dia, Jungkookie. – disse de bom humor, sorrindo automaticamente para corresponder ao gesto do mais novo. – Esse sorriso me afeta tanto.

– E isso é ruim? – Jungkook questionou, mas em momento algum saiu de sua posição preguiçosa.

– Não sei. Estar apaixonado é ruim? – questionei, tendo sua total atenção em meu rosto. – Bom, devo admitir que tudo isso me assusta.

– Jamais lhe faria mal, Jimin. – disse o mais novo, voltando ao tom de voz sério enquanto acaricia meu rosto. – Posso não saber colocar em palavras o que sinto nesse momento, mas tudo leva a crer que estou perdidamente apaixonado. O que faremos, meu bem?

– Eu preciso ir, Jungkook. – respondi rapidamente, tentando mudar o foco daquele assunto, afinal ainda é delicado o assunto de me entregar inteiramente a alguém. – Perdão, eu... Onde estão minhas roupas?

– Vou me arrumar rapidamente, posso deixá-lo em sua casa. – Jungkook logo se levantou, e mesmo que tenha ficado sem graça, acabou entendendo meu lado.

Consigo me recordar perfeitamente do que disse a ele na noite anterior, porém preferi fingir que tal conversa não ficou gravada em minhas memórias. Honestamente essa se tornou meu modo de autoridade, fazer meu cérebro acreditar que é apenas atração física, quando meu coração já está perdidamente apaixonado por ele.

Falar sobre sentimentos ainda é bem delicado para mim, mas em nenhum momento nego para meu coração o que sinto em relação a ele. Tenho medo, afinal mesmo odiando Yoongi com todas as minhas forças, sou obrigado a confessar que me sinto confuso em relação ao meu passado.

Jungkook chegou derrubando todos os muros que construí em torno de meu coração, por isso estou cheio de medo de me entregar como deveria. É meio irônico pensar assim após ter praticamente me declarado para ele, mas tudo o que menos quero é magoar os sentimentos de alguém cuja parte da inocência parece estar intacta.

Preciso organizar minhas ideias e ser honesto com ele, afinal jamais desejo ferir alguém como fui ferido há alguns anos. Não tenho o direito de quebrar o coração de alguém porque um babaca não foi sincero comigo, especialmente quando essa pessoa parece se esforçar bastante para me fazer superar os instantes de dor.

Estava tão distraído com meus próprios pensamentos que sequer me dei conta de quando Jeon entrou no banheiro, apenas ouvi o chuveiro sendo desligado pouco antes de ele passar pela porta envolvido apenas em uma toalha. Uma visão do paraíso aquela pele alva e alguns músculos esculpidos em seu abdômen, alto que me despertou curiosidade já que ele não tem tanto tempo para manter a forma.

Senti minhas bochechas se aquecerem e uma leve pressão dentro da boxer, o que me fez parecer com um adolescente na fase em que os hormônios estão a todo vapor. Bom, apesar de ter experiências demais para alguém de quase trinta anos, devo admitir que não acho tão ruim me sentir tão jovem às vezes.

Jungkook caminhou calmamente até o guarda-roupas, me fazendo ficar na torcida para a tal toalha se soltar e revelar mais do que meus olhos são capazes de ver. No entanto, ele não demorou a encontrar o que procurava, infelizmente trilhando o caminho de volta ao banheiro, enquanto algumas gotas ainda escorriam por sua pele.

– Me desculpe, esqueci de pegar roupas limpas. – disse Jungkook, aparentemente envergonhado por sua falha de memória. – Se quiser tomar um banho, fique a vontade em escolher algo em meu guarda-roupas. Acredito que minha mãe tenha lavado às suas.

– Certo, eu... – foi tudo o que consegui dizer, antes de ele entrar novamente no cômodo.

Após sua permissão, me senti na liberdade de procurar roupas para mim. Nunca gostei de mexer em algo que não me pertence, por isso esperei que o mais novo dissesse aquelas palavras, para finalmente sentir o alívio do banho frio.

Encontrei uma calça preta e a camisa da mesma cor, por sinal a maioria de suas peças são predominantes em cores fortes e de certa forma neutras. Não busquei nada estiloso, apenas confortável o suficiente para que eu consiga chegar seguro em minha casa. A única coisa que não escolhi foi a boxer, afinal as dele costumam me apertar um pouco, mas servem sem muito esforço.

É assim que percebo o nível de intimidade, onde nos conhecemos há poucas semanas e já estamos dividindo até roupas íntimas. Onde isso começou eu realmente não sei, porém me vejo obrigado a admitir que pela primeira vez sinto que alguém está cuidando de mim sem esperar ser retribuído, apenas por estar acostumado a fazer o bem para outras pessoas.

Assim que Jungkook saiu do banheiro, entrei rapidamente no cômodo e voltei a me trancar no mesmo. Procurei não enrolar muito, apenas um banho frio para repor energias e me animar um pouco mais. Na hora de me vestir, já esperava que as roupas fossem ficar grandes, ainda que a calça tenha apertado minhas coxas.

Arrumei meu cabelo com um pente que encontrei sobre a bancada de mármore, então me encarreguei de deixar as roupas sujas em um cesto que estava posicionado atrás da porta. Somente depois de tudo isso tive coragem de encará-lo, mesmo que Jeon não esteja me pressionando como imaginei que estaria.

– Vista isso, por favor. – Jungkook pediu, me entregando um suéter bem grosso e aconchegante. – Choveu bastante durante a madrugada, a plataforma despencou do lado de fora. Bom, sua casa fica um pouco longe, não quero que fique resfriado.

Porra, Jeon! Deixa de ser fofo ao menos um segundo.

Não o questionei, apenas o segui até a cozinha onde sua mãe possivelmente está. Senhora Jeon nos preparou uma mesa incrível de café de manhã, tudo feito com amor e na intenção inocente de me impressionar. Talvez eu tenha de fato passado uma imagem desagradável, do tipo que faz algumas pessoas sentirem necessidade de se esforçarem por mim.

Jungkook se aproximou da mais velha, lhe dando um bom dia e um beijo na testa, não se envergonhando de demonstrar carinho àquela que lhe trouxe ao mundo. Já eu, muitas vezes nem troco palavras com a minha mãe, especialmente porque a mais velha quase sempre me trocou por seus grupos de amigas afortunadas, me julgando por escolhas ruins e aprendendo a lição da pior forma possível.

Estávamos distraídos com o café da manhã quando ouvi movimentos vindos do corredor, logo tive a visão de um garoto parecido com Jungkook, porém claramente alguns anos mais novo. Ele parecia apressado, e um tanto quanto irritado quando largou a mochila sobre o sofá.

– Inferno! Tantos dias durante a semana, e eles marcam a porra do trabalho para às oito da manhã de um sábado. Acho que esse povo não sabe o que é dormir. – segurei a risada ao ver aquele desabafo, especialmente porque o garoto não notou minha presença.

– JungHyun, onde estão seus modos? – senhora Jeon indagou, só então o garoto percebeu minha presença.

Sua semelhança com Jungkook é de fato incrível, é inegável o grau de parentesco bem próximo. O mais novo logo me cumprimentou, pedindo desculpas pela grosseria e deixando evidente a educação exemplar que recebeu de sua mãe e seu irmão mais velho.

Jungkook apenas nos observou com calma, enquanto permanecia encostado na pia com uma xícara de café em suas mãos. Em momento algum interveio na conversa que comecei com sua mãe, pareceu até admirado com a forma que a mais velha e eu desenvolvemos um certo vínculo de amizade.

Descobri como foi boa parte de sua infância, a história triste da morte se seu pai e tudo o que passaram desde então. Sua luta para se tornar um médico, desde viver tanto tempo longe da família, trabalhando em uma cafeteria, enquanto procurava dividir o tempo restante entre descanso e universidade.

Ter o conhecimento de tudo isso me fez admirá-lo ainda mais, principalmente por jamais me imaginar fazendo tal sacrifício por pessoa alguma de minha família. Foi ali que entendi o fato de ele nunca ter entrado em um racionamento, Jungkook nunca teve tempo para se dedicar a outra pessoa, estava ocupado demais lutando por seus sonhos e objetivos.

Enquanto cresci com tudo à disposição, só bastava estalar os dedos se quisesse atenção, ele sofria sozinho lidando com problemas que sequer deveria assumir. Quando eu precisava de uma viagem para me distrair, havia um jato particular no aeroporto esperando para me levar há qualquer lugar do mundo, o mais novo juntava moedas e nunca conseguiu ir pessoalmente visitar a família.

Se precisasse me isolar, havia um chalé nos Alpes suíços ou nas praias paradisíacas da Tailândia. Ele não tinha para onde recorrer quando as coisas apertavam, seu refúgio era um cômodo fedendo a mofo e frio, local que cabia em seu curto orçamento.

Eu nunca tive noção dos valores exorbitantes que gastava com cartões no shopping, enquanto Jungkook suportou dores e momentos que jamais imaginei que uma pessoa pudesse aguentar. Essa é a enorme diferença entre viver em uma bolha e a realidade, nenhum dos dois estávamos preparados para as rasteiras da vida, porém Jeon suportou sozinho todas elas e eu fui levado a loucura.

Jungkook lidou com a privação de sono sobre as páginas de um livro, lágrimas derramadas pela dor lacerante sobre seus músculos após um dia exaustivo, tendo que enfrentar humilhações e algumas delas feitas até mesmo por mim. Isso não o tornou um ser amargo, somente fortaleceu seu caráter e testou toda educação que recebeu mesmo com recursos escassos.

Contando a eles um pouco sobre minha vida, percebi que não há nada para me orgulhar, afinal tudo o que tenho veio do dinheiro dos meus pais, não precisei me esforçar para conquistar. Nunca exerci a profissão de estilista, e minha união matrimonial foi uma tremenda farsa.

Passei parte da vida amando sozinho, sendo enganado e até hoje o desgraçado se acha no direito de controlar minha liberdade. Confesso que tentei contornar tal assunto, pois tudo o que menos desejo é desabar em lágrimas na frente dos três. Lembrar de tudo é como cutucar uma ferida, e estourar as suturas do corte mal cicatrizado usando um bisturi bem afiado.

– Obrigado por me acolher, senhora Jeon. O café está ótimo, mas preciso ir para casa. – me levantei calmamente, mas não sai da mesa sem antes deixar uma reverência em sinal de agradecimento.

– Venha me visitar mais vezes, querido. Gosto de sua presença nesse apartamento. – disse ela, encarando diretamente o filho mais velho. – Jungkook não se importaria, não é?

– Ainda não desistiu de me arrumar um casamento, senhora Jeon?

– Deveria ouvi-la, Jungkook. Os mais velho tem sempre uma visão mais sábia sobre a vida. – respondi o surpreendendo, pois esse foi um dos conselhos que ele me deu durante uma de nossas primeiras conversas.

Depois que me despedir de senhora Jeon e de seu filho mais novo, segui Jungkook até o estacionamento do prédio. Como um bom cavalheiro ele abriu a porta para mim, e me ajudou a colocar o cinto para se certificar de minha segurança física.

Permaneci durante todo o trajeto em silêncio, observando o asfalto molhado pela chuva e uma fina neblina encobrindo a rodovia. Quando finalmente chegamos em frente ao meu condomínio, o mais novo estacionou o carro próximo a calçada e suspirou, ainda mantendo as mãos junto ao volante.

Jungkook pareceu cansado fisicamente e psicologicamente falando, pensativo como se quisesse encontrar a melhor forma de derrotar o silêncio constrangedor. Não o culpo, afinal somos duas pessoas de almas confusas tentando entender um ao outro.

– Obrigado. – disse enquanto tirava meu cinto, então parei para encará-lo por alguns segundos. – Bom, me desculpe por todo trabalho que dei a vocês.

– Acho que já disse para não se preocupar com isso, Jimin. – respondeu em um tom mais sério, mas em momento algum agindo de forma rude. – Está tudo bem? Vou te deixar aqui, preciso resolver algumas coisas antes de ir para o trabalho.

– Tudo bem. – disse meio desanimado, não demorando a me inclinar e deixar um beijo próximo aos seus lábios. – Tenha um ótimo dia, Jungkook.

Sai do carro e caminhei até minha casa, onde ignorei os funcionários que faziam a limpeza e fui direto para meu quarto. Jungkook tem o direito de mudar tão de repente a forma de me tratar, afinal fui bem frio e literalmente dispensei seus sentimentos mesmo sem ter intenção.

Falar abertamente que estar apaixonado me causava medo, e talvez tenha o feito entender que tudo o que houve entre nós não passou de diversão para mim. Mesmo lhe prometendo ensinar tudo o que quisesse, minhas palavra saíram mal colocadas e o fizeram interpretar de forma errada.

Durante o café da manhã seus olhos estiveram o tempo inteiro fixados em cada movimento meu, como se quisesse fazer a leitura de cada passo e expressão presente em meu corpo. Deitado sozinho em meu quarto, tive que me contentar com o silêncio infernal dentro da casa enorme. Então me dei conta de seu perfume grudado em meu corpo, infelizmente na jaqueta, no fundo cheguei a desejar que fosse em minha pele.

O sono me pegou novamente, e vencido pelo cansaço me permiti adormecer. Durante o tempo em que estive apagado, os lapsos de memória apareceram como sonhos, inclusive o beijo quente que trocamos em se quarto pouco antes de apenas dormirmos juntos.

Nunca estive nas mãos de alguém que me respeitou e soube exatamente onde tocar, é por isso que sinto toda essa atração, e os bons sentimentos que venho me esforçando para manter à sete chaves. Sim, boa parte é por medo, porém em meio a tudo isso também existe a autopreservação.

Acordei com um barulho assustador, e quando encarei o relógio sobre a mesa de cabeceira, constatei ser pouco mais de meia-noite. Os reflexos do efeito alcoólico desligaram meu corpo pelo resto do dia, e acredito que eu não teria despertado facilmente se as janelas do meu quarto estivessem fechadas.

Os clarões invadiam a janela do cômodo, os trovões estrondavam do lado de fora, indicando que novamente o céu vai desabar sobre Seul. O cenário me faz lembrar do terrível medo que desenvolvi sobre tempestades, assim como estar sozinho dentro de casa. Depois das oito da noite, absolutamente todos os funcionários se recolhem para o merecido descanso.

Medo de insetos e animais de grande porte, fobia de tempestades e de locais fechados, coisas que me acompanham há bastante tempo e deixaram de o atormentar pelo período em que Yoongi esteve ao meu lado. No entanto, agora estou sozinho tendo que me apegar apenas na fé e esperança para que tudo passe mais rápido.

Foi um terrível engano pensar assim, duas horas depois a tempestade ficou bem pior. Como uma criança indefesa debaixo do cobertor, liguei para a única pessoa que talvez pudesse me ajudar, mas infelizmente Jungkook pegou o plantão da madrugada, sequer pôde me atender. É melhor acreditar que ele esteja ocupado, do que imaginar que talvez apenas me ignorou.

Aproveitei o momento que a tormenta se acalmou e corri até a garagem, onde peguei um dos carros e dirigi até o prédio de Jungkook. Mesmo às três da manhã e sem pensar muito, apertei a campainha de seu apartamento. Senhora Jeon permitiu meu acesso ao condomínio, e quando viu meu estado, já veio logo ao meu socorro.

Chorei por longos minutos ainda atormentado por meus temores, enquanto ela apenas tentava entender a situação e me fazer acalmar. Confesso que fugir de casa no meio da madrugada e enfrentar a tempestade, foi meu maior ato de coragem em anos. Nunca me atrevi a enfrentar os medos adquiridos na infância, exceto quando descobrir a traição e por um período considerável a vida perdeu o sentido.

– Menino Jimin, por Deus! Você tem que se acalmar. – disse a mais velha, mostrando uma verdadeira preocupação materna. – Quer se deitar para descansar um pouco?

– P-Por favor.

– Temos apenas três quartos nesse apartamento, se importa em ficar no quarto de Jungkook? Você pode me chamar se precisar de algo, estou no cômodo ao lado. – disse ela, bagunçando levemente meus cabelos após me levar até a cama de seu filho mais velho. – Não precisa ter medo. Às vezes parece que o céu vai desabar, mas são apenas os anjos fazendo faxina.

– Obrigado, senhora. – respondi, de fato me sentindo calmo com todo acolhimento.

Confesso que me sinto protegido em seu apartamento, mesmo que esteja fora do abraço de uma pessoa. A única coisa que fiz foi me livrar da jaqueta e da calça, as deixando jogadas pelo chão antes de me encolher debaixo do edredom. O travesseiro está gravado com o perfume do mais novo, me fazendo lembrar a quem aquele quarto pertence.

Foi debaixo de seu cobertor que percebi o quão egoísta estou sendo, me privando de amá-lo e limitando a felicidade do mais novo. Jamais tive alguém que se importasse tanto comigo, e talvez seja esse o principal motivo que me amedronta. Ter a total atenção de uma pessoa, ser tratado como um anjo e depois ser abandonado sem explicações, porque ele simplesmente pode alguém melhor.

Egoísta de minha parte, mas tudo para me proteger de uma ferida futura, ainda que eu esteja subestimado a capacidade de alguém que de fato nunca amou. Foi também no meio da calmaria que percebi a bagunça que minha vida se tornou desde aquela maldita noite. A traição de quem tanto amei, assim como perdi o melhor amigo a quem confiei a vida de olhos fechados.

Foi como duas espadas perfurando o peito ao mesmo tempo, mas é como dizem: a decepção apenas dilacera, pois vem de onde menos esperamos. Em um minutos você tem tudo e se sente a pessoa mais feliz do universo, e em segundos tudo desmorona diante dos seus olhos. E assim como as gotas de chuva escorrem pela vidraça da janela, minhas lágrimas deslizam por minhas bochechas, deixando evidente meu lado mais vulnerável.

A vida não pausa, tampouco espera você juntar seus cacos e se recompor. Nunca percebi perfeitamente o significado de tal frase, ao menos não até precisar viver a mesma.

Não sei por quanto tempo chorei, apenas me surpreendi quando a porta do quarto foi aberta. Imaginei que fosse senhora Jeon, mas felizmente é quem eu mais desejo neste momento. Nem um pouco surpreso, Jungkook me encarou sobre sua cama. Achei que fosse brigar por conta da invasão, porém seu olhar preocupado foi revelados quando mais um clarão invadiu o quarto.

– Ei, Jimin. Vai ficar tudo bem, eu estou aqui agora. – disse ele me abraçando, logo me puxando para seu colo. – Fique quietinho, preciso apenas de um banho e já venho deitar com você.

Apenas concordei, lhe dando liberdade para ir até o banheiro se livrar das roupas que usou no hospital. Minutos depois Jungkook saiu trajando apenas a calça de seu pijama, e se ajeitou ao meu lado debaixo dos cobertores. Meus olhos foram em direção aos dele, nos comunicando até mesmo no silêncio.

Logo senti seus lábios junto aos meus, como se quisesse me livrar do medo e me trazer a paz. Depois de beijá-lo, simplesmente me agarrei ao seu corpo, deixando claro que minha vida e bem estar dependem muito disso no momento.

– Estou aqui te dando trabalho novamente. – murmurei com a voz falha, porém já me sentindo seguro junto a ele. – Tudo isso por conta de um medo idiota.

– Medos não são idiotas, Jimin. Pessoas sentem medo para se protegerem, e é esse temor que salva vidas. – disse ele, me fazendo relaxar com as carícias em meus cabelos.

– Eu preciso de ajuda, Jungkook. Me livre desse medo.

– Se é isso que você quer, irei te ajudar com todo carinho e apoio do mundo. – o mais novo respondeu, deixando um beijo em minha testa e literalmente me arrancando algumas lágrimas. – Por favor, para de chorar. Não há o que temer, você está seguro agora.

– Jungkookie, aqui vai minha primeira lição como seu professor. – disse, tendo sua total atenção em questão de segundos. – Por favor, me abrace e não solte nunca mais.

Ele o fez, provando sem muitos esforço que sempre foi um aluno nota dez.


Notas Finais


Olá, amores!

Obrigada pela enorme paciência.
Espero que tenham gostado do capítulo.

AMO VOCÊS! <3

~ Sweet


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