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História Destiny - Voltar pra casa é reencontrar os problemas


Escrita por: vanessadiass e Dydyh

Notas do Autor


Na moral? Vamo nem pedir desculpa mais... Não tem justificativa decente pra nossa demora! Então esperamos mesmo que vcs ainda estejam por aqui! - NAO NOS ABANDONEM, A GENTE DEMORA MAS SOMOS LEGAIS! JURO - E que vcs gostem do cap!
Obrigada por tudo, amamos vcs1 <3

Capítulo 10 - Voltar pra casa é reencontrar os problemas


Fanfic / Fanfiction Destiny - Voltar pra casa é reencontrar os problemas

POV Dy

– Ah caralho, vão vocês pra lá, nois fica aqui e já era! – rimos alto – Nois destroca amanhã cedo! – grudou na Nessa – vamos?

– Quanta decisão cuzão! Vamos Dy. – Igor disse me puxando e rindo, dei um tchauzinho pra ela e entrei no quarto.

Fechei a porta atrás de mim e encarei o Igor, das duas uma ou eu bebo mais ou derreto de vergonha aqui mesmo!

Eu nunca fui assim, vergonha do que Dy? Pelo amor, né? – fiquei repetindo isso na minha cabeça, eu permanecia encostada na porta, estática – depois de ele ir ao banheiro, voltar já de roupa trocada, ele parou e me olhou, com a cara mais engraçada do mundo.

– Dy, a porta tá caindo? – o olhei confusa.

– Que? Não entendi, desculpa! – ele riu alto.

– É, ué, você tá escorada nela ai como se o prédio dependesse de você pra ficar de pé! – gargalhei e relaxei – Vem cá, vai dizer que tá com medo de mim?

– Cala a boca Cavalari, eu? Com medo de você? Para! – rimos e eu me aproximei – Não tenho medo de ninguém!

– Que mulher destemida, deixa só as baratas voar pra gente ver essa coragem ai! – era impossível não rir do lado dele – Você quer uma camiseta minha? Essa roupa parece desconfortável.

Realmente, por mais confortável que tenha sido minha escolha de roupa, ela tava começando a me incomodar, calor demais, pano de mais.

– Até quero sua camiseta sim, e saiba que eu nunca vou devolver. – ri alto – Mas vou lá no meu quarto buscar umas coisas, tá calor demais, preciso de um banho!

Antes que ele pudesse protestar eu sai do quarto, confesso que a expectativa para o que eu ia (ou não) fazer essa noite, tava me deixando apavorada. Bati de leve na porta, não é possível que tivesse dado tempo de eu estar atrapalhando, né? Rapidinho a porta se abriu.

– Já Dy? – o Júlio falou abrindo uma brecha da porta rindo – O Igão foi tão rápido assim?

– Vai se foder Ju! Preciso entrar pra pegar uma roupa, vocês monopolizaram meu quarto! – ele me deu passagem – Cadê a Nessa?

– Tá tomando banho, tem mania de chuveiro né? – nós rimos.

– Tem mesmo! – ela gritou do banheiro “TO OUVINDO VOCÊS FALANDO DE MIM AI, PODEM PARAR!”.

– Já que você tá aqui, vou lá pegar uma roupa também, fica ai já volto! – ele me deu beijo no rosto e saiu.

Peguei uma um conjunto de roupa intima, um short e a roupa que ia usar amanhã, aproveitei pra deixar a minha mala arrumada, nisso a Nessa saiu do banheiro. Nós trocamos um olhar e começamos a rir histericamente.

– E agora Dy? – ela disse desenrolando a toalha do cabelo – O que a gente faz? – ri alto.

– Ai amor, eu honestamente não sei. – rimos de novo – Tô quase pulando da janela!

– Ah Dy, você não parece o tipo de pessoa que foge dessas situações né? Tava contando com seus conselhos – rimos alto – eu é que não sei o que fazer!

– Nessa, dormir com um cara que você nunca mais vai ver ou que você só tem atração física é fácil, é só deixar a doideira tomar conta. – ela me olhava atenta, acho que ainda to bêbada – Mas quando você tá sentindo algo, cada passo conta...

– Calma ai! Você tá dizendo então que tá sentindo algo de verdade pelo Igor? – eu arregalei os olhos, nem tinha me dado conta do tamanho da verdade que tinha acabado de falar.

– Voltei, rala Dy! – mandei um beijo pra Nessa rindo.

– Boa noite pra vocês ai, juízo! – falei saindo – Não quero sobrinhos agora!

– A reciproca é verdadeira Dy! – a Nessa disse me zoando e fechando a porta.

Atravessei o corredor como se ele tivesse quilômetros, parei na frente da porta, respirei bem fundo e entrei. Ele estava deitado vendo tv com uma cara de quem não sabia bem o que falar, coloquei minhas coisas na outra cama.

– Vou tomar um banho. – ele assentiu sorrindo, meu Deus que sorriso – Cadê a camiseta? – ele levantou num pulo e foi mexer na mala.

– Tá aqui linda, é minha favorita. – ele disse me entregando uma camisa do Paris Saint–Germain.

– E então diga adeus pra ela, porque há séculos eu queria uma dessas, amo o PSG!

Fui rindo pro banheiro enquanto ele resmungava no quarto, tomei um banho relativamente demorado, na realidade só sai do chuveiro quando resolvi todas as minhas crises existenciais e minhas paranoias. Passei um creme de morango que eu amo e sai, vestindo a camiseta dele e um micro short que eu chamo de pijama.

Ele ficou alguns minutos me olhando de um jeito que me encheu de um misto de vergonha e excitação, criei a tal coragem e caminhei ate a cama e me deitei do lado dele.

– Quer assistir o que? – ele perguntou mudando os canais da tv aleatoriamente – Filme? Desenho?

– Ah, escolhe ai, você é o anfitrião! – ele sorriu e eu aconcheguei no peito dele.

Depois de uns 5 minutos mudando de canal ele deixou em um que passava um filme que eu amo, “Meninas Malvadas”, sei que já tô velha pra isso, mas amor é amor né? Depois de uns 15 minutos de filme – comigo repetindo as frases e ele rindo – começamos a conversar.

– Sério que você gosta tanto assim desse filme? – falou se virando de frente pra mim e me encarando – É filme de adolescente mano!

– Para Igor, nada a ver! Esse filme tem a cara da minha juventude. – rimos alto – Não que eu seja velha. – ele ainda ria – Ah cala a boca vai, você entendeu!

– Eu não falei nada mano, você tá ai me agredindo de graça! – revirei meus olhos, ficamos em silencio por alguns minutos até que ele aproximou seu rosto do meu, de um jeito que eu podia sentir a sua respiração – Eu não tenho como explicar o quanto você tá linda com essa camiseta! – senti meu rosto corar e desviei o olhar, ele riu e selou nossos lábios – Na moral, você é toda linda!

Ele disse isso enquanto subia a mão lentamente pela minha coxa, quando estava quase na beira do meu short, eu já estava toda arrepiada, ele parou a mão e segurou ali com força e me puxou contra si. Nos beijamos ferozmente, era como se a qualquer momento nossos corpos fossem se fundir. Em uma manobra rápida eu fiquei por cima dele, ele sorriu grande com isso e me puxou de novo para o beijo.

– Pera ai! – fui um pouco pra trás rindo, ele se levantou de um jeito meio estranho, arrancou a camiseta e jogou do outro lado do quarto – Agora sim, calor do caralho! – gargalhei e tirei minha camiseta também, revelando meu vergonhoso sutiã branco e rosa do Mickey, ele me olhava de um jeito tão intenso, que por um momento me senti a mulher mais gostosa do mundo.

– Desculpa por isso! – disse rindo, enquanto ele invertia nossas posições e tomava posse do controle da situação – Não tinha planejado isso!

– Se fosse diferente não seria você! – ele disse e voltamos a nos beijar.

Como ele que estava por cima agora, as coisas estavam “menos delicadas”, não sei bem como, mas em pouco tempo só havia sobrado em nossos corpos as micro – no meu caso, é claro – peças intimas, as mão não tinham mais limites e andavam livremente por todos os lugares.

– Dy – ele sussurrou ofegante no meu ouvido, eu já tava tão envolvida que gemi baixo só com isso – Eu tô ficando louco já! – nós rimos alto. Fiz sinal pra que ele se afastasse um pouco e me sentei na cama, ele me olhava sem nem piscar, abri meu soutien e joguei longe também – Você vai me matar, você é gostosa demais!

– Igor, me beija! – ele voltou a me beijar, lentamente dessa vez, migrou dos meus lábios para o meu pescoço e foi descendo, ele parou quando chegou ao fim da minha barriga, eu já tinha perdido o controle da vida nessa altura – não me tortura, por favor!

– Nem eu tô aguentando mais!

Em um rompante as últimas peças de roupa que nos separavam desapareceram...

[***]

Eram 3h da manhã e ainda não tínhamos dormido, ele não se cansava e eu me recusava a pedir arrego. Só resolvemos parar quando o cara da recepção ligou pro quarto e pediu delicadamente pra nós “pararmos de bater na parede”, eu juro que quase derreti de vergonha.

– Vou tomar uma ducha, vamos? – ele perguntou me estendendo a mão.

– Vamos, mas é só banho Igor, você entendeu né? – falei rindo.

– Sim senhora, você que manda!

Tomamos um banho rápido, a intimidade que tínhamos agora fazia parecer que nos conhecíamos a séculos. Voltamos pro quarto ele deitou só de cueca e eu coloquei a camiseta dele.

– Que horas o nosso voo sai? – ele perguntou quando já estávamos deitados.

– Às 9h, mas considerando que alguns dos seus amigos avisou isso no twitter, é melhor chegarmos lá umas 8h pra vocês poderem atender as fãs!

– Beleza, dormir agora? – ele falou me olhando e mordendo o lábio.

– Sim Cavalari, dormir! – disse rindo, demos mais um beijo e eu apaguei.

[***]

Acordei com o toque do refrão de Supermassive Black Hole – Muse, atendi o celular sem nem olhar o display.

Ligação on

Eu: Oi – falei meio rouca ainda, o Igor se virou pra me olhar.

Nessa: Bom dia, Dy! – um dia eu vou ter todo esse bom humor de manhã, prometo! – Tô te ligando porque o Júlio precisa muito ir ai arrumar as coisas dele...

Eu: Bom dia amor, fala pra ele que já já eu saio daqui, ok? – falei me sentando na cama.

Nessa: Tá ótimo! Até daqui a pouco!

Ligação off

Levantei da cama com a sensação de que nem havia dormido ainda, nisso ele já tinha virado para o outro lado e dormido de novo.

– Igor, levanta! – ele resmungou a cobriu a cabeça parecendo uma criança – Vai logo Igor, se não você se atrasa!

– Tõ morto, a gente não pode trocar o voo pra mais tarde? – serio que ele ia fazer manha? Puxei a coberta de uma vez – Ow, isso não vale!

Gargalhei e comecei a me trocar, coloquei a roupa que eu já tinha trazido na noite anterior e fiquei distraída me vestindo, quando terminei olhei pra traz e ele me olhava sem nem piscar.

– Que foi? – chequei a roupa, vai que tinha algo do avesso.

– Nada não, é só que eu poderia assistir a esse espetáculo todos os dias e nunca ia enjoar. – senti meu rosto corar e sorri – Não fica com vergonha, só tô falando a verdade.

– Às vezes, você é muito fofinho sabia? – ele riu com uma cara de sem vergonha – Tá vendo, acabou a fofura! – Entrei no banheiro rindo, fiz minhas higienes e sai, ele já estava vestido – A gente se vê daqui a pouco, o Júlio tá só esperando eu sair pra vir arrumar as coisas dele!

Dei um beijo estralado no rosto dele e sai do quarto, bati de leve na porta do outro quarto e a Nessa abriu de imediato, o Júlio tava deitado sem camisa na minha cama.

– Achei que ia ter que esperar o natal pra você sair de lá – revirei os olhos e ele riu alto, aparentemente a Nessa já tava quase pronta.

– bom dia pra você também, Júlio – apontei a porta rindo – se esse era o problema, pode vazar daqui, ah e de nada por te emprestar a minha amiga.

Ele levantou enquanto nós três riamos, deu um beijo na Nessa e saiu do quarto, assim que fechei a porta nos duas ficamos nos encarando por uns segundos ate cair na gargalhada, isso ta começando a virar uma mania nossa.

– Eita, Dy! Que olheiras são essas ai? – ela disse e senti meu rosto esquentar – De duas uma: ou o Igor te deu um soco, ou a noite foi quente!

– São os vestígios de uma noite louca, você não tem ideia! – quase a derrubei com a minha sinceridade

– Mas louca como, mulher? – só a Nessa pra fazer esse tipo de pergunta, ri alto.

– Louca tipo ligação da recepção às 3 da manhã pedindo pra não bancar o Luan Santana e acordar o prédio! – minha vez de deixar ela sem graça – E a sua? Diz pra mim que você roubou a inocência do pobre rapaz que estava aqui!

– Antes Júlio Cocielo fosse inocente, viu Dy! – a olhei com uma sobrancelha erguida – Mas não, não aconteceu nada do que você tá pensando! A gente até começou a se beijar e tal, mas acredita que a mãe dele ligou bem na hora? Puta clichê, né? O pior foi o motivo! Acredita que a Rebeca e o pai foram na casa da mãe do Júlio arrumar barraco?

– Eu não creio! Essa menina é foda hein! Mas que ela queria lá? – que tiro no meu peito.

– Pois é, menina! Ela falou mal do Júlio pra mãe dele e pra Osasco inteiro! Ele ficou com muita raiva e ai não teve nem como continuar nada, né?

– Vocês se abatem por qualquer coisa mesmo! – rimos alto – Quando é que você vai ter a oportunidade de uma noite toda com Júlio Cocielo? – olhei pra ela e parecia que ela ia me esfaquear – Só disse verdades!

– Depois que ele mencionou que a mãe dele pode ter um ataque cardíaco a qualquer momento, nem pra jogar dama a gente tinha clima mais!

– Mas e ai? Fizeram o que então? Vai dizer que viram desenho até dormir? – ela fez uma cara pensativa, como se tivesse escolhendo o que me contar.

 – Ficamos batendo papo e comendo pizza! – ri fraco – Mas e ai, como você está?

– Ai Nessa, eu nem sei explicar o quanto tô feliz, faz tempo que não me sinto assim! – falei sem nem pensar, o sorriso dela sumiu.

– Dy, eu sei que falei pra você tentar e tal... – ela parou um minuto e eu fiquei esperando ela continuar – Mas não se entrega assim de vez, sabe. Você não conhece o Igor direito e ele pode te machucar... – oxi? Ela tava super apoiando, não entendi foi nada agora.

– Você tá ultra certa... Deixa eu pisar no freio aqui. – se bem que ela tem razão né? Bora botar os pezinhos no chão – Mas vamos embora? Ainda temos uma certa dupla de pais pra conversar, né Vanessa?

– Meu Deus, Dy! É mesmo! Marquei a mudança, mas nem avisei que tô indo embora! – ri da cara de desesperada dela.

[***]

Confesso que fui ate o aeroporto meio dormindo escorada no ombro do Júlio – que teimou em sentar entre eu a Nessa no banco de traz do taxi – enquanto o Igor dormia descaradamente no banco da frente e ele e a Nessa cochichavam e davam risinhos.

Como eu já havia previsto tinha um monte de gente no aeroporto, inclusive alguns dos youtubers que estavam no evento desse fim de semana, o Igor e o Júlio abriram um sorriso enorme quando viram as pessoas vindo na nossa direção.

– Igor, vou pegar um café ali na Starbucks e agilizar o embarque das malas ok? – ele me olhou sorrindo grande, me roubou um selinho e eu senti meu rosto esquentar, ele riu disso – Tá doido?

– Tô sim, e faz tempo! – ele respondeu rindo – Vai lá então, a gente se vê já já!

Ainda com o rosto quente fui na direção da Nessa.

– Amor, que tal a gente deixar eles atendendo as meninas e ir despachar as malas? – ela se virou pra mim sorrindo – Prometo que devolvo sua assessora inteira, Ju!

– É bom mesmo dona Dy! – ele entregou uns papeis pra Nessa e junto tinha uma nota de 50, ela pegou revirando os olhos – Vocês duas tão com cara de defunto, hoje eu banco o café!

– Cala a boca Ju, vai atender tuas fãs, vai! – ela respondeu rindo alto junto comigo – Vamos, Dy?

Caminhamos em direção ao balcão, fizemos o chato processo de etiquetar as malas e fomos pra cafeteria, compramos café e nos sentamos.

– Que horas são Dy? Meu celular tá no fundo da bolsa. – ela disse dando uma mordida no pão de queijo.

– 8:35 ainda. – disse me sentindo exausta – O embarque começa as 9h né?

– É sim! – ficamos em silencio por alguns minutos – A gente vai no apê amanhã mesmo?

– Vamos sim, podemos ir depois do trabalho se você quiser. – falei animada – Meu cunhado disse que me entrega a chave hoje mesmo quando eu chegar em casa!

– Ah, o Pedro vai me buscar no aeroporto, se quiser a gente te leva embora – Ela disse com uma cara confusa.

– Falando em Pedro Guilherme, o que acontece agora? – minha vontade era contar tudo pra ela agora sabe? Pra livrar ela dessa confusão, maldita promessa que eu fiz pro Igor – Porque se ele vai te buscar no aeroporto...

– Ai Dy, eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer... – dei um gole no meu café enquanto ela organizava as ideias – Quando chegarmos a gente descobre. – rimos alto involuntariamente.

– Fala ai, esse fim de semana foi louco! – continuamos rindo.

– Bota louco nisso! Acho melhor a gente ir. – olhei a hora e faltava pouco pras 9 – Você vai querer a carona?

– Ah é, verdade! – disse enquanto levantávamos – Então, é que vou na casa do Igor quando a gente chegar lá... – ela ameaçou rir – Nem começa Vanessa! – falei já rindo também.

– Mas eu não falei nada!

Voltamos para o salão de embarque e a muvuca já tinha acabado, encontramos os meninos e fomos para o avião.

[***]

– Ele mandou mensagem? – perguntei pra Nessa enquanto esperávamos no salão de desembarque, ela procurava aquele babaca discretamente.

– Mandou nada! – ela parecia irritada, já tinha uma meia hora que tínhamos chego e nada do babaca do Pedro aparecer – Quer saber? Foda–se! Vou pegar um taxi e vou pra casa!

– Mas não vai mesmo! – o Júlio brotou de um bueiro e começou a falar com ela, eu os deixei e fui na direção do Igor.

– Você tá com cara de quem não dormiu muito. – falei segurando o riso – Aconteceu alguma coisa?

– Você é tão engraçada Dy! – rimos alto – Tá pronta pra conhecer a família Cavalari? – um pequeno tremor desceu pela minha espinha, mas eu disfarcei lindamente.

– Eles não podem ser piores que você, então tô sim! – ele pegou minha mala e a dele de uma vez só e riu.

– Quero só ver ate onde vai essa coragem toda! – fomos rindo ate o Júlio e a Nessa – E ai, decidiram o que vão fazer da vida?

– A Nessa vai lá em casa, depois eu levo ela embora! – ela revirou os olhos, me arrisco dizer que ela não tava muito de acordo com isso – Não revira esse olho ai não! – nós quatro rimos e fomos em direção do ponto de taxi.

– Eu falei que o Pedro não parecia de confiança. – cochichei pra Nessa já no caminho pra casa dos meninos.

– Ele não é de fazer essas coisas, Dy! – e a vontade de falar pra ela que ele era um FDP fica como? – Depois eu me resolvo com ele, bora curtir nosso passeio ate Osasco?

– A gente vai se mudar pra lá, lembra? – os meninos nos olharam interessados e nós duas rimos – Acho que nos esquecemos de contar, em breve eu e a Nessa estaremos morando por aqui, já que minha família vai embora e tal...

– Como assim sua família vai embora doida? – acabei de chegar a conclusão que eu nunca conversei de verdade com o Júlio, sorri pra ele.

– É uma historia longa e bem chata, te conto depois pode ser? – rimos alto.

Eles três começaram a conversar e rir, eu voltei minha atenção para o trajeto, algo me dizia que já estávamos chegando, o motorista havia entrado em uma área que estava mais pra residencial que pra outra coisa. Menos de 10 minutos depois ele parou em frente a uma casa verde com um portão de metal fechado ate em cima, sabe aquelas que nos deixam curiosos pra ver dentro?

– Falô ai povo, a gente se tromba depois beleza? – o Júlio desceu – Vamos Nessa?

– Tchau gente! – ela desceu do carro acenando – Dy, te mando mensagem mais tarde pra combinarmos tudo de amanhã, ok?

– Uhum! – me ajeitei no banco do carro – Se cuidem ai ok?

– A pessoa mais perigosa da quebrada é que tá levando ela Dy! – rimos alto – Até mais!

Assim que o taxista ligou o carro minhas mãos começaram a suar e acho que perdi a capacidade de falar. Terminamos de descer a rua e o carro parou de novo. O Igor pagou a corrida e desceu, foi ate o porta mala e desceu as malas. Agradeci ao motorista e desci do carro, o portão era de madeira e de fora eu conseguia ver uma garotinha brincar no quintal.

– Ei, tá ai ainda? – o Igor sacodiu a mão em frente aos meus olhos e eu ri – Vamo?

Respirei bem fundo e concordei com um aceno, ele abriu o portão e a garotinha veio correndo pra abraça–lo, era a coisa mais fofa do mundo. Fiquei alguns passos pra traz pra dar espaço pra esse momento família, lá no fundo senti uma dorzinha de saudade da Lua.

– Manu, essa é a Dy, ela trabalha comigo! – a garotinha se aproximou meio tímida – Dy essa é minha irmã mais nova, o monstrinho da casa! – ela fez uma careta pra ele e veio me cumprimentar.

– Oi Manu, tudo bom? – fui surpreendida com um abraço, sorri grande com aquilo e retribui o abraço.

– Você é namorada nova do meu irmão? – meu coração parou de bater por alguns segundos, fiquei sem resposta enquanto o Igor ria alto.

– Não lindinha, não sou a namorada do Igor, a gente só trabalha junto! – ela começou a me puxar pela mão pra dentro da primeira casa (de onde eu estava, enxerguei pelo menos mais umas duas no quintal.

– Que pena sabe, ah você é bem bonita e parece legal! – senti meu rosto queimar quando ela parou de me puxar em uma cozinha com pelo menos umas seis pessoas tomando café – A outra era meio vaca!

– Manuella, olha boca! Quem você tá chamando de vaca a essa hora do dia? – uma mulher alta se virou e me encarou, um silêncio muito constrangedor foi estabelecido. Cadê o Igor, meu Deus!

– A ex namorada do Igor mãe, todo mundo fala isso! – o silencio foi quebrado por altas risadas, eu sentia meu rosto pegar fogo.

– ela realmente era meio vaca! – eles ainda riam, quando ela voltou a me encarar – E você é...

– Essa é a Dy mãe, lembra que te falei? Que é minha nova assessora? – salva pelo gongo! – Dy, essa é a minha mãe Dona Patrícia, minha avó, aquela ali é a Isa minha irmã, e minhas tias.

– É um prazer enorme conhece–las, o Igor fala muito de vocês! – elas me olharam e sorriram, mas mesmo com toda a simpatia delas eu me senti em um corte marcial.

– Nossa Igor, que moça linda! Não parece em nada com as piranhas que ficam aqui na porta atrás de você! – a vó dele falou e eu senti meu rosto queimar.

– Mãe, vai deixar a menina sem graça! – a mãe dele falou – Vem cá querida, toma café com a gente!

– Isso Dy, vai tomando café ai, eu vou tomar uma ducha já volto! – ele entrou corredor a dentro e eu fiquei estática.

– Senta ai minha filha, ninguém aqui morde não! – um das tias dele falou e eu ri me sentando.

Tomei café com elas, e meu Deus, como foram divertidas e me trataram bem – exceto pela Isa, que por algum motivo só falava de uma tal Marcela e deixou bem claro que não foi com a minha cara – rimos sem parar. Depois de uns 30 minutos nós terminamos o café, as tias dele foram embora junto com a avó, a Isa saiu pro trabalho eu acho, Manu foi pra escola e só ficamos eu e a Dona Patrícia na cozinha. Ela começou a tirar a mesa eu me levantei e comecei a ajudar.

Ela me olhou com uma cara questionadora, mas não disse nada. Quando eu ameacei abrir a torneira pra lavar os copos ela começou a falar.

– Não senhora, você é visita! – eu olhei pra ela – E na minha casa visita não lava a louça!

– Que isso Dona Patrícia! – ela cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha igual o Igor – Eu apareci sem ser convidada pra filar esse café maravilhoso, nada mais justo que eu lavar essa louça. Eu faço questão!

Antes que ela mudasse de ideia comecei a lavar a louça e ela ficou ao meu lado enxugando, começamos a conversar sobre tantas coisas, parecia que já nos conhecíamos a muito tempo, essa cena pra mim era diferente, eu nunca tive isso com a minha mãe, e sempre via as minhas amigas falarem sobre momentos assim e imaginava como seria.

– O Igor comentou que sua irmã vai embora do país. – ela disse e me olhou com um sorriso doce no rosto, “cara de mãe” como a Duda diria.

– Ela vai sim, acho que ate o fim do mês ela se muda. – eu forcei um sorriso pra ela, mas minha vontade real, toda vez que alguém tocava no assunto, era chorar.

– E você vai ficar com a sua mãe? – ela tinha uma genuína curiosidade no olhar – Não quero ser intrometida querida, mas é que o Igor não conta as historias direito! – rimos alto – Ele chegou aqui todo aflito falando que sua família ia embora e você estava triste não sabia o que fazer. – ela sabia mais sobre mim do que eu imaginava.

– Eu não me relaciono bem com a minha mãe, Dona Patrícia. – ele me olhou em silencio – Eu moro com a minha irmã desde a novinha porque minha mãe, não me entenda mal, mas ela é meio jovem demais... Ela teve nós duas muito nova...

– Eu entendo querida, não precisa falar sobre isso se não quiser ok? – ela sorriu – Bom, conta comigo caso precise de alguma coisa, você parece uma boa moça. Mas fica esperta com o Igor, é meu filho, mas não vale uma moeda de um real furada...

– Poxa mãe, vai me queimar mesmo? – dei um pulo involuntário ao ouvir a voz dele – Não acredita nela Dy, eu também sou um bom moço! – nós três rimos

– Claro que é filho, Deus tá vendo! – eu terminei a louça e enxuguei as mãos – Agora vão pra lá, vocês devem estar cansados da viagem, eu vou fazer estrogonofe pro almoço. Você come Dy?

– Sou louca por estrogonofe! – sorri pra ela – E mais uma vez, obrigada pelo café, tava maravilhoso!

– Tá, tá, chega de viadagem vocês duas! – o Igor me puxou rindo – Vem Dy, antes que minha mãe termine de queimar meu filme!

Saímos rindo da cozinha e ele foi me mostrando a casa, era enorme, apesar de parecer pequena por fora. O único cômodo que faltava ele me mostrar era o quarto dele, então quando ele parou em frente a uma porta com um adesivo da Oakley colado eu já imaginei onde estávamos.

– Eu não costumo trazer ninguém aqui, então se sinta especial! – ele abriu a porta e me deu passagem.

– Confesso que tô surpresa! – eu disse sentando na cadeira da mesinha o computador, ele se jogou na cama e ficou me olhando esperando eu continuar – Tá tudo tão arrumado, não tem nenhuma peça de roupa fora do lugar.

– Eu não sou tão bagunceiro assim! – ele disse rindo – Mas foi minha mãe que arrumou, tava uma zona quando a gente foi viajar. – ele foi pro canto e deu uma batidinha na cama – Vem pra cá, deixa eu curtir você...

– Desse jeito você enjoa de mim rápido! – falei indo em sua direção, me sentei e encostei nele. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Fala pra mim o que você tá pensando, você tá quieta demais! – dei risada do jeito que ele falou, parecia muito curioso.

– Confia em mim, você não vai querer saber o que tá se passando na minha cabeça agora! – falei e me desencostei dele para poder olha–lo nos olhos.

– Didy, entende uma coisa... – ele segurou meu rosto com as duas mãos – Eu quero saber tudo sobre você, quero que você confie em mim pra me dizer qualquer coisa que esteja te incomodando, sem medo de ser feliz! – é claro que ele ia falar algo engraçado pra quebrar o clima repentinamente serio que tava rolando.

– Sendo assim – respirei fundo pra tentar achar um jeito de falar o que estava me inquietando – É que cada fibra do meu corpo tá me dizendo que estando com você eu vou me foder muito, tudo conspira pra que eu saia correndo de você sem nem olhar pra trás – ele ameaçou falar, mas eu levantei o dedo pedindo pra continuar – Pera ia, me deixa continuar, tá? – dei um selinho nele e ele sorriu – A Vanessa me pediu pra ir com calma, tua mãe me alertou pra ficar esperta, tua avó fala que tua porta vive cheia de piranha... Ah e tem a tal Marcela...

– Dy, bota nessa cabeça linda que eu não vou te magoar! – ele me olhava bem nos olhos, senti meu coração acelerar – Te dou minha palavra, e palavra de homem não faz curva.

– Só tô te falando isso porque quero ser totalmente honesta com você sempre, a gente não tem compromisso um com o outro sabe. – desviei o olhar, eu odeio admitir, mas tô ridiculamente apaixonada por ele – Então, só não mente pra mim tá? Eu não sei lidar com mentiras... – meu olho se encheu de lagrimas, meu Deus o que tá acontecendo comigo? Ele ergueu meu rosto mais uma vez, me deu um selinho e acariciou meu rosto.

– Não vou mentir pra você, vamos fazer assim... – continuei a olha–lo enquanto ele falava – Você é honesta comigo e eu com você, a gente vai falar tudo sobre tudo. Vamos ser parças com benefícios. Que você acha? – ele sorria com uma cara maliciosa.

– Pra mim parece um bom acordo! – sorri grande – Vamos mudar de assunto?

– Graças a Deus! – ria alto da cara dele – Quer falar de que?

– Que tal a gente falar da Marcela? – não posso mentir, tava curiosa – Sua irmã falou dela uma centena de milhar de vezes, então tô curiosa de verdade...

– A gente não ia mudar de assunto? – ele falou coçando a nuca – Porque pra mim ainda parece o mesmo assunto.

– Não, nada a ver! – ele revirou os olhos e eu ri – Estávamos falando de nós dois, agora vamos falar de uma terceira pessoa.

– Tá bom, o que você quer saber sobre ela? – ele perguntou me encarando – Mas depois você vai ter que me falar daquele babaca do aeroporto, beleza?

– Sem problemas! – sorri e me recostei nele de novo – Você pode começar me falando porque tua irmã gosta tanto dela e a quanto tempo vocês ficam...

– A Isa é doida Dy, não leva ela a serio! – ele disse rindo – Ela adora a Marcela, por que ela da moral pra ela, dá presentes pra ela e os caralhos. – ok, faz sentido – E eu não fico com ela, eu FICAVA1 – ele falou pausadamente – Mas nunca foi nada serio, durou uns dois meses e já era.

– Ah tá, entendi. Estou satisfeita com a sua resposta senhor! – rimos alto – O que você quer saber sobre o Ricardo?

– Você é tão esperta, por que tava namorando um cuzão? – tive que gargalhar – Na moral, eu não entendo essas coisas.

– Pra começar eu não tava namorando ninguém, pra falar a verdade tem pelo menos uns 7 anos que eu não namoro nada que não seja um sapato! – ele riu alto – E só pra você saber, ele nunca foi cuzão ate o dia que dei um pé na bunda dele.

– Você não tava namorando ele, mas com certeza ele tava namorando você! – revirei os olhos e ele riu.

– Dada um com seus problemas, não é mesmo? – dei uma piscadinha e ele riu – Bom, por fim a gente ficou um tempo, ai ele começou a dar defeito e terminamos, fim da historia.

– Ah tá, simples assim? – ele perguntou num tom de duvida, e eu ri alto com isso – Não tá faltando nem um pedaço dessa historia, não?

– Não Igor, a historia é essa! – nos encaramos em silencio – Ou você quer os detalhes sórdidos?

– Não, já tá bom já! – rimos alto – Não quero detalhe nenhum não!

Depois disso passamos toda a tarde conversando e rindo, assistimos alguns vídeos no Youtube, inclusive o VM que era intitulado “Morena da festa do Japa e FGT Rio”, onde eu aparecia por muitos minutos – não só no carro, aparecia dançando antes do Igor me tirar da pista – o Igor odiou né? E começou um longo e cansativo discurso sobre “todos os meus amigos vão achar que você está com ele, vão ficar falando do seu corpo e etc”. Eu admito que era bonitinho o ciúme dele, mas completamente desnecessário.

Eram umas 14h quando a mãe dele nos chamou pra almoçar, e PQP COMO ESSA MULHER COZINHA BEM! A comida tava maravilhosa, passei uma boa parte do almoço falando isso. Ela era tão engraçada quanto o Igor, eu ri o almoço inteiro, ela me contando coisas da infância dele e da amizade dele com o Júlio e com o Pedro. Pelo que eu entendi os três eram inseparáveis na infância, mas o Pedro foi embora do bairro e eles meio que se afastaram, em resumo só se viam quando ele vinha passar pra cá.

Terminamos o almoço e o Igor teve a ideia de ir na casa do Júlio, de acordo com ele era coisa rápida, ele tinha que pegar um cartão de memoria com ele ou algo do tipo.

– Mano, você vai morrer de rir! – ele disse quando subíamos a rua – A dona Círia me detesta, então a cada 2 minutos ela tenta me mandar embora! – ele disse rindo.

– Por que ela te odeia tanto? Você é o melhor amigo do Júlio.

– Ela acha que eu levo o bebe dela pro mal caminho, já que o Júlio é um santo. – ele respondeu irônico.

– Ah tá, agora eu entendi. – paramos em frente ao portão e ele tocou a campainha – Eu sempre soube que você era a maçã podre do cesto.

Rimos alto enquanto esperávamos alguém vir abrir o portão, depois de alguns minutos o Júlio abriu.

– E ai loco, cansou de ficar em casa? – ele disse dando passagem – Entra aí.

– Vim pegar aquele cartão lá cuzão, quero ver se termino de editar o vlog hoje pra soltar amanha! – eles continuaram conversando enquanto nós atravessávamos o imenso quintal.

A casa do Júlio era bem bonita, e grande. Entramos e a mãe dele – eu suponho – estava na pia lavando a louça e a Nessa enxugando. Assim que passei pela porta ela me olhou de cima a baixo e sorriu.

– Licença – eu disse entrando.

– Pode entrar fia! – ela olhou pra Nessa e rolou uma certa cumplicidade entre elas – Então você deve ser a Dy? – assenti sentindo meu rosto corar – Minha filha, não se mistura com o Igor, esse moleque não vale nada!

– Ô Dona Círia, eu tô aqui viu, tô escutando! – ele disse em tom de brincadeira e ela revirou os olhos.

– É um conselho de mãe viu! – eu e a Nessa rimos – Júlio, eu preciso ir ali na casa da Marcia pra pegar um vasilha que ela pegou emprestado, se não for buscar ela nunca devolve, já volto! – ela disse meio gritando e depois se virou pra Nessa – Vanessa, fica a vontade, a casa é sua tá!

Ela saiu e eu fiquei encarando a Nessa ate escutar o barulho do portão, assim que ele bateu eu comecei a rir igual uma louca e ela também, logo os meninos vieram pra dentro e nos duas estávamos sem ar de rir.

– Qual foi a piada? – o Júlio disse nos encarando – Para mano, as mina não partilha nada, sê loco!

– Nada, tô só rindo aqui por que a Nessa já ganhou o coração da sua mãe! – ela me olhou e começamos a rir de novo.

– Você não viu nada Dy, ela tá me deixando sem graça desde a hora que eu cheguei, fica elogiando e tal. – olhei pro Júlio e ele observava ela falar tão concentrado, ela também notou e ficou vermelha – Mas e ai Dy, como foi lá?

– Ah, todo mundo me tratou super bem! – enquanto nos duas conversávamos, eles foram pro quarto do Júlio buscar o cartão – Menos a irmã mais velha do Igor, ela definitivamente não foi com a minha cara.

– Oxi, por que? – dei de ombros e continuamos conversando ate os meninos voltarem, assim que voltaram o Igor me chamou pra ir embora – Mas já? Vocês mal chegaram!

– Infelizmente eu ainda tenho um vídeo pra editar hoje, Vanessinha! – ela revirou os olhos pelo jeito que ele falou – A gente se vê logo menos!

– Ah Igor, o PC mandou mensagem chamando pra tomar uma breja lá na paulista, vamo? – o Júlio disse quando já estávamos no portão.

– Opa, pode pá! – ele me puxou pela cintura e deu um beijo no alto da minha cabeça – Nois fecha pelo whats!

Me despedi deles e descemos a rua, em silencio dessa vez. Chegamos a casa dele e não tinha ninguém.

– Cadê sua mãe? – ele deu de ombros e riu.

– Sei lá, deve esta lá na minha avó. – ele me abraçou e me levou ate uma parede – Ela podia ter saído mais cedo né?

– Nem inventa Igor! – disse rindo – Respeitar a casa das pessoas é bom e nem dói!

– Você que manda né? – assenti rindo – Então, infelizmente é hora de levar a princesa pra casa. Você tá de folga, mas eu preciso trabalhar.

– Princesa não! – ele olhou com uma sobrancelha erguida – Rainha da porra toda, obrigada! – gargalhamos e nos soltamos – Tá na minha hora mesmo, tô com saudade da Lua já.

Ele me puxou mais uma vez e me deu um beijo demorado, daqueles que a gente não quer que acabe sabe? Depois disso juntei minhas tralhas, colocamos no carro e ele foi me levar.

O trajeto foi bem rápido, fomos rindo e falando de tantos assuntos que nem vi o tempo passar, quando menos esperei ele já estava parando o carro na frente da casa.

– Orra, que mansão hein – eu ri alto – to até com vergonha de ter te lavado na quebrada – ele disse rindo.

– Um dia eu vou ter uma dessas, mas por enquanto vou morando de favor na casa dos outros mesmo! – falei rindo – Sabe eu tava aqui pensando...

– Ixi, lá vem! – ele falou desviando o olhar do meu.

– Ainda não entendi porque a Vanessa falou pra ir com calma... Ela tava incentivando tanto... – falei vagamente, ele continuou olhando por vidro da frente do carro.

– Vocês mulheres, são todas cismadas! – revirei os olhos e ele riu – Na mesma hora que acham uma coisa certa dali a pouco já não acham mais... É coisa de Vanessa, relaxa ai...

– Tava só divagando mesmo, sei lá, fiquei com isso na cabeça. – ele se virou pra mim novamente e me deu um selinho – Juízo hoje tá? Não vou esta lá no bar pra cuidar de você...

– Vamo comigo então, ai você cuida de mim! – ele falou aproximando seu rosto do meu – E depois eu cuido de você. – colei nossos lábios sorrindo.

– A proposta é maravilhosa, mas vou sair com a Lua, ela tá se sentindo meio abandonada. – ele me deu mais um selinho, sorriu e acenou pra alguém atrás de mim. Olhei de uma vez e a Duda estava de pé na porta com a Lua – Acho que essa é a minha deixa pra ir. – senti um pequeno aperto no peito ao me despedir.

– Tchau Dy, a gente se vê logo! – dei mais um selinho nele – Te cuida tá.

– Você também!

Desci do carro e fui ao encontro da minha pequena, a abracei bem apertado, cumprimentei a Duda e entramos. Elas estavam muito curiosas sobre todo o fim de semana, então seria uma longa tarde de garotas.

[***]

Lá pelas 20h eu já tava deitada quando meu celular toca e era chamada de vídeo da nessa, tomei um sustinho rápido mas no fim eram só os pais dele querendo me conhecer. Um hora de conversa depois com eles me fazendo perguntas acho que os convenci, demos boa noite desligamos. Apaguei as luzes e coloquei meu celular pra carregar, logo ele tocou outra vez. Ate achei que era o Igor ou o Ricardo, sei lá né? Mas era a Nessa me matando de infarto pela segunda vez hoje!

Ligação on

Eu: Eita que aconteceu? Eles mudaram de ideia? – já perguntei pensando em mais mil argumentos.

Nessa: Não, Dy, só liguei pra avisar que o filho da puta do Júlio voltou com a Rebeca e ainda me chamou pra jantar. Só isso mesmo! – ai caralho, que tiro!

POV Vanessa

Eu e o Júlio acabamos ficando no quarto que eu e a Dy estávamos hospedadas. Entramos no quarto de mãos dadas e ele fechou a porta. Estava tudo escuro. Quando ele acendeu a luz, a ficha caiu. Só eu e ele. Juntos e sozinhos. A noite inteira! Eu só queria saber no que isso vai dar.

– Oxi! Tá bem? – ele me olhou estranho e eu franzi as sobrancelhas – Parece que passou o dia todo no sol, tá vermelha pra caralho!

Se quiserem chamar o SAMU, essa é a hora! Se eu não sentar, vou cair dura no chão desse hotel!

Ri fraco e me sentei na cama. Ele me acompanhou.

– Tô ficando preocupado. Fala alguma coisa, mano! – ele pegou na minha mão.

– Me deu uma tontura mesmo, acho que foi a bebida da festa. – mentir não faz mal, faz? Tudo bem que eu bebi mais que o normal, mas saber que ele tava do meu lado me dava calafrios. Cadê a Dy quando a gente precisa dela?

– Quer uma água, um refri? – ele levantou, indo em direção ao frigobar do quarto. Foi ai que reparei que eu estava sendo louca. Não precisava disso tudo.

– Não, Ju! Tá tudo bem! – ri fraco – Vou tomar um banho pra ver se isso passa, é melhor! – levantei da cama e ele veio em minha direção, depositando um beijo na minha bochecha.

Peguei uma camiseta e um shorts na mala, junto com roupas intimas, e respirei fundo. Ele estava jogado na cama da Dy, mexendo no celular. Passei por ele e entrei no banheiro.

Me olhei no espelho e percebi que eu estava realmente vermelha. Era um misto de vergonha e álcool ao mesmo tempo. Ri sozinha e fui tomar meu banho, deixando que a água gelada batesse sobre minha cabeça. De repente ouvi a voz da Dy no quarto. Como eu queria que ela mudasse de ideia e ficasse por aqui mesmo, mas eu estaria sendo egoísta com ela e com o Igor.

– Preciso entrar pra pegar uma roupa, vocês monopolizaram meu quarto! – senti um pouco de histeria na voz dela. Estávamos no mesmo barco! – Cadê a Nessa?

– Tá tomando banho, tem mania de chuveiro né? – ouvi os dois rindo.

– Tem mesmo! – a Dy respondeu.

– Tô ouvindo vocês falando de mim ai! Podem parar! – gritei do banheiro e ouvi os dois rindo.

Demorei mais uns dez minutos no banho, sem ouvir a voz dos dois lá no quarto. Enrolei uma toalha no cabelo, me enxuguei, coloquei minha roupa e sai do banheiro, encontrando uma Dy cheia de roupas nas mãos. Ela olhou pra mim e do nada começamos a rir feito loucas.

– E agora, Dy? – desenrolei a toalha do cabelo – O que a gente faz? – ela riu alto e eu acompanhei.

– Ai amor, eu honestamente não sei! – rimos de novo – Tô quase pulando da janela!

– Ah Dy, você não parece o tipo de pessoa que foge dessas situações né? Tava contando com seus conselhos! – rimos juntas – Eu é que não sei o que fazer!

– Nessa, dormir com um cara que você nunca mais vai ver ou que você só tem atração física é fácil, é só deixar a doideira tomar conta. – ouvia atentamente a cada palavra que ela dizia. Ela parecia ser a professora e eu a aluna – Mas quando você tá sentindo algo, cada passo conta...

– Calma ai! Você tá dizendo então que tá sentindo algo de verdade pelo Igor? – ela me olhou com os olhos arregalados. Eu não esperava tão cedo ouvi–la admitir que estava apaixonada. Mas aí o clichê, ou o salvamento da Dy, aconteceu. A porta se abriu e era o Júlio.

– Voltei! Rala Dy! – ela me mandou um beijo, rindo.  

– Boa noite pra vocês ai, juízo! – ela disse enquanto saia – Não quero sobrinhos agora!

– A recíproca é verdadeira Dy! – eu disse antes de fechar a porta.

Me virei para o Júlio e ele segurava uma sacola plástica nas mãos e um notebook debaixo do braço.

– Trouxe um pen drive com um vídeo pra você assistir! – ele disse, tirando o pen drive da sacola. Olhei estranho pra ele. Que tipo de vídeo seria esse? – Calma, é só um vídeo que vai pro canal, não é nenhum pornô não! – ele disse simples e eu ri sem graça – Quero saber sua opinião.

– Credo, Júlio! – dei um tapinha no braço dele e ele riu – Minha opinião importa tanto assim?

– Pensei que assessoras serviam pra isso. – ele colocou o notebook na cama, junto com a sacola. Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas e ele se virou pra mim – Tô brincando, mano! Relaxa! – ele riu e passou os braços pela minha cintura. Senti seu rosto se encaixar no meu pescoço e um arrepio passou por todo o meu corpo quando ele respirou por ali – Tá cheirosa, hein! – ri baixinho com o jeito que ele falou.

– Queria poder dizer o mesmo!

– Oxi! Vou tomar um banho então.

– Graças a Deus! Eu não tava aguentando mais! – tapei o nariz com uma mão e fiquei abanando com a outra. Ele riu, pegou umas roupas na sacola e foi pro banheiro.

Assim que a porta se fechou, me sentei na cama. Confesso que minha mente estava no outro quarto. Minha curiosidade pra saber o que a Dy e o Igor estavam fazendo estava grande e parece que viajei demais quando ouvi a porta do banheiro se abrir.

– Ou, onde tem uma toalha? – olhei para a porta e ele estava meio que escondido atrás dela.

– Na ultima gaveta do armário! – ele assentiu.

Não demorou nem dois minutos e ele já estava saindo do banheiro, secando o cabelo com a toalha e sem camisa.

– Ou, não tem camisa não? – falei rindo, cruzando os braços.

– Por que? Eu sem camisa te incomoda? – eu não queria admitir, mas ele sem camisa tirava toda a minha concentração. Ele continuou a secar o cabelo, esperando por uma resposta.

– Fica como quiser, Júlio, só me ajuda a escolher algo pra pedir. Tô morrendo de fome. – bufei, levantando da cama e desviando totalmente do assunto.

– Pizza? – ele sugeriu e eu concordei.

Liguei pra recepção perguntando se eles tinham o número de alguma pizzaria e pra nossa sorte, eles tinham. Pedi uma metade frango com catupiry e a outra metade calabresa, que era o que ele queria.

Quando desliguei o telefone, ele já estava colocando o pen drive no computador. Enquanto ele abria o vídeo, eu arrumava os travesseiros na cama,

– Tá tudo pronto aqui! – ele falou se jogando na cama que eu tinha acabado de arrumar – Só falta você!

Me sentei ao lado dele e ele passou o braço sobe os meus ombros.

– Vamos ver esse tal vídeo, Cocielo! – ele riu e me pegou de surpresa com um selinho. Assim que me abracei nele, ele deu play.

"Fala galera, estamos aqui pra mais uma copa cirrose!" a voz dele ecoava pelos autofalantes do notebook. O vídeo mal tinha começado e eu já estava dando gargalhadas, mas se eu disser que sabia como funcionava a copa cirrose era mentira e acho que ele percebeu isso. Com menos de dois minutos de video nós começamos a nos beijar, pela primeira vez completamente sozinhos e por isso nos empolgamos. Intercalávamos entre beijos calmos e intensos e quando cai na real, meu corpo já estava sobe o dele. Mas como nada nessa vida é perfeito, um super clichê aconteceu: o telefone dele começou a tocar. Nossos lábios se separaram e nossa respiração ofegante pareceu se misturar com o toque do telefone. Sai de cima dele e ele levantou para atender. A cara que ele fez me deixou curiosa para saber quem era, até que minha duvida foi sanada.

– Fala mãe! – ele sentou na cama, de frente pra mim – Como assim, dona Círia? – ela parecia estar bem brava. Conseguia ouvir de onde eu estava os murmúrios da voz dela – Como assim na sua porta, mãe? Ela tá louca? – ele desviou o olhar do meu. Seja lá o que esteja acontecendo, tá muito estranho – Mãe, calma! Lembra que você tem problema cardíaco. – ele voltou a ouvir o que ela estava dizendo e de repente olhou pra cima com um olhar bem raivoso – Eu entendi, mãe, mas gritar comigo não vai te ajudar em nada, né! – ele deu mais uma pausa para ouvir – Amanhã eu tô ai, beleza? Mas até lá a senhora tem que ficar calma, não quero ficar órfão de mãe não! – ele falou e riu depois – Beijo, até amanhã.

– O que aconteceu, Ju? – perguntei preocupada, enquanto ele bufava e jogava o celular na cama.

Antes que ele pudesse responder, bateram na porta. Levantei para atender e, como eu presumi, era a pizza.

– Boa noite! – atendi o rapaz que estava com um belo sorriso no rosto – Só um minuto que vou buscar o cartão. – ele assentiu e eu me virei, indo buscar o cartão na carteira. Quando me virei para ir em direção a porta, o Júlio estava lá, sendo o mais irritante possível: pagando o cara com uma nota de cinquenta.

– Vixi, rapaz, não me mandaram dinheiro! Eu só trouxe a maquininha.

– Sem problema, pode ficar com o troco, mano!

– Júlio! – falei um pouco alto demais, pegando no braço dele – Não, moço, pode devolver o dinheiro. – o entregador fez uma cara engraçada, mas o Júlio já estava pegando a caixa da pizza e a sacola com o refrigerante.

– Eu tô um pouco confuso. – ele riu sem graça, coçando a cabeça.

– Tá aqui ainda, Vanessa? O cara precisa trabalhar! – ele me pegou pela cintura, me afastando da porta – Valeu ai, mano! – ele fechou a porta.

– Você é insuportável às vezes, sabia? – falei com um pouco de raiva.

– E você é insuportável sempre! – ele disse rindo, o que me fez rir – Senta ai que eu vou te contar a parada que aconteceu com minha mãe. – ele apontou pra uma mesinha redonda que havia no quarto e eu me sentei, enquanto ele começava a abrir a pizza, tirar o refrigerante da sacola e a servir. Quando tudo já estava servido, ele deu uma mordida na pizza e começou a falar – A Rebeca, mano, cê acredita que ela foi com o pai dela na porta da casa da minha mãe e começou a fazer barraco? Falou umas par de mim pra minha mãe.

– Mas ela é louca? Sua mãe não tem nada a ver com o que vocês tiveram. – olhei indignada pra ele.

– Pior, falou mal de mim pra meio Osasco. – ele deu um gole no refri e uma mordida na pizza. Parecia que tinha ficado a viagem toda sem comer – Ela vai ouvir umas par quando eu chegar lá amanhã. – confesso que fiquei meio tensa com a ideia de ter Júlio e Rebeca juntos num mesmo lugar, mas ele não é meu e eu não tenho nada a ver com isso. Não é, Vanessa?

Pensando nisso eu nem respondi nada. Fiquei quieta. E de novo meu pensamento foi para o outro quarto. Fiquei curiosíssima pra saber o que tava pegando lá.

– Vem cá, Júlio, o que você acha do caso Igor e Didy? – fiquei meio incomodada com o silencio.

– Mano, a Dy parece ser uma menina bem firmeza, tá ligado? E isso me preocupa pra caralho, porque o Igor não é o tipo de cara que tá satisfeito com um contatinho só. Ele tá sempre correndo atrás de outras.

– Como assim, Júlio? – olhei pra ele com uma sobrancelha arqueada e ele desviou o olhar, parecendo ter se tocado que disse algo que não deveria – O que tá pegando, Júlio? Tem algo errado nesse seu olhar que não me deixou feliz.

– Nem é nada não, relaxa. – será que tá escrito “boba” na minha testa e eu não percebi?

– Aham, nada não! – ri sarcasticamente – Agora que começou, pode terminar. Fala tudo!

– Aff, mulher e essas intuições filhas da puta! – ele sentou meio largado na cadeira e revirou os olhos – Mas cê não vai contar nada pra ela não, né? O Igor é um cuzão, mas é meu irmão.

– Só desembucha, Júlio! Eu só não quero que ele magoe ela.

– A parada é que o Igor sempre teve um caso com uma menina chamada Marcela e ontem eu peguei ele marcando algo com ela pelo telefone. – ameacei a falar e ele fez sinal pra que eu deixasse ele continuar – Eu falei um monte pra ele, mas parece que o Igor tem uma pedra no lugar do cérebro. Ele sabe que tá errado, mas continua fazendo merda. – ele deu uma pausa e tudo o que eu sentia era raiva do Igor.

– Júlio, eu não vou deixar a Dy se magoar por causa do Igor. De verdade, eu não admito esse tipo de coisa. – na mesma hora que eu terminei de falar, o Pedro veio na minha cabeça. Eu estava fazendo a mesma coisa que o Igor pretendia fazer.

Fiquei mexendo num pacotinho de maionese me sentindo um lixo. Eu não sabia como proceder, eu não sabia o que estava sentindo. Eu apenas cheguei na conclusão de que eu estava muito na merda.

– Só não conta nada pra Dy agora, beleza? – ele disse enquanto se levantava da cadeira – Eu também não quero que ela sofra por causa do Igor. Só deixa a gente chegar em São Paulo que eu vou tentar dar um jeito. – olhei pra ele e sorri com o modo cuidadoso que ele falou. Ele é simplesmente uma ótima pessoa.

Comecei a ajudar ele a arrumar as coisas e entre algumas brincadeirinhas ali, beijinhos aqui, ele me perguntou algo que cortou um pouquinho o clima.

– Alguém vai te buscar no aeroporto amanhã? – ele perguntou um pouco sério. Naquele momento em que estávamos eu não queria tocar no assunto Pedro.

– O Pedro. – apertei um pouco os lábios depois de responder e ele assentiu com a cabeça.

Depois desse pequeno climinha, ele lembrou do vídeo. Morri de vergonha do jeito que ele falou “Sua boca me fez te tirar a atenção do vídeo.” Assistimos todo o vídeo, dessa vez bem comportados, e resolvemos arrumar as camas. Assim que terminei de escovar os dentes, fui deitar na minha cama. Logo depois ele voltou do banheiro, apagou a luz e deitou na cama da Dy. Estava tudo escuro, tudo o que eu ouvia era o barulho do ar condicionado, até que de repente ele acendeu a lanterna do celular.

– É sério que depois de toda a pegação a gente vai dormir em cama separada? – ri totalmente sem graça. De certa forma ele estava certo. Fiz sinal com a mão pra ele vir e dei espaço pra ele deitar do meu lado. Assim que ele deitou, nós nos cobrimos com a coberta e eu abracei ele apertado.

– O que acontece quando a gente chegar em São Paulo? – queria saber a resposta dele.

– É você quem decide. – a voz dele ecoava pelo quarto – Mas vamos viver o agora? A gente ainda não chegou em casa! – sorri involuntariamente. Aproximei o rosto dele no meu e o beijei.

– Boa noite, Cocielo! – foi a última coisa que eu disse antes de pegar no sono.

***

Acordei com o toque chato de despertador do meu celular. Meio sonolenta, estiquei o braço até a escrivaninha e desliguei. Olhei para o lado e o Júlio estava dormindo que nem um bebê, deu até dó de acordar ele. Mas como nada nessa vida são flores...

– Ju, acorda! – fiz carinho no cabelo dele e ele abriu um olho. Ele fez um barulho meio que resmungando – É sério! Acorda! Temos que voltar pra São Paulo!

Levantei da cama num pulo e abri as janelas. Puxei a coberta de cima dele e comecei a dobrá–la e isso fez com que ele levantasse. Ele veio até mim e me deu um beijo na bochecha.

– Bom dia! – ele disse meio sorrindo – É sério que a gente tem que voltar pra São Paulo hoje? – ele disse, indo em direção ao banheiro.

– Bom, é o que consta na agenda. Se quiser ficar por aí e brigarem com a assessoria, vou jogar a culpa toda em você.

Ele parou em frente a porta do banheiro e seu virou pra mim com uma cara engraçada.

– Que mau humor logo cedo hein, mano! – ele riu e entrou no banheiro.

Ri baixinho enquanto arrumava a cama, me lembrando da noite anterior. Apesar de tudo foi muito bom estar na companhia do Júlio. Mas só de pensar que assim que eu chegar no aeroporto eu vou ver a cara do Pedro por lá, me dá um aperto no peito...

Assim que o Júlio saiu do banheiro, ele se jogou na cama da Dy ainda sem camisa.

– Você não tem roupa não, garoto? – falei meio rindo.

– Esqueceu que meu quarto tá ocupado pela cabeleira e pelo gordinho? Não quero nem saber o que eles estão fazendo lá dentro. – ele disse e eu ri.

– Vou ligar pra Dy daqui a pouco, por precaução, porque abrir a porta e encontrar o Igor sem camisa não deve ser nada agradável... – falei e ele riu alto, concordando.

Antes de ir no banheiro, peguei uma roupa confortável para a viagem. Usei o banheiro pela ultima vez antes de sair do hotel e me arrumei. Quando sai de lá, o Júlio ainda estava deitado. Fui direto pegar o telefone pra ligar para a Dy.

Ligação on

Dy: Oi – pela voz que ela atendeu, com certeza tinham acabado de acordar.

Eu: Bom dia, Dy! Tô te ligando porque o Júlio precisa muito ir ai arrumar as coisas dele...

Dy: Bom dia amor, fala pra ele que já já eu saio daqui, ok?

Eu: Tá ótimo! Até daqui a pouco!

Ligação off

Avisei a ele que daqui a pouco ela estaria aqui e comecei a arrumar minha mala e a organizar o quarto, enquanto o Júlio gravava uns snaps com aqueles filtros engraçados.

Alguns minutos depois eu ouvi uma batidinha na porta e fui abrir já sabendo que era a Dy. O olhar dela foi direto para o Júlio deitado na cama.

– Achei que ia ter que esperar o Natal pra você sair de lá! – ele disse e ela revirou os olhos enquanto ele ria alto.

– Bom dia pra você também, Júlio! – ela entrou no quarto rindo – Se esse era o problema, pode vazar daqui! Ah e de nada por te emprestar a minha amiga.

Ele levantou da cama rindo, me deu um beijo e saiu do quarto. A Dy foi fechar a porta e assim que ela se virou, nós nos encaramos e começamos a rir. Com certeza o que passava nas nossas cabeças era o que tinha acontecido a noite inteira.

– Eita, Dy! Que olheiras são essas ai? – eu disse e ela riu sem graça – De duas uma: ou o Igor te deu um soco, ou a noite foi quente! – ela me olhou e começamos a rir.

– São os vestígios de uma noite louca, você não tem ideia! – ela disse, enquanto começava a organizar as coisas na mala dela.

– Mas louca como, mulher?

– Louca tipo ligação da recepção às 3 da manhã pedindo pra não bancar o Luan Santana e acordar o prédio! – ela disse e nós duas rimos alto. Eu sabia que esses dois juntos sozinhos num quarto não ia prestar – E a sua? – ela perguntou e na mesma hora me lembrei do telefone do Júlio atrapalhando todo o clima – Diz pra mim que você roubou a inocência do pobre rapaz que estava aqui!

– Antes Júlio Cocielo fosse inocente, viu Dy! – ela me olhou de um jeito engraçado – Mas não, não aconteceu nada do que você tá pensando! A gente até começou a se beijar e tal, mas acredita que a mãe dele ligou bem na hora? Puta clichê, né? O pior foi o motivo! Acredita que a Rebeca e o pai foram na casa da mãe do Júlio arrumar barraco?

– Eu não creio! Essa menina é foda hein! Mas que ela queria lá?

– Pois é, menina! Ela falou mal do Júlio pra mãe dele e pra Osasco inteiro! Ele ficou com muita raiva e ai não teve nem como continuar nada, né?

– Vocês se abatem por qualquer  coisa mesmo! – rimos alto – Quando é que você vai ter a oportunidade de uma noite toda com Júlio Cocielo? – olhei pra ela meio indignada – Só disse verdades!

– Depois que ele mencionou que a mãe dele pode ter um ataque cardíaco a qualquer momento, nem pra jogar dama a gente tinha clima mais!

– Mas e ai? Fizeram oque então? Vai dizer que viram desenho até dormir? – ela questionou e ai me lembrei do momento em que o Júlio disse sobre o Igor e a tal Marcela.

– Ficamos batendo papo e comendo pizza! – ri fraco – Mas e ai, como você está?

– Ai Nessa, eu nem sei explicar o quanto tô feliz, faz tempo que não me sinto assim! – ela abriu um sorriso tão radiante que fez meu coração parar por um segundo. Eu realmente não quero ver a Dy sofrer.

– Dy, eu sei que falei pra você tentar e tal... – respirei fundo – Mas não se entrega assim de vez, sabe... Você não conhece o Igor direito e ele pode te machucar... – ela me olhou meio estranho.

– Você tá ultra certa... Deixa eu pisar no freio aqui. – ela falou de um jeito engraçado e eu ri fraco – Mas vamos embora? Ainda temos uma certa dupla de pais pra conversar, né Vanessa?

– Meu Deus, Dy! É mesmo! – um desespero me bateu quando ela me lembrou disso – Marquei a mudança, mas nem avisei que tô indo embora! – ela riu da minha cara.

Terminamos de arrumar tudo, descemos com os meninos para tomar café e pegamos o taxi rumo ao aeroporto.

Assim que chegamos, pude ver um mundarel de gente em volta dos youtubers que estavam no evento. Rapidamente a galera se juntou em cima dos meninos, por isso eu me afastei para dar espaço a elas mas mesmo assim fiquei próxima ao Júlio. Percebi os sorrisos simpáticos que os dois abriam quando abraçavam os fãs. Eles são tão atenciosos que dá vontade de apertar! Percebi o Igor dando um selinho na Dy ali mesmo e aposto que ela ficou toda envergonhada, assim como eu ficaria se fosse comigo. Depois disso ela se virou e veio na minha direção.

– Amor, que tal a gente deixar eles atendendo as meninas e ir despachar as malas? – me virei para ela e sorri. Amo como a Dy me trata. Ela é tão amorzinho! – Prometo que devolvo sua assessora inteira, Ju!

– É bom mesmo dona Dy! – ele entregou uns papeis pra mim, junto com uma nota de 50 reais. De novo esse garoto sendo insuportável! Peguei mesmo assim, mas revirando os olhos – Vocês duas tão com cara de defunto, hoje eu banco o café!

– Cala a boca Ju, vai atender tuas fãs, vai! – respondi rindo pelo jeito que ele falou e a Dy riu junto – Vamos Dy? – ela assentiu.

Fomos juntas até o lugar onde as malas são despachadas, fizemos todo o processinho e fomos na cafeteria. Fizemos os pedidos e fomos nos sentar.

– Que horas são Dy? Meu celular tá no fundo da bolsa. – perguntei enquanto comia o pão de queijo.

– 8:35 ainda. – ela respondeu. Ela precisa urgente de um descanso! A voz dela estava bem fraquinha – O embarque começa às 9h né? – ela perguntou.

– É sim! – respondi e ficamos em silencio por um instante, apenas tomando nosso café. Me lembrei novamente da ideia de nos mudarmos – A gente vai no apê amanhã mesmo?

– Vamos sim, podemos ir depois do trabalho se você quiser. – ela se animou momentaneamente – Meu cunhado disse que me entrega a chave hoje mesmo quando eu chegar em casa!

– Ah, o Pedro vai me buscar no aeroporto, se quiser a gente te leva embora! – mencionei o Pedro e então me lembrei que ele não tinha me mandado nenhuma mensagem até então.

– Falando em Pedro Guilherme, o que acontece agora? – essa era uma das perguntas que eu menos queria responder agora. Sabe por quê? Por que eu não sei a resposta – Porque se ele vai te buscar no aeroporto...

– Ai Dy, eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer... Quando chegarmos a gente descobre. – rimos juntas.

– Fala ai, esse fim de semana foi louco! – continuamos rindo juntas.

– Bota louco nisso! – terminei de tomar todo o café – Acho melhor a gente ir! – Você vai querer a carona?

– Ah é verdade! – ela disse enquanto nos levantávamos – Então, é que vou na casa do Igor quando a gente chegar lá... – olhei rapidamente pra ela e quase ri quando ela me cortou – Nem começa Vanessa! – ela disse rindo.

– Mas eu não falei nada! – eu respondi rindo e começamos a caminhar até o salão de embarque.

Assim que chegamos lá, encontramos os meninos e fomos embarcar.

No avião eu fui na janela e o Júlio se sentou ao meu lado. Quando ele começou a subir, ele apertou minha mão e fez biquinho. E ai me lembrei do medo dele de andar de avião e comecei a rir. Beijei a bochecha dele e comecei a observar as casas ficarem pequenininhas. Tchau Rio de Janeiro!

 ***

Num piscar de olhos já tínhamos chegado em São Paulo. Pegamos nossas malas e fomos para aquela sala onde os familiares estão esperando quem desembarca. Parei um pouco e fui procurar com o olhar se o Pedro se encontrava ali e nada! Peguei meu celular na bolsa e não havia nenhuma mensagem, nem ligação dele. Comecei a ficar irritada. Odeio quando combinam algo e não cumprem.

– Ele mandou mensagem? – Dy perguntou.

– Mandou nada! – já tinha passado meia hora desde que chegamos! Não é possível que não daria tempo de ele chegar – Quer saber? Foda–se! Vou pegar um taxi e vou pra casa! – me irritei real e peguei minha mala.

– Mas não vai mesmo! – o Júlio apareceu do meu lado. Nisso a Dy foi falar com o Igor – Não vou deixar você andando sozinha por ai!

– Eu não vou sozinha, Júlio, eu vou de táxi! – revirei os olhos.

– Vamos de táxi com a gente então! – ele falava de um jeito tão calmo! Será que ele não percebeu que uma pessoa prometeu me buscar e não cumpriu? – Eu te levo lá pra casa da minha mãe, você almoça e depois eu te levo em casa.

– Eu não quero dar trabalho pra sua mãe Júlio. Pode deixar que eu vou direto pra minha casa.

– Para de ser ignorante e aceita a minha companhia, por favor? – respirei fundo e decidi aceitar. Dar uma de louca não resolveria nada mesmo... Mas minha raiva com o Pedro ainda continuava.

– Tá, pode ser! – bufei.

– E aí, decidiram o que vão fazer da vida? – Igor perguntou, se aproximando da gente junto com a Dy.

– A Nessa vai lá em casa, depois eu levo ela embora! – revirei os olhos com essa ideia. Eu estava tão exausta! Eu precisava ir pra casa. Sem contar que preciso conversar com os meus pais sobre a mudança – Não revira esse olho ai não! – ele falou de um jeito tão engraçado que me fez rir. Seguimos nós quatro juntos até o ponto de táxi.

– Eu falei que o Pedro não parecia de confiança! – a Dy cochichou no meu ouvido quando já estávamos no táxi.

– Ele não é de fazer essas coisas, Dy! – e era verdade! Por isso achei muito estranho ele não aparecer, sem contar que não havia nenhuma mensagem. E apesar de tudo, o Pedro é meu melhor amigo e essa ausência dele me preocupa – Depois eu me resolvo com ele, vamos curtir nosso passeio até Osasco?

– A gente vai se mudar pra lá, lembra? – na mesma hora o Júlio e o Igor se viraram para nós e eu e a Dy rimos – Acho que nos esquecemos de contar, em breve eu e a Nessa estaremos morando por aqui, já que minha família vai embora e tal...

– Como assim sua família vai embora doida? – olhei pra Dy e ela sorriu pra ele.

– É uma historia longa e bem chata, te conto depois pode ser? – nós rimos alto.

Eu e os meninos começamos a conversar sobre assuntos mega aleatórios e rapidinho o taxi já estava parando em frente a casa de algum dos meninos, que só descobri que era do Júlio quando ele desceu do carro.

– Falô ai povo, a gente se tromba depois beleza? – ele disse depois que desceu – Vamos Nessa?

– Tchau gente! – desci acenando para os dois – Dy, te mando mensagem mais tarde pra combinarmos tudo de amanhã, ok?

– Uhum! Se cuidem ai ok? – ela disse sorrindo.

– A pessoa mais perigosa da quebrada é que tá levando ela Dy! – rimos alto – Até mais! – Júlio fechou a porta e o táxi partiu em direção a casa do Igor.

Ele gentilmente pegou minha mala e foi abrir o portão. Nós dois estramos e a primeira coisa que vi foi como o quintal era enorme. Ele fechou o portão e foi andando em direção a uma porta.

– Dona Círia! – ele gritou e logo em sequencia pude ouvir um “oiiii”. Ri baixinho e fui seguindo ele.

Entramos por uma cozinha e assim que coloquei meu segundo pé dentro da casa, ela apareceu com uma vassoura na mão.

– Nossa Júlio, você é impossível! Traz visita em casa e nem me avisa! – ela largou a vassoura, limpou as mãos em um avental e veio até mim.

– Eu disse pra ele que incomodaria! – eu ri sem graça, dando um abraço nela – Prazer, Vanessa!

– Que menina bonita, Julinho! Parece ser moça direita! – ela disse olhando pra ele e na hora eu corei.

– Ela é minha assessora/Sou assessora dele! – eu e ele falamos ao mesmo tempo. Nos olhamos e começamos a rir.

– Deu um problema que não puderam buscar ela no aeroporto e deixar ela ir embora sozinha seria sacanagem, ai resolvi trazer ela pra almoçar. – ele explicou.

– Ah, que isso! Não tem problema não, pode ficar à vontade viu, filhinha? – ela sorriu pra mim e eu fiz o mesmo – Já tô quase terminando o almoço.

– A gente vai entrar então e depois tamo voltando aqui. – Júlio disse, dando um beijo no topo da cabeça dela.

Voltei a seguir o Júlio e quase me senti especial quando passei pela sala, que é onde ele grava a maioria dos vídeos dele. Quando entramos num quarto, ele fechou a porta e colocou minha mala num canto e depois jogou a mala dele em cima da cama. Fiquei distraída observando o quarto enquanto ele tirava algumas coisas da bolsa e de repente senti as mãos dele na minha bochecha e seus lábios nos meus, dando vários selinhos.

– Que isso! – eu exclamei, rindo, em meios aos beijos.

– Cê tava tão fofinha falando com a minha mãe que me deu vontade de te dar uns beijos. – ele disse olhando nos meus olhos e eu ri alto – É sério, loco! Eu tenho uma assessora gata demais.

– Para! A Dy é assessora do Igor! – eu brinquei e ele riu.

– Cê é louco! A Dy é gata mesmo, mano! – ele disse como se estivesse lembrando de alguma coisa e como supus que ele estivesse lembrando dela quando estávamos na praia, enchi o braço dele de soquinhos e ele resmungou – Oxi! Tá maluca?

– Para de desejar a mulher dos outros, seu talarico! – eu disse e ele riu alto.

– Tá assistindo meus vídeos agora, é? – ele disse, ainda rindo.

– Preciso analisar o meu cliente de vez em quando né? – rimos juntos.

De repente começou a tocar pela casa a música Homem Não Chora do Pablo. Olhei para o Júlio e comecei a rir.

– Daqui a pouco ela tá cantando alto aí, só espera. – ele falou e foi até o guarda roupa mexer em alguma coisa. Aproveitei pra me sentar na cama e checar o meu celular pra ver se o Pedro tinha aparecido. E não, nenhum sinal de mensagem.

Quando voltei meu olhar para o Júlio, arregalei meus olhos na mesma hora. Ele estava cantando a música com uma PERUCA! Ele dançava uma coreografia hilária e dublava a mãe dele cantando do outro lado da casa. Comecei a rir alto daquela cena e a perceber que o quanto a companhia dele é gostosa.

– Você é tão bobo de vez em sempre! – comentei quando ele parou a apresentação dele.

– Bobo é meu sobrenome depois de Pinto! – acho que corei quando ele mencionou a palavra e ele riu da minha cara.

– Oxi! È sério, olha aqui! – ele tirou a identidade dele do bolso e estava lá: Júlio Cesar Pinto Cocielo. Claro que não perdi a oportunidade de olhar a foto e sim: era muito engraçada. A cara dele estava redonda, o cabelo bem lambido e parecia que ele tinha uns quinze anos de idade. Ri alto e ele resmungou, pedindo de volta.

– Não! Eu preciso tirar uma foto disso! – peguei meu celular, mas quando abri a câmera ele conseguiu tirar a identidade da minha mão. Puxei o braço dele pra tentar pegar e ficamos naquela lutinha até que ele ficou de pé, com o braço levantado e a identidade lá em cima. Comecei a pular, mas era em vão. Ele é muito alto.

– Caralho, você é muito nanica, loco! – ele ria alto da minha cara, até que eu desisti. Me sentei na cama e tentei recuperar o fôlego. Ele percebeu que eu tinha ficado muito cansada e riu mais ainda.

– Para, Júlio! – dei um tapinha nele e ri junto.

Depois que toda essa algazarra acabou nós começamos a conversar e eu perguntei a ele como ele decidiu começar o canal e tudo o mais e olha! A história dele é muito linda. Eu percebi que ficaria dias escutando o Júlio falar sem me cansar. Ele tem tanta história e já passou por tanta coisa que é um milagre ele estar aqui hoje!

– Que bom que você superou isso tudo Ju! – fiz carinho no cabelo dele. Estávamos encostados na parede da cama, deitados um de frente pro outro. Ele deu um sorriso tão fofinho, que foi a minha vez de encher ele de selinhos, mas eu não contava com a mãe dele abrindo a porta bem na hora e flagrando tudo.

– Minha Nossa Senhora! – ela levou uma das mãos a boca. Enquanto isso eu estava completamente vermelha e o Júlio sem graça – É... Eu ia chamar vocês pra almoçar...

– Daqui a pouco a gente tá indo, mãe. – Júlio respondeu e ela assentiu, fechando a porta logo depois.

– O que é que sua mãe vai pensar, Júlio?! – eu disse totalmente sem graça, enquanto eu me sentava na cama.

– Relaxa que depois eu converso com ela. – ele levantou – Bora almoçar? – ele me estendeu a mão e eu assenti, me levantando.

Chegamos na cozinha e minha cara só faltava derreter de tanta vergonha!

– Pode ficar à vontade Vanessa! – ela sorriu pra mim e eu me sentei ao lado do Júlio, que já estava colocando comida no prato.

Comecei a me servir e ela começou a me fazer perguntas.

– Faz quanto tempo que você trabalha com o Júlio?

– Faz pouco tempo, né? – olhei pra ele e ele assentiu com a cabeça.

– Melhor assessora que já tive até hoje! – ele me abraçou de lado e ela riu.

– Tem a Dy também, ela é assessora do Igor. – eu disse.

– E eles tão praticamente namorando já. – Júlio falou e eu olhei pra ele tipo “relevante informação para contar a sua mãe, não?”.

– Tadinha! Esse Igor não presta, manda ela ter cuidado, viu! – ela disse e eu ri alto.

– Minha mãe ama o Igor, considera ele como um filho, né dona Círia? – ela olhou para o Júlio com um olhar, que meu Deus!

– E vocês namoram? – ela perguntou assim na lata e eu corei. O Júlio riu baixo e negou com a cabeça ela mexeu a cabeça negativamente, rindo fraco, provavelmente achando que estávamos mentindo.

Depois disso nós terminamos de almoçar em silencio. Assim que terminei já fui logo pegando meu prato para levar até a pia e lavar. Me assustei com o tom alto de voz da mãe do Júlio.

– Que isso, Andressa, não precisa de lavar não! – já sei de onde o Júlio pegou essa de não gravar o nome das pessoas. Ou seria só o meu?

– Não, que isso! Faço questão! Já incomodei em vir almoçar aqui sem avisar. – assim que eu terminei de falar ela se levantou.

– Então eu lavo e você seca, já que está querendo ajudar tanto assim. – ela disse e eu concordei, rindo, assim como o Júlio.

Fomos fazendo o combinado, até que a campainha tocou e o Júlio foi atender. Ouvi a voz do Igor e respirei aliviada, já sabendo que a Dy estava junto e que eu não estaria mais sozinha ali.

Em menos de um minuto ela passou pela porta, pedindo licença para a dona Círia.

– Licença! – ela disse já entrando.

– Pode entrar fia! – a Dona Círia olhou pra mim e nós sorrimos uma pra outra ao mesmo tempo – Então você deve ser a Dy? – ela assentiu e percebi que ela ficou bem envergonhada – Minha filha, não se mistura com o Igor, esse moleque não vale nada!

– Ô Dona Círia, eu tô aqui viu, tô escutando! – ele disse enquanto ria e reparei que ela revirou os olhos.

– É um conselho de mãe viu! – eu e a Dy rimos – Júlio, eu preciso ir ali na casa da Marcia pra pegar um vasilha que ela pegou emprestado, se não for buscar ela nunca devolve, já volto! – ela disse bem alto e depois se virou pra mim – Vanessa, fica à vontade, a casa é sua tá!

Ela foi andando em direção ao portão e eu e a Dy ficamos nos olhando até escutarmos o portão bater. Do nada a Dy começou a rir alto e isso me fez rir junto. Os meninos entraram na casa e lá estamos nós, rindo que nem loucas.

– Qual foi a piada? – o Júlio disse nos olhando – Para mano, as mina não partilha nada, cê é louco!

– Nada, tô só rindo aqui porque a Nessa já ganhou o coração da sua mãe! – eu e a Dy nos olhamos e voltamos a rir, apensar de eu estar bem envergonhada com essa ideia.

– Você não viu nada Dy, ela tá me deixando sem graça desde a hora que eu cheguei, fica elogiando e tal. – terminei de falar e percebi que o Júlio me observava falar bem atento. Se eu estiver vermelha agora não vou nem achar estranho – Mas e ai Dy, como foi lá?

– Ah, todo mundo me tratou super bem! – começamos a conversar e os meninos foram em direção ao quarto do Júlio – Menos a irmã mais velha do Igor, ela definitivamente não foi com a minha cara.

– Oxi, por quê? – ela deu de ombros, indicando que nem ela sabia o porquê. Continuamos a conversar até que os meninos voltaram. O Igor chamou a Dy pra ir embora – Mas já? Vocês mal chegaram!

– Infelizmente eu ainda tenho um vídeo pra editar hoje, Vanessinha! – revirei os olhos por ele me chamar de Vanessinha – A gente se vê logo menos!

– Ah Igor, o PC mandou mensagem chamando pra tomar uma breja lá na paulista, vamo? – Júlio disse quando chegamos no portão.

– Opa, pode pá! – ele puxou a Dy pra perto, depositando um beijo no topo da cabeça dela – Nois fecha pelo Whats!

Eles se despediram e o Júlio fechou o portão. Ele passou o braço pelo meu ombro e fomos andando juntos pra dentro da casa.

Me sentei no sofá da sala com o Júlio e logo me passou na cabeça que eu precisava conversar com os meus pais sobre a mudança com a Dy.

– Ju, eu preciso ir embora. Tem como ser agora? – perguntei meio envergonhada e ele sorriu.

– Claro, Nessa! – nos levantamos juntos e fomos até o quarto dele pra pegar minhas malas.

– Será que sua mãe vai demorar? Queria me despedir dela, ela foi bem simpática comigo. – não é todo mundo que trata bem uma visita que chega de repente na hora do almoço, né? 

– Daqui a pouco ela tá voltando aí. A Marcia é aquele tipo de vizinha fofoqueira do caralho. Minha mãe odeia. Já chega batendo porta com raiva do tanto que aquela velha fala. – ele disse e eu ri, imaginando a cena.

Sentamos no sofá de novo para esperar a dona Ciria chegar e ficamos assistindo alguns vídeos do canal dele. Uns vinte minutos depois o portão bateu, e com força. 

– Aí ela aí! – ele falou. Fiquei até assustada com a força que ela bateu o portão. Menos de um minuto depois foi a vez da porta da cozinha bater. 

– Não aguento ficar nem um minuto na casa daquela Marcia! Júlio, cadê você? – ela gritou.

– Tô na sala! – ele disse e ela apareceu. 

– Ah, a Andressa tá aí ainda... – ela falou bem sem graça – Oh, não liga pra minha gritaria não, viu fia! Pode ficar a vontade aí!

– Na verdade eu só estava esperando a senhora chegar pra eu poder me despedir! – eu me levantei, relevando o fato de ela ter errado o meu nome mais uma vez.

– Senhora não, Andressa, por favor! – ela me abraçou e eu ouvi o Júlio rindo alto – Do que vc tá rindo, moleque? – ela disse assim que soltamos o abraço.

– O nome dela é Vanessa, mãe! – o Júlio levantou do sofá, rindo horrores. 

– Ahhhh, desculpa Vanessa! Que vergonha! – ela abaixou a cabeça e eu e o Júlio rimos alto.

– Tem problema não, que isso! – continuamos rindo – Mas muito obrigada por tudo mesmo! O almoço estava maravilhoso! 

– Eu que agradeço pela sua visita! Você é muito simpática! – ela disse e nessa altura o Júlio já estava pegando minha mala – Pode voltar mais vezes, tá? – ela sorriu e eu sorri de volta, assentindo com a cabeça.

Fomos todos até o quintal, onde o carro do Júlio estava. Ele colocou minhas coisas no porta malas, agradeci mais uma vez a dona Círia e fomos embora rumo a minha casa.

No carro nós ficamos em silêncio por uns dez minutos, até que o Júlio começou a falar.

– Minha mãe gostou mesmo de você hein, mano! – ele falou e eu ri.

– Ela só foi simpática eu acho. 

– Ela não é simpática nem comigo, Nessa! – ri alto. 

Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios e a cada cinco palavras dele eu dava risada. Nesse fim de semana eu conheci bastante o Júlio, apesar de tudo ele é uma ótima pessoa. Mas o Pedro ainda fazia parte dos meus pensamentos. Sua ausência me deixava meio angustiada.

Ele estacionou o carro em frente meu prédio e desceu comigo pra pegar as malas.

– Quer ajuda pra levar tudo lá pra cima? – eu peguei uma das malas, já me preparando pra ir. 

– Precisa não, Ju! Obrigada! 

– Cê não tá nem se aguentando em pé, Nessa! Me dá isso aqui! – ele pegou a mala e foi trancar o carro. 

Bufei de leve. Eu estava extremamente cansada. Essa viagem rendeu demais e eu precisava da minha cama. 

Abri o portão principal e fomos andando o pequeno trajeto que tinha até a recepção do prédio. 

– Só pra te informar que meus pais estão em casa, viu? – olhei pra ele e ele ergueu as sobrancelhas. 

– Oxi! Isso tá parecendo um namoro, cê é louco! – ele riu e eu acompanhei.

Cumprimentei o porteiro e fomos direto chamar o elevador. Logo ele veio, entramos, apertei meu andar e rapidinho já estávamos na porta da minha casa. Agradeci mentalmente por isso. 

Abri a porta devagar e consegui avistar meu pai sentado no sofá, mexendo no seu notebook. Ele olhou rapidamente para a porta e abriu um sorriso ao me ver, mas olhou estranhamente para o ser que estava atrás de mim. 

– Vanessa! – ele levantou do sofá e veio em nossa direção – Que saudade filha! – nós nos abraçamos. 

– Tava morrendo de saudade, pai! – soltei do abraço – Esse aqui é o Júlio, meu cliente. Ele veio me ajudar com as malas. 

– Opa, rapaz, beleza? – eles deram um aperto de mão. 

– Beleza! – Júlio respondeu sem graça. 

Meu pai fechou a porta e eu e o Júlio fomos a caminho do meu quarto com as malas. Ouvi meu pai gritando: Lisa, a Vavá chegou! 

– Ui, Vavá! – Júlio debochou assim que eu acendi a luz do meu quarto. Olhei pra ele com um olhar de "vou te matar" e ele riu. 

Colocamos as malas num canto e de repente minha mãe apareceu no quarto. 

– Filha, que saudade! – ela veio correndo me abraçar. Parecia que eu tinha ficado mais de meses fora de casa.

– Eu também tava morrendo de saudade, mãe! – nós soltamos do abraço – Esse aqui é o Júlio, meu cliente! Ele veio me ajudar a trazer as malas.

Estranhamente ela abriu um sorriso largo pra ele e o abraçou. 

– Prazer dona... – ele deu um ar de interrogação.

– Elisa! – ela sorriu de novo – Vou passar um café pra vocês e quero que me contem tudo da viagem! – ela enroscou o braço no meu. 

– Não, dona Elisa, não precisa esquentar a cabeça não! – o Júlio respondeu todo tímido. 

– Que isso, Ju! – epa, que intimidade é essa que minha mãe criou com ele assim do nada? Eu e ele nos olhamos, provavelmente pensando o mesmo – Vou lá pra cozinha e já já eu chamo vocês! – ela disse, já saindo do quarto.

Assim que ela saiu, eu e ele rimos. 

– Pode sentar aí, Ju! – imitei a voz da minha mãe no "Ju" e ele riu.

Ele se sentou e ficou jogando pra cima um dos meus travesseiros, enquanto eu dava uma organizada numa baguncinha que eu tinha deixado no canto do quarto. Rapidinho minha mãe estava lá nos chamando para irmos na cozinha. 

– Tô envergonhadão, cê é louco! – ele cochichou pra mim enquanto íamos e eu ri baixinho. 

– Pode ficar a vontade Júlio! Senta aí! – meu pai disse e nos sentamos lado a lado. 

Minha mãe foi servindo o Júlio e conversando com ele enquanto eu peguei meu celular e mandei uma mensagem pra ele "Eu já escutei bastante a frase "pode ficar a vontade" hoje e vc tbm vai ouvir muito. Hahaha". Ele recebeu a mensagem, leu e olhou pra mim com um sorriso de lado. 

Eu me servi e todos também. De repente começamos uma conversa envolvendo a viagem e outras coisas que nem reparamos o tempo passar. Mas nesse tempo eu percebi, logo depois que o Júlio recebeu uma mensagem, que ele ficou bem estranho e meio incomodado com algo. Fiquei curiosa, mas suponho que não seja da minha conta, não é mesmo? 

Peguei meu celular e já marcava 18:50. Júlio pegou o celular para ver a hora também. 

– Elisa e Gustavo, estava ótimo o café mas eu preciso ir! – quanta educação! Nem parece ser o Júlio que eu conheço.

– Que isso, Júlio, ainda tá cedo! – meu pai disse. Nós quatro nos levantamos. 

– Verdade, Ju, ainda tá cedo! – minha mãe novamente com essa intimidade. Me estranha meus pais quererem tanto que ele fique. 

– Infelizmente eu tenho que resolver umas coisas hoje ainda! – ele disse, abraçando minha mãe e depois cumprimentando o meu pai.

Eles se despediram e eu fui levar o Júlio até o elevador. Fechei a porta de casa, enquanto ele apertava o botão. 

– Se sua mãe gostou de mim, meus pais te amaram hein! – eu disse rindo. 

– Na verdade ninguém resiste aos encantos de Júlio Cocielo, meu amor! – ele falou com uma voz bem engraçada e eu ri alto. 

O elevador chegou e ele entrou, mas ficou segurando pra que a porta não fechasse. 

– Obrigada por me trazer aqui, viu? – eu agradeci.

– Que isso, Nessa! Depois desse fim de semana louco isso era o mínimo que eu podia fazer! – ele disse e eu suspirei, me lembrando de todos os momentos, e acabei sorrindo abobalhada. De repente ele me surpreende com um beijo. Meu corpo estremeceu. Eu não entendia o que ele me causava. 

– Vai com Deus, Ju! – eu disse, sorrindo, quando nossos lábios se separaram. 

– Tchau, Nessa! – ele tirou o braço da porta e ela se fechou. 

Respirei fundo e voltei pra casa. Me sentei no sofá e fiquei olhando para o nada. Eu estava bem cansada. 

– O Júlio é bem simpático né, Van? – minha mãe disse. Ela estava lavando a louça. A cozinha e a sala são separadas por um balcão, cozinha americana sabe? 

– É sim! – concordei. 

– Chama ele pra vir mais vezes! Gostei bastante dele! – ela disse e eu ri fraco. 

Antes que eu pudesse responder, a campainha tocou. 

– Ué, nem tocou o interfone! – minha mãe exclamou e eu concordei. Levantei e fui abrir a porta. Quando ela se abriu, dei de cara com Pedro Guilherme. Meu estômago se revirou ali mesmo. 

– Nessinha! Que saudade! – ele disse num tom bem feliz e veio me abraçar. Eu estava sem reação com a cara de pau dele!

Ele entrou e foi cumprimentar minha mãe enquanto eu fechava a porta, sem saber o que falar. Fui andando em direção ao meu quarto e ele veio atrás, nós precisávamos conversar. Eu entrei e ele fechou a porta depois que entrou. 

– Pedro, eu tô muito chateada com você! Você some e depois aparece na minha casa como se nada tivesse acontecido! – fui falando sem pensar – Você me deixou que nem uma idiota no aeroporto! Disse que ia me buscar e nem sequer me mandou uma mensagem desmarcando! 

– Nessa, calma! É que rolou uns imprevistos. Fiquei sem bateria. – eu não sei o porque, mas algo nele estava muito estranho – Não tinha como te ligar, mas eu sabia que você ia dar um jeito de voltar! 

– Graças a Deus o Júlio me trouxe! – eu bufei, me sentando na cama. 

– Você tá muito amiguinha do Júlio pro meu gosto! – ele disse e senti meu rosto queimar. 

– O Júlio é meu cliente e ele não tem nada a ver com o fato de você ter vacilado comigo, Pedro! 

– Princesa... – ele disse, sentando do meu lado – A tia Vânia precisou de mim. – ele se referia a mãe dele – Sabe como é, quando ela pede algo não tem quem diga não. – ele fez uma cara de cachorro que caiu da mudança.

– Tá Pedro! – eu suspirei – Tudo bem, tudo bem... – decidi ceder. 

– Aaah, obrigado Nessa! – ele me abraçou de lado – Mas ai, ainda nao tô gostando dessa amizade tua com o Cocielo. Ele nao tem uma namorada e tal?

– Eu sei lá, Pedro! Eu cuido da vida profissional dele e não da pessoal! – eu respondi e ele começou a me interrogar. Ele queria saber tudo o que aconteceu desde a hora em que ele me deixou no aeroporto. 

Desconversei um monte, até que fomos interrompidos pelo toque do meu celular. O que mais me surpreendeu foi o nome "Júlio Cocielo" na tela e o pior foi que o Pedro viu! Fiquei encarando a tela, com medo do que podia acontecer. 

– Atende essa porra logo, Nessa! – ele meio que gritou e eu atendi rápido. 

Ligação on

Eu: Alô, Júlio? 

J: Vanessa? Tá sozinha aí? 

Eu: Na verdade não, o Pedro tá aqui. – eu respondi, apesar de não querer ter dado essa informação. 

J: Ahh, é que... – ele limpou a garganta, parecendo estar nervoso – É que eu tô com a Rebeca aqui e a gente voltou e ela quer chamar você e o Pedro pra jantar nesse sábado. – OI?

Eu: É o que, Júlio? – eu não conseguia acreditar! Como assim? 

J: Eu e a Rebeca voltamos e ela está... 

Eu: Não, eu entendi! – o cortei – Hmm, acho que tudo bem. – eu não sabia como agir – Eu vou falar com o Pedro, mas acho que tá tudo certo sim. – quando citei o nome do Pedro ele me olhou curioso. 

J: Então tá bom, Vanessa... – ele me chamar de Vanessa era muito estranho – Tchau! Boa noite! 

Eu: Tchau, Júlio! – nós nos despedimos e o telefone desligou.

Ligação off

Coloquei o telefone no criado que fica ali perto e só o que vinha na minha cabeça era o Júlio me dizendo que ele e a Rebeca tinham voltado.

– O que houve, Nessa? – a voz do Pedro me assustou.

– Aah... – respirei fundo – O Júlio chamou eu e você pra jantar com ele e a namorada dele nesse sábado. 

– Ah, beleza pô! Mas por que você tá com essa cara? 

– É porque eles tinham terminado e voltaram do nada... Achei estranho. – eu falei sem pensar. 

– E o que tu tem a ver com isso? Acabou de dizer que só cuida da vida profissional do cara! A não ser que você esteja me escondendo alguma coisa. – meu corpo gelou. MEU DEUS!

– Que escondendo o que, Pedro! Esquece isso! – eu dei um empurrãozinho nele. 

– Tava morrendo de saudade de você, sabia? – ele colocou a mão no meu queixo, virando meu rosto pro dele. Encarei seus olhos azuis e um frio pela espinha me desceu.

Ele foi aproximando seu rosto do meu e eu respirei fundo. Ele estava prestes a me beijar. Era uma mistura de pensamentos que se passava na minha cabeça. Eu estava com raiva do Júlio! 

Rapidamente eu senti seus lábios tocarem o meu, mas estranhamente eu não senti nada. Nada daquela primeira sensação de o beijar me atingiu dessa vez e eu não entendia o porque. Talvez esse fim de semana com o Júlio e a distância do Pedro tenha mudado as coisas, mas lembrar que o Pedro ainda era o meu melhor amigo me fazia não desistir de qualquer coisa que tínhamos. 

Assim que nossos lábios se separaram, meu pai abriu a porta.

– Pedrinho! – ele veio o cumprimentar.

– E aí, tio Gustavo! – eles se abraçaram.

Os dois ficaram papeando por uns cinco minutos, até que o Pedro disse que precisava ir embora. Nós nos despedimos, ele pediu pra que eu perguntasse ao Júlio onde seria o jantar e foi embora. 

Respirei aliviada! A hora do meu descanso finalmente chegou! 

Fui tomar um banho quente, pedindo a Deus pra que todos os meus problemas fossem embora junto com a água. Desliguei o chuveiro, coloquei o pijama e fui para o quarto. Até que me lembrei que eu precisava falar com os meus pais sobre a mudança com a Dy, porém eu estava bem nervosa por não saber qual seria a reação deles. 

Fiquei fazendo hora, mexendo no meu celular. De repente minha mãe aparece no quarto. 

– Saudades de ver essa cama ocupada! – ela se sentou, fazendo carinho na minha perna. 

– Nossa mãe! – eu ri – Fiquei fora só três dias! – falei enquanto eu me sentava na cama. 

– Pois é, tá vendo! – ela riu fraco – Imagina quando você pensar em se mudar? Vou enlouquecer! – assim que ela disse, o sorriso que estava na minha cara se fechou. E se minha mãe aloprar sobre eu me mudar com a Dy. 

Ela me olhou estranho. Com certeza ela percebeu.

– Ué, o que foi, filha? Que bicho te mordeu? – ela perguntou séria.

Respirei fundo. Era agora. 

– Eu preciso falar algo com vocês... Vou chamar o papai e já volto. – eu disse, me levantando.

Fui até a sala e. como eu imaginei, ele estava lá assistindo o jornal. 

– Pai, tem como você dar uma chegadinha no meu quarto rapidinho? Preciso conversar com você e com a mãe. – ele me olhou sério. 

– Você não tá grávida né, Vanessa? – ele me olhou por cima do óculos e eu ri alto.

– Vem logo, pai! – ele riu comigo e me seguiu. 

Chagamos no meu quarto e nos sentamos. Os dois olhando pra mim seriamente. 

– Vou ser bem rápida pra não tomar muito o tempo de vocês! 

– Aí, filha, eu já tô aflita com isso! Fala logo! – minha mãe disse e nós três rimos juntos. 

– Eu e a Dy nos damos muito bem, parece que nos conhecemos há anos, é incrível! – sorri olhando para o nada, ela é realmente incrível! – E a história é um pouco longa da parte dela, mas acontece que o cunhado dela é engenheiro e tudo mais e ele liberou um apartamento esses dias se não me engano e ela me convidou pra morar com ela! – falei tudo tão rápido que perdi o ar. 

– Como assim, Vanessa? A gente nem conhece a menina! – minha mãe disse meio "revoltada" – Não tem o porquê de você se mudar agora! 

– Elisa, calma! – meu pai pôs a mão no ombro dela.

– Calma nada, Gustavo! Olha que ideia maluca! Vê se pode! – ela riu sarcástica. Ali foram por água a baixo todas as expectativas de morar com ela.

– O apartamento fica em Osasco e é lindo, mãe! – tentei contestar. 

– A gente precisa conhecer essa Dy, Vanessa! Não é assim que as coisas funcionam. – meu pai disse totalmente sério. 

Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo! Eu precisava arrumar um jeito de eles se conhecerem. Olhei de relance pro meu celular e tive uma ideia: ligar pra ela pelo WhatsApp em vídeo! Ela só precisava me atender.

– Eu tenho uma ideia! – peguei o celular – Querem conversar com ela por vídeo? Assim vocês vão conhecer ela pelo menos um pouquinho. – olhei pra eles meio que implorando. 

– Liga aí então! – meu pai respondeu e assim eu fiz. 

Torci pra que ela atendesse e graças a Deus consegui. O rosto dela apareceu na tela. 

Eu: Dy! Desculpa estar te ligando essa hora, mas eu preciso te apresentar a certas pessoinhas. 

Dy: Opaaa Vanessinha! – ela disse me zoando porque o Igor havia me chamado assim mais cedo – Aposto que são meus tios né? – ela disse e meu pai deu uma risada, o que me contagiou. 

Eu: É sim! – eu ri, mudando a câmera traseira pra eles – Digam oi para a Dy! – meu pai acenou sorrindo e minha mãe disse oi com um sorriso também – Vou precisar que você conte a sua vida toda pra eles, amiga! Os convença a deixar a gente morar juntas, por favor! – me juntei a eles, mudando para a câmera frontal e a Dy deu uma risada.

Dy: Eita Nessa, só missão difícil hein? – todo mundo riu – Oi tio, oi tia! Preparados pra uma novela melhor que Maria do Bairro? – todo mundo riu de novo e ela começou a contar sua história – Bom, eu moro com a minha irmã tem alguns anos, minha mãe é meio louca e não dá certo morar com ela, sabe? Se você não quiser se matar e tal... – os dois estavam sérios e ela ria. Eu já disse que a Dy precisa ser estudada? – Então, ai meu cunhado vai expandir a construtora dele lá no Canadá, e minha irmã vai embora com ele por um ano. Ai entre morar sozinha e voltar pra Floripa com a minha mãe eu preferi chamar a Nessa pra morar comigo. Eu juro que não sou nenhuma louca que rouba órgãos e tal! – eles riram, finalmente! 

Os dois começaram a fazer um questionário pra Dy, até ri em alguns momentos. Mas pelo visto eles gostaram muito dela. Meu pai disse pra irmos amanhã visitar o apartamento mesmo e que era pra eu tirar fotos pra mostrar pra eles. Minha mãe ainda ficou meio assim, mas no final ela cedeu. Desliguei a ligação com a Dy, com minha mãe dizendo que é pra ela vir tomar café qualquer hora, agradeci bastante por eles terem mudado de ideia e fiquei descansando um pouco. Até que me lembrei do Júlio. Eu esqueci completamente de dizer para a Dy o que tinha acontecido. Peguei o celular, procurei o contato dela e coloquei pra chamar. 

Ligação on

Dy: Eita, que aconteceu? Eles mudaram de ideia?

Eu: Não, Dy, só liguei pra avisar que o filho da puta do Júlio voltou com a Rebeca e ainda me chamou pra jantar. Só isso mesmo! – todas as nossas lembranças da viagem passaram na minha cabeça e senti um nó se formar na minha garganta. Isso era vontade de chorar? 


Notas Finais


Esperamos vocês aqui nos comentários! E mais uma vez, nos perdoem pela demora! O próximo capitulo já está sendo escrito e eu garanto que vcs vão amar!
Um beijo,
Vanessa e Didy <3


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