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História Destiny Is Jealous Of Us - 1


Escrita por: _Unknown__

Capítulo 1 - 1


Acelero. Desacelero. Mantenho a velocidade no limite. Ignoro os berros altos de minha irmã atrás de mim pedindo para ir mais rápido. Paro para dar passagem à uma velhinha cega com seu cão-guia. Continuo ignorando minha irmã e todos os xingamentos que ela carinhosamente adiciona à meu nome.

- Jennie, relaxa, não é como se chegando lá mais rápido fosse mudar algo. Duvido até que nos deixem entrar na área clínica.

Dessa vez, ela que me ignora.

Bufo quando ela soca o banco da frente, em pura birra.

Eu realmente tento entender minha irmã agora. De verdade. Sabe, a reação dela é a reação normal de uma garota raivosa tentando não desabar quando o namorado sofre um acidente de moto.

Mas não consigo entender. Porque não sou raivosa. E porque jamais namoraria um idiota como o Thomas.

Jennie começa a apelar para o drama, revezando em atuações de enjoo e dizendo que vai desmaiar.

- Isso, aí você fica no mesmo metro quadrado do seu namoradinho no hospital. Quem sabe dividam até o mesmo túmulo! - Murmurei alto, meu humor negro colocando um sorriso irônico em meus lábios.

Por pouco desvio da cotovelada dela em mim, mas em resposta, agora todos da rodovia sabem o quanto ela conhece os palavrões.

O que eu fiz pra merecer isso? Ela não pode me culpar! Eu aceitei levar ela com o MEU carro, atrapalhando a MINHA agenda e a garota ainda reclama!

Eu queria que além da herança, eu tivesse direito a esmurrar minha irmã mais nova.

O trânsito chega a ser cômico, quase como se o destino também odiasse Thomas e sua relação de merda com Jennie... não que seja algo difícil de acontecer. Os dois revezam em 50 Tons de Cinza e Cinderela... no mesmo dia. Quando assistem filmes -no MEU computador, na MINHA conta da Netflix e com MEU balde de pipoca- eles alternam em dar na boca do outro ou tentar se matar engasgado.

Preciso mudar minha senha na Netflix urgentemente.

Chegamos no hospital, e vejo minha figura -mais pequena, morena e apressada- voar do banco de trás sem nem esperar o carro parar. Eu? Estaciono o Fofo, meu lindo fusca azul-calcinha, do jeito mais educado possível, aproveitando para retocar o batom e pegar minha bolsa na maior calmaria possível. Estava checando as mensagens em meu celular, quando pelo canto da visão vejo uma assombração fora do carro, me encarando com ódio.

Ah, é só Jennie.

Sorrio, saindo e fechando a porta. Jennie me agarra pelo pulso e me força a correr em direção ao hospital. Rio baixo.

- Percebeu que tu ainda não é de maior e precisa da minha ilustre presença para ver seu namorado defunto?

- Vai pro inferno, Kelsey!

- Ué! Eu só estava me arrumando para parecer apresentável, Jennie. - Insisto. Mesmo que ela já estivesse me chamando pelo nome completo, o que significa raiva, eu mantenho minha classe. - Devia se orgulhar de mim. Imagina se tem um médico gato lá? Pelo menos algo bom precisa sair disso.

Mesmo sem me olhar, sei que ela revirou os olhos.

- Ninguém chega perto de uma cobra como você.

- Adoro sua forma de demonstrar carinho, bebê.

Saímos do estacionamento, e Jennie aperta todos os botões do elevador, apressada. Me olho no espelho, arrumando a franja castanha fora do lugar.

Discretamente, analiso minha irmã mais nova. Sua coluna estava curvada, e ela puxava a pele do lábio inferior. Suas mãos estavam brancas e provavelmente frias, mas brilhantes pelo suor. Ela está bem nervosa.

Por um momento, penso em Thomas. Ele tem a minha idade, mas o trato como um bebê. Aliás, acho que até um bebê é mais inteligente que ele.

Mesmo assim, sinto dó. Mas só por causa de Jennie. Só por ela.

- Jennie... o Thomas tinha carteira de motorista?

A porta abre, e a adolescente me deixa sem resposta.

O hospital tem um cheiro de naftalina, e ao invés de ser branco, é pintado em cinza e azul. Eu confundiria facilmente com um depósito se não fosse pelo velho mancando aqui e a grávida com dores ali. Ignorando o cartaz berrante que insinua que devíamos pegar uma senha, minha super educada irmã avança essa etapa e quase voa sobre a secretaria no balcão.

- Thomas, onde ele está? - A velha balconista tira preguiçosamente a caneta dos lábios, franzindo a testa. - Thomas Souvier! Meu namorado! Ele sofreu um acidente de carro e pode morrer! Ele precisa de mim!

Reviro os olhos, e a balconista mantém sua inexpressiva e tediosa expressão. Parece que já cansou de ouvir dramas assim. Admito que eu também.

- Pegue sua senha, por favor. - Aponta á berrante placa, seguida por um ficheiro.

Jennie morde o lábio, segurando um xingamento. Pego a senha, e percebo que existem 34 pessoas na nossa frente.

Me sentando ao lado de Jennie, guardo o papel, evitando contato visual.

- Quantas pessoas na nossa frente? - Ela murmura, me olhando.

- Algumas... poucas...

~

- Eu não aguento mais! - Reviro os olhos ao ouvir Jennie reclamar denovo. - Thomas já morreu até lá! Que tipo de hospital é esse?!

A cara de indignação dela me fez rir, mas me calei logo.

- Ah, eu acho que ainda dá pra ter os restos mortais dele, relaxa. Eu estava pensando, aliás... será que ele preferiria rosas brancas ou vermelhas? Thomas gosta de flores?

Por mais que eu estivesse rexaladíssima e até fazendo piada, meu humor negro acabava com minha irmã. Meu sorriso morreu quando ela olhou para baixo.

Ela tentava esconder o rosto com o longo cabelo loiro, mas pude ver seu esforço em não chorar.

Sério, Thomas não merece ela.

Nunca quis tanto apagar ele de Jennie. Ela diz que o ama.

E eu não duvido.

Mas Thomas é um drogado que provavelmente vai morrer em briga de prisão.

Thomas não merece Jennie.

- Vem cá, bebê. - Murmurei, a puxando contra meu corpo. Abraço minha irmã, ignorando minha blusa agora molhada de lágrimas e afagando suas costas. - Relaxa. Aquele cabeça-oca é forte. Ele vai ficar bem. Confie em mim, hum? Eu já menti pra você alguma vez? -pigarreei - Okay, já. Mas essa não é uma dessas vezes. E outra, ele não iria te deixar. Ele te ama... não mais que eu. Mas ama. Ama o suficiente para dividir a pipoca, sabe?

Admiro o modo em como sou péssima consolando pessoas.

Fez-se um longo silêncio, até ouvir sua voz, baixa e rouca:

- Não me chama de bebê, cobra.



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